Suzumiya Haruhi No Unmei escrita por Anne Moony


Capítulo 1
Coincidências?


Notas iniciais do capítulo

"Que escolha você faria?"



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Não me lembro quantas vezes eu ouvi essa mesma pergunta: “O que você quer ser quando crescer?” Uma criança responderia as coisas mais absurdas possíveis, afinal ela ainda não tem consciência de suas escolhas...

Eu desde que me entendo por gente, sempre achei que teria uma vida normal, sem grandes coisas a se esperar. Pretendia ter uma adolescência calma, terminar o colegial, arrumar um bom emprego, comprar minha casa própria, casar e ser feliz. Pois é, não foi exatamente isso que aconteceu. Resumindo:

Durante meu colegial, fui obrigado a participar de um clube chamado Brigada SOS, conviver com aliens, viajantes do tempo, espers e ainda por cima levar a culpa de todos os acontecimentos que a Haruhi causava inconscientemente. Sigh. Confesso que, desde que o colegial acabou e de brinde a Brigada também, minha vida seguiu tediosa. Cheguei até a pensar (e não foram poucas vezes) o quanto me fazia falta a vida agitada que eu levava anteriormente. Mas neguei-me a continuar pensando essas bobeiras.

Atualmente, com meus vinte anos, trabalho na loja de conveniência (que vende coisas que uma loja de conveniência normal não venderia) do Sr. Takira Chang. Bizarro, eu sei. Meu expediente é de dez horas e em troca recebo um salário que faria os boias-frias explorados parecerem executivos. Nessa última semana, o velhote foi atropelado e tive que substituí-lo todos os dias. Trabalhei em dobro e sem dúvida no final do mês receberia a mesma merreca.

Hoje eu vou me casar, e sei que para muitos (e eu também acreditava) o casamento é uma grande realização e eu deveria estar feliz. Asahina Mikuru crescera e ficara linda, igual à sua versão futura que eu conhecia, mas mesmo assim, eu não me sentia como achava que deveria me sentir.

***

Faltavam algumas horas para o casamento e eu já estava vestido, porém sem gravata ou paletó, pois o calor estava sufocante.

Entediado, com a hora que não passava, decidi passar na loja de conveniência, para ver se o velhote mudara de ideia e decidira fechar a loja por hoje e ir ao meu casamento.

Eram sete horas da noite quando entrei na loja e como eu imaginava, ela estava vazia.

“Oh, Kyon! Que bom vê-lo!” cumprimentou o velho, aparentemente feliz em me ver.

E sim, nem mesmo depois de adulto esse maldito apelido me largou.

“Boa tarde Sr. Takira. E então, decidiu ir ao meu casamento?” perguntei, já sabendo qual seria sua resposta.

“Não meu jovem. A loja não pode ficar fechada, e não achei ninguém para me substituir”. Ah, claro as moscas não podem ficar sem atendimento. “E então, está ansioso Kyon?”

Não respondi, pois quando ele terminou de falar o sino da porta tocou, anunciando que alguém entrara na loja. Virei automaticamente para ver quem era, e qual não foi a minha surpresa, quando ELA minha EX-chefe de Brigada entrou na loja.

Yare, yare.

O que ela estaria fazendo? Não me lembro de ter visto Haruhi desde que comecei a trabalhar aqui.

Não sei quanto tempo fiquei olhando-a e muito menos que expressão eu estava, já que quando dei por mim o velhote estava surrando algo para que eu ouvisse.

“Bem bonita ela, não acha? Estava pensando em perguntar se ela não quer trabalhar aqui. Acho que isso atrairia mais clientes.” Sugeriu, soltando uma risada estranha logo em seguida.

Velho pervertido! Ninguém em sã consciência aceitaria trabalhar aqui.

“Talvez...”

Haruhi pegou, o que imagino que fosse uma revista sobre OVNIS e se dirigiu ao caixa para pagá-la. Quando ela me viu, seu olhar pareceu iluminar-se.

