O Nosso Elo - A Ajuda. escrita por Dan Rodrigues


Capítulo 9
À noite - Susan


Notas iniciais do capítulo

Escrevi esse aqui rápido demais, por que o tempo é curto. Tô muito sem inspiração esses dias, então me perdoem por demorar para postar, e ainda postar ISSO!
Espero que entendam.
Enjoy!



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À noite - Susan

Eu não estava mais tão assustada. Eu mal podia sentir medo. Eu só sentia o precioso cheiro de John inundando minha mente, brincando com os meus sentidos. Eu não tinha provas do que ele disse naquele teleférico, mas em algum lugar dentro de mim tinha algo me dizendo que eu podia confiar. Eu me abaixei para beijá-lo novamente, deixando seus lábios perfeitamente esculpidos envolverem os meus, e me entregando novamente àqueles braços de pele dourada e músculos resistentes. Estávamos no quarto, e eu ainda sentia minha pele formigando por conta do tele-transporte realizado há pouco tempo. Aquilo era mais loucura do que minha cabeça poderia agüentar em um dia normal. Mas não. Aquele não era um dia normal. E minha cabeça também não estava tão normal quanto antes.

– Estamos em perigo. – Disse ele, ofegante. A frase foi o suficiente para me trazer de volta à realidade.

– O quê?!

– Mais cedo ou mais tarde eles vão vir. Eles querem me capturar, e me fazer trabalhar para ele novamente. – Disse ele, com olhar sério.

– Do que você está falando?

Ele pegou minha mão, e disse:

– Para chegar até aqui, eu tive que fugir. Eu era seguidor de Lúcifer, Susan. Foi disso que eu me arrependi. – Eu me encolhi ao som da voz de John. Estava tão séria, e pesada, que me deu medo.

– V-vo-cê... – Gaguejei. Não consegui terminar a frase.

Eu já sabia disso. Mas eu também sabia que ele tinha se arrependido de verdade. Só que o som da voz dele, daquela forma pesada e contida... Não sei como, mas aquilo me deixou com medo. Não dele, não do que ele poderia fazer, por que agora eu confio nele, mas do que poderia acontecer conosco. Senti a mão fria dele por sobre a minha, vi que seu rosto estava pálido. Ele me olhava quase como se tivesse pena de mim. Então eu descobri por que eu estava com medo. Eu estava compartilhando os medos dele. “Tem haver com o elo”, pensei. Então, eu afastei minha mão da dele, e toquei seu rosto pálido. A pele era macia, mas estava gelada. O senti se acalmando com o meu toque.

– Na vida de um anjo caído... – Disse ele, com aquele mesmo tom pesaroso. – Só há duas escolhas. – Ele apertou minha mão no rosto dele, como se não quisesse que eu o soltasse. – Viver nas sombras ajudando a disseminar o mal pelo mundo, ou viver se escondendo das sombras.

– Você fez o que era certo! – Tentei consolá-lo. – Você procurou ajuda.

– Sim... Eu fiz, e não me arrependo. – Ele hesitou. – Mas é que isso pode prejudicar outras pessoas. Pode prejudicar pessoas a quem amo. – Seus olhos nos meus deixaram evidente do que se tratava. Ele achava que eu poderia correr perigos por sua culpa. E ele não queria isso. Isso é realmente muito tocante, mas, se Deus escolheu a mim para ajudá-lo, era o que eu tinha que fazer. Eu não poderia simplesmente dizer que não queria correr perigo, sabendo que a vida de uma pessoa, uma pessoa de coração honesto depende de mim. A vida de uma pessoa a quem agora eu amo, depende de mim.

– Se você está aqui, agora, foi por que Deus quis. Não podemos simplesmente dizer que não queremos o destino que ele nos deu. Não podemos simplesmente dizer que queremos algo diferente e o mandar abençoar, por que se você está aqui, e agora, é por que ele tem algo de muito importante para você! – Vi seu semblante se iluminando. Eu não sabia de onde estava tirando aquelas palavras. Mas sim, elas estavam saindo da minha boca.

Ele segurou minha mão ainda mais forte, e depois me abraçou, como se não quisesse me soltar nunca. Eu retribuí o abraço, feliz por estar fazendo a coisa certa. Feliz, por poder ser tão importante na vida de uma pessoa. Feliz por estar do lado dele, e por saber a verdade. Por ser quem sou. Por ter o que tenho.

