Running Away From Hell escrita por GabanaF


Capítulo 16
Cap. XVI — 6:00 PM


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, como vocês estão? Espero que estejam curtindo o feriado e animadas para o novo show que vai estrear na Fox, "The Blaine Show" (sim, ainda estou putíssima com o Ryan e tudo mais sobre Glee).
Mas enfim, eu queria agradecer pelos comentários e recomendações e já me desculpo antecipadamente pela demora dos próximos capítulos que seguirão este - meu amado e adorado problema está de volta: ESTUDOS. Contudo, farei o possível para estar em dia aqui com vocês.
Sem mais delongas, o capítulo de hoje e esperam que curtam!



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03 de Abril de 2012

Quarto de Quinn, Mansão do Sam, TN

10:04 AM

— Santana não vai — Puck disse ao fechar a porta do quarto de Quinn, virando-se para a garota sentada na cama. Sam, ao lado dela, olhou-a preocupado. — Ninguém vai convencê-la.

Quinn suspirou. Sabia que não iria persuadir Santana para ir à Nashville; ela estava determinada a permanecer na mansão. Pensar em não tê-la como companheira na viagem quase a fazia desistir. Santana era seu braço direito, sua alma gêmea, ficar sem ela como apoio seria horrível.

— Eu também não vou — acrescentou Puck em voz baixa.

A mão de Sam estendeu ao ombro de Quinn. A garota deu um meio sorriso, agradecida pelo apoio. Achava estranha a animação de Sam em sair da mansão, mas não poderia culpá-lo: as lembranças de Mercedes ainda deveriam assombrá-lo. Ela sabia que Sam não dormia em seu quarto há dias, utilizando um cômodo vago no último andar.

— Espera achar alguma cura em Nashville? — Puck continuou, sentando-se ao lado direito dela. — É impossível.

— Hanna jamais mencionou o que aconteceu com o laboratório — Quinn retrucou sabiamente. — Nós achávamos que éramos apenas a gente, e encontramos Hanna. Qualquer chance vale.

Puck revirou os olhos, descrente. Quinn caiu de costas na cama, deixando os dois garotos sentados, num silêncio um tanto perturbador. A desaprovação de Puck e Santana — não mencionando Rachel — lhe machucavam de alguma maneira. Ela sabia que estava certa em relação à sua escolha. Havia algo na capital há pouco mais de cem quilômetros dali. Não uma cura, como Puck sugerira, mas talvez um modo para que pudessem sobreviver. Uma colônia, talvez. Um modo antigo de vida em que poderiam se encaixar e viver.

Eles agiam como adultos, como se soubessem de tudo, quando a verdade era que eram apenas crianças soltas num mundo perdido. Ela queria provar aos garotos de que havia uma esperança. Um mundo de adultos que estivessem prontos a receberem e cuidar deles como pais. E o que Quinn daria para ser mimada pela mãe outra vez era impagável...

— Então, qual é o plano? — perguntou Sam, interrompendo seus pensamentos.

— Entrar, achar o CDC, não morrer — respondeu Quinn com o rosto entre as mãos. — Voltar assim que possível. Quem sabe com boas notícias.

— Me parece um bom plano.

Mesmo com os olhos fechados, Quinn podia sentir Puck julgando o garoto por apoiá-la nesta ideia maluca. Até ela tinha que admitir que talvez estivesse pirando completamente. Mas era por uma boa causa... Ela nunca arriscaria o grupo se não fosse por algo que valesse a pena. A maioria das suas ideias fora quase mortal — sair da cidade, entrar no condomínio ao lado, e agora essa —, mas era pelo bem do grupo.

— Você tinha que inventar essa no seu dia de folga, não é — Puck disse com uma risada, quebrando o clima tenso.

Quinn empertigou-se e ergueu os olhos para o garoto, confusa.

— Como assim?

— Ora, você deveria estar aproveitando a manhã de folga da Rach e, ao invés disso, está aqui, conversando com a gente sobre a estupidez que está prestes a fazer.