“Ei Kyon! Quanto tempo!”

Ótimo tempo.

“Haruhi. Como vai?”

“Estou bem...” e antes que ela me perguntasse o mesmo, o velho nos interrompeu.

“Ora, vocês já se conhecem?”

“Sim, estudamos juntos no colegial.” Limitei-me a responder.

“Isto é ótimo! Pois bem, eu estava comentando aqui com o Kyon que seria ótimo se você...”

“PARADOS, MÃOS PARA CIMA!” gritou um encapuzado que atravessou a porta, abruptamente. Fui incapaz de reagir. “ANDA LOGO! QUER MORRER? MÃOS PARA CIMA!”

O Sr. Takira NUNCA tivera sido assaltado, e a reação que ele teve foi a menos esperada. O velhote desmaiou.

“VOCÊ!”, a mira agora estava voltada para mim. “ESVAZIA O CAIXA! RÁPIDO!”, sem opções, abri o caixa e entreguei-lhe a miséria que havia lá. “SÓ TEM ISSO? TEM QUE TER MAIS!”

“Meu senhor... só tem vinte e cinco dólares e algumas moedinhas.”

Alguém assaltar essa loja nem é crime, é judiação.

“VOCÊ DOIS, PASSEM TUDO! CARTEIRA, CELULAR, TUDO!”

Enquanto eu e Haruhi entregávamos nossos pertences, o Sr. Takira acordou e tentou discar para polícia, provavelmente. Mas antes que ele conseguisse, o assaltante puxou o telefone e o quebrou, jogando-o no chão. E o velho voltou a desmaiar.

“QUIETOS!” ordenou, enfiando os objetos furtados nos bolsos do moletom.

E sem pensar duas vezes, o ladrão agarrou a chave da loja que estava sobre o balcão e enquanto nos encarava, ele foi se distanciando, lentamente. Arregalei os olhos no momento em que o vi passar pela porta e trancá-la, usando a chave.

“ESPERE!”, gritei agora desesperado. “NÃO ME DEIXE AQUI, PRECISO CASAR. POR FAVOR, VAMOS CONVERSAR!”

Corri até a entrada, mas já era tarde. O ladrão tinha fechado a porta de ferro também, e agora estaria correndo para longe dali. Sigh. Voltei até onde Haruhi estava quieta.

“Você está bem?” perguntei, colocando a mão em seu ombro.

“Sim, estou. Mas e agora Kyon? O nós vamos fazer?”

Fui até o Sr. Takira, já sem esperanças, e conclui que tão cedo o velho não acordaria. Sua loja ter sido assaltada foi demais para seu pobre coração muquirana.

“O velho não vai acordar tão cedo, e eu não trouxe as minhas chaves...”

“Você trabalha aqui?”, ela perguntou.

“Sim... Continuando, a mulher dele deve vir pela manhã. Ela vai notar a loja fechada, e chamará a polícia.”

“Existe alguma porta dos fundos? Saída de emergência? Qualquer coisa.”

“Existia. Mas o Sr. Takira mandou erguer uma parede há alguns meses, para evitar assaltos.”, respondi, rindo mentalmente do velho sovino. Sei que é errado dizer bem feito, mas BEM FEITO!

“Que seja!”

Haruhi se sentou no chão e eu fiz o mesmo, olhando o relógio na parede e pensando.

Seria impossível quebrar o vidro, pois se tratava de um dos vidros mais resistentes do mundo, e depois ainda tinha a porta de ferro, que não teria como abrir, quebrar, nem nada.

Como que eu ia explicar essa história para todos?

Até consigo imaginar, minha mãe entrando no quarto da Asahina-san, avisando que eu não tinha aparecido e que não haveria mais casamento, e ela choraria desolada. Sigh. Isso iria me dar uma dor de cabeça mais tarde.

Impressionante. Foi só eu reencontrar Suzumiya Haruhi e coisas estranhas aconteceram. Você tem algo haver com isso, não tem? Diga.

