Namorada Adormecida escrita por Luisavick


Capítulo 4
Capítulo 4 - We Found Love


Notas iniciais do capítulo

E ai loucas por Rihanna e Seddie? O nome do capitulo foi basiada na musica da RiRi chamada We found Love, que tem tudo haver com esse capitulo, ou não. rsrsrsrsrrsrs. depende do ponto de vista de cada um. Esse capitulo ficou grande, maaaaaas eu sei que voces gostam de capitulos grandes. shaushauhasuh
Musica do capitulo → http://www.vagalume.com.br/rihanna/we-found-love-feat-calvin-harris-traducao.html



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Ponto de Vista da Carly

Depois de toda aquela odisséia, finalmente chegamos. Confesso que deu vontade de desistir do meu plano depois da briga daqueles dois, porém, me animei novamente. Se nem aquela mordida da Sam fez o Freddie querer distância dela, é sinal que a coisa tá mais séria do que pensei a princípio. Achei que eles fossem se matar naquele restaurante! Mas eu já deveria saber que tudo é imprevisível quando se trata de Freddie e Sam.

Freddie foi para seu AP a fim de tomar banho e trocar de roupa.

Sam sentou-se no sofá terminando de devorar aqueles pacotes de iguarias que ela comprou. Não sei como consegue ser tão magra! Spencer fazia companhia para ela, tanto em presença como em devorar aquelas calorias todas. Tinha mais de dois quilos de fritura naqueles pacotes.

Antes de subir para meu quarto, repreendi:

_ Não passe os dedos engordurados pelo sofá, Sam!

_ Ok, mamãe! – foi a resposta malcriada, acompanhada de uma careta.

Ignorei e fui para meu quarto tomar um banho relaxante. Ainda tinha muita coisa para planejar e ver se aqueles dois se resolviam. Eu tinha quase certeza que ia funcionar, no entanto, tinha que contar com as possíveis situações de risco e partir para o plano B caso algo desse errado. Pedi ao Spencer para verificar a escuta, pois não queria perder nenhuma parte da futura conversa que eles terão.

Ao descer as escadas, muito bem arrumada no meu pijama de flanela e com meus pés devidamente aquecidos por meias e pantufas, me deparo com uma Sam completamente verde e um Spencer sem saber o que fazer.

_ A Sam está passando mal. – resmungou ele.

_ Oi, Carls. – disse ela numa voz arrastada.

_ O que foi Sam? – me aproximei dela.

_ Acho que alguma coisa não me caiu bem nesse jantar. – ela falou, visivelmente nauseada. _ Preciso de um banheiro...

_ Como sempre, mais uma vez você exagerou... – reclamei. _ Você deveria parar de comer tanto e essa quantidade de gordura...

_ Tenho o estômago de um rinoceronte. – rebateu ela já se levantado.

_ Vem, rinoceronte. – falei. _ Deixa que eu te ajudo. Spencer, prepara um antiácido para ela e algo que facilite a digestão.

_ Ok, maninha. – Spencer falou. _ Vou preparar meu coquetel digestivo, mas amarga pra caramba, vou avisando. Levo lá em cima.

_ Ok. – concordei enquanto subia as escadas com a Sam.

Subindo as escadas, escutei Freddie abrindo a porta e entrando.

_ Que aconteceu com a Sam? – ele perguntou ao Spencer. _ Está tudo bem?

_ NÃO! – Sam gritou. – NÃO SE ATREVA A SUBIR AQUI, BENSON!

_ Ela está com indigestão – respondeu meu irmão. _ E eu estou fazendo essa gororoba verde aqui para ela tomar.

_ARGH! – Freddie resmungou. _ Parece nojento.

Ainda escutei Freddie reclamando que a Sam come muita besteira antes de deixá-la dentro do banheiro. Fiquei do lado de fora de vigia. Spencer trouxe a gororoba para ela beber. Freddie não subiu. Fizemos ela tomar tudo, o que a fez passar uns dez minutos chamando o HUGO dentro do banheiro. Nossa! Estarrecedor!