Ela caiu de costas no colchão novamente, bufando irritada. Sabia que deveria estar fazendo outra coisa, algo muito mais importante que a discussão sobre algo que, para ela, já estava decidido. Votariam no fim do dia, mas Quinn iria de qualquer forma. Um sentimento de culpa atravessou seu corpo ao pensar em Rachel no quarto ao lado, brincando com Beth sozinha enquanto ela estava ali com os dois garotos. Pensar nisso quase a fez levantar e correr para ela, abraçá-la e dizer que tudo terminaria bem.

Ainda não pensara no “fator Rachel” na sua pequena excursão à Nashville. Considerando o olhar decepcionado que a garota havia lhe dado durante o café da manhã, era muita coisa a ser pensada. Rachel estava bem, Quinn gostava de se lembrar, acostumara à rotina (mesmo se negando terminantemente a matar os walkers na cerca) da mansão e lembrava-se de tudo antes do coma.

A amizade entre Rachel e Santana era uma coisa estranha para Quinn, mas necessária se por acaso as duas decidissem por não ir. Ela também observava Puck e o garoto parecia bem mais próximo de Rachel do que antes, principalmente agora com o anel em sua mão pequena. E ela odiava admitir, mas o garoto tinha jeito com sua garota. Eles faziam Beth rir e dizer algumas palavras mais rápido do que ela sonharia em fazer.

A garota era uma parte importante de sua vida naquele momento — possivelmente a mais importante, junto com Beth —; não a deixaria sozinha com uma pessoa que não confiasse. Seja lá quem fosse com ela à Nashville ou quem ficasse na mansão, sentiria segura em deixar Rachel em suas mãos, por mais doloroso que fosse.

— Vou passar meu tempo com a Rach — disse Quinn de repente, se levantando. Puck e Sam se ergueram ao mesmo tempo, como se ficar no quarto de Quinn sem ela fosse desconfortável. Ela sorriu aos garotos. — Por favor, não me incomodem com isso e resolveremos mais tarde, ok?

Puck e Sam menearam a cabeça em concordância.

— Deixem Santana fora do meu caminho — acrescentou antes de sair. — Se possível façam vocês todas as tarefas da Brittany, mas não me deixem topar com ela nos corredores.

Ouviu os dois murmurarem um irônico “Sim, senhora Fabray” em uníssono ao fechar a porta do quarto. Soltou uma risadinha e escutou a risada de Beth e Rachel vindo da porta ao lado. Encheu o peito, pronta para esquecer os problemas e passar o dia todo ao lado das pessoas que mais amava.


03 de Abril de 2012

Terceiro Andar, Mansão do Sam, TN

10:44 AM

— Você está bem? — perguntou Puck virando-se para Sam seriamente assim que saíram do quarto de Quinn, caminhando pelos corredores do andar lentamente.

— Estou — respondeu Sam franzindo a testa. — Por quê?

— Ah, essa sua animação para ir à cidade — Puck disse dando de ombros. — É estranha.

— Eu não vou ficar chorando por Mercedes o tempo todo. Ela não deixaria que eu fizesse isso.

Puck assentiu, surpreso com o tom duro de Sam. Estava feliz por ele, no entanto. Sam havia finalmente superado a morte da namorada e podia agora seguir em frente, tal como Puck estava fazendo há mais de um mês.

— Pena que não temos mais garotas para nos distrair — disse ele com uma risadinha, subindo as escadas para o terceiro andar. — Seria uma mão na roda por esses dias.

O garoto meneou a cabeça, distante. A única garota que não era lésbica ou tinha uma relação muito estranha com a melhor amiga na mansão era Hanna, porém, ela não se entregaria tão fácil para nenhum dos dois, como Puck sentia na necessidade de confirmar pelo menos um dia na semana.

Talvez devesse ir à Nashville com Quinn, pensou o garoto com um sorriso bobo. Se houvessem mesmo sobreviventes, as possibilidades de existir uma garota para ele seriam bem grandes. Balançou a cabeça, em negação, quase no mesmo instante. Não poderia deixar recair por uma coisa idiota dessas. Era errado ir à cidade, sair da mansão. Estava com Santana nessa. Quinn e Sam eram loucos em tentar isso.

— Acho que eu gosto dela — disse Sam em voz baixa ao entrar no quarto. Puck, perdido em pensamentos, abriu a boca e fechou de novo, confuso. — Hanna, eu digo.

