O Segredo de White Village escrita por Mi-chan


Capítulo 1
A Cidade de White Village




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/18517/chapter/1

Segredo de White Village

Por: |Mi-chan|

Capítulo I –A cidade de White Village

Era primavera. As flores desabrochavam sob a amena luz solar, as folhas das árvores sendo levemente agitadas pela brisa fresca. Onde quer que se olhasse havia campos e mais campos verdejantes. Era realmente um belo lugar. Não entendia, porém, por que o campus de uma das mais renomadas universidades do país fora construída num local tão... isolado.

Adentrou os grandes portões em estilo medieval, maravilhando-se com o que vira em seguida. Parecia que uma pequena cidade fora construída em torno da grande avenida que levava ao campus. Toda a arquitetura era em estilo medieval o que o fez sentir-se dentro de um feudo da Idade Média.

Caminhou pela grande avenida rumo ao campus, onde receberia informações de onde ficaria, entre outras instruções; seus longos cabelos verde-azulados balançando à favor da brisa matutina.

Chegando ao local reparou que quatro pessoas pareciam esperar-lhe. Três aparentavam ter a mesma idade que ele e o outro, de longos cabelos azuis, veio falar-lhe assim que se aproximou.

–Bem vindo. Espero que tenha feito uma boa viagem. Me chamo Saga e sou responsável pela ordem e organização das repúblicas...

–Desordem, é o que você quer dizer –comentou um jovem de longos cabelos cacheados, olhos profundamente azuis, pele bronzeada, em ar de riso.

–Continuando –disse Saga ignorando o comentário –qualquer problema é só falar comigo. Prazer em conhecê-lo...

–Kamus, meu nome é Kamus –respondeu.

–Muito prazer Kamus –disse Saga estendendo-lhe a mão.

–O prazer é todo meu –respondeu educadamente, retribuindo o aperto.

–Eles aqui dividirão a casa com você: Mu –apontou para um jovem de exóticos cabelos lavanda, aparentemente muito tranqüilo, que o cumprimentou educadamente –Shaka –cabelos loiros, olhos azuis, ar sério, cumprimentando-o com um leve aceno –e Milo –o rapaz de cabelos azuis e cacheados, que aparentava ser o mais agitado dos três.

–Olá –disse Milo estendendo a mão, fazendo-o retribuir o cumprimento –Olha, cuidado com o Saga e com o irmão gêmeo dele, o Kanon. Todo mundo aqui sabe que eles já pegaram as poucas garotas do campus e mais da metade da ala masculina.

–Não ouça o que ele diz Kamus –disse Saga –Mu, mostre a Kamus onde ele ficará. Enquanto a você Milo –virou-se ameaçadoramente para o rapaz –comporte-se e pare de falar mentiras sobre meu irmão e eu.

–Mas não falei nenhuma mentira –disse Milo cruzando os braços e fazendo uma expressão que lembrava muito a de uma criança contrariada.

Percorreram em relativo silêncio o curto caminho do campus até a pequena casa. Adentrando o local, Kamus deparou-se com uma decoração simples e aconchegante: na sala havia um sofá, duas poltronas, uma estante; na cozinha encontrava-se uma geladeira, fogão, pia, armários e uma mesa com quatro cadeiras; um banheiro; dois quartos com duas camas de solteiro, uma cômoda com seis gavetas e um pequeno guarda-roupa com duas portas e quatro gavetas.

–Você dividirá o quarto com o Milo, tudo bem? –perguntou Mu simpaticamente e assim que Kamus respondeu com um aceno afirmativo deixou o quarto, avisando que prepararia o almoço.

Deixou suas coisas sobre a cama desocupada e olhou em volta. Espalhados pelas paredes do aposento havia alguns pôsteres de bandas de rock e uma estante com alguns livros.

–O Mu e o Shaka me obrigaram a arrumar o quarto hoje, por isso ele tá assim –esclareceu Milo sentando-se em sua cama e observando o outro aproximar-se da estante com uma leve expressão de curiosidade.

