P.O.V Edmundo

Andei atordoado até onde se encontravam os telmarinos, minha atenção, apesar de tentar concentrar-se na guerra, estava voltada diretamente para Natália.

O motivo de tais palavras serem ditas, após o término do beijo, deixou-me confuso.

Como assim tínhamos já vivído histórias?

Será que ela referia-se à Guerra e aos conflitos que estavámos enfrentando juntos?

Não, apesar de ser a única resposta qualificada eu sentia que era a errada.

Nath não quis dizer sobre isso..., e, de certa forma, eu temia o que ela quiria dizer, pois tinha pressentimentos sufocantes sobre o assunto...

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_Vim à mando do Grande Rei Pedro e de toda Nárnia para trazer uma proposta._soei mais firme do que me sentia, afinal, era apenas um contra centenas de soldados à me encarar raivosos.

O guarda que estava me escutando sorriu com aparente nojo, e praticamente cuspiu as palavras em cima de mim:

_Você é muito tolo para achar que saíra daqui vivo._ele sorriu divertindo-se com o comentário, porém não deixei-me abalar.

_Essa é uma decisão do Rei, caro soldado, e se me permitir preciso falar com o mesmo._o soldado adquiriu uma cor ruborizada no rosto, ele parecia com muita raiva, como se perguntasse à si mesmo como eu tive a audácia de ignorar seu comentário.

_Ora seu..._ele sacara a espada rapidamente, porém eu a interceptei na mesma hora colocando à minha sobre sua garganta.

_Avisem o Rei que quero lhe falar._falei olhando para os soldados que pareciam não saber se deixavam-me arrancar a garganta do amigo ou apenas me obedeciam._Já!_disse autoritário, o que fez uns cinco soldados, aparentemente amedrontados, saltarem e correrem em busca do Rei.

Os minutos que se passaram foram torturantes, eu me via numa encruzilhada, não só porque mantinha um soldado refém de minha espada, mas porque tinha de ficar atento a qualquer movimento dos demais que me cercavam.

Ouvi gritos dentro da tenda improvisada à alguns passos de mim, logo, mais rápido do que o imaginado, um dos soldados que havia corrido parar falar com Mirraz estava assentindo freneticamente, como se estivesse com medo de mim ou do que Mirraz havia lhe dito.

Soltei o soldado com repugnância, ele tropeçou e caiu aos meus pés, sua raiva esvaindo de sua face.

_Da próxima vez ouça-me com sabedoria soldado._não pude deixar de sorrir vitorioso, eu nunca havia me sentindo tão modificadamente forte, realmente o beijo de Natália teve grande impacto em minha personalidade.

Adentrei a tenda cuidadosamente, certificando-me de que nenhum homem estava para me apunhalar pelas costas.

Avistei Mirraz sentado em uma espécie de trono, sua face estampava um sorriso irônico, como se sentisse pena de mim estar ali.

Ao seu lado uma fileira de homens se alastrava, todos muito bem confortáveis e zombateiros.

_O que deseja, príncipizinho?_perguntou ele rindo, o que só me deixou ainda mais nervoso.

Tentei controlar minha fúria ao máximo, eu tinha que me controlar. Caso contrário não sairia dali com vida.

_Rei Edmundo, se me permite corrigi-lo._disse com um sorriso de canto, Mirraz parecia querer arrancar meu coração com um só golpe, e antes que ele desatasse em falar me apressei em sua frente:

_Em tempos de guerra nós, narnianos, sempre tentamos seguir com rígidez nossas regras, se me permiti perguntar, os telmarinos seguem as próprias, quero dizer, as antigas, passadas de geração à geração?

Enquanto ia falando pude ver que não só Mirraz estavam confusos como suas testas se aprofundavam, formando, assim, enormes zincos.

_Não vejo por quê..._um dos homens começara a falar mas fora interrompido por um sinal de Mirraz mandando o mesmo calar-se.

Mirraz aprumou-se em seu "trono" e olhou-me com interesse, sua curiosidade mais aguçada do que nunca.

_Prossiga...Rei._ele falou sarcasticamente meu título, porém não me importei, havia conseguido o que tanto queria afinal.

_Sabemos que está em número de soldados e armas muito mais vantajosos do que os nossos, mais como todos os estratégistas nós também possuímos planos, e convenhamos que esse é muito bem elaborado.

O Rei parecia ficar um pouco preocupado, o clima de tensão parecia se estender por toda a sala.

_Suponho que queiram propôr algo, não é mesmo? Sei que não viria aqui arriscando a própria vida se não tivesse um motivo._disse Mirraz olhando-me intensamente.

Sorri, descontraído, achando graça no senso de percepção do Rei.

_É claro que sim Vossa majestade, e mesmo que tenha vindo sozinho, ainda sim estou em segurança._disse arrancando uma risada de Mirraz.

_Está falando daquela lenda chamada Aslam? A qual parece não fazer-se verdadeira?_ele olhou para seus companheiros e todos sentiram-se obrigados a desatar a rir juntamente com o Rei.

