Aventuras Descontroladas De Percabeth escrita por bloodymary


Capítulo 21
Zlata, a velha


Notas iniciais do capítulo

Aloha! Aproveitem o capítulo (atrasado, muito tempo, mals ai) pós-beijo



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As pessoas que já haviam saído do restaurante/salão, conversavam encostadas nas paredes, em duplas, quartetos ou pessoas sozinhas com seus celulares. Percy me guiou para a parte de fora, afrouxando a gravata e abrindo dois botões da camisa. Meu cabelo já desarrumado, ficou pior quando saímos para a parte da piscina, onde ventava. As piscinas tinham luzes azuis e verdes por dentro e flores boiando. Espreguiçadeiras e mesas com guarda-sol haviam sido substituídas por divãs e cadeiras com descansos de braço. De algum lugar saia o som de grilos (grama é que não tinha). Ele não parou de me puxar até um divã que era mais uma cama do que um divã de tão grande. Percy – já sem gravata, com a camisa para fora e o cabelo de sempre – desabou no divã, soltando minha mão e sentando com tudo.

-Cansei. – ele sorriu.

-Claro, você não para. – sorri de volta.

Sentei e esperei. Ele me olhou e se aproximou do meu ouvido.

-Aham.

E beijou da linha do meu maxilar, até a base do meu pescoço e depois me forçou a deitar. Me assustei, lógico. Mas ele não fez o que se esperava. Ele só se deitou também. Sorri e me acomodei em seu peito, mas feliz que nunca.

Acordei meia dolorida, hmm... Abraçada por trás por Percy. E na minha cama. Ignorei a pergunta: Como e porque eu estava na minha cama com Percy me abraçando por trás? Pensei na noite anterior. Pensei em cada momento muito bem, até dormir novamente. Se sonhei com alguma coisa indevida eu não lembro, mas que foi um sonho muito estranho, foi.

Despertei novamente, em minha cama no navio joinha de Percy, mas ele não estava mais por perto. Droga, que horas são? Sentei e coloquei o cabelo atrás da orelha. O problema era: eu ainda estava de vestido. Vieram na minha cabeça um turbilhão de pensamentos. Nunca durmo sem uma parte de baixo razoável. Será que o vestido havia subido? O que será que ele viu? E mais uns 456789876 outros. Levantei em um salto e olhei ao redor, assustada.

-Percy?

Esperei.

-Sim?

Ele estava escondido, escutando música no iPod, em um espaço pequeno entre o guarda-roupa e a escrivaninha. Suspirei aliviada. Aliviada de que? Ele sorriu e se levantou do seu cantinho no chão.

-Bom dia.

-Oi. – foi o que eu consegui responder.

-Meus deuses, eu dormi de vestido. – disse eu, tentando evitar um beijo de bom dia dele. Não me pergunte o porque.

-Qual é o problema? – ele perguntou, arqueando uma sobrancelha.

Balancei a cabeça e apontei para a porta.

-Sai, vou me trocar.

Ele assentiu, mas antes de sair, falou:

-Voltamos à nossa caminhada hoje.

-Claro.

Ouvi a porta se fechar enquanto mexia no guarda roupa, procurando uma roupa confortável. Peguei uma mochila que eu ainda não tinha visto dentro do armário e coloquei dentro uma muda de roupas e procurei comidinhas pelo quarto para uma viagem mais “confortável”, digamos assim. Decidi tomar um banho e tirar o resto da maquiagem já imperfeita. Coloquei a melhor roupa para caminhadas que eu achei (calça jeans e uma blusa larga de cotton azul) e as botas de caminhada. Era tudo do meu tamanho. Fiquei grata novamente. Peguei uma jaqueta grossa, que depois eu pediria para Percy dobrar para mim. Procurei minha mochila em que estava minha adaga e coloquei dentro dela o pacote com ambrósia, MM’s, rosquinhas de leite e coco, batatinhas, a garrafa de néctar, duas latas de Cherry Coce Não Azul e minha adaga. E mais 30 dólares que eu tinha desde que saímos do Acampamento.