–Gosta de astrologia e mitologia? –perguntou ao olhar os títulos, mesmo achando a pergunta um tanto idiota.

–Adoro! Sou grego, sabe, e desde pequeno tenho interesse por esses assuntos –comentou animadamente –Qual é o seu signo?

–Aquário –respondeu Kamus.

–Hum... o meu é Escorpião, o do Mu é Áries e o do Shaka é Virgem –comentou –Bem... de onde você é?

–Da França.

–Francês? Legal. Sabe, vem gente de todo o mundo estudar aqui. O Mu veio do Tibet e o Shaka da Índia –ao ver que o francês erguera uma das sobrancelhas, surpreso, completou –Não parece, né? A mãe dele é alemã se não me engano, por isso os olhos e cabelos claros.

–Ah –fez Kamus com ar de entendimento, sentando-se em sua cama.

–Eu deixei metade da cômoda e do guarda-roupa livres pra você guardar suas coisas.

–Obrigado.

–Ah, já ia esquecendo de avisar. O Shaka faz meditação três vezes ao dia e não é muito saudável interrompê-lo. Ele de mau-humor só não dá mais medo que o Mu. O Mu é tranqüilo, mas se pisa no calo dele... já viu. Depois eles explicarão como as tarefas são divididas e tal. Pra ser sincero não lembro nem um terço da divisão que os dois fizeram.

–Certo –respondeu tirando suas roupas impecavelmente dobradas da mala e começando a organizá-las no guarda-roupa.

–Você não é de falar muito não, é? –perguntou o grego com um sorriso nos lábios.

–Não –disse o francês absorto no que fazia.

–Gostei de você, dividir o quarto não vai ser tão ruim quanto... Você tem algum conhecido aqui, sabe, alguém pra te ajudar a arrumar um serviço?

Kamus parou o que fazia e encarou Milo levemente aturdido. Não tinha pensado nisso ainda.

–Na verdade não.

–Desconfiei. Fique tranqüilo que mais tarde te levo pra conhecer um camarada meu lá do trampo. Quem sabe ele não te arruma um trabalho lá também?

–Obrigado –respondeu Kamus mais aliviado.

–Disponha –sorriu, tirando a camiseta preta que vestia e colocando-a em cima do ombro. –Vou tomar um banho enquanto o almoço não fica pronto. Pode ficar à vontade, viu? –disse pouco antes de sair.

Deitou-se em sua cama, depois de organizar tudo, e soltou um longo suspiro. Parecia que sua estadia ali não seria tão insuportável assim.

Pouco depois do almoço, foram todos à sala para delimitar a divisão das tarefas domésticas.

–As tarefas estão divididas da seguinte forma:

- Cada um lava a louça que suja, organiza sua parte do quaro, lava sua roupa;

- As tarefas mais leves, como arrumar e varrer a cozinha, o banheiro e a sala, serão divididas por dia da semana;

- Tarefas como tirar o pó dos móveis, lavar a cozinha e o banheiro, serão divididas por semana;

- Compras necessárias deverão ser listadas e afixadas na porta da geladeira.

OBS:Apenas comprar para casa, como alimentos e artigos de limpeza. Artigos pessoais são da inteira responsabilidade de cada morador;

- Contas de água, luz, aluguel, etc. serão repartidas igualmente entre os moradores. –Todos concordam? –perguntou Shaka.

–Estão muito bem divididas –disse Kamus olhando para a lista elaborada por Shaka.

–Desde o colegial, Shaka é responsável pela divisão de tarefas aqui. –comentou Mu lançando um breve olhar ao indiano –Eu geralmente sou o responsável pela cozinha.

–Vocês moram aqui desde o colegial?

–Sim. O colégio onde estudávamos fica a poucos metros daqui. –disse Mu –White Village já virou há um bom tempo uma cidade independente dentro do país. Possui até governo próprio.

–Nossa... –surpreendeu-se Kamus.

–Vou lá pro trampo, você vem? –perguntou Milo ao aquariano.

–Vou –respondeu levantando-se da poltrona.

