Eu havia me sentado em uma Pedra ali perto enquanto os demais jantavam, sabia que eles estavam desconfortáveis com minha presença, por isso tentei me mater afastada o máximo possível dos olhares que me dirigiam.

Percebi que Edmundo continuava encantado pela beleza da filha de Ramandu, porém ele tinha um olhar diferente, não trazia apenas fascinação, era como se ele tentasse enchergar além daquele corpo, tentando enchergar a alma de Lilliandil.

Isso estava me encomodando, mais o que eu poderia fazer?

Também peguei Christian me encarando muitas vezes pelo canto do olho, ele ainda continuava com aquele olhar mortífero em minha direção, eu sabia que meu amigo estava chateado por tudo que eu havia falado sobre Suzana.

Apesar dessa bagunça toda que se transformara minha vida eu ainda tinha esperanças, tinha fé graças a Lúcia e Christian, que mesmo eu não estando ali estavam me apoiando prontamente.

Suspirei, estava cansada, cansada de tanta mentira, tanta enrolação, tanta dor...

_Você não vai jantar?_quase caí do tronco em que estava quando assustei-me com a voz de Caspian muito, literalmente muito perto de Lilliandil.

Senti que os olhos dele e de Lilliandil se conectaram como se fossem um só, como se pertencessem um ao outro.

Isso me encomodou, eu ainda não sabia o que sentia, tanto por Pedro quanto por Caspian, mas algo gritava para que eu temesse perder Caspian, mesmo não sendo nada dele.

A estranha sensação só aumentava, porque eu estava sentindo ciúmes dos olhos de Lilliandil terem um contato especial com os de Caspian, e vice-versa.

Senti-me uma intrusa nessa hora, não era eu que encarava Caspian com ternura, apesar de sentir isso por ele não era EU naquele momento que sentia, e sim o corpo de Lilliandil.

Caspian estava tão envolvido que ficara em alarde quando eu, cansada de bancar a vela de Lilliandil saí rumo a caverna sem olhar para atrás.

Não sei qual foi a reação de Caspian depois de meu comportamento, pois recusei-me voltar à olhar, mais a reação do corpo de Lilliandil não poderia ser pior.

Era como se ela estivesse se debatendo e gritando por dentro, tudo ao mesmo tempo causando uma forte tontura em minha cabeça.

Ignorei a sensação ruim e adentrei a caverna, eu precisava abraçar Lúcia, precisava conversar com ela nem que fosse para fingir sem Lilliandil, eu apenas precisava de minha pequena sorridente ao meu lado.

E, mesmo sabendo que era horrível de minha parte e que isso partiria o coração de meu querido Pedro, eu precisava olhar mais uma vez para ele, ver seus olhos, seu sorriso...

Meu coração pulava descompensado enquanto eu entrava na caverna.Quando cheguei vi a cena que mais temia ter que presenciar.

Pedro chorava no colo de Lúcia, esta também encontrava-se em prantos.

As palavras que os dois proferiram em seguida fez com que uma agonia incomum me pegasse de surpresa formando mais lágrimas em meu rosto.

Durante todo esse tempo chorei em silêncio, tinha que aguentar firme, tinha que ser forte...

Mas, depois que Pedro encerrou o abraço com suas últimas palavras, palavras que me fariam arder em felicidade se minha vida não estivesse tão complicada, comecei a trambordar em lágrimas novamente e um soluço rouco e triste escapou pela minha garganta.

Tal som fez com que Pedro e Lúcia notassem minha presença.

Pedro parecia muito confuso, já Lúcia parecia ter descoberto algo, e de uma certa maneira eu temia que ela tivesse descobrido, pois se tivesse feito eu não conseguiria mais manter segredo de minha pequena, simplesmente não podia mais fazê-la sofrer.

Sem nenhum aviso o corpo de Lilliandil se movimentou por conta própria como se tivesse um imã o puxando para fora daquilo tudo.

Eu fiquei assustada, porém não consegui calar as lágrimas e o choro.

Sem lutar contra a vontade do corpo da filha de Ramandu deixei que ela me guia-se, levando-me assim para a escura floresta densa.

Enquanto corria para a mesma senti um poder diferente tentar preencher-me e logo em seguida pude ver os causantes de tal fenômeno.