Você Estará de Volta escrita por VenusHalation


Capítulo 19
Capítulo 18 - Loucura




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Serenity pisou forte enquanto corria. Lágrimas corriam como uma cachoeira por seu rosto inchado, enquanto a mesma tentava enxugar o ranho que descia pelo nariz fortemente vermelho e entupido pelo choro. Em algum momento, Luna tentou segurá-la e trazer-lhe consolo, mas ela empurrou o braço de sua guardiã com tal violência que fez a mulher encolher-se, afinal, a princesa nunca havia sido grossa e a atitude só reforçou o sinal de que a conversa com sua mãe e a senshis não havia sido nada amigável.

A princesa lunar bateu a porta do quarto tão violentamente que o som pode ser ouvido de boa parte dos corredores, mas ela pouco se importou e correu para a cama, onde ajoelhou-se e abaixou o rosto para molhar o colchão.

– Por que você chora? – A voz do homem chegou junto com um afagar tranquilo nos cabelos cor de prata.

– Endi? – Levantou o olhar cheio de água e percebeu o terráqueo abaixado ao seu lado, ainda mantendo o carinho em seu cabelo. Não pode deixar de jogar-se em seus braços. – Como você...

– Shhhh... – Pediu o silêncio com ternura, tentando secar o rosto da amada. – Há muito o que explicar, mas antes me diga o motivo dessas lágrimas.

– Seu povo nos atacou, eles feriram e mataram nossos soldados... – Mordeu os lábios. – Minha mãe decidiu que eu não posso mais vê-lo e eu... Diga a ela que pode explicar!

– Bom... – Franziu o cenho.

– Você pode... Não é?

– Serenity, eu não sei se posso.

– O que quer dizer com isso? – Olhou espantada para ele.

– Eu não sei o que aconteceu... Mas garanto que não tenho um dedo nesse ato! – Estalou a língua antes de continuar. – Agiram em minhas costas!

– Como?

– Meus generais, Beryl, meus soldados... Todos eles planejaram o ataque nas minhas costas! – Não conseguia esconder a vergonha diante da situação. - Ouvi Beryl dizendo que me buscaria, então, eu fugi.

– Eu sabia! – Abraçou Endymion com tanta força que talvez fosse capaz de sufocá-lo. – Temos que explicar a elas, você nunca me machucaria, nunca machucaria os meus. Todos precisam saber!

– Meu amor, é perigoso, se sua mãe souber...

– Elas já sabem de tudo, eu contei hoje! – Interrompeu.

– Você... Contou? – Arregalou os orbes azuis.

– Eu o amo, Endymion. – Pela primeira vez ela não parecia a criança inocente e doce. – Eu já não aguentava mais esconder o que sinto por você. Sem você, meu amor, eu morreria.

– Serenity...

– Fique esta noite comigo, amanhã, contaremos a todos. – Pendurou-se no pescoço do homem e puxou para um beijo urgente, caloroso e cheio de paixão.

A noite passou rapidamente entre as carícias e trocas de juras de amor. Na manhã lunar, a princesa havia solicitado a presença de Jupiter. A guerreira mais poderosa também era a mais doce e compreensiva e a princesa achou que era prudente que ela fosse a primeira a saber que Endymion estava na lua.

Jupiter entrou no quarto tomando um grande susto, que a fez invocar a habitual antena de batalha antes de ser abraçada por sua princesa que implorava por clemência. Foi, então, que além de ser a primeira a saber da presença do terrestre, também foi a primeira a ouvir toda sua explicação.

– Certo, princesa... – Suspirou pesadamente. – Eu acredito em cada palavra, mas não posso deixá-la estar com ele até convocar a assembléia de emergência.

– Ju, ele é inocente! – Tentou argumentar.

– Lady Jupiter tem razão. – Endymion acariciou o rosto da princesa lunar. – Se quero demonstrar que posso ser confiável, devo entregar-me aos guardas.

– Mas Endi... – Fungou.

– Vai ficar tudo bem, eu prometo. – O homem baixou-se e beijou Serenity ternamente.

– Por favor, me acompanhe, majestade. – A senshi que os acompanhava fez sinal para que saíssem do quarto e recebeu um olhar surpreso da serva que aguardava do lado de fora. – Chame as outras senshi e as mande para a sala do trono. Também quero que Luna venha para o quarto e acompanhe a princesa Serenity, rápido.

– Sim, Lady Jupiter. – Respondeu a menina que fez uma reverência e saiu apressada pelos corredores.

Andaram alguns minutos em silêncio, apenas com o som de seus calçados batendo no chão da edificação branca e pura da lua. Pararam no centro de um grande salão circular.

