Era um dia ensolarado em Nova York. Hanna estava andando nos corredores do colégio Western High, seu império particular. Ela era aquela garota que todos os meninos queriam namorar e todas as garotas queriam ser. Suas duas melhores amigas, Becca e Louise, andavam atrás dela, uma de cada lado. Mas elas não eram metidas ou esnobes. Eram adoradas por serem adoráveis. Simples assim.

- Finalmente, o último dia! - Disse Becca, animada. - Esse verão vai ser demais.

- Vou passar vinte dias em Londres com a minha família. - Gabou-se Louise. - Meus pais disseram que eu podia levar duas amigas. Querem ir?

- Com certeza! - Disse Becca.

- Ah, sinto muito garotas. Vou para um... acampamento de verão. - Disse Hanna.

- Isso seria ótimo também! Poderíamos ir juntas! - Disse Becca.

- Acho que vocês não iam gostar. Não tem internet e não podemos usar o celular. - Hanna respondeu. Era verdade, mas não pelos motivos que Louise e Becca imaginavam.

Enquanto andavam em direção à portaria, entre ”Oi”s e ”Bom dia”s para alunos e professores, Hanna e suas amigas eram observadas e admiradas por todos.

- Mas e aí, Han? Quando vai nos apresentar seu namorado imaginário que você tanto fala? - Zombou Louise.

- Ele não é imaginário. Ele existe. Seu nome é Nico Di Ângelo. É que ele... hm... mora longe. - Ela explicou. Fora da escola, Hanna observou o carro preto de sua família se aproximar. 

- Tchau, gente. Vejo vocês no ano que vem. - Despediu-se Hanna.

- Tchauzinho, Han! - Elas disseram ao mesmo tempo.

Hanna se afastou e entrou no carro.

- Oi, lindinha! Como foi seu último dia? - Perguntou sua ”mãe”, Sophie. Hanna gostava muito dela, mas estava dando um gelo nela desde que descobrira que ela não era sua mãe verdadeira.

- Foi tudo bem, Sophie. Bem legal. - Ela respondeu. Também parara de chamá-la de mãe. - Cadê o papai?

- Seu pai foi viajar a trabalho. De novo. Se lamentou muito por não poder se despedir de você.

- Tudo bem. E o Pedro? - Hanna perguntou.

- Está em casa. Jogando videogame. - Disse Sophie.

- Grande novidade. - Hanna disse. Pedro era seu meio-irmão, filho de Sophie e Marcos, seu pai biológico. - E quando eu vou para o Acampamento? 

- Agora. Suba e pegue sua mala. Eu a arrumei para você. - Disse Sophie, estacionando o carro em frente à casa. Hanna subiu, murmurou um rápido ”Oi-tchau” para Pedro e voltou para o carro. Viajaram por horas, até que Hanna avistou uma grande colina com um pinheiro igualmente grande no topo. A Colina Meio-Sangue.

”Então, é isso. Olá, Acampamento Meio-Sangue!”, ela pensou.