Malibu Vodka escrita por Caroline Marinho


Capítulo 13
Vacas não amam, vacas não pensam.


Notas iniciais do capítulo

Ashley vai ter que se lembrar do verdadeiro endereço do inferno: Sta. Marry High School. Agora que ela vai voltar, vai ter que enfrentar todos os olhares e comentários.



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Posso dizer que quase nem tive problemas quanto à compra do apartamento. Agora eu moro a dois quarteirões da casa de Natasha, que também não é muito distante da casa de Nathan.

Apesar de que meu caso com ele anda muito complicado. Não que estejamos nos evitando. Muito pelo contrário. Estamos meio que agindo normalmente, como se nada tivesse acontecido e como se a gente não tivesse tido um caso de dois dias (?).

Eu acho até bom o fato de ele não querer tocar no assunto. Nem sobre nós, nem sobre Taylor, nem sobre Beth e Beck, que por sinal era a peça que iamos participar mas foi pro saco. Primeiro porque eu não queria e não precisava participar, segundo porque o diretor havia desistido.

Ontem passei o dia fazendo compras (o que não era problema, já que agora eu era milionária) para mim e para o apartamento. Enquanto minha mãe vendia minhas coisas velhas, eu estava comprando coisas novas. 

O que me lembrava que, da próxima vez em que eu a visse, esfregaria na casa dela que a minha "imagem" agora era de uma mulher. Uma mulher rica, por sinal e independente.

Agora eu só tinha uma preocupação: voltar para a escola. Vai ser um porre ter que aturar a encheção de saco dos alunos e da diretora Beck.

Ainda bem que tinha me lembrado da minha obrigação. Levar "Não vou me meter em encrenca novamente" escrito 500 vezes. Na verdade, ninguém havia argumentado que isso deveria ser à mão. Como não sou nem um pouco otária, fiz isso no computador e imprimi. Ainda coloquei uma carinha feliz no final, ironicamente.

Decidi que, realmente, não me meteria em encrenca novamente. Não tão cedo.

- Mas que porra! - Natasha gritou, enquanto andava comigo pelo corredor.

- Natasha! - chamei, com aquele olhar tipo "não faça isso em público".

- Porra, Ashley, é a palavra certa. Vocês ficaram por dois dias e já terminaram. Qual foi o motivo?

Na verdade, tecnicamente, Natasha era o motivo. Mas eu não poderia dizer isso a ela.

- Ele disse que mudei muito desde que... Desde que comecei a beber.

- Desde que começou a andar comigo, né? Esse é o motivo.

Fiquei calada, tentando achar uma forma de responder. Mas era basicamente isso.

- O que Nathan pensa que eu sou? Uma vadia?

Suspirei.

- Não, Natasha. Ele só acha que você é... Uma má influência pra mim. O que ele não sabe é que eu decidi ser assim. Senão qualquer um passaria por cima de mim. Você não tem nada a ver com isso - dei um sorriso de canto e continuei - Eu virei tigresa por conta própria.

Ela sorriu de volta.

Estávamos bem, andando sem nem ligar para as pessoas à nossa volta, que nos observavam e comentavam uns com os outros coisas que eu nem queria saber.

Foi quando encontramos com Nathan. Ele nos cumprimentou normalmente, como se gostasse da Natasha e como se estivesse tudo bem entre nós dois.

Natasha, por outro lado, ficou parada encarando-o.

- Bro, você é um caso sério.

Nathan a olhou, sem entender. Acho que acabei fazendo o mesmo.

- Como assim?

- Sei que esse seu "oi, tudo bem?" é fingimento. Tu tá bravo comigo porque acha que eu destruí a sua garota. Bem, eu acho que tenho um fundo de culpa. Mas as pessoas não mudam, Nathan. Elas crescem.

- Olha, eu não disse...

- Shiu. Deixa eu falar, okay? Há quanto tempo você espera por ela? Hein? Quando rola alguma coisa, você vai, todo covarde e encrenca com a garota só porque ela se tornou mais mulher e de repente quis fazer algo por conta dela?

- Natasha... - comecei - Eu não acho isso necessário.

Ela se virou para mim, pensou um pouco e então pediu.

- Ash, que tal você me esperar lá na sala? Eu vou ter um papinho com o teu namorado pra ver se ele cai na real. Cinco minutinhos.