–Querem vir também? –perguntou o escorpiano.

–Vou meditar –disse Shaka.

–E eu tenho uma pesquisa para fazer –disse Mu –Diga ao Aiolos que mandamos um oi.

–Certo, então até mais –disse Milo antes de fechar a porta

Caminharam durante algum tempo até chegarem ao centro comercial da cidade. Lá havia muitas lojas, livrarias, lanchonetes, restaurantes e até algumas casas de show.

–É por aqui –disse Milo guiando-o por uma ruazinha à direita.

Pouco depois se depararam com uma espécie de lanchonete, que mesmo àquela hora já tinha um movimento considerável.

–Chegamos. Essa é a frutaria onde trabalho –disse o escorpiano –Aiolos!

–E aí Milo, tudo certo? –perguntou um rapaz mais ou menos da idade de Saga, olhos claros e cabelos dourados, que se encontrava atrás do balcão –O que faz por esses lados? Veio curtir uma farra, acertei?

–Na verdade tô mostrando a cidade ao novo morador da minha humilde casa –disse apontando para o francês –Este é Kamus, veio da França. E este aqui é o Aiolos, meu chefe, que é grego assim como eu.

–Muito prazer –cumprimentou educadamente Kamus.

–Então o que está achando da nossa humilde cidadezinha?

–Bonita e...

–Escuta Aiolos –disse Milo interrompendo os dois –você não teria, sabe, uma vaga sobrando pro nosso amigo aqui?

–Tenho sim. O período após as 6 pm durante a semana é sempre corrido e falta funcionários, como você bem sabe.

–Se sei –disse fazendo uma careta –Sempre sobra um mooonte de serviço pra mim. E nem mesmo pro seu irmão me ajudar...

–Que é que você tá falando mal de mim aí? –perguntou um jovem que parecia uma versão ligeiramente mais nova de Aiolos.

–Exatamente o que você ouviu –disse em tom debochado –você não me ajuda em NA-DA!

–Ha,ha...mas não é você que tem de trabalhar TODO SANTO DIA, inclusive aos finais de semana e feriados.

–Aiolia! O pedido da mesa dois! –disse uma voz feminina.

–Opa, a Marin tá me chamando, até mais –disse ele retirando-se rapidamente.

–Ah, bem que ele tem algumas vantagens por trabalhar aos finais de semana –disse o escorpiano tentando abafar uma risada.

–Bem, você pode começar essa segunda, se quiser –disse Aiolos a Kamus.

–Certo, obrigado. –disse o aquariano olhando em volta e vendo vários casais, inclusive homens com homens.

–Ah, isso é bem comum aqui –comentou Aiolos ao reparar no que o outro olhava –Tudo bem?

–Nada contra –disse Kamus sinceramente.

Milo lançou-lhe um olhar, porém não compreendeu seu significado, apenas sentiu seu rosto esquentar rapidamente e seu coração falhar uma batida, como se tivesse tomado um choque. “O que foi isso afinal?” perguntou-se mentalmente.

–Com licença, ainda tenho muito serviço pela frente. Fiquem a vontade –sorriu Aiolos afastando-se.

–Quer dar uma olhada melhor no local? –perguntou Milo tornando a encará-lo.

Kamus apenas respondeu com um aceno de cabeça, repreendendo-se mentalmente por tais sensações estranhas.

–Miluxo! –gritou uma voz vinda de uma das mesas.

–Afrodite! –exclamou Milo aproximando-se da mesa onde se encontrava uma belíssima figura.

–Quem é esse? –virou-se para Kamus.

–É o Kamus. Ele vai dividir a casa com o Mu, o Shaka e comigo. Esse aqui é o Afrodite. Um amigo nosso desde o primário. É dois anos mais velho que a gente, embora não pareça.

–Ah... “Então não era uma mulher...?” pensou Kamus um tanto surpreso.

–Kamus. Que nome lindo. Assim como o dono –disse Afrodite jogando charme, enrolando seus cabelos azul-piscina.