Eu sabia que iriamos tomar o café no restaurante, então sai e quase dei de cara com Percy, que (acho) que andava de um lado para o outro.

-Oh, desculpe.

Ele sorriu e se aproximou, sem me deixar alternativas. Ok. Ele me beijou e me abraçou. Eu, como sempre, puxei o cabelo dele, enquanto suas mãos corriam por minhas costas e pelo meu pescoço. Eu precisava respirar... Empurrei, triste, o peito dele e respirei fundo enquanto olhava aqueles olhos... Ah, sim. Aqueles olhos. Era como eu tivesse fumado muita erva (não que eu conheça a sensação de me drogar) ou ouvido MGMT ou ido ao show da Florence + The Machine. Tudo formigava. Não era para eu ter sentido isso ontem? Acho que eu estava tão aturdida que nem tinha percebido que estava aturdida (Hã?).

-Annabeth? – ele me chamou.

Sorri, e voltei à Terra, piscando.

-Oi...

Ele sorriu e piscou para mim, me fazendo derreter.

-Tá. Vamos tomar o café e depois esperamos exata uma hora para o navio atracar no porto e saímos.

-Ok.

Percy pegou a minha mão e fomos ao elevador. Ele quis me beijar dentro do elevador (o que eu confesso que me deixou com vontade), mas eu simplesmente não deixei e ficou de bico. Saímos no andar do restaurante e entramos nele. Pedimos o básico: ovos com bacon e suco de laranja (ele na verdade pediu um suco verde que me deu vontade de vomitar). Vamos, solte-se. Vocês estão juntos, nada a impede de dizer coisas bobas. Esse foi o Meu Eu Que Não Era Eu voltando à tona. Ok, respondi à ele.

-Eu não vou beijar você depois que você tomar isso aí... – eu disse, quando o garçom chegou com a nossa comida, aceitando o conselho.

Ele me olhou com malícia e caiu na risada. Ri também, enquanto cortava um pedaço de bacon. Falei “ai, ai” depois de o último suspiro acabar em uma risada sem barulho. Comi depois sem falar (sim, eu estava faminta).

-Deuses! Esquecemos das oferendas! – Percy me deu um susto.

Pensei e quase falei um palavrão.

-Tô nem ai.

Ele arregalou os olhos e fez menção de sair da mesa, mas eu puxei sua camiseta em que estava escrito: Bring Me To Life. Puxei bem onde estava escrito “Bring”.

-Te trouxe de volta à vida. – e pisquei.

Ele sentou de volta e sorriu. Deve ter entendido. Sei lá. Ele era meu. Era o que importava.

Terminamos o café e saímos do restaurante de mãos dadas e tristes. Tínhamos que sair bem quando a coisa estava ficando boa?! Droga... As pessoas de mentira não olhavam. Subimos para os quartos para esperar por mais alguns minutos mesmo. A novidade era: no elevador tocava uma música. Paradise do Coldplay. Entramos e estava quase no refrão. Então e me destranbiquei e cantei muito alto, mas muito alto mesmo. E quando a porta abriu, eu gritei o UUUUUUUUUUUUUUUUUU. UUUUUUUUUUU. Do final da música. Percy me olhava com cara de “Hã?” e eu mostrei a língua. Bom... Feito isso, ele veio para cima de mim e me beijou. Foi o beijo mais estranho da minha vida. Parecia... Estranho. Fiquei sem fôlego e ele também. Franzi o cenho para ele, e ele levantou os ombros. Tentei ignorar, mas teria que pergunta-lo sobre isso depois. Balancei a cabeça e entrei pela última vez em meu quarto. Ele veio atrás de mim sem permissão e fechou a porta.

-Mais 20 minutos.

Entendi. Mais cinco minutos no quarto mais legal que eu já tive.

-Ok.

Peguei minha mochila com os mantimentos e joguei no colo de um Percy sentado na ponta da minha cama. Sentei na cadeira da escrivaninha e fiquei olhando para ele, que fuçava na mochila.

