Suzana recuou vários passos.

Os olhos da menina estavam esbugalhados e ela sentia seus pêlos dos braços eriçados

.Suzana andava de costas para longe da figura, nem percebeu a menina quando pedras entraram em seu caminho fazendo-a desequilibrar e cair logo em seguida.

A figura levantou-se, o barulho de suas algemas fazendo eco dentro do calabouço.

Suzana engoliu em seco e começou a ofegar, ela só sentia tamanho medo quando estava na presença do pai.

E definitivamente isso nem se comparava ao medo que o seu pai já lhe fizera sentir.

_Você voltou.

Suzana mal respirava, suas pernas já não estavam mais sobre o seu comando.

_Se afaste!_a voz de Suzana não passara de um sussuro, estava entrecortada e rouca.

_Não fale assim!

_Então se afaste!_chorou Suzana, tentando esconder o rosto nas mãos, a garota já soluçava.

Suzana tentou se afastar mais ainda quando sentiu o toque da pele da figura à sua frente.

Infelizmente ele a segurou pelos ombros detendo-a onde estava.

_Pare!_gritou Suzana, à essa altura as lágrimas já haviam lhe lavado todo o rosto.

Suzana se debatia tentando se libertar daquelas mãos, mais ele era muito mais forte.

_Não precisa ter medo de mim._ele gritou segurando-a.

_Eu preciso, você está morto! Eu vi você morrer!_Suzana já não sussurrava.

_Suzana eu não morri, por favor acredite._implorou Christian.

Suzana parou de se debater, porém ela ainda tremia muito, às lágrimas da garota não davam trégua, caiam simultaneamente em cachoeiras.

Christian gentilmente soltou os ombros de Suzana e afagou-lhe a face, limpando com o polegar as lágrimas que insistiam em cair.

Suzana, mesmo com muito medo olhou para Christian e conseguiu destinguir seus olhos sáfiras perante tanta escuridão.

Christian deixou que uma lágrima escorresse pelo seu rosto, Suzana sorriu ainda derramando lágrimas.

_É você, está vivo.

Ela levou a mão a face de Christian também, este fechou os olhos enquanto esta era acariciada pela garota.

Suzana pulou no rapaz praticamente caindo junto com o ele.

Suzana o abraçava muito tentando ter certeza que era ele de fato.

_Se eu soubesse que morrer era tão bom assim juro que praticava a dose diariamente.

Suzana riu e ouviu o barulho da gargalhada melodiosa de Christian, os dois se encararam e apertaram-se em mais um abraço.

Suzana estava muito feliz, Chistian estava vivo!

Como se levasse um choque a garota se separou rapidamente e encarou o buraco do calabouço.

_Temos de ir!Cristian confirmou e levantou-se em um pulo.

_Poderia quebrar?_perguntou mostrando as algemas que lhe prendiam os pulsos.Suzana concordou com a cabeça.

_Apenas se afaste.

Christian se afastou e abriu os braços inclinando-os para frente.

Suzana levantou a espada e com um golpe cortou as correntes da algema.

Chistian olhou para os braços.

_Bem melhor.

_Depois damos um jeito nelas._falou Suzana indicando as argolas que se prendiam cada uma no pulso do rapaz.

_É claro._disse Christian risonho.

Suzana correu para ele e o abraçou mais uma vez.

_Estava com saudades...

_Não era a única._Christian inalou um pouco da fragância do cabelo de Suzana.

Os dois ouviram grunhidos e soltaram-se alarmados.

_Trouxe mais alguém?_perguntou Christian.

Suzana negou com a cabeça e prontou-se à correr para a entrada do calabouço.

_Venha._Chistian cruzou as mãos para que Suzana subisse nas mesmas._Quando você subir dê um impulso para cima.

_Ok.

Suzana fez como o mandado e em poucos segundos se encontrava fora do buraco.

A garota virou a cabeça na direção dos barulhos, estava acontecendo algo.

_Uma ajudinha seria ótimo.

Suzana voltou-se para o rapaz e segurou-lhe as mãos trazendo-o para cima.

Em instantes os dois estavam fora e sorriam abertamente.

_Vamos.

Suzana tinha os olhos brilhando, Christian não sabia destinguir se tratavasse das lágrimas que marejaram seus olhos minutos antes ou se era de fato de alegria.

Christian tomou a dianteira, isso fez com que a garota rolasse os olhos em sinal de aborrecimento.

_Deixa de ser teimosa, eu sou o cavalheiro, você que precisa ser protegida.

_Como se você tivesse me salvado.

Os dois mantinham-se encostados nas paredes da torre, eles sabiam que era praticamente impossível encherga-los se alguém passase por ali.

Suzana parou abruptamente e Christian também quando ouviram uma voz do lado de fora das torres.

_Atacar!

Christian e Suzana entreolharam-se.

_O que isso significa?_perguntou Christian.

Pela primeira vez o rosto do rapaz estava aprofundado em preocupação.

_Significa que a guerra começou.

Suzana arrancou uma espada que emoldurava uma das paredes e deu à Christian.

_Por favor, não morra de novo._disse risonha.

_Não vou lhe dar essa felicidade._falou Christian brincalhão, piscando para a moça.

Os dois correram para fora das torres para juntarem-se à batalha.