– Seu eu pudesse... – Ele hesitou. – Se eu pudesse ficaria com você por uma eternidade. – Ele me apertou ainda mais, e eu deixei escapar um gemido de dor. Ele afrouxou o aperto, e pediu desculpas. E eu sinto que faria o mesmo. Só para poder sentir aquele cheiro, sentir aquele abraço quente, a pele de seda e os braços fortes e dourados. Só para ouvir aquela voz envolvente para sempre. Mas não foi o que eu disse. “Por uma eternidade”, as palavras ecoavam por minha cabeça.

Senti um cheiro horrível e asqueroso e percebi a fumaça do cigarro de Leila no ar. Ela estava parada no batente da porta do meu quarto, nos olhando com lágrimas nos olhos, e aquele sorriso inconfundível nos lábios. Desfiz o abraço quase que imediatamente.

– Oh! Que lindo! – Disse ela, com voz incomparavelmente doce. – Rargh, rargh! – Depois, ela ficou fazendo grunhidos, e imitando uma onça com as mãos. – Susan, poderosa! Não disse que você ia agarrar o gato fácil, fácil?! – John não conteve o riso.

– Leila! Sua chata sai! – Eu briguei furiosa por ela ter interrompido o momento, mas sem conseguir conter o riso. Por um minuto até pensei que ele pudesse achar que eu e Leila estivéssemos orquestrando isso, e que eu estivesse disposta a ficar com ele só por diversão, mas dadas as circunstâncias percebi que isso não passava de paranóia minha.

John se levantou e percebi que ele queria sair do quarto. Obviamente estava se sentindo sem graça por causa de Leila. Vi sua narina se contorcendo em um formato estranho, e ele franziu o cenho ligeiramente. Na metade do caminho até a porta, ele parou e mirou o rosto de Leila, os lábios desenhando um sorriso, e então ela colocou novamente o cigarro na boca. John se virou e me dirigiu um sorriso astucioso, e eu logo percebi o que ele ia fazer.

Ele estava de costas para mim, mas eu podia ver na minha frente a imagem daqueles olhos verdes de gato que pareciam pegar fogo, imagino que principalmente quando ele faz isso. Então ele parou bem na frente de Leila e disse lentamente, com voz gentil e doce:

– Leila, por que você não para de fumar? – Vi os olhos de Leila piscando duas vezes, percebi sua expressão boba, o cérebro provavelmente tentado interpretar a informação que lhe fora inserida sem consentimento. Então, Leila simplesmente soltou o cigarro no tapete do meu quarto, como se de repente o repudiasse, e saiu sem dizer nada.

– Perfeito! – Exclamei. – Eu não agüentava mais aquele cheiro de cigarro espalhado pelo apartamento. – Então me dei conta do cigarro no tapete do meu quarto, mas não o peguei a tempo de não deixar que ele fizesse uma mancha preta bem feia no meu “lindo tapete”.

– Bem, vou para o meu quarto. – Ele me surpreendeu curvando-se para um pequeno beijo e indo embora.

Fechei a porta, ainda sonhando com aqueles lábios. Decidi tomar uma ducha, então deslizei logo para o banheiro. Minha cabeça ainda dando volta, meus pensamentos agora nas lembranças de John, e em como aquilo era tão bizarro. Eu, Susan, fui enviada para ajudar John a ser salvo. Mas ajudar como? “Até onde eu sei, eu sou uma simples humana. Bom, agora eu nem sei se sou mais uma simples humana. Provavelmente esperam que eu faça algo de muito brilhante para tirar John desse aperto, mas eu não posso deixar de pensar que eu não consigo ajudar a mim mesma.” Eu seria facilmente controlada novamente pelo tal de Lars.

Desliguei o chuveiro enquanto passava shampoo no cabelo.

Lars... E o que realmente esse Lars tinha haver com John, ao ponto de John ter tanta raiva dele? Provavelmente algo muito ruim, por que esse Lars queria me confundir, me fazer pensar que John era um bandido! E depois... Tremi ao lembrar-me daquela dor na cabeça, a sensação de estar pegando fogo por todo o meu corpo... Depois ele mesmo me atacou, mesmo de longe, ele podia controlar minha mente, me fazer pensar que eu estava pegando fogo. Foi horrível. E visão que eu tive de John e Lars, correndo, brincando, como se fossem apenas criancinhas inocentes, melhores amigos! Fiz uma nota mental para lembrar-me de perguntar a John sobre esse Lars. Talvez ele mesmo tenha me enviado a carta endereçada a John, para me confundir ainda mais. Era o que ele queria, e eu caí como uma patinha. Lembrei de quando fui à biblioteca, e encontrei aquele bibliotecário musculoso sorridente. E como ele sorriu satisfeito logo que eu terminei de ler o jornal. E como eu perdi a aula de química por causa dele.

