Ponto de vista do Freddie

_ Nossa, Freddito. Você está tremendo. – Sam falou.

_ Pois é. – eu disse. _ Como você consegue cantar com toda essa gente te encarando?

_ Fico nervosa no início, mas depois passa. – ela explicou. _ Desde pequena participo de apresentações. Te falei sobre isso há algum tempo.

_ Desculpe. Não me lembrava. – fui sincero.

_ Você estava muito ocupado jogando aquele jogo idiota com Spencer. – ela respondeu, mas não havia sinal de raiva em sua voz e sim, um certo desdém.

Carly nos chamou e reclamei com Sam que não podia ir até aquele microfone. Sam cochichou alguma coisa no ouvido de Carly e esta ficou mais algum tempo enrolando as pessoas enquanto Sam tentava me convencer a cantar também.

_ Minha voz é péssima pra cantar, Sam – insisti contrariado. _ Vou sair daqui. Isso, definitivamente, não é pra mim.

_ Encare como uma brincadeira, Benson. – ela falou. _ Uma apresentação de trabalho na escola...

_ Na escola não tem tanta gente assim... – argumentei. _ E já estou acostumado com eles.

_ Eu te ajudo.

_ Como assim? – perguntei.

_ Eu canto junto com você... E pára de tremer porque eu não vou ficar te adulando... Olha pra mim. – ordenou ela apertando minhas mãos.

Olhei pra ela. A voz de comando de Sam tinha um efeito poderoso sobre mim. Me fazia acordar. E o olhos dela nos meus me davam segurança.

_ E aí, pessoal? – a voz de Carly nos interrompeu. _ O show começa ou não?

“Eu gostaria que não.” – pensei. Mas não tinha como escapar. Sam pegou o microfone das mãos de Carly.

_ Galera, meu amigo Freddie, aqui presente, é nerd. – ela começou com gracinha e eu dei um meio sorriso pra platéia que gargalhava. – Ele entende tudo de sistemas de informação, alta tecnologia, programas de computador, internet, vídeos, filmagens e tudo mais. Coisas que a maioria de nós, meros mortais, não quer nem saber. – as pessoas riram de novo. Ela continuou. _ Portanto, ele está supernervoso por cantar aqui pra vocês, coisa que ele só faz debaixo do chuveiro... – ela fez uma pausa aqui e uma careta enquanto falava: _ Não quero nem imaginar isso. – novas gargalhadas da platéia. _ Ou quando está consertando nosso equipamento de som... Vamos maneirar com ele ou eu desço até aí e encho de porrada o primeiro que xingá-lo.

O mais impressionante nisso tudo é que eu estava começando a relaxar, tendo Sam ali do meu lado, com seu habitual jeito “sensível” de ser...

_ Vamos ensaiar um pouco, ok? – ela falou ainda pra platéia. _ Esperem só um pouco.

_ Eu vou filmar isso. – disse Carly pegando a câmera de Freddie. _ Que bonitinho...

_ Bonitinho coisa nenhuma. – escutei Sam reclamando. Carly somente ria e filmava.

Sam me arrastou até o microfone e me perguntou:

_ Você conhece a música... Deixa-me ver... “California Gurls?”

_ Mais ou menos. – respondi. _ Ah, nem sei, Sam. – falei impaciente.

O microfone estava ligado, e como era só um, tivemos que ficar bem próximos para falar ao mesmo tempo nele. O silêncio da platéia me incomodava mais do que qualquer barulho que eles pudessem fazer.

_ Canta um trechinho. Deixa eu te escutar... – Sam insistia. Carly filmando. O microfone ligado. Eu tremia.

Link da música: California Gurls – trecho – http://www.youtube.com/watch?v=GyRi4T8Qe8Q&feature=related– Freddie e Sam

_ Canta. – disse Sam.

_ Não. – respondi teimando.

_ Canta. – ela repetiu.

_ Nãão. – falei um pouco mais firme.