– Isso pode doer um pouco. – Sorriu para Endymion e virou um dos braços do homem para trás sem aviso. – Atenção, guardas: Eu tenho um prisioneiro! – Ouviu o príncipe gemer ao ser imobilizado.

– Lady Venus, eu posso entrar? – Adônis batia na porta do quarto levemente, aguardando uma resposta.

– Está aberta. – A voz da guerreira veio abafada do outro lado.

O soldado encontrou Venus debruçada sobre diferentes papéis espalhados sobre uma mesa de madeira manchada de tinta. Aproximou-se e viu que ela não tirou os olhos um segundo sequer dos pergaminhos ainda com aparência nova que ele reconheceu como os que ela mesma havia escrito em forma de relatórios durante sua recente permanência em Elysion.

– Eu trago notícias dos soldados. – Arranhou a garganta, o que a fez o olhar de soslaio.

– Como eles estão? – Voltou a atenção para as informações sobre a mesa.

– A maioria está se recuperando bem, a rainha foi muito gentil em ceder um pouco do poder do cristal de prata para cuidar deles.

– Alguém mais... – Engoliu seco.

– Venus... – Estendeu a mão para tocar-lhe o ombro e sentiu um leve arrepio. – Não, ninguém mais morreu.

– Que bom... – Um sorriso sem graça estava estampado em seu rosto quando a loira virou para ver o amigo e tocar-lhe a mão. – Obrigada por sua ajuda, Adônis. Tem sido muito bom tê-lo por perto para me apoiar, agradeço muito por estar ao meu lado nesse momento tão necessário.

– Estaria ao seu lado mesmo se não fosse necessário. – Subiu a mão para o rosto alvo da Senshi e abaixou o rosto até o dela, tornando-se próximo.

– Você sabe que não. – Venus afastou o corpo e franziu as sobrancelhas. – E você sabe porquê.

– Me perdoe. – Os lábios tremeram. – Solicitam sua presença na sala do trono, milady.

– Estarei lá em instantes. – A voz fria da venusiana cortou o ambiente.

Adônis sentiu o corpo congelar e a alma afundar-se em rejeição. Lambeu os lábios e os torceu em seguida, como se quisesse dizer qualquer coisa, nada fazia sentido.

– Está dispensado. – A senshi voltou o corpo para se debruçar sobre os papéis, ignorando a saída do ex-shitennou.

O homem caminhou derrotado pelos corredores do palácio de cristal, sentia-se miserável diante da situação. Entrou rapidamente em sua sala e sacou um velho baralho, embaralhou por minutos e jogou cinco cartas uma a uma sobre a mesa. Virou a primeira encontrando o valete de ouros e, em seguida, a rainha de copas.

– Eu e minha rainha de copas... – Passou o dedo sobre a carta. – Estamos finalmente juntos em nossa fortuna...

Desceu os dedos mais uma vez e encontrou um belo coração vermelho: às de copas.

– Sim, o amor... – Sorriu insano. – Estamos destinados.

Abriu a penúltima carta, rainha de paus.

– Rainha Beryl... ó... Tenho de agradecê-la! – Seu sorriso abriu-se ainda mais.

Acariciou a última carta virada, esta estava ao centro das outras quatro, e mostrou seu conteúdo. O sorriso em seu rosto desapareceu completamente, aquilo não era o que ele deveria encontrar, pelo menos não o que ele desejava: o rei de espadas ainda estava em seu caminho.

Esmurrou a mesa com força, fazendo a pilha de cartas colocadas antes escorregar e juntar-se as outras. Jogou os braços para trás e, em questão de segundos, estava dentro do castelo terrestre, por onde procurava certo general do Dark Kingdom.

– Procura algo, Danburite? – Ziocite apareceu das sombras.

– Malachite, onde ele está? – Respondeu áspero.

– Parece nervoso, querido. – O sorriso angelical e maldoso brotou do rosto delicado.

– Não é da sua conta. – Murmurou. – Falo apenas com o primeiro em comando.

– Quanto medo tenho de você... – Fez biquinho.

– É melhor parar com isso, juro que não fica bem em um corpo masculino. – Concluiu.

– Mas ainda sou uma alma de mulher, como você é cruel! – Piscou dramaticamente recebendo indiferença.

– Zoisite deve estar se debatendo dentro de você. – Revirou os olhos.

– Ele reclamou algumas vezes, mas sua consciência quase sumiu... – Levou o dedo indicador ao queixo. – Deve ser bem mais fácil trabalhar com seu próprio corpo, não é?

– Me poupe de seu discurso e me responda onde ele está.