– Ai, não! Essa não, aula de química. Droga, química não!

Abri o chuveiro tentando desajeitadamente tirar o sabonete do corpo o mais rápido possível. Eu precisava pegar alguma matéria com Leila (se é que ela tinha copiado), e estudar. Provavelmente aquele professor chato passou uma penca de deveres de casa, e eu nem assisti à aula. Droga, droga, droga! Eu já estou ferrada em química! Minha pressa só me deu tempo para vestir o robe e sair correndo do quarto. Leila estava na cozinha fritando alguma coisa bem gordurosa para comer. Logo reconheci o cheiro de bacon. Argh, não sei como ela consegue comer isso!

– Leila! Química! Eu perdi! – Pronunciei as palavras como se o preço para elas fosse minha vida.

– Sim, percebi! – Disse ela, me lançando um sorriso astuto e despejando o bacon em um prato sem papel toalha. Sim, ela realmente ia comer toda aquela gordura. – O professor passou um trabalho enorme!

– Aiin, não! O que eu faço? – Eu disse, segurando a cabeça com as duas mãos, como se tentasse conter uma explosão.

– Bom, era uma pesquisa sobre diferentes tipos de doenças contagiosas, e mais um blá-blá-blá, lá! – Ela me dispensou as palavras enfiando um pedaço de bacon na boca. Eu precisava pedir para o John dar uma “ajudinha” com a reeducação alimentar dela.

Bom, já que era só isso, era mais fácil do que eu imaginei. Eu pesquisaria na internet, faria um trabalho rápido e pronto. Mas antes que um sorriso iluminasse meu rosto, Leila continuou a falar.

– Ah, mas não pense que é fácil! Ele quer que o trabalho seja feito a partir de livros, ou seja, na biblioteca, e copiado à mão. Ele disse que quer o nome do livro que usar como fonte, e o nome do autor. – Disse ela, como se aquilo fosse a coisa mais fácil do mundo.

– Ai, droga! Leila, por que você não me avisou antes?! – Ela meramente engoliu outro pedaço de bacon e balançou a cabeça. – Você vem comigo! Vamos à Biblioteca.

Corri para o quarto para vestir uma roupa descente, enquanto Leila guardava o resto do bacon no micro-ondas, e pegava a mochila. Enfiei um caderno e uma caneta na mochila e corri arrastando Leila para o carro enquanto ela fazia cara de cão raivoso, acho que por eu não ter a deixado comer o resto do bacon. Já eram três horas da tarde, o tempo tinha passado tão rápido que eu nem percebi. A biblioteca mais perto dali ficava a uns cinco quilômetros, e fechava às 18:00. Talvez se eu tivesse sorte, daria tempo de fazer o trabalho. Ah, ao menos se John tivesse um celular, daria para avisar que ia sair. Mas sai com tanta pressa, que nem isso eu fiz.

Assim que chegamos, uma das bibliotecárias me olhou com cara de “o que você quer aqui uma hora dessas?”, e me dirigiu para uma sessão de pesquisa. Peguei o máximo de livros que pude, e levei até a mesa mais próxima, enquanto Leila simplesmente me observava, sem mover um dedo. Não, ela não ia fazer o trabalho mesmo!

Percebi que depois de tantos momentos atordoantes e alucinógenos, a calma e o silêncio daquele lugar, ao invés de me deixar mais relaxada, me fez sentir um estranho aperto no peito. Era como se eu estivesse dentro de uma cúpula hermeticamente fechada, e o mundo lá fora vibrasse e gritasse, e eu não pudesse ouvir nada. Era como se eu estivesse surda, e só este pensamento já me deu uma grande tontura. Meus olhos pareciam fundos, pesados, sem vida, e minha cabeça começou a doer. Minha mão ficou inchada após eu copiar umas vinte e cinco páginas. O que estava acontecendo comigo?

