- Fala logo o que você fez com ela!!!! – Cobrou o inventor enquanto Diego a colocava em cima de uma cadeira tentando reanimá-la. O fogo já estava acuado em um canto sem perigo de se espalhar.

Diego – Ela passou mal com a fumaça...

Franja tenta levantá-la, Diego o empurra, aumenta a movimentação.

– Ela tem que ser levada para um hospital!!! –Diego tenta impedi-lo com um novo empurrão e em resposta Franja lhe acerta um soco na boca que na hora abre um corte. Sem remorso nenhum Franja toma Marina em seus braços.

-Diego – Filho duma... – Antes de completar a frase Franja já esta longe, no hall de entrada, Cebola e Mônica vem correndo ao seu encontro.

Mônica (Nervosa) – Que aconteceu com ela?

Franja (Preocupado) – Temos que leva-la para um hospital, ela engoliu muita fumaça!!!

Cebola e Mônica ajudam a ajeitá-la no banco de trás. Franja assume o volante e dispara com o carro.

Depois de correrem quase dois quarteirões sem parar Magali e Cascão avistam um posto de gasolina do outro lado da avenida que esta deserta. Atravessam a rua, ofegantes. O posto de gasolina já esta fechado, Cascão reconhece o lugar.

Cascão – Foi aqui que o homem sombra deixou o carro...

Magali – Que a gente faz agora?

Cascão – Vou ligar pro Cebola...- Pega o celular, descarregado. – Empresta teu celular...

Magali – Descarregou lá na boate... Vamos descansar um pouco...

Cascão – Vou ali no orelhão da uma ligada pra eles não se preocuparem... – Assim que coloca o pé para fora do posto escuta uma trovoada e uma chuva forte começa a cair. Cascão volta correndo, Magali cai na gargalhada.

- Pooooooooooorco, Poooooooooooorco... – Grita imitando o famoso grito de torcida palmeirense.

Cascão – Hahahhahaha, muito engraçada!!!

Magali entra de baixo da chuva de braços abertos, começa a dançar.

-Aííííííí!!!! Tudo que eu precisava depois de uma noite dessas um bom banho...

Cascão (Enojado) – Tem gosto pra tudo mesmo...

Magali – Deixa de ser chato feioso!!! – Joga um pouco de água em cima dele que tenta se desviar em vão. – Medrosão!!!

Cascão – Medrosão é... Você vai ver...

Amor eu sinto a sua falta
E a falta é a morte da esperança

 Já estava sem camisa. Na confusão perdeu o colete na boate. Corre até Magali e os dois começam a brincar embaixo da chuva, chutam água um no outro, fazem cócegas entre si, voltam a ser crianças e esquecem de vez a confusão da danceteria e as brigas.

Como um dia que roubaram seu carro
Deixou uma lembrança

Magali vai chutar uma poça e quase caí. Cascão a ampara e ficam grudados mais uma vez.

Que a vida é mesmo coisa muito frágil

Cascão sabe que tem que resisti-la, mas não quer. Desce o olho no corpo da comilona.  A roupa molhada deixa evidente as curvas da garota. Por um lado Magali também sabia que tinha que resisti-lo, mas não podia negar a si mesma que estava adorando estar sendo sustentada pelos braços do sujinho. 

Uma bobagem uma irrelevância

A razão mais vez vem falar em seu ouvido. Se prepara para dar mais uma joelhada no garoto, mas Cascão é mais rápido e joga as pernas da garota para o lado, e deita ela em seu braço, como se fosse em um passe de dança. Agora ela não tem mais o que fazer, a não ser sentir a chuva que continuava a cair volumosa e esperar algum movimento do sujinho.

Diante da eternidade do amor de quem se ama

Cascão fitou seus olhos por alguns segundos. Ela por dentro parecia um furacão, por fora ficou quieta. Fechou os olhos e respirou profundamente sentindo a mistura de seu perfume com o dele. Era o melhor cheiro do mundo. Ainda de olhos fechados sentiu o toque da boca do garoto em seus lábios.

 Por onde andei enquanto você me procurava
E o que eu te dei foi muito pouco ou quase nada

Os lábios da comilona eram viciantes.  Quanto mais beijava mais sentia vontade de não parar. Não agüentando mais aquela posição continuaram a se beijar encostados em uma das pilastras do posto. Cascão jogava sua língua contra dela com vontade, enquanto ela o puxava pra si. Levantou levemente o pescoço e Cascão sentiu seu perfume, não resistiu e começou a beijá-lo. Magali soltou um gemido de prazer ao sentir a barba feita do garoto arranhando levemente seu ombro. Passou as unhas em suas costas deixando Cascão mais excitado do que nunca, já ia descer a alça da blusa de Magali quando ouviu alguns passos. Na hora Magali parou e ele também. Um vulto passa sem notá-los e para próximo ao carro vermelho. Ela reconhece

Magali (Cochichando)– É o homem sombra!!!

Cascão (Irritado) – Cacete!!! Esse cara tem sempre atrapalhar quando a gente ta numa boa?!

Magali – Ele ta falando no celular com alguém...

Cascão – É pra isso que os celulares servem Magali... – Tenta beijá-la. – Vamos continuar da onde paramos...

Magali – Dá pra calar a boca que eu quero escutar o que ele ta falando?!!!!!

Diego esta de costas para os dois. Cascão continua emburrado enquanto Magali só tem atenção ao telefonema.

Diego – Então não aconteceu nada com você?! – Pausa.- Não... Comigo ta tudo bem... O único problema é que eu acabei perdendo a Marina lá dentro...