Ele arregalou os olhos e fechou a porta num estrondo. Puck ainda sentia o amor de Shelby pulsando por suas veias e, mesmo à procura de uma garota e dando em cima de Hanna quase todos os dias, sentia falta dos carinhos da mulher. Sentia falta de ter uma namorada.

— Oh — fez Puck inseguro. — Isso é...

— Péssimo, eu sei — completou Sam se afundando na poltrona ao lado de sua cama. — Mercedes acabou de morrer. Deveria estar de luto até o fim da minha vida e aqui estou eu, apaixonado por uma garota do condomínio ao lado que salvou minha vida.

A boca dele se abriu num esgar. Ficou calado por um bom tempo, se perguntando o que dizer ao amigo. Permaneceu olhando para o chão e parado no portal, balançando os braços estupidamente.

— Mercedes se matou por minha causa — disse Sam, enfiando o rosto entre as mãos. — É minha culpa. Eu não deveria ter dado tanta atenção à Hanna quando ela chegou aqui. Se, por um segundo, eu tivesse ouvido Mercedes, me importado com ela, talvez ela estivesse aqui.

Puck engoliu em seco. Mais uma vez, desejou saber o que dizer a Sam. Ele, em algum lugar no passado, sentira-se culpado pela morte de Shelby, sabia o que o garoto estava passando.

— Olha... — Puck começou a falar lentamente, se aproximando de Sam — a morte de Mercedes não é e jamais será sua culpa. As pessoas não são obrigadas a aguentar tanto sofrimento. Elas podem se livrar da dor a qualquer momento. Não é justo, entretanto, a dor que elas deixam para nós lidarmos.

Sam levantou a cabeça, os olhos cheios de lágrimas. Olhou para o garoto, que deu um sorriso bondoso, dando tapinhas no ombro dele.

— É um ato egoísta, mas pense bem, Mercedes em algum lugar lá no Céu, deve estar tranquila, vigiando você — terminou Puck, sentando no braço da poltrona. — E provavelmente implorando por sua felicidade.

— O que quer dizer com isso? — indagou Sam em tom de dúvida, enxugando as lágrimas que teimosamente caíam por suas bochechas.

— Que acho que você devia ir fundo com a Hanna! — exclamou Puck, batendo nas costas de Sam com força. — Qual é, a garota é uma gata, muito inteligente, e vocês estão sozinhos num andar assombrado.

Puck balançou a cabeça, concordando com o próprio argumento, enquanto Sam o olhava como se fosse louco. Ele queria achar uma nova garota, mas os poucos olhares que Sam e Hanna trocavam nos últimos dias eram profundos. Puck não poderia interferir na conexão entre eles, seria errado.

— Se vocês forem viajar, avance um pouco — ele sugeriu olhando no relógio. Estava quase na hora de preparar o almoço com Rory e ouvir os papos irlandeses dele. — Converse com ela por mais de dez minutos sem babar.

O comentário tirou uma risada fraca de Sam. Puck, orgulhoso do próprio feito, levantou-se e deu tapinhas nas costas do garoto outra vez.

— Eu tenho que fazer o almoço, mas você vai ficar bem, não vai? — perguntou ele, olhando de esguelha para Sam.

— Claro — respondeu o outro, dando um aceno rápido para Puck, que já estava escorado no portal.

O garoto fechou a porta do quarto satisfeito. Passou por Hanna ao descer as escadas, sorrindo à garota. Ela também o cumprimentou, um tanto acanhada.

Um dia Puck se desculparia pelo comportamento idiota que tinha perto dela, mas não hoje. Estava ocupado com as latinhas de comida do almoço e a votação no começo da noite. Ele deixaria a garota para Sam naquele dia: Hanna e ele mereciam um tempo.


03 de Abril de 2012

Quarto de Santana e Brittany, Mansão do Sam, TN

01:05 PM

— Ei — chamou Santana aninhando mais no corpo de Brittany. — Eu te amo, sabia?

— E eu deveria estar lavando a louça — retrucou Brittany, tentando se afastar do corpo quente da namorada. — Tenho que levantar, Santana.

A garota riu e apertou mais Brittany contra seu corpo, impedindo-a de sair da cama. Santana tivera as últimas duas horas passadas com a namorada; em nenhum momento, no entanto, ela mencionara o apoio insano que a garota dera à ideia maluca de Quinn. Não achava que a rara parte depois do almoço que possuíam merecia um assunto que se referia ao grupo todo.