_ Canta. – a voz dela soou perigosamente suave.

_ Não. – o rosto dela estava praticamente colado ao meu. Se eu me virasse um pouco...

_ Canta. – parecia que ela dizia: não saio daqui enquanto você não cantar.

_ Não. – teimei novamente.

_ Canta. – notei que ela estava perdendo a paciência. De alguma forma aquilo me estimulou a teimar mais e fui ficando menos nervoso. Ninguém falava nada na platéia. Pareciam congelados.

_ Nãããão. – falei arrastado e balancei a cabeça.

_ Can – ta! – ela ordenou, mas em voz baixa, num tom completamente ameaçador. Resolvi não insistir mais e fazer o que ela queria. Apertei meus olhos.

_ ♫“California girls”♪ – comecei a cantar lentamente. Não havia acompanhamento de instrumentos. – ♫“We’re unforgettable… Dayse dukes…”♪ - aqui eu esqueci a letra.

_ ♪“Bikinis”♫ – disse Sam me ajudando.

_ ♫“On top”♪ – continuei meio ressabiado, mas Sam confirmou com um movimento de cabeça que estava tudo certo. _ ♫“Sun-kissed skin so hot we’ll melt your popsicle…”♪

_ ♪“Oooooh Oh Oooooh”♫ – ela cantou junto comigo. A galera foi ao delírio depois dessa parte e nós paramos.

_ Ficou perfeito. – disse Carly que estivera filmando tudo. _ Vocês têm que cantar alguma outra coisa. Vou voltar pra mesa.

Consegui sorrir satisfeito comigo mesmo e Sam me abraçou. Apertei-a em meus braços levantando-a um pouco do chão.

_ Não foi tão ruim assim, foi? – ela perguntou.

_ Até que não. – admiti.

As pessoas lá embaixo começaram a fazer coro.

_ MAIS UM! MAIS UM! MAIS UM!

_ E aí? – ela me perguntou com a cara marota. _ Vamos cantar alguma outra coisa?

_ Não sei, Sam.

_ CANTA! CANTA! CANTA! – a galera estava ensandecida.

_ Escolhe uma música que você goste. – ela falou. _ Vamos ver se eu sei a letra. Fica mais fácil assim.

_ Hum... – fiquei alguns segundos pensando. Havia uma música que eu gostava muito. _ Que tal Lady Antebellum?

_ Eu gosto muito deles. – Sam falou. _ Qual música?

_ “Need you now.” – falei e levantei a sobrancelha. Sam pareceu corar. _ Que tal? Conheço bem a letra.

_ Legal. - ela falou ruborizada. – Gosto muito dessa música também. É curta e fácil. Eu faço a primeira voz e você a segunda. _ Pessoal, vamos colocar a música que cantaremos no telão, ok? – disse ela pra platéia e virando pra mim, falou: _ Fica mais fácil pra você acompanhar também nessa tela pequena aqui na nossa frente.

_ Ok. – concordei, menos nervoso.

_ Vamos começar?

Quando os primeiros acordes da música tocaram, eu tremi novamente. Sam ainda cochichou:

_ Não olhe diretamente pras pessoas. Olhe para as palavras, siga o ritmo, se preferir feche os olhos e apenas, sinta a música.

Entendi o que ela quis dizer. Sam começou a cantar sozinha ao microfone. Eu a observava. Ela parecia mirar o teto e depois fechou os olhos. Procurei me conectar a ela.

Link da música: Need you now – http://www.youtube.com/watch?v=1OfsZyYPLoI&ob=av2e– Lady Antebellum

Sam: ♪“Picture perfect memories, scattered all around the floor. Reaching for the phone ‘cause I can't fight it any more.”♫ (Nossas fotos, imagens perfeitas espalhadas pelo chão. Estou pegando o telefone porque eu não posso lutar mais).

Aproximei-me do microfone para cantar um trecho junto com ela.

