Amar Você escrita por Marcela


Capítulo 21
Pesadelo




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Vinte três horas e trinta e cinco minutos, marcava o meu relógio de pulso - olhei enquanto bocejava, colocando a mão na boca. Pelo meus cálculos, chegaríamos ao sítio quando o sol estivesse nascendo. Iria ser uma longa viagem, mas o que mais importava é que a mesma prometia! Tinha certeza de que essa semana iria ser um máximo. Logo apoiei a cabeça no banco da van, fechando os olhos. A turma estava um tanto quieta, apenas algumas pessoas conversavam baixinho.

 

Já fazia meia hora que estávamos na pista, mas só agora notei a presença de alguém indesejável por mim. Loira de olhos verdes, magra e alta era sua aparência física. Chata, nojenta e cretina, sua personalidade. Não precisaria nem adivinhar de quem que ela estava sentada ao lado; é claro que seria do Cebola. Quem será que foi o desgraçado que a convidou? Eu estava sentada sozinha. O lugar do meu lado estava vago antes dele sentar lá. O garoto começou a falar comigo, em baixo e bom tom, mas eu não olhei para seu rosto.

 

- Er... Oi Mônica.

- O-oi. - Minha voz falhou.

- Tá com sono?

- N-não. - Repondi sem olhar para ele.

- Hum, nem eu.

 

Caramba, o que estava acontecendo com a minha voz? Que droga, não parava mais de gaguejar. Só podia ser a gripe, tinha que ser a gripe. Uns minutos atrás, a Magali havia se oferecido para se sentar comigo, mas achei melhor ela ficar com o Joaquim que ela ganhava mais - a Maga tinha que aproveitar a viagem com ele, pois, pelo menos, ela tinha um namorado, e eu não. Suspirei e fitei, através da janela, a estrada que corria apressada lá fora. Graças à Deus que não estava chovendo. Odiava viajar na pista, de noite, com chuva.

 

- Mônica... - Sua voz era calma.

 

- Diga.

 

- Você me perdoa?

 

Rolei os olhos para o moreno e ele tinha um olhar lúgubre estampado em sua face. Mordi os lábios inferiores da boca enquanto pensava em uma resposta a devolver para o garoto. Ele pegou uma de minhas mãos e a acariciou, fazendo movimentos circulares com seu polegar; estremeci com seu ato e corri meu olhar até o chão da van, sorrindo. Pude escutar algumas risadinhas abafadas e de um baixo tom, escaparem de sua boca.

 

- R-renatinho? - Não podia ser ele! - O que... O que está fazendo aqui? - Ah Meu Deus! Era ele mesmo!

 

- Poxa Mônica, esto falando com você aqui dentro da van já faz um tempo e você nem percebeu que era eu? - Ele riu sem graça e em baixo tom.

 

- D-desculpa é que... É que você está muito diferente, tá tão... Tão lindo, que acabei não te reconhecendo.

 

- Er... Obrigado. - Ele sorriu, deixando à mostra todos seus dentes brancos e brilhantes - Você também mudou bastante sabia? Está muito bonita.

 

- Ah, são seus olhos. - Aiiiii como ele é fofo! - Você está tão bonito agora e... - Notei já estar quase babando ali mesmo - Quer dizer... Não que você não fosse bonito antes, mas é que...

 

- Já entendi Mô. - Ele riu baixinho para não assustar os outros que ali se encontravam - Mas você me perdoa por não aparecer antes? Já fazia bastante tempo que não nos falávamos e eu decidi aceitar o convite do Titi para ir ao sítio do Chico com vocês.

 

- É mesmo? Que bom que aceitou! - Sorri encabulada - Perdoo sim. - Parei de falar por um instante - Lembra aquela vez que os meninos aprontaram com você para que eu te batesse?<¹>

 

- Lembro sim. Esses garotos só mudam de aparência, porque a mentalidade deles continua como se fosse de um menino de seis anos.

 

- Nem me fale.

 

Corri com meus olhos de um castanho amendoado até meu amigo de infância, que dormia apoiado no ombro da loira aguada - credo, ele estava quase babado ali, mas bem que eu gostaria de estar no lugar da idiota de Ilene. Ah, aquela garota me dava ânsia de vômito, que nojo. Sorte dessa loira oxigênada que eu não trouxe o sansão.

 

- Estou ficando com sono. - Bocejei, ao falar com o Renato.