Eu queria recusar, afinal isso era mais problema meu do que dela. Mas então percebi que ela se sentia incomodada, achando que a culpa por a gente ter terminado era dela. Pensei bem e percebi que, realmente, qualquer ajuda era bem vinda para ter Nathan de volta.

Entrei na sala, mesmo com todos me encarando e sentei normalmente, como se nada tivesse acontecido há duas semanas atrás.

Pensando assim, percebi que, por parte, Nathan tinha razão. Eu mudei muito e em pouco tempo. Talvez ele só tivesse assustado e acostumado a ver a Ashley certinha que nunca levava uma suspensão.

Mas de alguma forma ele tinha que aceitar que, por mais que eu tenha mudado tanto, e em tão pouco tempo, eu continuava sendo a Ashley que beijou ele em baixo de uma mesa. Eu ainda era a Ashley que se apaixonou pelo cara errado, e só quando quebrou a cara viu quem era o cara certo. E que agora o cara certo era tudo pra essa Ashley. Eu ainda era a Ashley que o amava mais do que tudo.

Lembrei-me de que ainda estava na sala de aula quando um bilhetinho pousou na minha cadeira.

Olhei em volta para ver quem havi mandado, mas todos estavam me olhando, como se esperassem que eu o abrisse, com risadinhas.

Abri.

"Gata, que tal a gente dar um rolé? A gente para numa esquininha escura e você me chupa no banco de trás"

Amassei o bilhete com raiva. Todos em volta começaram a rir.

Natasha entrou na hora sem entender e se sentou atrás de mim.

- Nossa, nem me lembrava de como essa sala era por dentro.

Virei-me e fui logo perguntando.

- E aí? Como foi.

Ela abaixou a cabeça e mordeu os lábios.

- Ashley... - ela suspirou - eu meio que bati nele...

O que? Como é que é? Como assim? - - perguntei, abismada. Por que Natasha faria aquilo?

- Eu tentei me segurar. Mas enquanto eu falava pra ele tudo o que ele tinha que escutar, mas de repente a Alexia chegou, metendo o beijão.De lingua. Quando ela finalmente se distanciou, eu fui lá e dei o tapa com vontade. Olha, Ashley. Eu sou tua amiga. Se não fosse, teria mentido pra você. Mas é por querer o teu bem que te contei.

Eu estava em estado de choque, não conseguia falar nada. Se ele me amava tanto, então por que não perdeu tempo em me trocar pela maior vadia da escola? 

Me sentia idiota, mesquinha, uma grande otária. Acreditei nele. Acreditei que ele era o único que nunca, jamais poderia me decepcionar. Ele me traiu. Esse era o certo de se dizer. Por mais que a gente tivesse acabado tudo, ele ainda deveria ser meu amigo. Certo? Ou será que não?

A gente terminou. O que ele faz da vida daí pra frente é um problema dele. Eu não tenho nada a ver com a vida dele. 

Apesar de que, com tantas garotas pra escolher, ter escolhido a Alexia? Nem ele mesmo gostava dela...

Ele queria ver se eu sentia ciumes. Era isso, só podia ser. Ele queria me mostrar que, agora que não faço mais parte da vida dele, ele pode fazer o que quiser, e ficar com quem ele quiser. Significa que, se eu interferisse nisso, seria pior para mim.

Endireitei-me.

- Natasha. O que você fez, foi muito bem feito.

Ela sorriu. Virei-me para o quadro, enquanto o professor ainda não aparecia, e vi mais três papelzinhos na minha cadeira.

"Você mereceu tudo isso, vadia."

" Vem cá fazer comigo a única coisa que você faz? Me come todinho LOL"

" Nathan agora é meu. E só meu."

Este último eu sabia quem havia mandado. Não só pela letra, como pela frase. Era Alexia.

Levantei-me, intrigada com todos os recados. Fui lá na frente, e diria tudo o que tinha a dizer. Já estava pouco me danando para a minha reputação. Ela estava um lixo mesmo. Mas nem por isso aceitaria esse tipo de coisa.