_ Tá tudo bem, Sam? – perguntei preocupada.

_ NÃO! – ela gritou.

_ Quer que eu entre? – perguntei.

_ Não precisa, Carls. – ela falou numa voz fraca agora. _ Acho que todos os vírus, parasitas e vermes estomacais já caíram fora depois dessa droga que bebi. Vou tomar um banho agora. Tem um tubo de creme dental e um vidro de enxaguante bucal novos aí?

_ Sim, por quê? – perguntei.

_ Por que vou acabar com os que estão aqui no banheiro...

_ Ok, ok. – concordei sorrindo. Minha amiga já estava melhor. _ Precisa de mais alguma coisa?

_ Minha mochila. – ela respondeu.

Entreguei a mochila a Sam e desci as escadas. Falei que iria aguardá-la na sala junto com os rapazes. Chegando a sala, Freddie foi logo perguntado:

_ Como ela está?

_ Bem melhor. – respondi. _ Sabe como é a Sam. Já está pronta pra outra.

_ Um dia desses, ela vai parar no hospital com esses exageros. – ele reclamou.

Observei que ele estava sentado numa das pontas do sofá, então, estrategicamente, sentei-me na outra ponta deixando o meio livre para quando minha amiga descesse.

_ Qual filme vamos assistir primeiro? – ele perguntou.

_ Sei lá. – respondi. _ Vamos fazer uns papeizinhos e sortear? – sugeri. Pra mim os filmes eram a coisa menos importante daquela noite. Eles eram apenas uma desculpa para que meu plano de juntar Sam Puckett e Freddie Benson desse certo.

_ Ok. – ele concordou. _ Acho ótimo.

Depois de fazermos todos os papeizinhos (tínhamos alugado quinze filmes, afinal o fim de semana era todo para esse plano), colocamos em um saquinho e o Spencer começou a nos contar algumas piadas.

De repente vejo o Freddie parar de sorrir e olhar para as escadas. Ele já não estava mais conseguindo esconder que gostava da Sam. Acompanhei o olhar dele e lá vinha ela descendo as escadas, vestida num pijama rosa, de cetim (calça e blusa de mangas compridas), os cabelos loiros soltos e molhados, de meias e pantufas. Ao se sentir observada, ela foi logo se justificando:

_ É da Melanie. – falou ela sem nos encarar. _ Eu não tinha nada melhor para vestir...

Freddie estava tão boquiaberto que nem conseguiu falar. E quando falou, foi quase gaguejando.

_ Tá... Tá... Tá tudo bem?

_ Melhor. _ Sam respondeu sem graça. “Suas faces estavam coradas?”

Deixa pra lá. Esses dois se merecem!

Sam se sentou exatamente onde eu queria. Logo percebi uma fragrância desconhecida, mas muito leve e agradável misturada ao exagerado cheiro de creme dental.

_ Que perfume é esse, Sam? – perguntei. Imediatamente Freddie ficou alerta e se aproximou dela, aspirando o perfume.

_ Hummmm! – fez ele. E falou mais alguma coisa em espanhol que não entendi. Tem hora que ele fica chato com isso...

_ Eu hein, Benson? Chega pra lá. – reclamou minha amiga com cara de sonsa e empurrando Freddie. _ Perdeu a noção do perigo? _ É só um perfume que ganhei da Melanie. - e, como continuávamos parados, olhando para ela, prosseguiu com cara de pouco caso. _ Orquídea.

_ Ah, tá. – respondi também fingindo pouco caso. _ Então tá. – depois Samantha Puckett vai me contar direitinho essa história de perfume... Ela não é disso... _ Vamos sortear o primeiro filme? – completei. _ O que é que você está contando aí, Freddie?

_ Nada não! – ele respondeu rápido.

_ Alguém quer pipoca? – falou meu irmãozão sem noção.

_ NÃO! – respondemos os três. Sam até falou mais alto.

_ E a perna, Freddonho? Está melhor?

Depois dessa, só não caí porque estava sentada. A cara de espanto de Freddie foi a melhor de todas. Sam perfumada, recusando comida e perguntando ao Freddie se ele estava bem... É. Novidades acontecem. Todos os dias!