Eu e Sam: ♫“And I wonder if I ever cross your mind”♪ (E eu me pergunto se estou em sua mente).

Afastei-me um pouco e Sam ficou sozinha novamente.

Sam: ♫“For me it happens all the time.”♪ (Pois em mim isso acontece o tempo todo).

Novamente cantamos juntos. Nessa parte, criei coragem e segurei na mão dela e ficamos assim até o final da canção:

Eu e Sam: ♪“It's a quarter after one, I'm all alone and I need you now. Said I wouldn't call but I lost all control and I need you now. And I don't know how I can do without, I just need you now.”♫ (São uma e quinze, eu estou sozinho(a) e preciso de você agora. Eu disse que não iria telefonar, mas perdi todo o controle e preciso de você agora. E eu não sei como posso ficar sem você, só sei que preciso de você agora). Eu: ♫“Another shot of whisky, can't stop looking at the door wishing you'd come sweeping in the way you did before.”♪ (Outra dose de uísque e eu não paro de olhar para a porta desejando que você venha arrebentando ela como sempre fez).

Eu e Sam: ♪“And I wonder if I ever cross your mind.”♫ (E eu me pergunto se estou em sua mente).

Eu: ♫“For me it happens all the time.”♪ (Em mim isso acontece o tempo todo).

Eu e Sam: ♪“It's a quarter after one, I'm a little drunk, and I need you now. Said I wouldn't call but I lost all control and I need you now. And I don't know how I can do without, I just need you now.”♫ (São uma e quinze, estou um pouco embriagado(a) e preciso de você agora. Disse que não ligaria, mas perdi todo o controle e preciso de você agora. E eu não sei como posso ficar sem você, só sei que preciso de você agora).

Eu: ♫“Ou-uou”♪

Eu e Sam: ♪“Yes, I'd rather hurt than feel nothing at all.”♫ (Sim, eu prefiro sentir dor que não sentir nada)

Sam: ♫“It's a quarter after one, I'm all alone and I need you now.”♪ (São uma e quinze, estou tão sozinha e preciso de você agora) Eu: ♪“And I said I wouldn't call but I'm a little drunk and I need you now.”♫(E eu disse que não telefonaria, mas estou um pouco embriagado e preciso de você agora)

Eu e Sam: ♫“And I don't know how I can do without, I just need you now, I just need you now”♪(E eu não sei como posso ficar sem você, só sei que preciso de você agora, só sei que preciso de você agora).

Sam: ♫”Oh, baby I need you now.”♪(Oh, meu amor, eu preciso de você agora).

Nos últimos acordes nos olhamos demoradamente e, no êxtase dos gritos emitidos pela platéia que nos assistia, levantei-a outra vez do chão num abraço demorado. Tinha sido perfeito. Eu escutei os gritos de Carly e Griffin no meio da multidão.

_ Lindos!!

Sam foi escorregando lentamente dos meus braços para o chão. Seu rosto passou pelo meu e aspirei o perfume dos seus cabelos. Peguei uma mecha daqueles fios dourados e acariciei o rosto dela com o polegar. Nos olhamos... Repentinamente, era como se o barulho que as pessoas faziam ao redor do palco ficasse muito longe... Era como se estivéssemos só nós dois ali... 

Inclinei-me para ela... Eu ia beijá-la, mas Sam interrompeu o contato e baixou a cabeça para coçá-la em seguida, como fazia toda vez que estava nervosa.

_ Obrigada, pessoal! – ela pegou o microfone e agradeceu com um sorriso tímido. Ela estava fugindo de mim. Fiquei sem saber o que pensar. _ Eu e Freddie agradecemos. Foi um prazer cantar pra vocês e não esqueçam de assistir o iCarly.

Mas, quando descíamos do palco, ela buscou minha mão, entrelaçou seus dedos nos meus e sorriu pra mim.

“Fazer o quê?” – pensei. Aquela era Sam Puckett, afinal. Aquele dia havia sido maravilhoso e ainda não terminara...