Ensaio Sobre A Vida escrita por kunquat


Capítulo 11
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Mesmo eu estando de olhos fechados eu sentia minha cabeça rodando. Meu corpo doía e algumas partes estavam rígidas.

- “O que está acontecendo?” – Pensei.

Eu estava deitado em uma cama confortável e a temperatura do local onde eu estava era agradável, provavelmente a sala possuía um ar condicionado. Mesmo com todo o corpo doendo eu tentei mover os dedos de minha mão e logo em seguida os dos pés. Consegui. O que significada que eu não possuía nenhuma fratura na coluna.

Abri lentamente meus olhos e notei que tudo em minha volta possuía uma coloração esbranquiçada. A cadeira onde eu estava era reclinável e uma pequena bolsa, acima de mim, gotejava doses de soro.  

- Fernando, Fê!? – Uma voz abafada ecoou pela sala. – Ele abriu os olhos. Mika, vem aqui!

- Ele acordou? – Disse alguém adentrando bruscamente pela porta.

- Ele está meio grogue, mas acordou.

- O que aconteceu? – Pensar era mais fácil que falar. Virei minha cabeça para ver quem era que estava ao meu lado, mas minha visão estava muito embasada, fazendo com que eu tivesse que esfrega-los com minha mão direita.

- Antes, quem somos nós?

- Lena e Mika, não? – Forcei meus olhos

- Sim. – Ela deu um leve sorriso

- Toma Fê, bebe um pouco de água. – Mika levou um copo até minha boca. Depois de alguns goles voltei a falar.

- Vocês vão me contar o que aconteceu ou não? – Falei de uma forma rude. – Desculpe. - Eles se olharam e voltaram a me encarar.

Antes de eles começarem a falar eu olhei para meu corpo. Minha perna estava engessada e havia um corte meu tórax. Além de várias escoriações e arranhões espalhados por todo o corpo.

- Tu sofreste um acidente bem feio Fê. – Lena se aproximou de mim e tocou meu braço direito.

- Como assim? Que acidente? Por quanto tempo eu apaguei?

- Tu apagaste por cinco dias. – Disse Mika um tanto tímido.

- Nós soubemos o que aconteceu pelo teu irmão. Ele disse que na segunda-feira da semana passada ele acordou com uma ligação daqui do hospital. Eles disseram que tu tinhas sido atropelado por um C4 preto enquanto ia para o colégio. O motorista foi bem compreensivo, ele era um tanto idoso e ajudou o máximo que pode.

“Ninguém sabe como o acidente aconteceu, mas pelas fraturas que tu sofreste eles viram que foi grave. Tu ficaste com uma perna quebrada e teve que colocar pinos nela.”

Lena falava calmamente enquanto olhava em meus olhos. Eu não conseguia me recordar deste acidente, como isso havia acontecido?

- “Nada daquilo aconteceu. A adivinhação de Kevin, a conversa com Mika, o passeio e o beijo com Daniel. Como isso pode acontecer?” – Pensei.

- Eles disseram que tu vai ficar aqui mais umas duas semanas.

- Que bom, vou ficar mais um tempo sem ter educação física. – Rimos. – Mas vocês vão vir me visitar né?

- Sim Fê, nós iremos vir ter visitar quando der. - Mika sorria pra mim.

- Fê! – Uma voz seca, vinda do corredor, ecoou pelo quarto onde estávamos.

- Não acredito que o Matheus está gritando no corredor do hospital. – Disse Lena enquanto tapava o rosto com as próprias mãos.

Logo após Lena terminar sua frase, Matheus entrou no quarto. Ele estava ofegante e um tanto distraído, tropeçando no próprio pé, fazendo-nos rir.

- Que droga. Isto não costuma acontecer. – Matheus se levantou enquanto resmungava.

- Veio dividir o quarto comigo aqui no hospital? – Perguntei enquanto ria.

- Depois de uma semana sem ir par a aula tu resolveste aparecer né? – Disse Lena apertando a gola de sua camiseta

- Uma semana? Isso não é típico dele.

- É que eu tive uns problemas, além do fato de ter vindo te ver em quase todos os horários de visita.

- Ah. Achei que tu não gostavas de hospitais.

- É, mas tu estás em um agora. – Ele sorriu.

Depois que Matt chegou eles ficaram me informando sobre o que havia acontecido no colégio durante a semana que eu não fui. Desde provas até brigas entre alunos e professores. Minha turma era um caos.

Porém, como o que é bom dura pouco, Lena, Mika e Matt, tiveram que ir embora. Eu fiquei sozinho por algum tempo, me distraindo com a programação da televisão, até que uma enfermeira chegou com a minha janta.

- Boa noite Fernando.

- Boa noite... – Forcei os olhos para ler o crachá. – Sara. – Ela sorriu.

- Tu sabes me dizer se há algum neurologista de plantão que eu possa falar? – perguntei um tanto tímido.

- Não, hoje há nenhum neurologista de plantão. Por quê?

- Queria falar com um.

- Amanhã assim que um deles chegar eu peço para vir aqui falar contigo.

- Ok, obrigado.

Ela deu as costas e eu abri a bandeja que ela colocou em meu colo. Na bandeja constava uma fatia de carne, arroz, feijão, salada e um pedaço de pudim.

- “Vou ficar com fome.” – Pensei.

Após minha pequena janta meu irmão chegou com uma surpresa para mim, um pacote de salgadinho. Nós ficamos conversando sobre os eventos da semana enquanto lambíamos os dedos.

Ele me contou que o senhor que havia me atropelado estava ajudando muito com as despesas e que ele, meu irmão, estava indo para o Canadá tocar em uma festa de música eletrônica. Ele me mostrou algumas de suas músicas novas, além de novos projetos, e, logo em seguida. fomos dormir.


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