Ponto de Vista do Freddie

Quando entrei no AP da Carly naquela mesma noite, logo a observei amparando Sam nas escadas. Fiquei preocupado e perguntei o que estava acontecendo. Indigestão. Foi o que o Spencer me disse enquanto preparava uma gororoba verde para Sam beber. “Bem feito!” – pensei. Quem manda comer tanto e só besteira? E ela ainda teve forças pra gritar que eu não fosse até lá. Doida.

Spencer subiu para levar aquele troço nojento pras garotas. Enquanto isso, me sentei no sofá, liguei a televisão e peguei os filmes que alugamos para dar uma olhada nas sinopses. Spencer desceu em seguida e ficamos conversando sobre os filmes e a mente dele logo começou a tecer idéias para suas próximas esculturas, das quais ele falava e eu não entendia bulhufas.

Meu negócio é tecnologia. Quanto mais moderna, melhor.

Passados uns quinze minutos, Carly desceu as escadas sozinha. Logo perguntei pela Sam.

__ Como ela está?

_ Bem melhor. – Carly respondeu, se sentando no sofá. _ Sabe como é a Sam. Já está pronta pra outra.

_ Um dia desses, ela vai parar no hospital com esses exageros. – reclamei. _ Qual filme vamos assistir primeiro?

_ Sei lá. – Carly respondeu _ Vamos fazer uns papeizinhos e sortear?

_ Ok. – concordei. _ Acho ótimo. - era uma maneira de passarmos o tempo enquanto esperávamos Sam descer. Eu estava bem apreensivo e isso seria uma forma de me acalmar. Não entendia direito o porquê disso, mas sabia que tinha a ver com certa loira de olhos azuis muito rabugenta.

Foi um exagero alugarem esse tanto de filmes para assistirmos, mas os Shay eram exagerados em tudo. Spencer começou a nos contar piadas e eu e Carly ríamos à vontade.

Estava quase relaxando quando a vi nas escadas. Ela parou, parecendo subitamente envergonhada. Parecia que ia dar meia volta e retornar ao banheiro, mas resolveu descer. Ela estava diferente metida naquele pijama rosa... Mais feminina e nada rabugenta.

_ É da Melanie. – ela falou. “O quê diabos era da Melanie?” – pensei atordoado. Daí ela pareceu ouvir meus pensamentos e se justificou: _ Eu não tinha nada melhor para vestir... “Ah, tá. O bendito pijama era da Melanie... Imagine se ela tivesse algo melhor... Nossa!”

Eu já admiti isso. Samantha Puckett tinha se transformado numa garota linda. Totalmente diferente da menina magrela, feia e desengonçada que conheci no ensino fundamental. E eu, além de nerd, estava ficando totalmente idiota. Tão idiota que mal consegui perguntar como ela estava.

Quando ela respondeu que estava melhor, visivelmente ruborizada, senti um arrepio pelo meu corpo como se uma descarga elétrica tivesse me atingido ou o ar mudasse repentinamente de temperatura.

Mas a revelação veio tão rápida quanto esse arrepio. Eu conseguia deixar Sam embaraçada. Provavelmente toda a agressividade dela era uma forma de disfarçar sua timidez. “EUREKA! Eu merecia um Nobel!” Não vou sossegar enquanto não comprovar essa minha teoria. Não mesmo. Sam que me aguarde!

Ainda estava comemorando minha descoberta quando ela se sentou ao meu lado. Ao lado da Carly também. Mas isso não importava. Eu já havia percebido que Sam estava perfumada quando Carly comentou o assunto e, aproveitei pra colocar em prática minha teoria. Aproximei-me dela e inspirei profundamente comentando que aquele cheiro era muy bueno.

Ela me empurrou. A reação dela foi exatamente a que eu esperava. Vou fazer anotações mentais de quando ela fica agressiva comigo ou quando fica envergonhada: Um - à tarde ela ficou tímida quando sorri pra ela antes do iCarly; Dois - ficou agressiva quando acreditou que eu a havia insultado; Três - ficou envergonhada quando a encarei na escada; Quatro - ficou ruborizada quando lhe perguntei se estava bem; Cinco - não me quis por perto pra ver seu vexame; Seis - empurrou-me quando me aproximei para sentir seu perfume...