Ele estava ofendendo Aslam, mas eu tinha de me manter passivo, não podia deixar a raiva dominar-me.

_Sim, digo do Leão que escolhera-me como um dos Reis de Nárnia, o mesmo Leão que nos trouxe novamente para nossa Terra e prometera batalhar ao nosso lado. E sinto em lhe dizer que Aslam não é uma lenda, eu mesmo já estivesse em sua presença diversas vezes, e todas ele parecia muito vivo._eu ri da lembrança, se Mirraz visse Aslam com toda sua glória ele tremeria nas próprias pernas.

_Cada um tem uma opinião Rei Edmundo, mas ande, diga-me o que quer antes que eu mesmo me canse de sua falação._disse impaciente, ele parecia fiar cada minuto com mais raiva de minha confiança, que mantinha-se intacta.

_Somos muito ligados às leis de nossos antepassados, então, supondo que os telmarinos também abrangem a mesma regra, viemos lhe propôr uma luta, um duelo memóravel para aquele que sair campeão.

Pude ver todos se entreolharem receosos, eles pareciam estar entendendo minha linha de pensamento.

Apenas Mirraz, talvez por não possuir tal inteligência, parecia ainda mais confuso.

_Não compreendi seu propósito, detalhe o mesmo, por favor._disse remechendo-se inquieto em seu "trono".

Dei um sorriso fraco em sua direção e prossegui a falar:

_O Rei Pedro, denominado magnífico pelo próprio Aslam, vem lhe propôr um duelo, Rei contra Rei, aquele que sair campeão leva a vitória, ou a derrota de seu reino. Fazendo com que a tradição de nossos antepassados continue firme e convencional.

Mirraz parecia muito pálido repentinamente, seus olhos havia esbugalhadossem de suas órbitas, ele definitivamente parecia um coelho com medo.

_Acha mesmo que vou arriscar-me dessa maneira sabendo que meu exército pode esmaga-los em questão de segundos para mim?_disse displicente, como se tentasse se acalmar.

_Então nega-se a lutar contra um garoto cuja a idade se resumi à metade da do senhor?_perguntei insolente, deixando Mirraz com uma carranca mais do que assustadora.

_Como ousa..._Mirraz não teve tempo de concluir, pois no mesmo segundo uma segunda voz o cortou.

_É claro que nosso Rei não negará uma proposta tão convidativa, ele nunca recusaria a mesma podendo-se passar de medroso por seu exército e seu povo. Não é mesmo meu Rei?_disse um homem cuja barba era tão grande quanto à de Mirraz, e por mais que tenha sido favorável para mim sua intromissão, eu consegui enchergar um brilho muito explicíto em seus olhos, era o brilho da inveja...

Mirraz ficou desnorteado com tais palavras, ele parecia tentar achar uma saída, porém, com tantos olharem à sua volta ele parecia não conseguir.

_Faço outra proposta para você Rei Edmundo, ouça-me bem._falou Mirraz quando finalmente encontrou sua voz.

_Sim, estou ouvindo._disse seco, eu sabia que ele tentaria escapar da luta.

Mirraz encarou-me com seus olhos assustadores e começara a falar, cada palavra um sibilo.

_Não serei burro de arriscar-me assim, ando com minha saúde debilitada e sei que talvez o jovem Rei tenha vantagem sobre mim._pude ver muitos os presentes revirarem os olhos, era certo de que todos tinham a mesma opinião minha em relação ao Rei._Então, lhe proponho que seja o Rei Pedro contra qualquer um de meus soldados, aquele que sair-se bem na luta levará a vitória, se meu soldado sair fracassado prometo retirar minha guarda do seu territória e deixar seu reino e seu povo seguirem em paz, agora, se eu ganhar garanto que os narnianos voltaram a serem extintos!_disse Mirraz sério, ele parecia não estar brincando quanto à isso.

Mordi sorrateiramente o lábio inferior, eu não sabia qual decisão tomar, seria mais fácil se Pedro estivesse ali para decidir por si próprio, porém eu sabia que não tinha muitas escolhas, caso recusasse eu sairia sem vida e os narninos seriam massacrados sem aviso prévio.

_Tenho sua palavra perante à todos os presentes?_perguntei testando, tentando entender o que se passava na cabeça desse Rei psicopata.

Mirraz riu assombrosamente.

_Minha palavra é uma só Rei Edmundo._disse divertindo-se.

Suspirei derrotado, porém não demonstrando o mesmo.

_Então estamos de acordo, esperaremos eufóricos essa tarde por Vossa majestade e seus homens._disse sorrindo, demonstrando uma confiança que já não sustentava.

Mirraz assentiu e eu lhe fiz uma breve reverência antes de lhe dar as costas e seguir para a fortaleza.

Por algum motivo, o qual eu desconhecia, temia quem fosse o oponente de Pedro.