Monossacarídeo escrita por Ciborgue Folks


Capítulo 8
A Fênix


Notas iniciais do capítulo

Demorei mil anos...
Tem culpa eu, tem culpa Cátia ;D



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- Matt, o que você vai fazer com essa caixa de cigarros?

- Joga essa porcaria fora. Serve pra nada mesmo!

- Se você fosse mais inteligente teria pedido uma boca de fumo inteira.

- Blá, blá, blá, tanto faz... Ow Mello, você sabia que amanhã é Dia de Finados?

- Hm... E daí?

- Segundo meu Manual de Mortificação Celestial dos Humanos temos o direito de ir visitar alguma pessoa viva nessa data.

- Pessoa? Qualquer pessoa viva?

- Aham.

- Ah.

- Você vai na SPK né?

- O que eu iria fazer na...?

- Atrás do Near né?

- Eu não vou a...

- Tem fogão elétrico lá?

- Ahn... Tem...

- Tá quebrado não né?

- Que eu saiba nã...

- Você já jogou a caixa de cigarros fora?

- ...

17 de Abril de 2004 -  13:30


- TÁ DOIDO PORRA?

Porque, diga-se de passagem, alguém que acaba de sair dum hospital e se recusa a fazer qualquer check-up não pode estar em seu juízo perfeito.

- Doido e gay. GAY. Você sabia que eu sou gay, Matt? Porque EU NÃO SABIA.

Caramba! Essas notícias correm mais rápido que puta fugindo de aliança. Crêemdeuspadi! E depois as pessoas se perguntavam por que L não tinha amigos. Amnésia. Esqueceu que tava em Death Note e resolveu baixar o espírito de Gossip Girl.

- Mello... – fiz cara séria – Você é gay?

Eu ganhei outro belo soco com isso que deixaria meu olho roxo por três dias, mas sabe do que mais? Era tão bizarro o comentário tosco de Mello ser gay quanto Lex Lutor vestido de mulher gato na festa do Batman (?).

- Por que você está rindo, demente? Você também é gay, esqueceu?

Ops!

- Rá. Não teve graça. – resmunguei.

- Dane-se! Não sou eu mesmo que sou o fodido da história.

- O que? Tá falando que eu fico por baixo?

- Se estivesse um milímetro mais embaixo estaria no inferno.

E soltou uma gargalhada vagabunda enquanto eu mandava meu melhor olhar Wolverine – que na hora tava parecendo mais o de um velho com Parkinson depois de levar uma bolada de beisebol no olho.

- Okay... Chega desse assunto estranho. – até porque “ser o fodido da história” não é um assunto muito normal para início de conversa – O que disseram? Lá no hospital?

Mello ficou sério e cruzou os braços na frente do peito com seu típico olhar congela-até-o-inferno. Naquele momento eu soube que havia algo de muito errado perpassando suas unhas afiadas nas paredes daquele orfanato.

- Eu fui envenenado. – sentenciou, e sua voz pareceu mais grave do que o normal – O filho da puta me meteu Fenol pela goela, acredita?

Meteu o quê?

- Envenenado? Como assim envenenado?

- Acha que eu tenho cara de carpete para me meterem um desodorizante pela garganta?

Eu faria o mesmo levando em conta a boca suja dele.

- E o que nós vamos fazer? – perguntei horrorizado.

- Ué! Nós vamos listar tudo o que eu comi naquele dia, e vamos investigar.

- Tudo... O que... Você... Comeu? – tentei processar – COMO DIABOS VOCÊ QUER QUE EU FAÇA ISSO? Você come até a tinta da parede.

- Não, eu já chequei. – falou ele tão disperso que nem percebeu o que acabara de dizer.

- Você comeu tinta da parede?

- Ahn... Eu? Não seja bobo, Matt! Quem é que come tinta da parede? – ele fez uma careta – Mexa-se! Temos trabalho a fazer.

Era justo. Depois de uma longa folga desde o dia em que tive de procurar unhas nas mãos de cada infeliz pirralho daquele lugar infernal, investigar todos os lugares em que Mello tenha colocado a boca não parecia tão difícil.

...

Isso foi no bom sentido.

Mesmo L e uma boa parcela de ouvintes curiosos tivessem a mais pura certeza de que eu teria de procurar em minha cueca também. Mas isso não vem ao caso.

Saímos do quarto juntos, com a mesma cara lavada de quem não sabe por onde começar. No entanto não pudemos dar um passo a mais. Um enxame de jovens curiosos nos espreitava. Seus olhos devoravam a gente. De repente um guindaste me arrancou do mundo de Gossip Girl e me aterrissou violentamente em Walking Dead. Era uma pena que, no caso, éramos os caras desarmados que tinham cheiro de churrasco de sábado.

- Quê que é que vocês tão olhando? – perguntei a lá Napoleão Bonaparte – Circulando. Simbora!

Ninguém moveu um único dedo.

Tipo... Fudeu né?

Anarquistas?

Partido comunista?

- Hei, amigo. – Mello chamou o mais alto da turminha, que parecia ser o líder dos anarquistas/skinheads/punks/emos/sejamláqueporraeleseram – Se não parar de me olhar assim, serei obrigado a arrancar seus olhos.

O garoto juntou seus pés em posição militar e abaixou os olhos. Em poucos minutos todos os olhos que nos esquadrinhavam como pedófilos em Neverland imitaram seus gestos. Era um novo “heil, Hitler”, por assim dizer. Mas para um nazista velho.

Claro... O ariano máster havia chegado e o seu cheiro de chocolate havia se espalhado por todo aquele lugar. E eu, o regente, havia voltado para o esquecimento.

