Aventuras Descontroladas De Percabeth escrita por bloodymary


Capítulo 24
Um dia


Notas iniciais do capítulo

LOL, foi mal pela demora, mas vamos lá!



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Já havia começado a escurecer quando paramos, Percy de bico com a minha bem sucedida “caça aos fones perdido”. A bateria do iPod não tinha quase saído do lugar, isso porque tinha tocado 129 músicas. Entre rock clássico e alternativo, o gosto musical de Percy era aceitável.

-Quer que eu ascenda a fogueira? – perguntei, tirando o fone da orelha esquerda.

-Não, pode deixar que eu faço isso. Só arruma um lugar para deitarmos. – ele estava meio bruto.

Revirei os olhos para suas costas largas enquanto ele pegava gravetos por ai. Enfim suspirei e comecei a juntar um pouco de folhas soltas daqui e dali para fazer uma “cama” mais macia que o chão, se possível. Coloquei-as em um lugar entre a fogueira e uma árvore jovem, não inteiramente formada ainda. Percy ascendeu a fogueira e se sentou do lado oposto de onde eu estava.

-Ah Percy, que é isso? Só porque eu achei os fones? – perguntei, finalmente.

Ele me olhou sem expressão alguma no rosto.

-Desculpa? – pedi.

Percy revirou os olhos.

-Não, tudo bem, é coisa minha. Desculpe eu. – ele se arrastou para o meu lado.

Sorri pela metade, feliz e desculpada. Pelo menos, não havia sido por um par de fones que Percy estava contra o mundo. Ele abraçou meus ombros e perguntou:

-Está com fome?

Abri a outra metade do sorriso.

-Preciso responder? – pisquei.

Percy, sorrindo, abriu a mochila que se encontrava agora em seu colo e pegou as sacolas com os pratos de macarrão de hoje de tarde. Ainda tinha um cheiro bom, mostrando que não precisara de tanta refrigeração como eu imaginei precisar.

-Vai esquentar? –perguntei.

-Claro. Me dê ai o seu. – ele balançou a mão na minha frente. Coloquei o prato em cima dela e tirei os talheres de plástico do saquinho. Percy colocou a comida próxima do fogo, e quando se voltou para mim, sorriu.

-Que foi? – perguntei, boba.

-Nada. – o sorriso se abriu mais ainda.

Percy pegou minha mão esquerda e apertou.

-Sem monstros até agora. – disse eu, remexendo o fone solto.

-Ainda bem. – ele concordou, olhando para a terra.

Eu estava inquieta, tirando o fato de eu ser semideusa, eu estava mais inquieta ainda, se fosse possível. E a música do iPod não estava ajudando muito no processo de me acalmar. Um rock pesado com “ogros” gritando no meu ouvido direito.

-Heavy metal é legal, mas quando ogros cantam... – balancei a cabeça, desaprovando.

Percy me olhou, sorrindo sem mostrar os dentes.

-Foi mal... É bom quando estou revoltado ouvir esse tipo de música, parece que tudo se esvai. É... – ele pensou um pouco – É a mesma coisa que acontece quando estou com você.

Oh. Meus deuses, porque ele estava “se declarando” só agora, depois de mostrarmos para tudo e para todos que estávamos juntos? Não que eu ligasse, mas...

Mordi o lábio e olhei para baixo, sentindo minhas bochechas arderem em cor.

-Eu gosto de te ver vermelha. – quando ele iria parar? Até lá eu já não teria sangue no resto do meu corpo, porque ele estaria todo concentrado nas bochechas.

Só por ironia do destino, fiquei mas vermelha ainda.

-Calma, desse jeito sua cabeça vai explodir. – ele explicou, como se já não soubesse.

-Sério, pare. – repliquei.

Tirei os olhos do chão e os voltei para Percy. Seus olhos verdes me fitavam intensamente, vorazes. Será... Fome? Tomara que sim.

-Vamos comer? – acabei sem dó com o clima.

Ele saiu de um transe, voltando à Terra.

-Vamos.