“Kyon! Está calor. Posso pegar algo para tomar?”

“Sim.” Se você pagar.

Haruhi levantou e foi até as geladeiras no fim da loja e pegou uma latinha de refrigerante.

“Você disse para o ladrão que você ia se casar?! Isso mesmo?”, perguntou, sentando-se novamente no mesmo lugar.

“Sim, eu ia me casar com a Asahina-san.”

“E como você ousa não convidar sua chefe de brigada?”, Haruhi pareceu indignada com aquilo.

E desde quando você ainda é minha chefe de brigada?

“Haruhi, nunca mais te vi depois do colegial. Não fazíamos ideia do seu endereço.”

“Humpf. Mesmo assim, isso é inaceitável! Deveria ter se esforçado, procurado na lista telefônica.”

“Eu tive que trabalhar a semana inteira, pois esse velho foi atropelado, e não participei de nenhum dos preparativos do casamento. Mas e você Haruhi, o que fez da vida?”

Encontrou seu tão querido paranormal para namorar?

“Idiota! Bom, eu ajudo aquela revista...” e apontou para a revista ainda em cima do balcão “a escrever alguns artigos sobre mistérios envolvendo aliens e outras coisas paranormais. E até recebo uma quantia muito boa no final do mês. Mas às vezes é muito entediante quando não existe nenhum mistério a ser investigado. E não ganho um exemplar da revista, o que eu acho um absurdo.”

“Pelo menos seu trabalho é mais interessante que o meu.”

“Ora Kyon. Não deve ser ruim trabalhar aqui, só tem que registrar algumas coisas no caixa.”

“Experimenta ficar um dia no meu lugar.”

O velho quer te contratar, aproveita!

“Tudo bem. Vou te provar que é possível trabalhar aqui, sem reclamar e ainda ser educado com os clientes.”

Duvido!

Num pulo, ela se levantou e sentou na cadeira atrás do balcão, onde até alguns minutos atrás o Sr. Takira estava.

Yare, yare.

Dei um suspiro longo, imaginando o que aquela doida faria se eu não fizesse o que ela queria, e levantei. Realmente, Haruhi nunca mudaria.

***

Eram quase nove horas da noite, e eu estava com uma cestinha de compras na mão, andando entre as estantes da loja e fazendo todas as coisas irritantes que os clientes costumam fazer. Como, abrir um pacote de bolachas, comer algumas e pôr de volta bem no fundo, para que ninguém percebesse e logo pegar um pacote fechado, deixar produtos caírem no chão, deixar a porta da geladeira aberta enquanto decidia o que iria pegar e furtar uns docinhos que eram vendidos a peso.

Haruhi me observou o tempo todo. No final fui ao caixa trazendo apenas um refrigerante e um pacote de bolachas.

“Boa noite senhor.” Ela me cumprimentou educadamente, e eu como todos os clientes apenas assenti com a cabeça, enquanto ela registrava os valores.

“Deu quatorze dólares”, sorriu.

“Como? É só um pacote de biscoitos e um refrigerante. Que assalto é esse? Você registrou isso direito, mocinha?”

“Calma senhor. Eu explico. Foram três dólares pelo pacote de biscoitos, dois dólares pelo refrigerante, um dólar pelos docinhos que você furtou, três dólares pelo outro pacote de biscoitos que você comeu alguns e escondeu, um dólar pela energia gasta e quatro dólares pelo vidro de mostarda que você deixou cair.”, Haruhi terminou de falar com um sorriso vitorioso.

“Eu não vou pagar por isso! É um absurdo!”

“Então, o senhor não vai poder levar nada.”

Como um ato de raiva, peguei a lata de refrigerante e joguei-a no chão.

“Ei, você não pode fazer isso. Ninguém faz isso!”, indagou Haruhi “Você é um péssimo ator Kyon. Está demitido!”

“Você não pode fazer isso.”

“Posso.”, ela cruzou os braços, com ar superior.