– Você realmente não sabe como tratar uma garota... – Voltou ao beicinho. – Ele está na sala de guerra.

Saiu sem agradecer ou dizer uma só palavra, deixando o outro general sozinho e com uma expressão divertida ao vê-lo se afastar. Entrou na sala de guerra sem avisar e empurrou o corpo de Malachite até a parede.

– Diga-me: Ele pode me ouvir? – Segurava o homem pela gola do uniforme.

– Está louco, Danburite? – Encarou o oponente confuso.

– Pode ou não? – Sua voz soou forte e alta.

– Não seja tolo, solte-me! – Respondeu com rispidez. – Faça algo idiota assim outra vez e eu juro que o mato e jogo para os cães sem mesmo a permissão da rainha Beryl!

– Então me responda. - Disse entre os dentes.

– Sim, ele pode. – Retrucou com ódio. – Ele vê através de mim.

– Então não desvie o olhar.

– Por que eu deveria receber ordens de você?

– Porque eu sou o único que pode levar seu exército de traidores renegados até a lua sem que sejam percebidos pelas defesas. – Apertou a boca e recebeu um silêncio decisivo. – Não desvie o olhar de mim, eu quero vê-lo.

– Espero que tenha boas notícias depois de usar-me dessa forma.

– É por pouco tempo... – Segurou o rosto do general com as duas mãos e olhou no fundo dos olhos verdes musgo. – Prometo que não se arrependerá.

A cor dos olhos do primeiro em comando oscilou entre verde e prateado várias vezes antes de tomar o tom verde leitoso entre as duas.

– Espero que escute isso muito bem, seu bastardo. – Sua vontade era de arrancar a cabeça daquele homem e acabar com aquilo ali. – Eu estive com Venus nos últimos dias. Eu acariciei seus cabelos e toquei sua pele, ouvi a sua bela voz em melancolia e dor profunda. Você imagina o motivo pelo qual ela sofre? – Era completamente insana cada palavra dita. – Me responda!

– Eu... – Sentiu as mãos agarrarem os punhos de Adônis com dificuldade.

– Ela ainda o ama. – Rosnou depois de proferir a frase. - Sua dor, sua decepção, sua determinação... Tudo é por amor! Venus sofre por sua culpa e mesmo depois de você estar fazendo tudo isso ela ainda o ama de toda a alma!

– Filho de uma... – Os dedos se apertaram sobre os punhos do oponente.

– Você está no meu caminho como uma pedra inconveniente desde a primeira vez que eu tentei! – Grunhiu as palavras. – Eu tentei mantê-lo longe, tentei fazê-la ver o traidor que existe em você e minha recompensa... Rejeição! Mais uma vez!

– Mais... Uma vez? – Torceu o rosto sentindo Malachite empurrá-lo, o verde musgo voltou ao seus olhos.

– Isso dói como o inferno. – Sentiu as mãos de Adônis afrouxarem e viu o garoto recuar. – Agora as notícias. – Massageou as têmporas tentando afastar a dor na cabeça.

– As defesas estão todas abertas, o exército lunar muito debilitado.

– Isso você nos disse anteriormente. - Franziu o cenho.

– Porém, o poder do Cristal de Prata está fraco graças aos esforços feitos por Selene. - Concluiu. - apenas digo para que prepare seus homens e avise a rainha que nada poderia ser mais conveniente: Príncipe Endymion, a quem ela tanto procura, está na Lua. – Levantou as sobrancelhas. – Acho que mataremos dois coelhos com uma cajadada só.


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Notas finais do capítulo

Bom, eu estava sentindo que havia uma necessidade imensa de ter um capítulo explicando a estranha obsessão de Adônis por Venus.
Não sei se consegui, mas tentei passar que ele tá meio insano mesmo husahusahusauhas...
Quero agradecer à todos que estão lendo e, principalmente, a quem sempre me deixa reviews! Afinal, quem deixa review são os mais lindos ever! kkkkkkkkkkkkkkkkk...
E olhem só, a batalha épica da lua se aproxima e... o fim da história também *Todos falando awwwwn*
Porém, como sempre, eu nunca os deixo orfãos e tem fanfic nova! weee~~
Escrevi uma one-shot ontem, pra variar: MinaxKunz

http://fanfiction.com.br/historia/495333/Responsabilidade/

Porém, diferente das outras que é focada no amor dos dois e panz, essa é focada no fruto desse love, ou seja: uma linda menina e, claro, senshi!
Vão lá que é curtinha, tem nem 1000 palavras direito.
Hoje estou super falante, melhor parar xD
No mais é isso!
See ya!