–Hum, hum –fez um rapaz um pouco mais velho que eles, cabelos azuis e curtos, em tom aborrecido.

–Oh, Mask querido, só estou elogiando o recém chegado –disse Afrodite em ar inocente, sentando-se ao lado do rapaz.

–E esse é o Marco. Mas como ele não gosta do nome... –completou Milo ao notar o olhar assassino do amigo –o chamamos de Mask, ou Máscara –disse acomodando-se numa das cadeiras.

–Pode se sentar. Eu não mordo não –sorriu Afrodite dando uma piscadela a Kamus. Assim que viu-o acomodar-se na cadeira vazia ao lado de Milo, prosseguiu –Você não é daqui, é? Do país, quero dizer.

–Sou da França.

–FRANÇA! –exclamou Afrodite extasiado –Realmente você tinha jeito de que era francês. Seu porte, seu sotaque, seu refinamento... Mudando de assunto, –disse ao ver Máscara lançando-lhe um olhar zangado –deixou alguma namorada, ou namorado –acrescentou com uma risadinha –na França?

–Não, ninguém –disse ele um tanto sem-jeito ao ver que todos na mesa prestavam atenção em tudo que dizia.

–Hum... temos mais um solteiro no grupo –sorriu Afrodite –Você precisa participar de uma de nossas reuniões. Estarão todos lá: Mu, Shion, Aldebaran, Saga, Kanon, Aiolia, Shaka, Dohko, Aiolos, Shura, o Mask, o Milo e eu também , obviamente.

–É sempre a maior farra quando nos reunimos –manifestou-se Máscara.

–É realmente bem legal. –disse Milo –Todos se divertem muito nessas reuniões, o Mu e o Shaka não curtem muito. Muito barulho pra eles...

–Conto com sua presença na próxima reunião Kamus –piscou Afrodite.

–Certo –respondeu Kamus.

–Tão quietinho... Você é uma graça! Se eu não amasse tanto o meu Mask você não me escaparia tão fácil –disse Afrodite que, depois de fazer o francês ficar enrubescido com o comentário, lançou um significativo olhar a Milo, que retribuiu com um sorrisinho –Ah, já ia me esquecendo: a partir de hoje me chame de Dite. Meus amigos me chamam assim.

–Todo mundo te chama assim Dite –disse Milo com ar de riso.

–Acho que sim, né? –disse fazendo um gesto de pouco caso com a mão –Mas você vai me chamar assim também, não é Kamus?

Kamus apenas assentiu com a cabeça.

–Dite, você combinou de encontrar com o Misty às seis e meia –disse Máscara consultando o relógio de pulso.

–Ai meu Deus, é verdade! –exclamou –Desculpe gente, mas eu tenho que ir –levantou-se da mesa juntamente com Máscara –Até mais Milo. Foi ótimo te conhecer Kamus! –disse pouco antes de sair.

–Tchau –disse Máscara seguindo Afrodite.

–Bem... –disse Milo levantando-se da mesa, pouco depois –Vamos nessa?

–Vamos –disse Kamus levantando-se e saindo do local enquanto o grego se despedia de alguns conhecidos.

O céu tomava tons escuros de azul e o sol alaranjado no horizonte estava para se pôr. Observou atentamente os maravilhosos tons que se formavam no céu até que se sentiu tremer levemente ao escutar uma voz ligeiramente rouca próxima de si.

–Espero que o Dite não tenha te incomodado –disse Milo –O jeito dele é assim mesmo.

–Não, não incomodou –disse Kamus um tanto surpreso com a forma como seu corpo reagiu ao escutar a voz do grego, que já estava há uns metros a frente –O Afrodite e o Marco são...

–namorados? Sim. O Dite gostava dele há muito tempo e tanto tentou que conseguiu fisgar o Mask. Só um aviso: é melhor acostumar-se a chamá-lo pelo apelido, pois ele te mata se chamá-lo de Marco. E olha que ele é forte pra caramba e o soco dele dói muito. Sei por experiência própria –riu.

Kamus esboçou um sorriso, o que fez Milo olhá-lo um tanto surpreso.