“Mas eu fiz a cena toda certa, além disso, tenho oito filhos e uma mulher para alimentar! O que vou fazer? Mandá-los trabalhar vendendo balas e fazendo malabarismo no sinal?”

“Idiota! Ah, Kyon nem é tão ruim assim.”

“Eu sei. Mas não faço como você. Sou mais calmo.”

“Por que trabalhar aqui então?”

“Minha mãe queria que eu trabalhasse, e por indicação do Taniguchi acabei parando aqui. Mas pretendo sair quando arrumar um emprego melhor.”

Haruhi balançou a cabeça de um lado para o outro, inconformada.

“Kyon, ainda são nove e meia da noite. Vamos ficar trancados aqui até de manhã, certo?”, seus olhos começaram a brilhar da mesma maneira que brilhavam quando ela tinha uma ideia maluca envolvendo a Brigada.

Não.

“Sim.”

“O velho não vai acordar. E temos a noite inteira para não fazer absolutamente nada. Sem parentes, sem pressão ou qualquer contato com o mundo exterior. Nós poderíamos nos divertir aqui.”

Pense antes de falar. Essa sua frase poderia ser interpretada de outra maneira.

E pela primeira vez uma ideia de Haruhi não me pareceu idiota.

***

Já havia perdido a noção das horas, desde o momento que nós começamos a conversar sobre aliens, viajantes do tempo e espers. E agora, eu e Haruhi estávamos debruçados sobre o chão folheando uma revista sobre reformas que arquitetos e decoradores faziam em casas, e discutíamos sobre qual casa moraríamos, qual sonhavamos morar e outros comentários bobos.

Eu havia sugerido essa ideia ao olhar para revista, assim que Haruhi falou que não sabia o que fazer, para minha surpresa.

“Deixe de ser idiota Kyon. Pelo que você disse, seu salário é tão mixo, que nem nos seus sonhos você compraria uma casa dessa.”

Você provavelmente conseguiria todas as casas da revista, Haruhi.

“Já chega, isso é muito chato. Tive uma ideia! Vem.” E como antigamente, ela agarrou meu pulso, já que eu não usava gravata e me arrastou até a estante de doces.

***

Estávamos sentados a certa distância, cada um segurando um pacote de confeitos coloridos, e como crianças tentávamos acertar os confeitos na boca do outro. Á minha volta estavam diversos confeitos de tentativas frustradas de pegá-los, enquanto à volta de Haruhi estava da mesma maneira desde a hora que ela havia sentado lá. Além disso, fazíamos perguntas sobre nossos gostos, preferências e outras coisas.

Acho que foi a primeira vez que soube tantas coisas a respeito dela.

“Uma história?” perguntei e joguei um confeito, que obviamente ela pegou.

“Alice no País das Maravilhas.”, concordei com a cabeça, já imaginando que essa seria sua resposta. Sem dúvida o autor devia ter usado um pouco da sua imaginação quando escreveu a história.

“E a sua Kyon?”, ela jogou um confeito, o qual eu não peguei.

“Nenhuma em especial... Qual personagem você seria de Alice?”

“A Rainha de Copas.”

“Por quê?”

“Bah. O reino gira ao redor dela. A rainha manda os soldados pintarem as flores de vermelho, senão ela corta a cabeça deles.”

Subitamente, lembrei dela me dizendo há alguns anos atrás: “Apareça! Senão cabeças vão rolar”. Eu agora entendia o que os soldados da Rainha de Copas sentiam.

Certo, Haruhi ficaria ótima no papel de Rainha de Copas, Koizumi no papel de gato, com aquele sorriso idiota, Asahina-san de Alice e a Nagato-san como coelho, pois sempre o achei o mais misterioso de todos.

“Uma decepção?” perguntou.

“Não ter visto minha mãe beijando o Papai Noel.” Haruhi riu alto “Uma vontade?”

“Só uma?”

“Sim”.