Uma coisa que não saía da sua cabeça, contudo, era o pedido de casamento de Brittany, feito ao que parecia ser muito tempo atrás. Desde quando mencionara à Quinn no dia anterior, Santana não parava de pensar nisso. Não concordava ainda com a ideia de se casar aos dezoito anos mesmo no mundo em que viviam, mas o anel no dedo de Rachel só lhe fazia lembrar o quanto amava Brittany e o quanto tinha plena certeza de que queria passar o resto da vida com ela. Se ao menos pudesse arranjar um anel de um dos walkers que matava na cerca...

— Britt? — chamou Santana mansamente, acariciando a barriga da namorada por baixo da blusa. — Lembra-se de quando estávamos cuidando de Beth há algum tempo? E você...

— Eu pedi você em casamento? — ela completou com uma risada. — Lembro-me muito bem, você me renegou. Ainda estou chateada em relação a isso.

Foi a vez de Santana rir, constrangida.

— Eu quero me casar com você — sussurrou Santana no ouvido de Brittany. Sentiu a garota estremecer em seus braços. — Eu te amo e vou viver até o último dia da minha vida contigo. Casar-me com você só tornaria isso mais real.

Brittany virou-se para Santana e beijou seus lábios suavemente. Santana acariciou a cintura da garota e correspondeu o beijo com intensidade. Ela sorriu entre o beijo, entrelaçando suas pernas nas de Santana, subindo por cima dela.

— Eu... te... amo... — murmurou Brittany beijando a face de Santana entre as palavras. — Te amo pra sempre.

Brittany parou de distribuir beijos pelo rosto da namorada e deitou-se ao lado dela, voltando a abraçá-la por trás. Santana sorriu ao perceber que acabara de noivar. A ideia não lhe assustava mais. De alguma forma, sempre imaginou que se casaria com Brittany. Afinal, ela era seu primeiro beijo e seu primeiro e único amor.

Talvez fosse por isso que estivesse tão nervosa em relação à maluquice de Quinn. Não queria que nenhum deles fosse. Entrar numa cidade era mortalmente perigoso — a sua aventura no vilarejo durante a viagem para o Tennessee mostrava isso. Milhões de pessoas sitiadas dentro de pouco espaço significava walkers, muitos walkers. Santana, embora confiasse no julgamento e capacidade de Quinn e Brittany, não queria perder sua namorada e melhor amiga ao mesmo tempo. Apenas pensar nisso já era doloroso demais.

Seria por isso então que relembrara à Brittany a proposta? Para ter com o que pensar, se manter ocupada, na esperança de algo? Pois se ela e Quinn realmente quisessem continuar com aquela loucura, Santana passaria todos os dias sem a presença delas na mansão para procurar e acertar os passos para o casamento perfeito (e quem sabe uma ajudinha de Rachel, também?). Ou pelo menos o quão perfeito um casamento pode ser num apocalipse zumbi.

— Você vai me dar um anel? — perguntou Brittany em um tom brincalhão que assustou Santana. Ela endireitou o corpo, tensa.

— Ahm... — a garota fez; o toque da namorada não parecia mais tão quente. Sentiu-se corar. — E-eu...

— Eu não quero nada, não, boba — retrucou a outra rindo. — Só estar aqui com você é o melhor presente de todos.

Santana tentou acompanhar a risada de Brittany, mas sentiu-se pior que antes. Se Quinn poderia sair acompanhada com Puck e Beth para buscar flores e coincidentemente achar um walker que fosse casado antes de morrer, ela também podia. Nada era complicado demais para Santana Lopez.

— Agora, por favor, me deixe ir — pediu Brittany carinhosamente, se soltando do abraço de Santana e levantando. — Aquelas louças não vão se lavar sozinha, sabia?

Brittany deu um selinho demorado de despedida em Santana. Ela ficou parada observando a namorada sair do quarto aos pulos, animada, e escutando suas exclamações dois quartos adiante para Rory e Sugar, pedindo para eles lhe ajudarem com a louça.

