– Não, imagina, eu peguei água do mar e molhei meu rosto – ela me responder sarcástica.

Mas essa resposta me deu uma ideia. Ou isso ia fazer a Annabeth ficar feliz e brincar comigo, ou ela ficaria extremamente brava...

Só testando pra descobrir...

- Se você molhou o rosto com água – disse com o meu melhor sorriso brincalhão – não vai ligar de se molhar toda.

Ela olhou pra mim, sem acreditar. Depois fez uma cara me desafiando.

- Você não faria isso com... – antes mesmo de ela acabar a frase eu coloquei ela nas minhas costas e comecei a entrar no mar. – Me põe no chãããão – ela começou a gritar enquanto dava socos em minhas costas.

Todos os anos de lutas com monstro a deixaram bem forte. Minhas costas vão ficar roxas, pois é...

Andei até a água estar um pouco acima da minha cintura.

- Já que você insiste... – eu disse e a soltei no mar.

Ela levou um susto e caiu sentada no mar, se molhando toda.

Depois de alguns segundos ela voltou para pegar ar, com uma cara não muito feliz. Nem um pouco feliz. Acho que, se dependesse dela, eu seria um Percy morto.

- Ah, mas isso não fica assim... não mesmo Perseu Jackson. – ela disse, vindo em minha direção.

Acho que esqueci de comentar que tinha me afastado dela... Hm... Medida de segurança. Pois é, eu me afastei.

- Percy, Percy! – ela me chamou, desesperada.

Meus deuses, será que ela tá bem? Será que ela se afogou? Ela nunca foi o que podemos chamar de “boa nadadora”.

Me virei rapidamente, preocupado.

- Vingança – disse a Annabeth, que na verdade estava em pé, perto de mim, com um sorriso diabólico.

Ela jogou água em mim, tentou me dar caldos, me afogar e sei lá mais o que.

Finalmente sua raiva parecia ter passado, porque ela finalmente havia parado de jogar água em mim. Ou me jogar na água.

Ela parou e olhou pra mim com um sorriso vitorioso. Até ver que eu estava completamente seco. Minha vez de sorrir.

- Cansou o suficiente, Sabidinha? – perguntei, sorrindo zombeteiro.

Ela ficou brava, pois é.

- Acho que você esqueceu de pensar em algo dessa vez, Sabidinha...

E ela então, que estava com uma cara pensadora, veio em minha direção.

Ela me empurrou pra baixo (de novo) e eu me deixei afundar, afinal, com um pouquinho de concentração eu me mantinha seco.

O que me surpreendeu é que dessa vez ela também mergulhou. Olhei pra ela questionando e ela simplesmente chegou mais perto de mim.

E então ela me beijou. É. Ainda estou tentando processar essa informação.

O que importa é que eu perdi totalmente minha concentração e me molhei todo...

Pouco depois de eu ficar todo molhado (isso pra não dizer logo em seguida) ela se separou de mim e tentou voltar pra superfície.

Segurei ela, não deixando ela ir e criei uma bolha de ar, onde ficamos nós dois.

Virei pra ela que tinha um sorriso no rosto.

- A água tá ótima, né? – ela disse, vitoriosa.

- Nada pode ser ruim depois do novo melhor beijo subaquático de todos – disse vencido, brincando com ela.

Mas isso a lembrou que hoje fazíamos um ano de namoro. O que a deixou triste novamente.

- Ei, ei – disse, chamando ela, que olhava para o chão, triste. Talvez chorando –Sabidinha – chamei-a novamente, mas dessa vez coloquei a mão no seu queixo, levantando seu rosto, até que ela olhasse em meus olhos – Que que foi?

- Você esqueceu... – ela disse isso, simplesmente.

Sim, claro que eu sabia do que ela tava falando.

- Quem te disse isso? – eu disse, improvisando. – Quem te disse que eu esqueci?

Ela me olhou confusa, e depois surpresa.

- Você lembrou? – ela perguntou, retoricamente, com um sorriso – Então porque não fez nada? – ela perguntou, ficando séria.

- Como? Meu dia foi muito corrido! Ele foi cheio! – disse, com minha ótima desculpa totalmente verdadeira e nenhum pouco inventada agora

Ela ainda estava meio triste. Meio muito triste.

- Mas calma, ainda vou te fazer uma surpresa. – ela olhou pra mim curiosa – Agora mesmo, mas pra isso temos que sair de debaixo da água.

Ela me olhou com uma cara de ‘o que você está esperando então?’.

 - Mas só vamos sair daqui quando você der um sorriso...  – e depois que eu pensar em algo pra fazer, obviamente. Mas eu não ia dizer isso. Gosto muito de viver...

Ela deu um sorriso, mas bem forçado mesmo.

- Você acha que merece a surpresa com um sorriso mixuruca desses? Eu sei quando você sorri de verdade... Ele me faz ter vontade de sorrir também... Eu pareço alguém que quer sorrir agora?  – Disse, pra ganhar tempo.

Aparentemente fui fofo, porque ela se levantou, me deu um beijo na bochecha e sorriu, mesmo.

- Um sorriso tão lindo quanto a dona – disse, sem ao menos perceber.

Annie pareceu ficar sem graça, e só assim que eu percebi que eu realmente havia dito isso e não só pensado.

- Então, vamos? – ela disse, ainda um pouco vermelha.

- Ah... – murmurei, quando ela me tirou dos meus pensamentos sobre o que fazer – Claro!

Estávamos subindo em silêncio, ela aguardando e eu fingindo estar concentrado em fazer com que a bolha subisse enquanto pensava. Meu pensamento nunca foi muito rápido, mas eu tava precisando de uma idéia logo.

Assim que estávamos na praia, ficando um pouco no sol para nos secarmos. Na verdade para Annabeth se secar, eu já estava seco há muito tempo.

Enquanto esperávamos conversando, eu ouvi uma voz.

- Ei, Chefe!

Blackjack. O que foi? Pensei.

- Tem uma menina ruiva te chamando aqui.

Bem, eu to meio ocupado agora.

- Ela mandou você vir com a Annabeth mesmo.

Porque? Pera, como você ta falando com ela?

-Simples chefe, ela... Tá, tá, eu falo pra ele! Agora! Ela disse ‘Deixa de conversar com o cavalo e vem logo!’ Pera... Quem ela chamou de cavalo aqui?

Já to indo Blackjack. Tente não matar ela.

- Ok, chefe. Aproveita e traz uns torrões de açúcar.

Nem respondi essa.

- Vamos sabidinha – disse puxando ela pela mão, em direção aos estábulos.

- O que? – ela disse, confusa.

Acho que a interrompi no meio de uma frase, agora que eu parei pra pensar...

- A surpresa, vem! – disse enquanto ela vinha andando logo atrás de mim.

Acabei andando bem rápido, ela quase correu pra me alcançar. Eu estava meio curioso. Só meio.

- O que é? – ela disse, tentando recuperar o fôlego.

- Quando chegarmos lá você vai ver? – ela murmurou, insatisfeita – Já esperou isso tudo, não consegue esperar mas um pouquinho Sabidinha?

Continuamos o caminho em silêncio. Ao chegarmos nos estábulos eu esperava encontrar a Rachel lá, onde ela me explicaria tudo. Mas só ouvi passos ao longe. Olhando na direção pude ver os inconfundíveis cabelos ruivos balançando enquanto ela corria pra longe.

Ótimo, simplesmente perfeito.

- E agora, Cabeça de Alga? – disse Annabeth, olhando para os lados, procurando alguma coisa.

E agora? E agora já era...