-Ah cara... Não é azul? – ele apontou para a latinha em suas mãos.

-Não reclama, já é bem difícil levar refrigerante em uma mochila, então... – me fiz de irritada.

Ele me olhou incrédulo e fechou o zíper.

-Que foi?

Eu revirei os olhos, eu gostava quando ele pedia desculpas sem ter mesmo feito nada.

-De-desculpa...?

Eu sorri e corri para seu colo e passei as pernas pela cintura dele. Ele, mesmo comigo em seu colo, conseguiu ir um pouco mais para trás, para o meio da cama.

-Aham. – sussurrei eu no pé do ouvido dele. Ele beijou a linha da minha mandíbula e me fez olhar em seu rosto.

-Mas o que foi que eu fiz? Sério. – ele arqueou uma sobrancelha.

-Nada, mas é legal ver o quanto você é submisso a mim. – eu falei de modo teatral.

Ele sorriu torto e me fez suspirar.

-Eu te amo, sua coisa. – eu falei baixinho.

Ele me imitou, murmurando um “Sei” na minha orelha. Mordi o lábio e arranhei o pescoço dele. Era como se nos completássemos. Perfeitamente.

-Hã... – eu disse, sentada no seu colo – Dobra para mim? – apontei para a jaqueta amassada na ponta da cama.

-Claro. – ele se esticou.

Me deixou com dor no coração por dobrar coisas muito bem. Dobrou e colocou na mochila sem que eu pedisse, e tudo isso... Comigo sentada em seu colo.

-Quanto tempo mais? – disse eu, fazendo um movimento rápido e passando a sentar ao seu lado, de pernas cruzadas. Pensei em tê-lo ouvido gemer baixinho e tentar me segurar pela cintura. Ignorei.

-Hmm... 15.

Eu assenti, olhando para o lado e balançando a cabeça. Depois, apoiei o braço na perna e a cabeça na mão, esperando Percy falar alguma coisa.

-Está com o seu iPod ai? – por fim perguntei.

-Sim, mas estava pensando em deixar aqui, vai acabar a bateria uma hora mesmo, não vai? – ele falou, me olhando nos olhos.

-Não... Leve.

Ele deu de ombros e me chamou com o dedo. Por fora: ok então não é? Por dentro: risadas, risadas, risadas, risadas. Ele me chamou! Ajoelhei na perto dele e esperei, impaciente. Ele estralou o pescoço e os dedos. Ele foi chegando perto devagar demais para o meu gosto. O que eu queria mesmo era puxar o pescoço dele para mim, mas mesmo assim esperei. Percy mordia os lábios loucamente, capaz de arrancar sangue. Perguntei mentalmente: Que foi? Ele pareceu ouvir e piscou com um olho. Eu estava ficando louca. Desisti e perguntei verbalmente mesmo:

-O que é?

Ele sorriu e me atacou, e quando eu vi, eu estava deitada e debaixo dele, segurada pelos pulsos.

-Mas que... – ele não me deixou terminar. Passou para o meu lado e me abraçou por trás. O senti enfiar a cara em meu cabelo. O que dera nele?  Me virei lentamente para não... Magoá-lo. Ele me ajudou, afrouxando o abraço e me permitindo girar. Quando estava com o corpo inteiro virado para a esquerda, olhei em seus olhos e me perdi. Eram tantas coisas ao mesmo tempo. Fúrias atrás de nós só por causa de um amigo morto, um amor antigo despertado só agora, o balanço do navio querendo dizer que chegávamos perto do porto... Despertei do pensamento em que estava absorta com um beijo não esperado. Foi o mais calmo até agora, carinhoso, até posso dizer normal. Ele me segurava com um braço pela cintura e com o outro o meu pescoço. Sorri no meio do beijo, aproveitando para respirar. Percy não quis esperar e me ajudou a levantar, de algum jeito que não separou os nossos lábios. Me vi de pé, quase ao lado da porta. Como eu havia parado ali? Percy tinha parado e pegava a minha mochila com os mantimentos. Franzi o cenho e esperei.