Ele tirou os pratos de alumínio de perto do fogo, colocando um à minha frente e segurando um. Dei a ele um garfo e uma faca de plástico, ficando com o meu par. Ataquei a comida como se não houvesse o amanhã, mas senti os olhos de Percy em mim. Tentei ignorar, mas algumas vezes tive que olhar também, para constatar que ele me fitava. A comida já estava no final quando me dei conta. Seria a última vez que eu comeria tão bem em muito tempo. Percy não havia tirado os olhos de mim. Balancei a cabeça para tirar os pensamentos sobre o que ele pensava.

-Bom... – disse eu, quando finalmente terminei.

-É... Está com sono? – Percy disse, pegando das minha mãos o prato e os talheres, colocando junto aos dele em uma das sacolas onde haviam vindo. Ele as colocou dentre da mochila, em um bolso externo e menor.

-Mais ou menos. – admiti.

Ele assentiu, e eu percebi que ele queria que alguma coisa acontecesse (como eu sabia disso? Não sei, não me questione sobre nada), ali e agora. Percy colocou a bolsa debaixo da cabeça se encostando na “cama” de folhas que eu havia feito e me esperou. Juntos?  Claro. Melhor para se esquentar caso esfriasse de noite. Deitei um pouco longe, fazendo o mesmo com a mochila - mas peguei antes a adaga de dentro dela -, colocando na cintura, mas ele pareceu não se importar. Então pude começar a pensar.

Só um dia. Um dia. Um dia desde que tínhamos um ao outro, mas parecia muito mais. Parecia que precisávamos disso desde que eu disse para um Percy sonolento que ele babava enquanto dormia. Muito mais. Era como uma necessidade que agora tinha sido saciada. Para mim, pelo menos. E olha que eu sou difícil de admitir coisas para mim mesmo. Orgulho. Joguei fora esse sentimento. Ele não servia mais para nada.

Um dia, cara... Mas eu já me sentia muito a vontade em seu lado. Um dia que ele tinha falado que me amava verdadeiramente. Suspirei e pisquei demoradamente. Era só o primeiro dia do que eu esperava ser o resto da vida. Não eternidade, não... Olhei as copas de algumas árvores à vista. Era um dia, mas eu lavei as minhas mãos, não estou nem ai. Ele era meu. Um dia que valia por todos os cinco anos passados. Já não tínhamos vergonha um do outro, mas era melhor como namorados. Argh, não gosto dessa palavra.

Ignorei as mensagens do meu corpo, me dizendo que eu não devia fazer aquilo. Me aproximei de Percy, que parecia com muito sono. Mas mesmo assim senti seu braço passar por de baixo de minha costas e me puxar para mais perto. Meu. Desde quando eu era tão melosa?

Então, uma peça faltante veio à minha mente. Eu simplesmente tinha medo, terror de que Percy morresse. Era por isso que havia me aproximado tanto dele (e quando digo aproximadamente, digo fisicamente, psicologicamente e etc), como se fosse o último dia de minha vida. Depois de tudo isso seria eu capaz de – se Percy sobrevivesse – de o deixar para lá, de lado, mais tecnicamente? Seria?


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Notas finais do capítulo

Agora vocês podem preparar seus arcos e flechas ou espadas e me atacarem.
Eu deixo.
Pois é.
Tudo culpa de lições, novos livros, aniversário (foi dia 10.05 *parabéns pra mim*), festas de outras pessoas, pesquisas sobre o pai do sobrinho do Hitler (exagero o meu, mais é só pra mostrar o tamanho dos trabalhos, OH VIDA.
Dentre outras coisas, eu estou de volta à vida, poxa.
Neste capítulo eu tive uma depressão exagerada e tudo começou a "cair" MUHAHAHHA.
Quero muito muito muito agradecer às recomendações e aos seus autores/autoras. Elas são muito fofas, chorei lendo todas de novo. Me sinto amada. E sinto que alguém me entende (O QUE? *nem eu me entendo*)
Mas enfim, 3bjs para a minha tia linda que me deu "O Filho de Netuno" que eu vou ler depois de acabar "A Garota da Capa Vermelha", depois de terminar "Ilíada" (e sim, estou contando para vocês minha jornada literária).
Whatever, prontos?
ATACAR ~le um monte de leitores vorazes me atacam~