Amar Você escrita por Marcela


Capítulo 31
Aniversário




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Naquela noite eu havia sonhado que morava em um castelo, mas não era exatamente igual ao que eu sempre ouvira falar. Não haviam riquezas, servos, ouro e outras coisas do gênero, mas existia um príncipe encantado - o meu príncipe. Talvez estivesse enganada quando disse que não precisava de um príncipe encantado para viver, pois ele sempre esteve ao meu lado, mas nunca demonstrou afeição - talvez fosse o medo de se libertar da capa protetora que o encobria de amar verdadeiramente. E eu sabia que o castelo que agora eu morava era, literalmente, o seu coração, onde os portões de ferro haviam se transformado em uma cortina a qual me permitia entrar facilmente em seu interior e ali desfrutar de tudo o que tinha direito.

 

 

 

Talvez eu tenha sido ingênua, tenha me perdido em seus olhos amendoados e nunca ter tido a chance de perceber que o único erro ali, era de eu estar perdidamente apaixonada pelo meu melhor amigo, mas agora, eu finalmente tinha notado e conseguido entender que a vida não era, simplesmente, um conto de fadas, onde vivíamos felizes para sempre, mas sim um conto que apenas será contado por nós, e vai ser a gente que vai decidir o nosso final e se ele vai ser feliz ou não. Eu não era uma princesa, mas ele estava dentro da minha história, tornando o meu ‘conto de fadas’ em um lindo final feliz.

 

 

 

O despertador tocou consecutiva e irritantemente - era o meu aniversário.

 

 

 

Rolei na cama, enrolando o cobertor em meu corpo e afundando, pela última vez, meu rosto no travesseiro macio. Embora fosse mais de onze horas da manhã, eu ainda estava sonolenta e certamente estaria parecendo um zumbi, pois a viagem de volta do sítio fora muito cansativa. Levantei-me, me dirigindo rapidamente ao banheiro, mas a presença da minha melhor amiga, parada, fitando minha cama, me impediu de continuar.

 

 

 

- Bom dia, Magali! - Sorri convidativamente para ela.

 

 

 

- Ah, oi. - A garota parecia distraída com alguma coisa - Só vim avisar que não vai dar pra sair hoje com você.

 

 

 

- Por que? - Franzi o cenho - Não está esquecendo de nada não, amiga? - Ela, realmente, não poderia ter esquecido do meu aniversário.

 

 

 

- Não, eu trouxe seus tênis que você esqueceu comigo no sítio. - Magali deixou o meu pertence ao lado da cama e se dirigiu para fora do quarto - Tchau!

 

 

 

Quando dei por mim, estava boquiaberta. Aquilo, sinceramente, não era normal. Ela não se lembrara da minha data comemorativa pela primeira vez e havia cancelado o que tínhamos combinado para fazer hoje. Fiquei realmente chateada com a situação.

 

 

 

- Tchau né. - Cabisbaixa, voltei a andar em direção ao banheiro.

 

 

 

Teria que programar meu dia novamente. Quem sabe poderia ligar para o Cebolinha - ele certamente sairia comigo, mas o que realmente me estranhou, foi o fato de meus pais não terem me cumprimentado hoje. Acho que acordei de vez quando a água extremamente gelada caiu do chuveiro, molhando meu corpo, antes quente.

 

 

 

- AAAAAH! PAIÊ, ESSA DROGA QUEIMOU! - Berrei com o susto que havia levado.

 

 

 

Esperei um minuto, depois cinco, logo dez e nada. Acho que ele não tinha escutado meu grito pouco histérico. Me enrolei na toalha e fui até a sala, a qual se encontrava vazia. Definitivamente, isso estava ficando muito estranho para mim. Meus passos tensos não faziam barulho no assoalho, mas minha respiração ofegante preenchia todo o espaço como um trovão. Droga, onde eles haviam ido? Será que esqueceram do meu aniversário também, assim como Magali? Tudo estava confuso.

 

 

 

***

 

 

 

- Alô, Dona Cebola? É a Mônica. - Tentei ser educada - O seu filho está em casa?

 

 

 

- Olá querida. - Ela parecia alegre, diferente dos outros - Vou chamá-lo.

 

 

 

- Obrigada.

 

 

- Mô? - A voz delicadamente doce me chamou do outro lado da linha.

 

 

 

- Cê? Tudo bem? - Me animei.

 

 

 

- Hum... É... Estou. - Ele parecia um pouco diferente - Sabe o que é? Estou um pouco ocupado agora. A gente se fala depois. Beijos.

 

 

 

- Mas...

 

 

 

Aquela era a segunda vez no dia que eu ficava falando sozinha e eu já estava um tanto irritada. Nem meu próprio namorado tinha me dado os merecidos parabéns e isso era constrangedor. Decidi então, pegar alguns filmes na locadora e passar a tarde toda, sozinha, curtindo minha solidão embaixo das cobertas, comendo pipoca.

 

 

 

 

Já era quase oito da noite e eu estava no quarto filme da sessão, quando o telefone tocou e, sem muita vontade, levantei-me para atender. Os pés cobertos com as meias quentes deslizavam pelo chão, como no gelo, indo em direção ao objeto que berrava consecutivamente pedindo para ser atendido. Suspirei cansada e respondi pela chamada.

 

 

 

- Quem é? - Minha voz seca ecoou pela linha.

 

 

 

- Mô... Me ajuda! Eleterminoucomigo... EU NÃO SEI O QUE FAZER! ACHO QUE VOU MORRER! - A voz trêmula do outro lado chorava desesperadamente, dificultando meu entendimento.

 

 

 

- Magali? Fala devagar. - Implorei.

 

 

 

- O QUINZO TERMINOU COMIGO, AMIGA!

 

 

 

- Calma Maga! Fica tranqüila! - Tentei acalmá-la - Já estou indo até sua casa.

 

 

 

Quando ela desligou o aparelho, eu corri trocar de roupa e acabei vestindo o básico - calça jeans e uma blusa de frio bem quentinha, acomodando os tênis em meus pés. Graças à Deus não chovia, pois meus pais ainda não estavam em casa e eu teria que ir até a residência da minha amiga, a pé e sozinha. Abri a porta da frente e visualizei bem a rua, que por sinal estava escura e deserta. Senti um arrepio passar pela minha coluna - há muito tempo não andava por um lugar assim, sem ninguém.

 

 

 

Fim do 31º Capítulo.

Desculpem-me a demora, pois tive alguns problemas pessoais :/ Mas já passou. Espero que tenham gostado desse capítulo e eu acho que está chegando ao fim... Comentem o que acharam :) Beijos e obrigada pelo carinho.


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