Para Britain sem Portal escrita por azul


Capítulo 1
A partida




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      Grove Artimus era um aventureiro comum da cidade de Minoc. Barba grande e mal cuidada, barbeiro é para os ricos e frescos pensava o homem, forte, impulsivo, alguma perícia na espada e quase total desconhecimento das artes mágicas e alquímicas. Sim, Grove era um newbe (niubi).

      Newbe era a alcunha que os aventureiros mais experientes davam aos novatos. A origem desta palavra se perdeu no tempo, talvez algum sábio ou manuscrito antigo ainda guardasse as velhas raízes etimológicas, mas para a maioria das pessoas isso era tão relevante quanto saber de onde veio a palavra sapato.

      A maioria dos aventureiros não chegava a perder o apelido por uma série de motivos: medo, falta de um bom mestre ou de prudência, por desistir dos perigos da vida aventureira e arranjar um emprego normal sem tantos perigos e recompensas ou pelo motivo mais comum morte.

      Britannia era um mundo jovem para os homens e conseqüentemente muito selvagem. As cidades que sobreviveram ao caos das primeiras eras eram bem defendidas por guerreiros exímios leais ao Rei Aios. Fora delas em cavernas e florestas salpicavam monstros, riquezas estupendas e segredos esquecidos. Tesouros e fama eram o motivo mais atraente para os aventureiros uns poucos lutavam pelo bem e pela justiça a maoiria por ganhos pessoais ou outros ainda motivos menores.

      Grove acreditava que dinheiro era igual a fama os dois maiores atrativos de suas ações e nos últimos dias uma idéia pululava na sua mente, uma idéia que poderia lhe dar as duas de uma vez. Para realizar sua empreitada precisava de alguns voluntários e sabia muito bem onde os conseguiria: no banco.

      Dos aventureiros mais poderosos aos mais jovens todos sem exceção utilizam o banco mundial de Britannia. Construído através de esquecidos encantamentos mágicos e controlados por homens de grande poder esta instituição era universalmente usada por simples motivos:

      Todos tinham direito ao banco, pobres, ricos, nobres, assassinos,... Depois o banco era inviolável. Artimus jamais tinhha ouvido falar de uma conta violada. O custo para deixar algo no banco era zero. Muitos estranhavam isso, mas a verdade é que suas contas mágicas aparentemente não eram tocadas. (muitas teorias de magos controlando recursos mundiais passavam de boca em boca) Qualquer coisa podia ser guardada no banco não só dinheiro, mas ferramentas e armas também, apesar de haver um limite de espaço.

      Além de todas essas vantagens havia um ultimo grande motivo: Através de qualquer banco (havia um nas principais cidades) você e somente você podia acessar sua conta e resgatar objetos depositados em qualquer outro banco. Sim, havia um tipo de teleporte para qualquer banco de seus objetos como se eles ficassem guardados numa dimensão paralela somente esperando para serem acessados. Por esses motivos os bancos viravam o ponto de encontro dos aventureiros.

      Artimus se aproximou do banco de Minoc onde dezenas de pessoas conversavam, gritavam aventuras ou iam guardar ou resgatar coisas de suas contas. Era fácil distinguir os trabalhadores de cara rude e séria, dos aventureiros novatos agitados normalmente empunhando armas recém adquiridas e dos aventureiros experientes repletos de poderosas armaduras de metais raros, capas e acessórios mágicos de grande valor. As vezes um ladrão tentava dar uma de engraçadinho, mas raramente sobrevivia a empreitada.

      Uma raiva contida de objetos mágicos perpassou o corpo de Grove. Avançou um pouco entre os homens que iam e viam parou do lado de um novato que gritava:

      - Estou indo para Vesper! Alguém interessado em ir a cavalo para Vesper?

      - Estou indo a cavalo para Brintain! Que homem corajoso esta disposto a ir até Britain!

      Gritou alto atraindo a atenção de vários homens, alguns pararam. Um homem magro de estatura média e careca se aproximou.

      - Você quer ir até Britain fisicamente?

      - Foi isso mesmo que eu disse. A cavalo para Britain!

      - Fazer o que?

      - O melhor que se tem para fazer na capital do reino, negócios e desfrutar das aventuras do caminho é claro.

      - O caminho é tomado de monstros e PKs.