–Meu Deus! Você ri! –exclamou divertido –Desde que você chegou aqui até agora não te vi sorrir nem uma vez. Sabia que sorrir faz bem? –disse enquanto caminhavam pelas ruas, que escureciam rapidamente –Se você se juntar ao nosso grupo, duvido que seu jeito sério dure muito tempo. Só se você for um santo, como o Mu, ou estiver tentando virar Buda, como o Shaka.

–Você gosta de falar mal deles, não é?

–Ei, também não é assim... Eu adoro os dois, só acho que eles deviam viver mais intensamente. Acredito que estamos nesse mundo para sermos felizes, rirmos muito, fazermos muitos amigos e amarmos intensamente... Não importa quem seja a pessoa –disse lançando outro se seus olhares incógnitos, que faziam o contato visual ser quase torturante –Por isso não me prendo a regras, costumes, sexo ou religião. Sou assim pura e simplesmente.

–Talvez você não esteja errado... –murmurou Kamus olhando para as estrelas que preenchiam o azul-marinho do céu.

O modo de o grego ver a vida era tão simples, otimista e liberal. Chegava a ser estranho ver o quanto era diferente de Milo. Sempre fora tão racional, procurava lógica em tudo que o rodeava, que este modo tão leve e descomplicado de enxergar a vida chegava a ser assustador. Continuou por um bom tempo andando perdido em pensamentos até que Milo tirou-o novamente de seus devaneios.

–Nossa, como o céu está limpo! Geralmente não dá pra ver tantas estrelas daqui –disse olhando fascinado para o céu, seu rosto iluminado apenas pela luz da lua e pela fraca iluminação pública, um sorriso brincando em seus lábios, os longos cachos azulados balançando a favor do vento noturno. Era uma visão quase divina. Uma visão que não mais sairia da mente de Kamus, a partir daquele momento.

–Então são vocês mesmo –disse uma voz às suas costas. Ao se virarem repararam que era Shaka, carregado com inúmeras sacolas de mercado. –Poderiam me ajudar? –perguntou num tom meio mal-humorado.

Kamus foi o primeiro a se oferecer para pegar algumas das muitas sacolas que Shaka carregava. Milo pegou-as a contragosto e veio reclamando baixinho até chegarem a casa.

–Já falei pro Mu umas 500 vezes que dá o maior trabalho fazer as compras do mês de uma vez só –resmungou Milo –Aqui não tem serviço de entrega não –entrou, com um pouco de dificuldade, porta à dentro, indo diretamente para a cozinha para reclamar com Mu, que trajava um alvíssimo avental.

–O Milo é assim mesmo –esclareceu Shaka, que tentava trancar a porta, o que não estava sendo fácil pela quantidade de sacolas em suas mãos, a Kamus –Tão infantil... mas é um bom amigo, isso tenho de admitir.

Ao chegaram a cozinha encontraram Milo sentado em uma das cadeias, com uma expressão emburrada, e Mu, que já havia começado a guardar as compras.

–Eu te ajudo –disse solicitamente Shaka, colocando suas sacolas em cima da mesa, junto das sacolas que Milo e Kamus carregaram.

–Obrigado –sorriu Mu com meiguice.

–Vou tomar um banho... –disse Kamus que evitava, mesmo sem saber ao certo o motivo, olhar para o grego.

–Fique a vontade. Daqui à uma hora o jantar estará pronto –disse Mu.

OooOooO

Abriu a torneira e deixou toda aquela água quente tomar seu corpo. Seu primeiro dia ali havia sido muito cansativo, e muito divertido também. Conhecera muita gente e seus companheiros de república pareciam ser bem agradáveis. Imaginou que tivera muita sorte também. Mal chegara a cidade e já arrumara um emprego. Graças a Milo. Tornou a sentir uma sensação estranha ao lembrar-se do grego a observar as estrelas. Esfregou os olhos com força, como se com isso pudesse tirar tal cena de sua cabeça. Lavou o corpo e os cabelos com delicadeza e, após se enxaguar, fechou o chuveiro, pegando a toalha que trouxera e usando-a para secar seu delineado corpo. Enrolou-se no roupão e, ao ver que não tinha ninguém no corredor, rumou até seu quarto.