...

Okay, isso foi dramático. Agora me sinto como uma virgem derrotada.

- Você testou o chocolate? – perguntou Mello, agora passando pelo vão de pessoas que abriram passagem a nós.

- Chequei. Não aconteceu porra nenhuma e eu ainda tive que inventar aquela desculpa furada para L.

- L... Ele não sabe de nada, não é?

- Claro que ele sabe! Inventei que nós somos gays só para apimentar a história. – ironizei, recebendo um olhar letal do louro.

E vocês sabem que, quando alguém que é predisposto a liderar um contrabando mafioso dentro dum orfanato lhe olha desse jeito, é muito bom ficar calado.

- Pois bem. Então vamos começar pelo café da manhã...

- Mello!

Nós olhamos em sincronia como gêmeos. Especialmente àquele dia estávamos ridiculamente sincronizados. Era Emma, no fim do corredor, agitando os braços como um índio fazendo dança da chuva. Para a admiração geral (vaias e afins) eu não achei que ela estava horrorosa e antipática como Paris Hilton ganhando na loteria após ser eleita Miss Universo. E, para ser bem sincero, ela estava muito diferente da patricinha remelenta que eu conhecia. Algumas olheiras marcavam seus olhos, seus cabelos pareciam uma sedosa juba de leão e sua roupa não brilhava como se ela tivesse ido trabalhar de stripper. Um uniforme militar definia uma garota muito mais rígida do que antes. É uma pena que eu não a tivesse conhecido desse modo, senão diria que ela era a Yang do Mello.

- Emma! – ele foi abraçá-la.

E pelo que me diz a longa experiência de seguração de vela quando Mello abraçava uma garota e ela simplesmente derretia em seus braços, Emma me parecia bem apática a isso.

Apático... Talvez o que eu tinha visto no espelho outro dia pudesse ter uma relação quanto a isso. Conversar com Near daria insônia a muita gente. Isso explicaria muita coisa, agora que ela praticamente tinha virado uma mini-L versão feminina.

- Você está bem? – ela perguntou, mas tava na cara que ela não estava nem aí para isso.

- Melhor agora.

Ahn...

Náusea.

- Que bom. – mais uma vez aquela indiferença – É uma pena que você não tenha chegado a tempo para o futebol. Alex estava animado.

- É eu perdi muita coisa enquanto estava no hospital. – ele meio que sorriu, mas digamos... Mello nunca sorri de verdade – Vamos para o jardim. Aí você pode me atualizar com i...

- E o Matt?

Ah... Eles se lembraram de mim sabe. No momento eu estava bem distraído tirando meleca do nariz enquanto pensava em como vencer o boss de Alice em Kingdom of Hearts.

- O Matt tem... Umas listas para fazer, não é Matt?

- Ah sim! Tenho que procurar umas coisas.

Coisas = uma privada para vomitar antes de ver Mello dar um meio abraço nela.

Tarde demais.

- Então vam...

- Mello. – ela se desvencilhou dos braços dele um pouco mais decidida agora.

E não sei por que diabos eu não saí correndo dali quando tive a chance. Tive uma leve impressão que alguém tinha que servir de saco de pancadas do chocólatra, e eu estava tão bem disponível. Sem falar que se ele desse um soco no outro olho não ia ficar tão estranho como estava naquele momento.

- Nós não temos mais nada.

Ele a olhou como se não tivesse entendido porra nenhuma. Chama-se: entender, mas ignorar o fato e presumir que alguém está fazendo “Gugu dada, pegadinha do malandro” com você.

- Eu não gosto mais de você.

- Você tá me dando um fora? – perguntou Mello.

E aquilo soou como: “Quer que eu mate o contrabandista, minha filha? Por que com certeza aquela erva que ele te deu estava vencida.”

- Sim Mello, eu estou. – ela estava tão apática e desinteressada que eu poderia dizer que L havia reencarnado nela – Há pessoas bem melhores que você aqui. Não fale como se eu fosse doida por não querer mais nada com você.

Uau! Ela era doida.

- Pessoas bem melhores? – agora era apatia contra cinismo – Como quem?

Ela sorriu de canto com um olhar no mínimo assustador.

- Como Near.

...

...

...

POF*

Isso, obviamente, foi eu caindo de cara no chão após uma tentativa de correr e de parar ao mesmo tempo diante daquela declaração. Estava bem claro que Mello precisava de uma bíblia, água benta e uma cruz para exorcizar aquela criatura. Não. Melhor! Ele precisava dos irmãos Winchester, porque o bicho era brabo mesmo.

ZUMP*

Isso foi o braço de Emma se desvencilhando de Mello e acompanhando-a para fora dali, enquanto sua sapatinha fazia um barulhinho extremamente chato no chão.

POFT*

Isso foi o chute que Mello me deu no meio do nariz só porque eu estava em seu caminho. Razoável. Eu pensei que ele passaria por cima de mim.

- Matt?

- ...?

- Você ainda tem aquelas economias guardada para comprar o X-Box?

- Tenho.

- Você vai ter que esperar mais um pouco.

No momento, esteja mais preocupado com a minha fiança.


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Notas finais do capítulo

Hohoho'
#LevaTomatada
Sorry... Eu demorei e o capítulo é ridiculamente pequeno, mas é que eu ficou super confusa quando demoro muito tempo para atualizar a fic, e não dá para fazer algo maior.
No entanto, sobretudo e doravante, estou disposta a postar um novo capítulo nesse feriadão mesmo, se os leitores (lindos/magavilhosos/estoupuxandoosaco) não me matarem antes, claro. ;)