Após essa pequena conversa Amy saiu para trabalhar, e Richard subiu as escadas correndo e foi para seu quarto. Quando chegou lá, começou a vasculhar o quarto inteiro, fazendo a maior zona. Depois de um tempo conseguiu encontrar o que queria: uma mala. Uma mala? Sim, uma mala!

– Não dá mais – jogou a mala sobre a cama – nada do que eu inventar vai fazer com que eu possa voltar a ficar uma semana fora de casa sem que Amy desconfie de alguma coisa. – ele conversava com ele mesmo enquanto enchia a mala de roupas.

– Eu vou fugir! Amy nunca vai me encontrar. – Parece que alguém está derrotado. Afundou-se nas próprias mentiras, Richard? Parece que sim.

Assim que terminou de arrumar sua mala foi correndo para a porta de saída dos fundos da casa, para que a empregada não o visse saindo. Entrou em seu carro e foi o mais rápido que pôde para o outro lado da cidade, em direção à casa de Cindy.

Quando ele chegou lá Cindy recebeu-o assustada, afinal não era dia de ele chegar lá ainda.

– O que você faz aqui? Eu achei que você fosse chegar só dia... – ele a interrompeu com um abraço.

– Me desculpe! – pronto, começou a mentir de novo.

– Pelo que?

– Fui demitido hoje, não pude fazer nada.

– Mas por quê? – ela se espantou.

– Eu também não sei, disseram que eu não estava vendendo a quantidade necessária, mas eu ESTAVA SIM! – quase gritou em “estava sim”.

– Calma Rich, deixa isso pra lá, você consegue outro emprego. – inocência, pura inocência.

– Eu quero sair dessa cidade. Vamos para outro lugar, vamos começar uma vida nova. – ele disse com os olhos arregalados esperando um “sim” ou um “ok” desesperadamente.

– Nossa, de onde surgiu essa ideia, Richard? Achei que estávamos tão bem aqui...

– E estamos, mas talvez uma cidade maior seja melhor. Há mais oportunidades... E eu estou pensando no nosso bebê também. – ele sempre tinha uma boa resposta para tudo.

– Bom, se você acha que é melhor assim, então eu topo! – Ele a abraçou forte e abriu um sorriso gigante. Era tudo que ele queria ouvir.

– Ok, então nós vamos ao amanhecer.

– Nossa, pra quê a pressa?

– Quanto mais rápido a gente for mais rápido poderei arrumar um bom emprego. – silêncio se fez. – Relaxa amor, vai dar tudo certo! Vou tomar banho.

– Ok. – ela deu de ombros, se sentou no sofá e ligou a televisão. Cindy tinha achado estranha essa atitude e essa pressa do Richard, mas ela não disse nada, apenas concordou com tudo.

Richard jogou sua mala na cama, entrou no banheiro e ligou no último o volume do rádio que havia lá dentro. Ele tinha essa mania de tomar banho escutando música alta. Assim que Cindy escutou a música alta, revirou os olhos e deu risada.

*Ding Dong* – soou a campainha. Cindy levantou e foi atender.

– Oi, posso ajudar?

– Olá! Você é a Cindy?

– Sou sim, e você é...?

– Amy, muito prazer! – as duas apertaram as mãos.

– E em que posso lhe ajudar?

– Eu gostaria muito de conversar com você a respeito do seu marido, o Richard. Espera... – silêncio se fez por um instante – Ou será que devo dizer NOSSO marido?! – disse dando ênfase ao “nosso”.

Agora posso lhe dizer com toda certeza: A batata do Richard assou!