-Que foi?

Sorri.

-Nada.

Percy sorriu de volta, me entregou a mochila e me deixou me despedir do meu quarto. Tranquei a porta passando o cartão. Voltei-me para o corredor vazio e esperei Percy sair do quarto dele. Ele saiu ao corredor também carregando uma mochila alaranjada. Parecia um pouco menor que a minha.

-O que você leva ai? – perguntei, enquanto ele me guiava com a mão em minha cintura, em direção ao elevador.

Ele sorriu, parecendo satisfeito por eu ter lhe perguntado.

-Um livro! – ele comemorou, meio que dançando com os olhos, balançando a cabeça e sorrindo mais ainda. – E também algumas coisas para comer, água, uma blusa que serve tanto para mim quanto para você, um par de meias e um game boy. – o censurei – Brincadeira. – ele sorriu com a boca perto da minha, enquanto esperávamos o elevador abrir as portas com seu “Tim”. Mordi meu lábio e empurrei seu peito, revirando os olhos, mas ai, a curiosidade me levou a perguntar.

-Que livro é? – saiu com um pouco de entusiasmo demais.

Entramos no elevador vazio.

-Tenta adivinhar. – ele me desafiou.

Na mesma hora, milhares de livros vieram à cabeça, tais como livros de arquitetura, de tradução de grego para o francês, de guia turístico, O Diário de Anne Frank... Mas ai me lembrei que se tratava de Percy. O Diário de um Banana, Judy Moody, O Diário de um Banana 2... Todos eles em suas edições não autorizadas em grego.

-Não sei, me dá uma dica? – pedi.

O elevador parou e saímos, com ele falando:

-Quer saber a, ou o, autor?

-Pode ser. - falei, observando o saguão com pessoas de mentira e suas malas de mentira, se preparando para sair do navio, de mentira.

-Zlata Filipovic.

Ri. Ele estava lendo O Diário de Zlata, que era como O Diário de Anne Frank, mas na guerra de Sarajevo, na Bósnia, e eu sei que você não quer saber disso.

-Há! Sério?!

-Qual é a graça? – ele me olhou incrédulo.

-Sei lá, é que eu pensei no Diário de Anne Frank, quase isso. Ganhei. – esnobei-o de brincadeira.

-Não, não, não... Você pensou. Então eu ganhei. – falou Percy.

Revirei os olhos e em um movimento rápido abri sua mochila e tirei o livro de dentro.

-Ei! – ele tentou pegar da minha mão, mas não deixei.

-Espere! – falei, passando os olhos rapidamente pelo ano da edição. Era a mais nova em grego. – Ah sim. A minha edição é em inglês e de 1993.

-1993?!

-É, quando ela - apontei para a foto de Zlata na capa – publicou o livro. 1993.

-Nossa, ela já é velha. – deixei-o pegar o livro e guardar na mochila, enquanto andávamos para a parte de desembarque do navio.

-Que isso?! Não fale assim, que feio.

Foi a vez dele de revirar os olhos. Balancei a cabeça em desaprovação.

-Quem liga para o que eu falo? – ele me pareceu depressivo.

Ri mentalmente.

-Eu. E a Zlata.

Percy sorriu e veio para cima de mim. Sorri na frente de sua boca e ele partiu para o beijo, me apertando contra seu peito. De repente eu precisava de ar. Empurrei delicadamente seu rosto, respirei o mais rápido possível – ele aproveitou para fazer a mesma coisa – e voltei meus lábios nos dele.


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Notas finais do capítulo

Então... Muito obrigada pelos comentários do capítulo anterior, sério mesmo gente!
Pelo visto, valeu a pena esperar (acho).
Estou tendo pouco tempo para escrever, e como quero uma boa distância entre o capítulo postado aqui e o que eu estou escrevendo, estou demorando para postar, desculpa.
Mas ok...
Tomara que tenham aproveitado a segurança do navio de Perceu Jackson.
~le risada maligna~