De repente senti um aperto no peito, e o pânico tomou conta de mim. O teto da biblioteca girava, enquanto minha boca se abria. Eu estava gritando, mas só sabia disso por causa da tensão que sentia em minha garganta. Senti algo duro e frio em minhas costas, senti a dor e o aperto no pulmão, e percebi que tinha caído no chão. Eu continuava com uma sensação estranha, era como se eu estivesse em baixo d’água. O medo havia tomado conta do meu corpo, minha visão estava embaçada, e escurecia mais a cada momento, mas eu ainda podia perceber o teto girando, girando, enquanto minha cabeça parecia querer explodir.

– Susan! – Leila me chamou.

Eu levantei a cabeça, com raiva por ela ter me interrompido. Eu estava terminado de copiar, e ela me fez borrar! Teria que começar novamente aquela mesma página. E quando eu abri a boca para reclamar, meus olhos encontraram o espaço onde a segundos eu estava gritando de dor. O que foi aquilo? Há segundos eu estava no chão, e agora, estava sentada à mesa de frente para Leila, me preparando para reclamar com ela pela enésima vez no dia. Lembrei-me do momento no teleférico, aconteceu a mesma coisa, e John disse que foi Lars que fez aquilo. Minha cabeça moveu-se quase que instintivamente para procurar o cara musculoso disfarçado de bibliotecário, mas não encontrei nada além de algumas pessoas absortas em seus livros, outras em pé diante das estantes, e... E foi então que eu percebi, um homem alto, todo vestido de preto, com os olhos vidrados em mim.

Deixei escapar um suspiro. Ele não fez nada além de continuar me olhando. Não era Lars, não no corpo em que eu o conheci. Talvez fosse ele, no corpo de outra pessoa, mas... Algo me dizia que não. Algo me dizia que aquele cara, ali parado me olhando, era muito mais perigoso do que o tal do Lars. Lars tinha um sorriso de escárnio muito bem alinhado nos lábio, o que me dava nojo só de lembrar, mas aquele homem não, ele era muito mais perigoso. Seus olhos pareciam examinar as condições o momento certo para sumir comigo dali. Minha cabeça começou a girar novamente.

– Leila! Vamos embora. – Chamei, com meu coração já a mil por hora. Leila estava observando um garoto bonitinho com o livro Harry Potter e as relíquias da morte nas mãos.

– Olha Susan! Não é lindo? E gosta de ler! – Disse ela, se referindo ao garoto. Como se estivesse lendo os pensamentos dela, ele olhou em nossa direção, e deu um sorriso para Leila. – Aiiiiin, eu vou lá falar com ele!

Havia algo de errado naquele sorriso. Aquele garoto era muito estranho, era como se ele já soubesse que Leila gostaria dele. Olhei na direção onde aquele homem que eu pensei ser Lars estava me observando há segundos, e não vi nada além de livros. Novamente o medo tomou conta de mim. É claro! Ele decidiu chamar a atenção de Leila para me atrair junto com ela.

– Não Leila! Precisamos ir embora!

– Ah, mas por quê? Preciso dar o bote nele primeiro! – Disse ela, indicando o garoto e fazendo cara de sedutora. Acho que quem daria o bote primeiro seria ele. Ele continuava olhando em nossa direção e sorrindo para Leila.

– Escuta! – Decidi usar a força da chantagem – Se você vier comigo agora, eu te pago uma pizza, certo?

Ela fez biquinho, mas eu sabia que não recusaria pizza.

– Só se a gente for comer no Manni’s. – Negociou ela.

– Ah, não! O Manni’s fica do outro lado da cidade, Leila! – Vi o garoto se aproximando. Ele estava muito perto, e eu não podia mais negociar. Joguei minhas coisas na bolsa e sai correndo arrastando Leila. Quanto mais rápido saíssemos dali, melhor. Ela saiu olhando para trás e acenando para o garoto. – Tudo bem, se você quer comer no Manni’s, vamos comer no Manni’s! Entra no carro, rápido.

– Que pressa é essa, Susan? – Eu não respondi. Não tinha tempo para inventar alguma desculpa.

Já era noite, a biblioteca provavelmente já estava fechando. A noite estava fria e sombria, e cada ponto escuro nas ruas me fazia sentir medo. Eu me lembrava do rosto daqueles dois caras, talvez só um. Não sei, minha cabeça estava muito confusa. Se eu tivesse que sentir aquela mesma dor novamente, eu provavelmente não resistiria. O que eles querem comigo?