      PK era o nome dado aos bandoleiros assassinos que matavam por diversão e pilhagem. Homens que se entregaram a ganâncias que assumiram ser mais valiosas que suas almas. Alguns PKs eram feiticeiros muito poderosos.

      - Eu estou ciente disso pequeno homem. Agora vais me acompanhar ou me deixar em paz?

      Perguntou com visível irritação.

      - Eu gosto de minha vida. Compre um portal.

      Foi a ultima fala do homem antes de passar reto e deixar Grove com os nervos quentes.

      - Eu, Mark da espada rápida, o acompanharei.

      - Jon ao seu dispor.

      Disseram dois homens se aproximando. Mark tinha estatura mediana e curtos cabelos castanhos mal cortados. Pelo jeito de andar, a arma na mão e a auto declaração Artimus deduziu que era um aventureiro novato, com uma razoável destreza e provavelmente mais nenhuma habilidade utilizável. Jon tinha longos cabelos negros em um rabo-de-cavalo, as roupas coloridas, o chapéu e a harpa diziam tudo: bardo.

      Não era o grupo mais experiente, mas para o tempo que tinha esperado achou muito bom. Três para Grove era o número ideal. Apertou a mão dos dois e ia se por em direção do estábulo quando uma voz feminina chamou sua atenção.

      - Esta indo para Britain?

      - Sim senhorita.

      - Alessandra ira vos acompanhar.

      Uma mulher! Uma mulher aventureira?! Que raridade pensou consigo ao apertar sem jeito a mão da mulher. Roupa leve, um arco, uma mochila pequena, olhos azuis, longos cabelos castanhos, corpo bonito,... Parece que partiriam em um grupo de quatro.

      Enquanto caminhavam até os estábulos da cidade para comprar montarias Artimus prestou atenção nos seus companheiros e resolveu pergunta-los porque aceitaram a aventura.

      - Fama, tesouros e aventura. – Respondeu Mark gostando bastante de pronunciar as palavras mágicas

      - Experimentar mais do tempo do coração. – Disse Jon com um leve sorriso para Alessandra que pareceu ignorar.

      - Tenho assuntos a tratar naquela cidade. – Respondeu a mulher laconicamente. Ela escondia seus objetivos, mas Grove não era tolo de insistir em perguntas sem respostas.

      Domar e criar animais era um esporte antigo em Britannia. Cavalos, cães e várias aves podiam ser adquiridos por preços bem acessíveis nos estábulos. Um bom cavalo era a paixão dos jovens aventureiros que tinham grande dificuldade e pouco dinheiro para conseguir animais raros.

      Negro disse Alessandra acariciando um belíssimo corcel da cor da noite. Sol astro guia e nota das minhas cordas. Falou Jon montando um cavalo castanho. Raio nomeou Mark ao comprar um cavalo com várias tonalidades de marrom. Grove nunca gostou de dar nome a seus animais. Achava isso coisa de perdedores especialmente para um animal simples como um cavalo, se ainda fosse um dragão... Mesmo assim resolveu entrar no jogo e com um pouco de sarcasmo chamou seu cavalo de Malhado.

      Negro, Sol, Raio e malhado foram preparados para a viagem e aguardavam seus donos decidirem os últimos detalhes da viagem.

      - Seguimos pela estrada até este ponto, pegamos o corta-caminho pela floresta, passamos ao lado do cemitério e seguimos para a entrada principal de Vesper. Chegaremos lá antes do anoitecer se partimos agora. Pernoitamos lá e amanhã decidiremos o resto do caminho. – Ofereceu Grove ao abrir um mapa da região.

      - Deve haver zumbis no cemitério. – Acrescentou Alessandra.

      Os cemitérios fora da guarda das cidades normalmente viravam um atrativo para forças necromanticas que, diziam alguns, pairavam pelos ares de Britannia. À noite o velho cemitério de Vesper ficava cheio de zumbis e outros seres bem piores. Isso era um grande atrativo para aventureiros que gostavam de proclamar que haviam “limpado” o cemitério naquela noite. Aventura que podia ser desempenhada por não muitos novatos.

      - Não oferecerão problema. – Disse Mark segurando o cabo da espada e acrescentou: Prefere dar a volta pela estrada? Isso nos tomaria o dobro do tempo. Só partiríamos amanhã.

      - Só mencionei, não temo zumbis.

      - Esta decidido então. Vamos?


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