_Consegue me ver?_perguntou Suzana a voz embargada de emoção.

Ela não precisou falar mais nada, em segundos eu estava alcançando a distância que nos separava.

Não percebi quando lágrimas que à tempo eu vinha guardando para mim mesmo cairam mostrando meu verdadeiro eu.

Suzana sorriu entre lágrimas, e isso só fez com que eu quebrasse o restante da barreira de distância entre nós dois.

Não prestei atenção em ninguém, apenas nela, eu estava alheio de todos os olhares em minha direção, e mesmo se estivesse pouco me importava, ver ela era como se a vida fosse entregue à mim novamente, como se meu coração voltasse a bater em ritmo frenético e isso era o que bastava.

Envolvi os ombros dela e a abracei com toda minha força, com todo meu amor, com todo o meu ser...

Ouvi suspiros de surpresa mais continuei sem encara-los, pelo contrário olhei pra única pessoa que me importava.

Suzana se afastou também e colocou as mãos em minha face parecendo muito feliz e surpresa com algo.

As lágrimas caíam desesperadamentes pelo seu belo rosto, não pude deixar que elas continuassem pendendo ali, com a mão, devo confessar que trêmula, limpei cada centímetro das mesmas.Suzana não conseguia parar de sorrir.

E acredite, eu também não conseguia fazer com que meus lábios parassem de se expandirem.

Como se fosse um adolescente apaixonado à abracei de novo e a ergui girando-a no ar.Suzana se agarrou assustada, porém feliz, em meu pescoço, e como duas crianças ficamos assim: eu girando-a e ela aproveitando cada minuto daquele momento.

Por fim coloquei-a no chão e encarei seus olhos, meus olhos, sua alma, nossa alma...

Eu de alguma forma reconhecia aqueles olhos, e que apesar de não saber de onde identifica-los eu sabia que eles me pertenciam e os meus à ela.

Suzana estava tão focada quando eu em aprofundar nosso olhar que mal reparamos quando os demais se aproximaram boquiabertos.

Agora nada mais importava, apenas tê-la para sempre ao meu lado era o que me fazia sentir-me vivo.

_Suzana...

Olhamos notando, finalmente, a presença dos outros.

Pedro a encarava surpreso e alegre, forcei-me a olhar para os outros que se encontravam ali, todos pareciam estar com várias reações ao mesmo tempo.

Soltei Suzana contrariado, e no momento em que nossas mãos perderam o contato ouvi Lúcia gritar.

_Cadê ela?_Lúcia estava desesperada procurando com os olhos o local perto de mim.

Eu virei-me alarmado para Suzana, não poderia pensar em tê-la perdido novamente.

Quando meus olhos encontraram ela suspirei aliviado.Suzana me olhava com os olhos assustados, percebi que todos me encaravam.

Alguma coisa definitivamente estava errada, minha Suzana parecia invísivel aos olhos deles.

Suzana estendeu a mão para mim, convidando-me a entrelaça-la na dela.

Sem hesitação eu toquei em sua pele e pude ver que todos à encararam novamente.

_Como...?_Suzana olhava nossas mãos e as expressões dos que nos rodiavam, ela olhou para mim e pude ver que a mesma dúvida que se encontrava em mim era transparente nos olhos dela.

_Por que?

Eu dei de ombros tão confuso quanto todos ali.

Algo em mim, apesar de achar aquilo muito estranho, estava muito contente.

Eu me sentia egoísta por pensar desta forma, mais me sentia por outro lado completo.

Afinal, eu conseguia tocar e ver minha amada mais a pergunta era:

Por que? 

Por que não Lúcia, Edmundo ou até mesmo Pedro?

Não pude deixar de sentir ciúmes de meu rival, e apesar da felicidade insana que corria por minhas veias novamente eu estava assustado, afinal de contas, não é todo dia em que você é o único à ver uma pessoa que já se fora, mesmo que essa pessoa seja a que você mais ama...