Santana continuou estirada na cama por um bom tempo, sem ter vontade para levantar. Pensou em dormir um pouco, aproveitar de fato a folga, mas a preocupação da iminente votação que seria feita as seis a deixava tensa. Precisava fazer algo para impedir Quinn, talvez falar com ela ou sei lá. Não poderia deixá-la fazer uma estupidez tão grande.

Irritada, imaginou que ela iria nessa loucura da mesma maneira. Ela tinha galões de gasolina à sua disposição no terraço para o Cadillac, tinha Hanna ao seu lado para guiá-la até Nashville. A garota era muito cabeça dura. A forma que Santana vira os olhos dela durante o café da manhã só demonstrava isso.

Soltou um suspiro cansado e vencido. Na forma de votação, pelo menos, ela não teria de se preocupar com os carros saindo no meio da noite da mansão. Mesmo votando contra, ela se sentiria menos louca de preocupação assim.

Levantou-se, se perguntando onde Hanna estaria. Sentia péssima pela forma com que tratara a notícia dos walkers e tudo mais na noite anterior e ainda não pedira desculpas formalmente. Isso manteria ela um pouco ocupada e distante de tudo.


03 de Abril de 2012

Sala de Estar, Mansão do Sam, TN

05:56 PM

— É quase seis horas — ponderou Quinn na sala de estar, olhando para o relógio de pulso. — Vamos votar.

Todos estavam mortalmente quietos. A garota estava na frente da TV de tela plana e os encarava com determinação. Chegara ao momento chave de todo o dia: iriam decidir se o grupo deveria à cidade ilegal ou legalmente. Quinn apontou para Rory, o mais perto dela sentado numa das cadeiras trazidas da cozinha.

— Acho que vocês devem ir — disse o garoto nervoso, seu sotaque irlandês se intensificando. — Nossas reservas estão pela metade, então acho melhor que pudéssemos, não sei, ajeitar isso logo.

Quinn virou-se para Sugar, que tinha no colo um quadro e uma caixa de giz branco achado no porão. A garota acenou e marcou no lado “À Favor” uma barra. Ela ergueu a mão, temerosa.

— Eu voto por não ir — disse a garota, olhando para Santana. — Estamos bem aqui. E-eu acho.

E marcou rapidamente uma barra no lado “Contra” do quadro.

Quinn lançou um olhar fulminante na direção de Santana. O dia de folga dela com certeza fora para ficar o resto da manhã com Brittany na cama e ganhar votos para sua campanha contra a viagem. Ela não queria realmente começar outra briga com a garota, por isso, manteve-se quieta.

A votação seguiu. Hanna, Sam e Brittany votaram a favor, dando um monte de razões que Quinn achava tolas e interessantes ao mesmo tempo, para que pudessem acompanhá-la. Harmony lançou um olhar culpado a Sugar, e também votou a favor. A garota, emburrada com a “namorada” — Quinn não sabia direito onde o relacionamento de dois dias estava —, marcou com o giz no quadro com tanta violência que fez um barulho insuportável.

— Obrigado, Sugar, muito obrigado — disse Puck com azedume quando Beth começou a chorar. Depois, olhou para Quinn, sacudindo a filha nos braços. — Meu voto é contra.

Quinn assentiu. Puck era o escudeiro de Santana nessa. Os dois sorriram entre si, mesmo sabendo a derrota iminente. Cinco pessoas, além dela, haviam votado a favor. Só restava o voto óbvio de Santana e, Quinn engoliu em seco ao lembrar-se da namorada, Rachel.

Seus olhos correram na direção da garota, encolhida a um canto do sofá ao lado de Hanna. Ela parecia perdida, completamente alheia ao mundo em seu redor. Rachel tinha seus olhos focados no teto com uma expressão vagamente interessada. Pigarreou para chamar sua atenção, e chamando seu nome logo após.

— Não — Rachel murmurou. — Não, voto por não.

— Você vota contra — Hanna corrigiu gentilmente, lançando um olhar preocupado à Quinn.

— Não me importa — disse, deixando a cabeça cair lentamente sobre o braço do sofá.

Quinn fez menção de ir ao encontro de Rachel no sofá, quem sabe levá-la para cima e deixá-la dormir um pouco. Seu compromisso com o grupo, no entanto, a fez ficar parada no meio da sala de estar, fixando o olhar em cada um deles profundamente.

— Parece que ganhamos — disse Quinn um pouco rápido demais, checando o quadro que Sugar segurava. — Quem vai?