_ O que é que você está contando aí, Freddie? – levei um susto quando Carly interrompeu meus pensamentos e lhe respondi que não era nada.

_ Alguém quer pipoca? – perguntou Spencer. Todos respondemos que não. Até Sam. Também, depois de passar mal quem é que pensa em...

_ E a perna, Freddonho? Está melhor?

Essa me deixou paralisado. Era a segunda vez no mesmo dia que Sam se preocupava comigo. Não que ela nunca tenha me tratado bem. Não é isso. Mas normalmente ela não faz isso na frente de outras pessoas. Nem da Carly.

Sam me pediu para ver o machucado causado pela mordida e levantei a perna do pijama. A região estava bem arroxeada e um pouco inchada, mas a dor já havia diminuído. Ela fez uma careta enquanto olhava o ferimento e se levantou do sofá em direção à geladeira. Voltou trazendo alguns cubos de gelo envoltos numa toalha pequena.

Socou o pequeno embrulho em uma das minhas mãos.

_ Põe gelo. – ela explicou. _ Vai ficar bem melhor e diminui a dor. Pode confiar na mamãe aqui. – e voltou a se sentar.

“Ah, Sam! Será que ela me bateria se eu pedisse que ela mesma fizesse essa compressa de gelo em mim? Certamente...”.

Ponto de Vista da Sam

Estou no banheiro do AP da Carly.

Caramba! Nunca passei tão mal como hoje. Nem quando fui envenenada por aquela louca da Missy.

Que eu como muito, eu sei. Todo mundo sabe. Mas meu estômago é triplamente qualificado pra isso, pois detona com qualquer coisa que caia nas garras dele, sem motivo e de forma cruel. Lentamente aplica um ácido corrosivo na vítima, que fica sem nenhuma chance de defesa.

Adoro meu estômago! Quando ele fica atacado, eu fico pior ainda. Mas hoje ele me decepcionou. Talvez esteja ficando frouxo igual à mamãe aqui quando olha para aquele nerd retardado.

Ou anda aborrecido comigo. Toda vez que vejo Freddie, ultimamente, meu estômago se contrai. Qual será a causa disso?

Benson está muito forte. Forte mesmo. Fiquei com dois hematomas nessa última briga. Um em cada braço. Deve ter sido quando ele me segurou e me puxou para que eu largasse a perna dele no restaurante.

Estou arrependida. Mas ainda não consigo me controlar diante dele em algumas ocasiões. Até que tenho tentado. Já fazia algum tempo que a gente não se “pegava” desse jeito. Ainda mais na frente de outras pessoas. Bem que eu gostaria de “pegá-lo” de outra forma. “Droga! Por que não consigo tirar aquele beijo da cabeça? Já se passou tanto tempo...”.

Meu rosto começa a esquentar. Maldito sangue! Olho pra outra Puckett no espelho enquanto passo a toalha no cabelo. Ela parece debochar de mim.

_ Hey, garota. – reclamo. _ Você não é a primeira igual a mim. Deixa de ser metida!

Nisso, lembro-me da Melanie. Minha irmã sabe lidar tão bem e de forma tão natural com essas situações. Detesto sentir medo. Mas estou com medo. E se a Carly tiver razão? E se o Freddie estiver mesmo a fim de mim? “Não!” – balanço a cabeça e meu rosto que estava quente começa a pegar fogo. “Ele sempre foi apaixonado pela Carly... Sentimentos assim não morrem... Ou morrem?”

A Sam do espelho me encara cinicamente. Resolvo atacá-la e arremesso a toalha contra ela. Visto o pijama que Melanie deixou em casa na sua última visita. Pelo menos era mais decente que as camisas de beisebol e as sambas-canção que costumo usar pra dormir.