- Vocês me dão nojo, sabia? Se eu transei com Taylor o problema é meu e inteiramente meu. E qual é a diferença de mim para vocês? Você, você, você e até mesmo você - fui apontando para várias garotas da minha sala - Todas vocês já transaram com ele. E o pior. Algumas não são mais virgens nem mesmo na porta dos fundos. Todas ficarm faladas. Todas já foram consideradas vadias. Sim, se eu sou vadia, vocês também são. Agora, vocês querem mesmo fazer o mesmo que fizeram com vocês?  - todos ficaram em silêncio - acordem, seus otários. Ninguém é melhor do que ninguém. Ah e... Alexia? - virei-me para ela - O Nathan é seu, queridinha? Tudo bem. Tinha me esquecido que você é tipo aqueles catadores de latinha. Só cata depois que alguém chutar. Pode deixar que quando eu terminar esse chiclete eu te dou ele de presente. Quem sabe eu dou sorte e você morre engasgada?

Voltei a me sentar. Nessa hora todo mundo começou a gritar e bater palmas. Se Alexia queria pegar pesado, tudo bem. Mas ia ser fogo com fogo. Eu não ia levar desaforo para casa...

Depois disso, na aula inteira, ninguém me encheu mais o saco. Na verdade, até me respeitaram.

Mas no final da aula que a coisa foi ficar séria.

- Ei, vadia – Alexia disse, se aproximando – Quem você pensa que é pra falar de mim daquele jeito?

- Ashley Evans, é um prazer - fiz uma reverência, debochando.

- Olha aqui. Não fui eu que fui atrás dele. Ele que veio atrás de mim.

- Como é? - perguntei, abismada.

- Ele estava bêbado, e apareceu na minha casa ontem.

- E você se aproveitou disso - eu disse, rangendo os dentes.

- Eu não sou do tipo que deixa uma oportunidade passar.

- Não. Você é do tipo recalcado que se esfrega no primeiro que vier na frente.

Ela riu.

- Olha só quem está falando.

Depois saiu andando, deixando-me parada no meio do corredor.

Fui na diretoria entregar a folha que eu devia, e ela ao menos se queixou, pois percebeu que realmente não havia esclarecido que deveria ser à mão.

Não queria ir embora. Natasha estava na detenção de novo, eu não sabia por que.

Sentei-me na calçada para esperá-la e acabei pegando no choro.

Santo Deus, olha o rumo que minha vida tinha tomado em tão poucos dias. Há dois meses eu só era uma aluna normal com um amor platônico pelo mais popular da escola. Por que isso foi acontecer. Será que a culpa foi toda minha? Será que alguém tem culpa?

- Pobrezinha - alguém disse rindo, do meu lado. 

Era um garoto. Aparentava dezoito, cabelos loiros e encaracolados. Corpo bem definido, olhos castanhos, claros e um pouco acinzentados. Um sorriso lindo, confesso. Era bronzeado. Estava com uma camiseta branca, calças jeans e... Chinelos?!

- Por que está chorando? - ele perguntou, sentando-se mais perto.

- Minha vida está uma merda.

Ele riu.

- Garotos?

Dessa vez eu ri.

- Garotos são fichinha perto de tudo que aconteceu. Até o mês passado eu era uma garotinha como todas as outras, sabe? Não fazia nada de errado. Perdi minha virgindade com um canalha, perdi meu melhor amigo, me embebedei dentro do banheiro feminino com uma stripper, voltei com meu melhor amigo, a gente começou a namorar, fugi de casa, me emancipei, virei stripper por um dia...

- Wow! - ele gritou - Tá falando sério?

- Claro. eu não mentiria uma coisa dessas - eu disse - E pensar que meu primeiro dia de aula depois de tanto tempo seria assim. Cheio de intrigas, olhares indesejados e sem ninguém pra desabafar. E, pra piorar, eu corro o risco de ser expulsa da escola. Sem dizer que meu namorado terminou comigo. Sabe por quê? Porque eu chantageei um cara.

- Nossa. Sua vida tá dura.

- Por que estou contando isso pra você? Eu nem te conheço...

- Porque eu sou sexy e você está me desejando - ele respondeu, rindo.

Eu ri, também. Ficamos rindo um pouco, e quando paramos ele ficou me encarando, até dizer:

- Viu. Seu sorriso é bem mais bonito do que tua cara de choro - sorriu - Prazer, sou Lauren. Lauren Manson.

- Sou Ashley. Ashley Evans.


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Notas finais do capítulo

"- Posso entrar? - Lauren perguntou, observando meu apartamento.
- Fique à vontade - respondi, sorrindo."



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