Rory e Harmony se entreolharam. A resposta estava óbvia demais; Quinn jamais deixaria os dois saírem, mesmo em sua companhia. Seria, claramente, Sam, Hanna, Brittany e ela a se arriscar no mundo lá fora. Definitivamente, o grupo mais interessante do qual participara.

— Podemos partir amanhã depois do almoço — Hanna sugeriu. — Teríamos que passar a noite em Nashville, mas procurar durante o dia é muito melhor do que à noite.

— Ótima ideia — falou Brittany, recebendo um olhar assassino de Santana.

Quando as duas começaram a discutir em cochichos e os garotos iniciaram uma conversa sobre alimentos, foi que Quinn notou o sumiço da garota recostada ao braço do sofá quase adormecendo. Vasculhou a mente à procura do momento em que Rachel sumira, mas percebeu que estava muito ocupada com os outros para notar.

— Estamos encerrando aqui. — A voz de Quinn se elevou sobre todas as outras, poderosa. — Hanna, Sam e Brittany, vocês tratem de arrumar tudo para amanhã. Eu sei que é cedo, mas boa noite.

Recusou-se a responder as perguntas de Santana, deixando que elas a seguissem pelo corredor, enquanto corria pelas escadas para seu quarto.


03 de Abril de 2012

Quarto de Quinn, Mansão do Sam, TN

06:31 PM

— Eu apenas não entendo — desabafou Rachel, os braços cruzados em defesa aos movimentos e aproximação de Quinn. — Não entendo por que você quer ir à Nashville.

— Ninguém entende — murmurou Quinn, irritada. — Pode haver seres humanos lá. Vivos.

Mesmo assim, Rachel não entendia. Ela não queria ir à Nashville, não queria ir a lugar algum. As lembranças da viagem até ali não saíra de sua mente ainda. Rachel não queria Quinn longe, muito menos sair da mansão com ela. Era perigoso demais. Infelizmente, perigo parecia ser um atrativo e tanto para Quinn.

Elas estavam indo tão bem, caramba. Todos estavam, na verdade. Sam voltara a sorrir na noite anterior quase da mesma forma que sorria antes da morte de Mercedes; Hanna e Santana pareciam irmãs; Sugar e Harmony aparentavam ter, finalmente, algo além de amizade. Por que Quinn não estava satisfeita com isso? Por que ela sempre tinha que procurar alguma aventura possivelmente fatal?

— Você não vai — disse Rachel determinada.

— O quê? — indagou Quinn, arqueando a sobrancelha.

— Você não vai — repetiu, dessa vez mais alto. Rachel olhou para Quinn, os olhos marejados. — Eu não vou deixar.

Rachel pode jurar que ouviu Quinn dar uma tossida fraca que mais parecia uma risada. Limpou as lágrimas que teimavam em sair e a encarou, irritada.

Quinn se imaginava forte — Rachel jamais duvidara disso —, mas também pensava que não valia muito na vida das pessoas. O que Quinn não sabia era o efeito que tinha sobre Rachel. Ela não tinha nenhuma ideia do quanto Rachel a amava, do quanto ela não queria deixá-la ir.

— Rachel... — chamou Quinn numa voz suave, se agachando na frente da namorada que sentava na cama com os braços cruzados. — Ir à Nashville era um dos meus planos. Agora com a história de Hanna, as coisas fazem mais sentido. E se ainda houver gente trabalhando? Não podemos ser os últimos seres humanos nos Estados Unidos.

Rachel assentiu. O lado racional dela não parava de gritar aquilo na sua cabeça, que Quinn estava correta em ir à busca de gente nova. Mas seu lado emotivo — que dominava sua mente praticamente desde o dia em que nascera — negava tudo. Ele só queria a garota perto de dela para sempre. Poderia ser até um ato egoísta, mas Rachel não fazia ideia de como sobreviver naquele mundo sem Quinn.

— Você não entende, não é? — perguntou ela um tempo depois, com as mãos postas nos joelhos de Rachel.

— Não.

— Ficar com você foi a melhor coisa que já me aconteceu. Se não achasse que isso não iria trazer nenhuma ajuda, acredite, eu não faria. Mas Rachel, eu...