“Decerto, depois que eles namoraram... ARGH! Freddie nunca mais perturbou a Carly com esse assunto... E ela me confessou sentir um imenso alívio em relação a isso. Ela acha que ele nunca gostou dela de verdade. Era apenas fixação... Mas o que é gostar de verdade?”

Pego o creme dental e começo a esfregar meus dentes, língua, bochechas e até a garganta. Precisava tirar aquele gosto metálico horroroso da boca. “Acho que Freddie pode estar certo. Preciso maneirar mais na comida...” Pelo menos meu estômago parecia estar domado. Hoje, definitivamente, ele precisa descansar de mim.

Termino derramando meio litro de enxaguante bucal da minha boca para a pia. Agora sim. Estou melhor!

Resolvi passar um pouco de perfume. Este não é da Melanie. É meu. Mas foi presente dela pra mim. Ela disse que preciso ficar mais feminina e que não preciso deixar de ser Sam. Gostei de ouvir isso dela.

Procuro deixar o banheiro da Carly bem arrumadinho e do jeito que ela gosta. Só essa guria pra me fazer arrumar coisas. Mas ela merece. É a única amiga que tenho.

Desço as escadas e Freddie olha pra mim. Estanquei e desviei o olhar. Só então me dou conta que estou metida num pijama frufru. Senti a onda de calor voltar a subir para meu rosto. Procuro pensar se não esqueci nada dentro do quarto da Carly. “Por que cargas-d’água sinto que ele continua a me encarar?”.

_ É da Melanie. – resolvo falar alguma coisa, senão o próximo passo era sair correndo pra casa. _ Eu não tinha nada melhor para vestir... “Droga! Por que estou dando explicações?”. Continuo olhando pra qualquer lugar menos pra ele.

_ Tá tudo bem? – Freddie perguntou e eu precisei de um extintor de incêndio. O calor que estava apenas no meu rosto percorreu meu corpo por inteiro e me incendiou. “Mas que mer...”.

_ Melhor. _ consegui responder e minhas pernas finalmente decidiram me obedecer e terminar de descer as escadas. Procurei usar de toda minha experiência em disfarçar essa droga de sentimentos estranhos e fui me sentar.

“Não é que o único lugar disponível para sentar era perto dele?” Carly me paga. A raiva ajudou a me mover, mas contei até mil e respirei fundo.

_ Que perfume é esse, Sam? – Carly perguntou. Precisei contar até mil de novo.

_ Hummmm! – “Era Freddie me cheirando?” _ Muy bueno. – me arrepiei e estremeci. “Devo estar ficando doente. Depois do calor agora vem calafrio, mas meu rosto continua quente”.

_ Eu hein, Benson? Chega pra lá. – minha reação imediata foi de empurrá-lo_ Perdeu a noção do perigo? – “Que é que ele estava fazendo?”. _ É só um perfume que ganhei da Melanie. – é a segunda vez que me explico só agora à noite. Como eles continuavam me olhando resolvi completar._ Orquídea. – meu rosto continuava em brasa.

_ Ah, tá. Então tá. – "UFA! Alguém resolveu me deixar em paz". _ Vamos sortear o primeiro filme? – Carly sugeriu. _ O que é que você está contando aí, Freddie? – ela perguntou. Encarei Freddie pela primeira vez desde que voltamos do restaurante.

Ele estava muito bonito ("devo estar muito doente mesmo") apesar de vestir uma camisa larga de algodão por cima de uma calça de pijamas. Pelo menos não era mais estampado de ursinhos. “Pareciam os fantasminhas daquele jogo pac-man... Nerd!” Os cabelos escuros estavam úmidos e senti o perfume já conhecido, cítrico e amadeirado.

_ Nada não! – a resposta dele à pergunta da Carly serviu para me fazer acordar. Alguém podia perceber meu “exame”.

_ Alguém quer pipoca? – falou Spencer.

_ NÃO! – gritei como todas as forças. Não podia mais nem pensar em comida por hoje. _ E a perna, Freddonho? Está melhor? – perguntei pra desviar meus pensamentos de qualquer coisa comestível, o que era até incontroverso nesse momento, pois eu quase tinha, literalmente, devorado a perna do garoto. “Vergonha disso”.