“Desde que comecei meu trabalho, eu queria sair por aí, podia ser em um carro, caçando os mistérios das pessoas e do mundo, assim teria boas histórias para escrever.”, ela falou sonhadora. “Você se lembra dos seus pedidos do Tabanata?”

Finalmente eu tinha conseguido pegar um confeito que ela me jogara.

“Sim, pedi dinheiro e uma casa com um jardim onde eu possa brincar com o meu cachorro. E você lembra?”

“Que a Terra gire ao contrário e que o mundo gire ao meu redor.”

“Sabe que esses seus sonhos e vontades são difíceis...” para não dizer impossíveis “de se realizar.”

“Humpf. As coisas acontecem quando você menos espera. E os sonhos só se realizam se você acreditar neles.”

“Você tem razão. As coisas acontecem quando menos se espera. Eu jamais imaginaria que encontraria você hoje e que ficaria preso nessa loja.”

“Foi uma coincidência.”

Quando você está envolvida? Não mesmo!

“A banca onde eu costumo comprar minha revista estava fechada. Eu estava indo embora quando eu vi esse lugar e decidi entrar.”

“Eu decidi vir, pois estava entediado e para perguntar se o velho iria ao meu casamento. E justo nesse momento que nós nos encontramos, fomos assaltados, sendo que a loja nunca havia sido roubada.”

Refletimos durante algum tempo sobre tudo que havia acontecido.

“Uma vez, eu estava lendo sobre coincidências e li uma teoria que dizia que as pessoas seriam como planetas, fadadas a seguir sua órbita de acordo com suas escolhas. Segundo a teoria, sob influência de uma força maior, algumas pessoas podem sair de órbita e ter a chance de refazer suas escolhas, mas a chance passa rápido, pois a força gravitacional os puxa de volta ao curso natural de suas vidas.”

E o que isso tem haver?

“Isso é muito confuso Haruhi. Além do mais, eu acho que não se passam de superstições bobas.”

Ela levantou e eu fiz o mesmo. Haruhi andava de um lado para o outro, enquanto tentava fazer com que eu entendesse e acreditasse na tal teoria.

“São coincidências demais para ignorar Kyon. Se a banca estivesse aberta, eu não teria vindo aqui. Se você não tivesse perdido o contato, eu iria ao seu casamento. Se você não estivesse entediado, ou o seu chefe tivesse decidido ir ao casamento, nós não estaríamos aqui. Ou seja, duas linhas de vidas distintas que saíram de sua órbita.”

Finalmente comecei a pensar que a teoria de Haruhi podia ter algum fundamento. E eu imaginava que a “influência de uma força maior” que ela mencionara antes, seria ela mesma.

“Haruhi... Você quer dizer que as decisões que nós tomarmos durante esse tempo que estamos presos, irão determinar nossos futuros?”

“Provavelmente.”, ela me encarou com aqueles olhos de ébanos, pensativa.

Se eu não tivesse participado do quase novo mundo que a Haruhi quase criou e todos aqueles outros fenômenos, eu agora estaria julgado a mulher a minha frente uma louca. Mas não. Tudo parecia... normal e aceitável.

Então por que diabos, nós estaríamos presos aqui? Que escolha eu e ela tínhamos que fazer?

Não sei quanto tempo se passou quando acordei dos meus devaneios com um estrondo na porta de aço.

“Haruhi. Deve ser a mulher do velho com a polícia. Se a sua teoria estiver certa, só nos resta alguns minutos. Temos que fazer uma escolha.”

“Kyon quando as portas se abrirem, eu vou voltar para minha vida e você voltará para a sua vida pacata, sua família e sua noiva. Que outra escolha nós temos?”

Aquelas palavras de Haruhi atravessaram minha mente e fizeram com que eu enxergasse a escolha que eu deveria ter feito, não hoje, mas há tempos. E só não a fiz porque ela parecia irracional. Mas agora pouco importava.

Por que tudo se tratando desse assunto com Haruhi tem que ser tão clichê?