Quinn ficou quieta, sentando ao lado dela na cama e abraçou-a fortemente. Beijou-lhe o topo da cabeça; Rachel podia ouvir a respiração pesada de Quinn encher seus ouvidos.

— Eu te amo — disse Quinn no ouvido de Rachel, mordendo-lhe o lóbulo da orelha.

— Eu também te amo — respondeu Rachel, sentindo os pelos da nuca eriçar por causa do contato.

Levantou a cabeça e uniu seus lábios. Rachel continuou a beijá-la, mesmo parecendo que Quinn quisesse interromper e dizer algo. Quinn, depois da fraca tentativa de falar, se entregou e correspondeu aos beijos de forma desesperada. Rachel tentava acompanhá-la, desgrudando-se da garota ocasionalmente em busca de ar.

Sem Beth para atrapalhá-las como mais cedo, sentia-se livre. Ela permitiu que a língua de Quinn explorasse o interior de sua boca muito mais rapidamente. Agarrou-se aos cabelos curtos com a tinta desbotada, forçando-a cair na cama por baixo dela.

Rachel se aprumou ligeiramente em cima de Quinn, encaixando os quadris dela entre suas pernas, sequer tendo tempo para respirar propriamente. Quinn desceu uma mão para suas pernas, alisando-as e apertando-as enquanto a outra enfiava entre sua camisa de flanela que Hanna rasgara um dia.

Das outras vezes, Rachel aparentava ter certo autocontrole sobre suas ações e reações. Agora, entretanto, a sua vontade se concentrava em tomar Quinn para si de uma forma que nunca fizera antes. Rachel esquecera de que segundos antes as lágrimas desciam pelas bochechas tragicamente, que não queria que Quinn viajasse... para onde mesmo? As mordidas dela em seu pescoço e os gemidos da garota não deixavam Rachel raciocinar direito.

Quando ela percebeu, estava sem a camisa xadrez e Quinn estava escorada na parede do quarto. Rachel sentava em seu colo, ajoelhada, e rebolando por cima de seus quadris. Assustada com o próprio feito, ela parou os beijos de Quinn em seu busto e encarou a garota, temerosa.

— O que foi? — perguntou Quinn, acariciando a barriga da garota carinhosamente, não a deixando sair de seu aperto.

— Eu não... — Rachel sacudiu a cabeça enquanto Quinn voltava a distribuir beijinhos em seu pescoço — Não... Quinn, eu não...

— Rachel, silêncio — sussurrou Quinn sensualmente. — Apenas siga o que achar certo.

Rachel suspirou, puxando os cabelos rosados de Quinn, deixando a boca da garota a milímetros da sua. Olhou profundamente nos olhos verdes e belos dela, mal se atrevendo a respirar. Ela engoliu em seco e se permitiu beijar Quinn vorazmente.

Desceu pelo pescoço, tirando a blusa rapidamente, sorrindo ao beijar a curva de seu ombro enquanto Quinn deitava sobre ela outra vez. Suas mãos tremiam, seu coração estava palpitando e cada gemido que saía de sua boca parecia mais rouco.

Quinn abaixou lentamente, distribuindo beijos por sua barriga e tirando seus shorts em um movimento só, fixando os olhos famintos em sua direção. Rachel ofegou, lambendo os lábios de forma tentadora.

De todas as outras formas que Rachel havia pensado em perder a virgindade, jamais imaginara que seria naquele mundo, em tal situação, com Quinn — e ainda por cima, tão perfeita a diversos modos.



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Notas finais do capítulo

Sim, eu shippo Spuck/Suck e adoro a amizade dos dois. Mas e aí, o que vocês acharam? Eu não queria fazer uma cena Faberry de sexo completa por que, bem, eu sou péssima nisso, e queria algo como por exemplo o The First Time (sem todo o Finchel, é claro, ugh). Brittana estão noivas na minha fic, juro que quase chorei escrevendo KKK
Ah, e CDC é uma espécie de centro de tratamento de doenças do governo americano. Eu não faço ideia se existe um mesmo em Nashville, mas estamos num mundo ficcional então não vi problema em pô-lo (além do mais, é um plot em The Walking Dead).
Bem, por hoje é só. Espero que tenham gostado e deixem seus comentários aqui, galera! Beijos e até o próximo :)