“Que foi que eu falei agora?”. Todo mundo me encarava de novo, inclusive Freddie.

Resolvi disfarçar mais uma vez e pedi para ver o local machucado. Nossa! Minha mordida era potente. Não feri a perna dele, mas o local estava muito roxo e inchado. Fui à geladeira pegar gelo, pois era a única coisa que eu podia fazer pra me retratar e matar minha vergonha que agora era maior ainda. Precisava fazer uma anotação mental para nunca mais fazer isso com ele... E com mais ninguém.

_ Põe gelo. Vai ficar bem melhor e diminui a dor. Pode confiar na mamãe aqui. – expliquei, evitando encará-lo e sentei-me de volta no sofá.

Ponto de vista de Freddie

Quando íamos sortear o primeiro filme a ser assistido, Spencer pediu licença e disse que iria preparar, pelo menos, um chá para todos nós. Um chá quentinho naquela noite gelada era bem vindo.

Ele disse que poderíamos ir sorteando o filme sem a sua presença.

O sistema de aquecimento dos Shay até que funcionava bem, mas o ar gelado conseguia entrar pelas frestas das janelas e portas e eu estava segurando um punhado de gelo nas mãos enquanto o pressionava na perna machucada.

_ Desculpe por isso, Freddito. – Sam falou e sua voz parecia bem sincera. _ Acho que passei dos limites dessa vez.

_ Bem, você nunca havia me machucado tanto. – falei.

_ Isso foi bem feio, Sam! – Carly soube do que Sam fez, mas ainda não tinha visto meu machucado.

_ É, eu sei. – ela abaixou a cabeça. _ Mas se isso fizer vocês se sentirem melhores... – e foi aí que ela levantou as mangas da blusa do pijama. Nos dois braços apareciam, enormes, dois hematomas escuros na pele muito alva. “Eram as marcas dos meus dedos?”. Surtei. “Eu também era um monstro!”.

_ O QUE FOI ISSO? – perguntou Carly horrorizada, a boca aberta. Ela levantou agitada, o dedo em riste apontando para nós. _ Vocês. Dois. Nunca. Nunca. Nunca. NUNCA. Entenderam? Nunca mais vão fazer isso um com o outro. ENTENDERAM?

_ Hey, Carls! – Sam tentou falar com um meio sorriso no rosto e se levantou. Eu olhava Carly. Ela estava surtando com a gente. _ Não é pra tanto... Nem tá doendo muito...

_ SENTA, SAM! – Carly falou, os olhos arregalados. Sam sentou-se amuada. _ Não é pra tanto? _ Não é pra tanto? – ela estava ficando histérica agora, a voz esganiçada e gesticulando muito. _ Da próxima vez, vocês se matam e EU irei pro enterro e, daí, irei escrever na lápide “Não é pra tanto!”. Ah, Sam! Tenha dó! – Sam abaixou a cabeça e Carly voltou-se pra mim. Me assustei. O dedo dela estava bem no meu nariz. _ VIU O QUE VOCÊ FEZ? Tenho vergonha de vocês! Meus dois melhores amigos! Se agredindo desse jeito! – e puxou a perna da minha calça, olhando pela primeira vez a mordida que Sam me deu na perna. Ela arregalou mais ainda os olhos e levou a mão à boca.

Carly nos passou um sermão! Ela nunca foi agressiva como a Sam, mas quando se alterava, era melhor sair de perto. Eu fiquei paralisado. Nem ousava falar ou me mexer. Spencer perguntou da cozinha o que estava acontecendo. Recebeu um grito de volta e se encolheu:

_ TERMINA ESSE CHÁ!

Olhei pra Sam que me olhou também. Meus olhos marejaram. Nunca quis machucá-la. Eu estava muito envergonhado.

_ Desculpe por isso, Sam! – consegui falar. _ Eu não sabia...

_ Não foi nada, Freddie! Eu comecei e...