“Haruhi”

“O quê?”

“E eu escolho rabos de cavalo.”, murmurei mais para mim do que para ela.

E sem dar uma chance para Haruhi reagir, eu a beijei. Nossos lábios mantiveram-se juntos por um tempo que pareceu incontável, e isso me encheu de felicidade. Não havia incertezas, não parecia errado ou insensato. Era como se já tivéssemos esperado aquele momento por muito tempo.

Apertei Haruhi em um abraço quando a porta se abriu e a luz do Sol iluminou todo o local.

***

Fomos todos à delegacia para depor. No caminho, eu liguei para minha família e os avisei que estava bem.

Explicamos o acontecido às autoridades. Foi algo bem rápido. Poucos minutos depois, já estávamos dispensados.

Mal sai e minha família chegou à delegacia enchendo-me de perguntas e mais perguntas.

De longe vi Haruhi se afastar e ir embora.

***

Uma semana se passou desde o acontecimento na loja e posso dizer que foi difícil continuar a vida como ela era. Eu terminara meu noivado com Asahina-san, ela merecia ser feliz, encontrar alguém que a amasse de verdade.

Eu decidira mudar minha vida. E nesse momento estava indo me demitir do trabalho e procurar um melhor.

Foi quando avistei Haruhi dirigindo um carro preto. Ela buzinou, fazendo com que eu parasse.

“Haruhi?”, perguntei perplexo.

“E então, você vem comigo?”

Eu sorri ainda não acreditando no que aquela doida estava tramando. Rapidamente abri a porta da loja e berrei ao velhote Takira Chang.

“EU ME DEMITO!”

Nem esperei para ver a reação dele. Corri até o carro e entrei, beijando Haruhi logo em seguida. Ela não disse nada, apenas deu a partida no carro.

“E então vamos realizar a sua vontade?” perguntei para quebrar o silêncio.

“Kyon. Eu não fiz minha escolha aquela manhã...”

“Haruhi, eu fiz a escolha ao te beijar, mesmo não sabendo como, ou se você realmente me queria, decidi que ficaríamos juntos. E você decidiu o mesmo, quando retribui o beijo. E a partir de agora sua preocupação é me dizer que lugares você quer ir, e não se preocupe porque que eu cuidarei de você e farei com que o mundo gire ao seu redor.”

“E a Terra girar ao contrário?” perguntou debochando da minha cara.

Yare, yare.

“Eu também vou cuidar de você Kyon. A casa que eu te mostrei onde queria morar tem um jardim para você brincar com o seu cachorro. Mas dinheiro eu não te dou nem se você pintar todas as flores brancas do mundo de vermelhas.”

Encarei o céu, pensativo. Talvez tudo não tivesse se passado de uma coincidência. Mas o universo também está cheio de coincidências. Por exemplo, se a Terra fosse um pouco mais distante do Sol, congelaríamos, ou se fosse um pouco mais perto, todos nós queimaríamos.

Ou talvez Haruhi quisesse isso tanto quanto eu, e tivesse feito a tal teoria ter funcionado. É, deve ter sido isso.

Pode chamar do que quiser: destino, sina, vontade divina... Não importa. O que importa é que eu deveria ter escolhido Haruhi desde o começo. Acho que por mais que eu tentasse me distanciar dela ou que não a tivesse escolhido aquela manhã, algo sempre tentaria nos unir, não importando quando, onde ou que momento fosse.

Olhei mais uma vez para a mulher ao meu lado e sorri. Agora eu sabia que minha escolha seria sempre Suzumiya Haruhi.




The end ♥


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Notas finais do capítulo

Desculpem-me qualquer erro, mas eu não tenho um beta, e se eu lesse essa fanfic mais uma vez a procura de algum erro, eu desistiria e não a postaria mais, rs ^^
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Mas enfim, aqui está.
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Espero reviews dizendo o que acharam. Vocês me farão muito feliz com isso *-*