Abrindo a porta deparou-se com Milo, que mexia distraído no computador, que sequer notara sua presença. Deu uma suave batida na porta, tentando assim chamar a atenção do outro.

Os olhos do grego, que estavam até então grudados na tela do computador, viraram-se para o francês, pousando demoradamente nos cabelos verde-azulados, encobertos pela toalha, e no tórax mal coberto pelo roupão semi-fechado, finalmente fitando suas feições.

–Ah, já terminou –disse simplesmente –Pode ser trocar a vontade, não vou atrapalhar –voltou a encarar o monitor.

O francês fitou a nuca do grego, sem-graça e, pegando algumas roupas confortáveis no armário, começou a vestir-se. Ao terminar aproximou-se timidamente do computador, onde Milo digitava freneticamente.

–Tenho um blog. Tava atualizando; já fazia um bom tempo que não escrevia. –disse ao ver o olhar levemente curioso de Kamus –Se quiser entrar, o link é: w w w . miloscorpion . n e t. Não é lá grande coisa, mas gosto dele. Fui eu que fiz o layout, olha –disse apontando para o monitor, onde se via um fundo negro e escarlate. Junto ao título do blog era visível a constelação do signo de escorpião. No blog havia também muitas imagens e gifs de bandas. O francês reparou que o cursor era um escorpiãozinho –Você tem blog?

–Tenho um site. Publico histórias, gosto de escrever.

–Sério? –o escorpiano olhou-o curioso –Vou te adicionar nos meus favoritos, qual é o link?

w w w . iceman . spotnet . fr .

–O jantar está pronto –avisou Mu adentrando o aposento após bater levemente na porta.

–Já vamos Mu –sorriu Milo olhando rapidamente para o ariano, que fechara a porta, retirando-se –Quer dizer então que você é escritor? Legal! Escreve o quê? Poemas?

–Alguns. Escrevo tramas investigativas, suspenses e romances às vezes –disse ele vendo Milo desligar o computador.

–Depois vou ler suas histórias. Vamos ver se é um bom escritor... –sorriu o grego fechando a porta do quarto, rumando à cozinha, acompanhado do francês.

OooOooO

Já era tarde da noite. Milo acordou assustado, olhando para o relógio digital na cômoda. Tentou ajeitar-se melhor e voltar a dormir, mas algo pareceu chamar sua atenção. Levantou-se e caminhou até a cama próxima a sua. Seus olhos pousaram na figura ali profundamente adormecida. Os cabelos lisos displicentemente espalhados pela cama, o alvo e delineado corpo vestido apenas com um moletom e uma camiseta larga, a linda face com um semblante sereno, tranqüilo, parecia até que havia um sorriso em seus lábios. Sentiu seu corpo ferver com tal visão. Uma estranha vontade de tocar naquele corpo, iluminado apenas pela fraca luz do luar que invadia o aposento, apossou-se dele.

Suspirou e, dando uma última olhada na face adormecia do francês, voltou a sua cama na tentativa de pegar no sono; o que não demorou muito.

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Finalmente consegui tempo para digitar meu primeiro A.U.!
Essa fic na verdade foi concebida como um one-shot, porém como ficou muito longa (21 folhas de fichário) decidi dividir em 3 caps (+ou-). Esse cap é de tamanho médio, o 2º é pequeno e o último é o maior.


Como não sou muito bem-informada sobre o funcionamento de uma universidade, considerem qualquer errinho uma "licença poética”, tá?


Aguardem, pois mais coisas virão por aí...


Reviews são super bem-vindos, tá? XD


Kissus


|Mi-chan|


PS: Em breve eu comento de onde tirei inspiração pra escrever a fic (embora seja meio óbvio), entre outras coisas.


(Fanfic publicada originalmente em 15/07/2006)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Segredo de White Village" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.