_ Vocês dois estão fora de controle! – Carly continuou e foi à geladeira. Quando retornou, trouxe mais gelo envolto em outro pano e me entregou, categórica:

_ Faz compressa no braço dela! – segurei o pano, nervoso. _ FAZ LOGO!

Segurei o braço de Sam e comecei a aplicar gelo na mancha roxa. Eu tremia. Tanto pela proximidade. Tanto por vergonha. Senti ela estremecer também.

Carly continuou resmungando.

_ Estou muito zangada com vocês! Muito mesmo! Onde já se viu amigos se machucarem desse jeito? – ela parou e tomou fôlego, as mãos nos quadris, os olhos sobre mim e Sam. Suspirou, mas ainda não tinha dado o assunto por encerrado. Estava parecendo minha mãe. _ Eu vou lá em cima buscar uma pomada pra passar nisso aí. – e subiu as escadas resmungando. _ Não é pra tanto... Umpf! Não é pra tanto... Onde já se viu?...

_ Vocês deixaram ela muito brava. – Spencer falou se aproximando e colocando uma bandeja com um bule de chá e algumas xícaras sobre a mesa de centro. _ O que vocês aprontaram?

Mostrei pra ele as marcas no braço da Sam e ela também fez questão de mostrar a marca da mordida na minha perna.

Spencer, que até então ainda não tinha percebido o que acontecera de fato, abriu a boca e soltou a interjeição mais longa que já escutei na vida.

_ Você não pode fazer isso com uma garota, Freddie! – ele repreendeu. _ Nunca! Se sua mãe souber disso...

_ Eu sei, Spencer! – meu rosto estava em brasa, de vergonha. _ Mas eu apenas segurei o braço dela. Não sabia que estava tão forte e podia machucá-la desse jeito... – tentei me explicar.

_ Ei, vocês dois. – Sam falou. _ Eu provoquei. A culpa foi minha. Eu o mordi primeiro. Freddie só se defendeu.

_ É, mas nada justifica isso. – Spencer falou. _ Todo mundo briga, Sam. Mas até pra briga há um limite. Se pudermos evitá-la, melhor. E você, Freddie, um homem nunca sabe a força que tem, até acontecer algo assim. Imagine só se tivesse sido um murro ou um tapa mais forte. Você poderia ter quebrado os ossos dela...

Fiquei apavorado só de pensar. “Eu quebrar os ossos da Sam?” Prestei muita atenção ao que Spencer falou e, depois de refletir sobre o que havia acontecido, concluí que ele tinha razão. Eu apenas tinha apertado os braços dela com mais força e o resultado tinha sido desastroso. Nunca mais minha mão levantará pra bater em ninguém.

Enquanto pressionava o gelo no hematoma, acariciava o braço dela com o polegar da mão que estava livre. Era uma sensação maravilhosa. A pele dela parecia seda!

Carly desceu as escadas com a pomada na mão. Calamos a boca e olhamos para ela que ainda parecia querer nos fulminar com os olhos. Se ela fosse uma dessas mutantes com estranhos poderes eu e Sam teríamos sido desmaterializados naquele momento. “Seria esse um tipo de agressão indolor?”.

_ Quando terminarem a compressa passem isso aqui. – ela falou mais calma agora, porém com os dentes cerrados. Respirou fundo e se sentou. _ Vamos ao filme.

Ninguém ousou questionar. Sam tomou o pano das minhas mãos, para minha decepção, e foi fazer compressa no outro braço. Eu continuei fazendo na minha perna.

Ninguém quis saber que filme havia sido sorteado.

O filme começou. Era uma comédia. Diante do estado de nervos geral, isso foi muito apropriado. No início estávamos todos muito sérios, mas o filme era muito bom e nos fez gargalhar muito, o que descontraiu o ambiente. Tudo estava em paz de novo.


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Notas finais do capítulo

Que cena seddie fofa né? *O* Eu amei escrever esta parte. Carly sera muito amada nesta fic. Certo? Ainda tera muuuuuuito o que acontecer. E logo logo voces vao descobrir porque a fic se chama "Namorada Adormecida" Anciosos? Então comentem!