O Manni’s ficava no lugar mais estranho da cidade. Mas aquele lugar não foi sempre assim. Quando Leila e eu conhecemos pela primeira vez a pizzaria, aquele bairro era um dos mais movimentados daquela comunidade, mas agora o transformaram numa espécie de “cracolândia”. Agora, só quem ia até lá, era atraído pela pizzaria do Manni, ou só pelas drogas. Bom, eu e Leila, estávamos indo até a pizzaria.

O sinal ficou vermelho. Eu parei o carro, e esperei. Esperei, esperei, esperei. A rua estava deserta, mesmo ainda sendo quase sete da noite. O frio e o escuro intensificaram meu medo. Eu estava parada, mas meu coração parecia querer sair pela boca. O sinal estava demorando demais para abrir. Olhei para o retrovisor, e percebi dois caras vestidos de preto. Eles estavam se aproximando do carro, mas o sinal não abria. Eram iguais aos que eu vi na biblioteca. Eles nos seguiram até ali. “Droga” pensei. Fiz uma idiotice indo parar naquele lugar. Eu morreria justamente ali?! O sinal não abria, e eles já estavam muito perto. Eu decidi tentar a sorte.

Acelerei o carro, o mais rápido que pude, mesmo com o sinal fechado. Pelo retrovisor, vi a imagem dos dois homens se transformando em simples sombras, depois se dissolvendo no ar completamente, então um dos dois apareceu bem na frente do carro. Ao invés de frear, eu pisei mais fundo no acelerador, fazendo os pneus do carro apitar. Leila gritou ao ver a imagem do homem surgindo bem na nossa frente, e tentou puxar o volante para desviar. Foi quando vi um clarão do meu lado, e ouvi o barulho do freio. Outro carro estava se aproximando, e nós estávamos bem na frente dele. Leila puxou ainda mais o volante, e fez o nosso carro girar. Vi o homem desaparecer como da outra vez, e agora só ouvia o som da batida. O outro carro atingiu em cheio nossa traseira, jogando o nosso para a frente, nos fazendo bater em um muro baixo, derrubando-o.

O cara do carro abriu a porta. Minha cabeça estava no volante, minha testa cortada, e eu sentia o sangue quente encharcando minha roupa, lavando meu rosto. O cara do carro se aproximou, e percebi quem ele era. Aquela noite não poderia ficar mais confusa. As sombras da noite pareciam envolvê-lo, enquanto ele se aproximava lentamente com olhar sério e sombrio. O outro, o garoto do sorriso, também vinha em nossa direção. O pescoço dele estava estranho, meio caído, mas com dois estalos e um sorriso maior ainda, ele jogou a cabeça para trás, e mexeu no pescoço com as mãos. Eles estavam vindo verificar se fizeram um bom trabalho.

Resei para que eles não conseguissem. Aquilo era atordoante demais. Eu estava sozinha, Leila provavelmente estava morta, e eu não podia nem me mover para ter certeza.

Mas em um estalo e uma explosão de luz, em um canto, eu o vi. Ele deu uma rápida olhada ao redor, para verificar o que tinha acontecido, e percebeu os dois demônios, já quase em cima do meu carro. Aconteceu tudo muito rápido, quase quem em um segundo. Ele quebrou (novamente) o pescoço do garoto sorridente, e jogou o homem sério no chão. Os dois se dissolveram em uma sombra, e sumiram na escuridão da noite. John!

Ele me tirou do carro, com calma, e me pôs no chão. Sua mão sobre meu corte no rosto me deu um grande alívio, fez parar de doer. Mas eu não tive tempo, nem forças para avisá-lo. Os demônios estavam voltando. Uma sombra surgiu do chão, depois se dividiu em duas, e novamente surgiram os dois demônios, o sorridente e o sério, e correram para atacar John pelas costas. John viu minha expressão, e eu não precisei dizer uma palavra. Senti seu abraço quente me envolvendo, nosso corpo se dissolvendo, se transformando em um só. Mas para onde estávamos nos teletransportando? Senti um baque, uma vibração, e vi a dor nos olhos de John. Atingiram ele, nas costas. Mas o teletransporte já estava completo.

Abri os olhos, tirei a areia do cabelo. Jonh estava deitado em cima de mim, na mesma posição de antes. Espera. Areia? Olhei ao redor. Estávamos numa praia, John estava deitado inconsciente em cima de mim. E eu não fazia a menor ideia de qual praia estávamos. Podia ser qualquer uma, em qualquer país do mundo.

Estávamos perdidos.


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Notas finais do capítulo

Espero que me perdoem por ter escrito tão mal esse cap. Prometo que melhoro no próximo! ;)



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