Amar Você escrita por Marcela


Capítulo 23
Quermesse




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Uma de suas mãos esquentava a minha, enquanto nossos dedos se entrelaçavam em um laço perfeito, que não durou muito, pois seu braço envolveu meu ombro, fazendo o sangue subir até minha face, corando-a de leve, sem que ele percebesse. Nossos passos eram lentos e calmos, enquanto passeavam pela estradinha, onde um cobertor de folhas secas, conseqüência do outono, descansava. Imaginei como ficaria aquele lugar na primavera, em que as árvores, que se encontravam ao lado da estrada, quando floridas, formavam um túnel que engoliria cada um que passasse por ali.

 

Logo uma brisa gelada bateu contra eu e Renato, fazendo nossos cabelos negros cambalearem levemente. Um sorriso torto se desenhou em sua face delicada e eu suspirei tranqüila. O garoto estava sendo tão fofo a ponto de eu me encantar de um modo tão fácil, e eu não queria isso, não queria me iludir novamente e depois ficar sofrendo por alguém que não me amasse do jeito que eu a amaria.

 

- Pra você! - Renatinho esticou uma flor em frente ao meu rosto - Achei aqui e era a última. - Ele apontou, sorrindo, para o chão, onde não havia mais nenhuma igual.

 

- Ai que linda! - Meus olhos brilharam com o ato do meu amigo - Amei Renato! Você é um fofo! - Ops, falei demais.

 

- Er... - Ele corou - V-você também é.

 

Coloquei, delicadamente, a flor no cabelo, em cima da orelha direita e corei novamente, assim que ele afagou meu braço, tentando me esquentar do frio. Apertei-me dentro daquele casaco fino e Renato pegou minha mão, me puxando para correr junto com ele. Pedi para o mesmo ir um pouco mais devagar se não eu iria tropeçar em meus próprios pés, já que sou uma lesada.

 

Quando eu finalmente parei de correr, minha respiração já estava ofegante e Renato a acelerou mais ainda, após me prensar, não brutalmente, no tronco da grande árvore que se encontrava atrás de mim. Ele ria contente e um tanto malicioso, fazendo-me sorrir encabulada, mas desenhando uma aparência séria em minha face, logo depois. Tratei de disfarçar minha respiração, enquanto ele olhava maravilhado para minha boca.

 

Tentei pronunciar qualquer som, mas estava tão sem graça com a situação que fiquei muda. Os verdes dos seus olhos fitaram o negro dos meus, me fazendo estremecer, mas os fechei quando senti o ar que saia de suas narinas se misturar com o meu. Aos poucos os seus toques em meu corpo foram se tornando cada vez mais intensos, indo do meu braço até as costas, enquanto seu queixo descansava em meu ombro.

 

Logo ele voltou a fitar meu rosto encabulado e riu, colocando as mãos no mesmo, impedindo-me de me movimentar a parte de cima do meu corpo. Sua boca estava quase colando na minha, quando abri os olhos rapidamente e os rolei para o lado, olhando seu relógio, para achar uma desculpa e escapulir daquela situação constrangedora.

 

- O-olha! Já... Já são... É... Cinco? - Gaguejei - Já são cinco horas da tarde, Renato! - Não demorou muito para eu conseguir pronunciar tais palavras - Que coisa, não?

 

- Er... - Ele sorriu sem vontade - Pois é. E isso é uma desculpa para me deixar aqui? - Sua voz ficou seca.

 

- C-claro que não! É que eu... É... Eu tenho que... Ir. - Disse, já me distanciando do garoto.

 

- Eu não mordo! - Ele riu maliciosamente.

 

- Ui! Eu também não. - Disfarcei um sorriso - Er... Tchauzinho. - Acenei.

 

Corri, deixando-o lá, embaixo da árvore, sozinho.

 

ooOoo

 

Fechei aquela blusa xadrez preta e branca, de manga comprida para me esquentar no frio, que realçava meus volumosos seios. A calça jeans tinha me caído muito bem para aquele dia e as botas eram extremamente lindas para meus pés. Penteei meus cabelos de um corte chanel, colocando aquele chapéu da ocasião, e notei que Magali me fitava de queixo caído.

 

- Ui amiga, que sexy! - Ela riu contente - Vai dar uns pegas quentes em quem hoje, hein? - Sua voz tinha um tom de zoação.

 

- No seu namorado é que não é! - Caçoei, rindo também - Brincadeira amiga. Não vou beijar ninguém.

 

- Sei. - Ela cruzou os braços - Finge que me engana, sua boba!

 

- To falando sério Maga. Vou lá pra fora. - Sai do quarto mostrando a língua para a comilona.

 

Já tinha passado da porta, quando ela gritou algo parecido com “Depois você me conta tudo”, mas o tom era um tanto baixo para eu poder ouvir claramente. Aquela minha amiga era uma palhaça, mas eu a adorava. Andei para fora dos aposentos, passando primeiro pelo corredor, onde trombei com alguém.

 

- Caramba! Não olha por onde anda não? - Disse, arrumando minhas roupas.

 

- Mas que saco! Você que não olha por onde passa, sua golducha! - Não precisava nem adivinhar quem era.

 

- Cebolinha! Eu... Eu não sou mais gorducha, seu bocó! - Cerrei os punhos, com raiva.

 

- Ah, vê se me erra Môni... Você ta linda! - Sua voz era sincera.

 

- Ah, e você ta só de toalha! - Demorei pra notar que apenas uma toalha cobria as partes íntimas dele.

 

- É... O nosso chuveiro queimou, então fui tomar banho no outro quarto. - Ele riu - Se me dá licença, vou me trocar.

 

- C-claro. Um menino lindo como você não pode se expor só de toalha por ai. - Já estava quase babando ali mesmo.

 

- Que? - Ele franziu as sobrancelhas, confuso.

 

- Ah, n-nada! - Corei - To indo. - Disse, correndo corredor à fora.

 

Caminhei um pouco e me sentei. Ainda nenhuma música podia ser ouvida, apenas observei as luzes que iluminavam aquela noite estrelada de Julho. Estava sentada em um tronco de árvore, que se encontrava no chão, sozinha, tomando um copo de quentão, para esquentar um pouco. Havia muita gente ali, tanto funcionários do sítio, quanto os moradores, vizinhos e amigos. O clima de festa era tão bom e eu adorava aquilo. Deslizei os dedos no copo e suspirei cansada, pensando no dia de hoje.

 

Levantei devagar, quase hesitando, e começei a andar para procurar alguém conhecido, mas não me dei muito bem, pois encontrar Cebolinha aos beijos com a Irene não estava, simplesmente, dentro dos meus planos. Ambos se encontravam sentados em um banco. Ela segurava seus cabelos, antes de cinco fios, e ele estava envolvendo as costas da garota com suas mãos macias, que, um dia, me tocaram. Corri até Renato que estava do outro lado da festa e o puxei para dentro dos dormitórios.

 

 Fim do 23º Capítulo.

 

Oi gente! Desculpa a demora de postar, mas aqui está mais um capítulo pra vocês, meus queridos leitores :) Espero que tenham gostado MESMO desse capítulo e ficarei muito feliz com as reviews :D Aguardem o próximo! MUAHHAHAH *risada maliciosa* Beijos Mil :*


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