Marina?! É da Marina que ele esta falando? Só pode ser dela. Cascão também começa a se interessar pela conversa.

Diego – É eu comentei pra ela que agenciava modelos... -Pausa. -  Que? –Pausa novamente... - Não, não se preocupa...

O sujinho e a comilona se entreolham e pensa a mesma coisa: Agência de Modelo?

Diego – Não cara ela não sacou que é só fachada... Tenho certeza que ela vai lá tentar uma vaga de modelo... Deixei um cartão com ela... –Pausa novamente. – Ah eu sei fazer as coisas direito cara!!! Mas a menina é uma gata né?! E nem parece maior de idade, o melhor é isso...

Era de Marina que ele falava?

Diego – Se não fosse aquele fedelho ter me batido ia dar tudo certo... –Pausa – E o Ivan?! – Pausa.- Como é que é? Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!!! Levou um perdido de uma pirralha e ainda apanhou? – Pausa.- O Ivan é um palhaço mesmo!!! – Pausa – Ta... Vou desligar, manda ele cuidar dessa cabeça direito!!!! Falou, tchau!!! – Desliga o celular. Pega o carro e vai embora. O casal sai de trás da pilastra.

Cascão – Você entendeu?

Magali – Pelo que eu entendi, ele é agente de modelos...

Cascão – O que a Marina foi fazer com ele...

Magali – A gente queria saber o que ele tava fazendo lá na boate... A Marina teve a idéia de seduzi-lo e deu no que deu...

Cascão – Vocês também estavam seguindo ele?

Magali – Não... A Mônica queria saber se a Denise tinha ido mesmo na festa do Titi, localizamos o segurança que trabalhou lá e hoje ele tava dando turno nessa danceteria...

Cascão – E como o segurança ia saber quem era a Denise?

Magali – Por uma foto que a gente levou né bestão!!!

Cascão – Ãhhh entendi... Até que a idéia de vocês não foi má... Quem teve essa idéia?

Magali – A Mônica...

Cascão (Sacana)-  Até que por ser mulher a Mônica não é tão burra...

Magali – Não acredito que no fim da noite eu sou obrigada a ouvir uma baboseira dessas!!!

Cascão – To brincando contigo besta!!! Vamos embora?

Magali – Vamos...

A tontura de sua cabeça vai passando e logo desperta do sono... Assim que abre os olhos Marina reconhece o cabelo e a nuca do motorista do carro.

-Franja?!

Franja olha pra trás.

-Você esta bem?!

Marina – Cadê a Mônica?! E a boate?

Franja – Você não se lembra de nada?

Marina – Lembro do Homem Sombra, de um fogo, das meninas...

Franja – A danceteria pegou fogo... Você engoliu muita fumaça e passou mal...

Marina – Isso eu sei... Mas eu to bem agora... Cadê a Mônica e a Magali?

Franja – A Magali não si, ma deve estar bem... A Mônica e o Cebola eu deixei em casa e ia te levar no hospital, mas você já acordou...

Marina – Precisa falar tanta coisa do homem sombra...

Franja – É melhor deixar pra amanhã, você esta precisa descansar...

Marina – E nós?!

Franja – É melhor deixar pra amanhã... Eu também preciso descansar...

Marina respeita a decisão dele. Realmente estava exausta. Franja estacionou o carro e ajudou á descê-la e caminhar até em casa. Deixou- a na porta

Franja – Já vou indo... Boa Noite...

Marina pensou em lhe dar um selinho, mas ele preferiu ficar apenas no aceno, mais uma vez ela respeitou sua decisão.

-Boa Noite!!!

Amanheceu o dia. Como de costume Todos foram para o colégio logo cedo. Esperando o sinal bater para anunciar a entrada Magali se juntou a Mônica e Marina e começaram a conversar sobre as aventuras da noite passada. Como também de costume a garota sentiu fome e sugeriu a Mônica e Marina que fossem até a cantina.

- Aí Maga, isso aqui ta parecendo a fila do INSS, depois você pega o lanche...

Magali – Ali o Cebola logo no começo da fila, vou dar o dinheiro e ele compra pra mim... Já volto... – Correu até o troca letras. – Cebolinha da minha canja, faz um favor pra mim!!!!!

Cebola – Lá vem bomba...

Magali – Aí o que custa?!

Cebola – Fala Magali...

Magali – Pega um misto e um suco de laranja?!! Por favooooor... – Vai tirar o dinheiro para paga-lo, mas ele faz guardar.- Deixa que eu pago... Acordei de bom humor hoje...

Magali – Aí brigada Cebolinha, você é um amor!!! – Dá um beijo em seu rosto e escuta uma voz falando atrás de maneira provocativa e em tom alto pra ela e toda fila da cantina ouvir.

-Toma muito cuidado Mônica que a Magali tem essa cara de boba, mas é mestra em passar as amigas pra trás!!!!

Magali se vira e da de cara com Cascuda, acompanhada de Carminha e Irene, a

novata da sala. Mônica e Marina ficam sem saber como agir. Cebola e a moça da cantina ficam estáticos assim como o restante dos alunos que estavam ali perto.

Magali –(Tentando manter a calma) – Como é que é?

Cascuda – Quer que eu repita eu repito, você tem cara de boba, se faz de boboca perto dos meninos, mas na verdade é mestra em passar as amigas pra trás, como você fez comigo!!!

Ela soube!!! Ela soube!!! Ela soube!!!

Cascuda (Gritando) – Você sempre se fez de minha amiga e agora pegou o Cascão!!!! Foi ou não foi Magali?

Todos esperam a resposta, Magali fica muda.