 

- Pode descançar aqui no meu ombro. - Ele sorriu convidativamente - Daqui a pouco vou cair no sono também.

 

- Valeu. - Deitei e fechei os olhos, quase dormindo - Estou feliz por ter vindo com a gente.

 

- Também estou. - Ele beijou meus cabelos castanhos - Durma bem.

 

O lugar era de um verde bonito, parecia ser um campo cheio de flores, onde as mesmas murcharam logo que a chuva começou a cair dos olhos das nuvens chorosas no céu. Tudo de repende ganhou um tom cinza que deixava o clima tenso e triste. O garoto, que antes tinha cinco fios de cabelo, corria pelo campo de mãos dadas com uma moça loira que aparentava ser mais velha que nós dois; não demorou para eu perceber quem era. Sim, era a Irene. O dois gargalhavam contentes, enquanto acariciavam as flores com seus corpos.

 

Por mais que a chuva caísse, eles não se molhavam. Parecia que ela afetava só a mim, que observava de longe a cena "romântica" de dois bobos alegres. Senti meu cabelo cambaelar e grudar em meu rosto. Logo lágrimas quentes deslisaram sem cessar por minha face lúgubre. Enxuguei-as rapidamente para que o casal não notasse minha tristesa, mas parecia que não adiantava.

 

Quanto mais eu tentasse chamar a atenção de ambos, eles não me olhavam, apenas fingiam que não me viam, fingiam que eu não estava ali. Os dois se aproximavam cada vez mais da minha pessoa, com um sorriso estampado em seus rostos, que ia até a orelha, de tão grande e contente que era. A Irene olhou fixamente para mim e gargalhou orgulhosamente, logo pegando as mãos de Cebola e as colocando no meu rosto.

 

- Olha só Cê... Ela é tão feinha não é? - As gargalhadas voltaram a escapar de sua boca - Fica aí chorando, só porque perdeu você para mim, não é máximo?

 

- Nã... Hum hum?! - Minha voz começou falhar.

 

- O gato comeu sua língua, querida Mônica?

 

- Sua... Su... Hum!!!

 

- Ah, já sei, é a minha presença não é? Eu sei que é! - Ela riu maliciosamente - Ajoelhe-se diante da minha pessoa! Vamos, estou mandando!

 

Apenas neguei, fazendo um movimento negativo com a cabeça, já que minha linda voz não saia mais. Não sei o que tinha acontecido, parecia que alguém estava me impedindo de falar, de pronunciar qualquer som que fosse. Coloquei as minhas mãos em meus olhos quando ela foi chegando cada vez mais perto do meu melhor amigo de infância, e indo ao encontro de sua linda e deliciosa boca.

 

- Não vai se ajoelhar fofa? - Ela riu novamente - Não tem problema não.

 

Sua boca foi ao encontro da boca do Cebolinha. Sua língua esbarrava ao tocar em seus lábios, pedindo permisão para entrar e logo começou uma dança sincronizada entre ambas. Cebola, sem hesitar, desabotoou os botões da blusa da loira e retirou a mesma, jogando-a na grama verde. A garota ficou apenas de saia e sutiã, pulando no colo do meu amigo, envolvendo a cintura do mesmo com suas coxas.

 

Eu, que não podia mais olhar para aquela cena, e que já não suportava mais ver aquele beijo quente e intenso, abri os olhos e me encontrei dentro da van, que seguia para o sítio. Notei estar suando frio e percebi que estava agarrada ao Renato. Algumas pessoas me olhavam assustadas. Sim, eu tinha tido um terrível pesadelo. Tratei de dar uma ajeitada em meus cabelos e desgrudei do meu amigo, fitando a janela logo em seguida.

 

- Tá tudo bem Mô? - Disse Renato olhando para mim.

 

- Tá sim, foi só um pesadelo. - Sorri encabulada.

 

O dia já estava clareando e logo o sol apareceu entre as nuvens - hoje não podia chover, hoje tinha que fazer sol! Não demorou muito para o verde daquele enorme sítio começar a pintar na paisagem, fazendo com que meus olhos brilhassem ao se depararem com aquilo. Logo eu iria ver o Chico e a Rosinha, meus velhos amigos. A ansiedade estava acabando...

 

Fim do 21º Capítulo.

¹ Os meninos do bairro do Limoeiro aprontam com o Renato e a Mônica, para que a dentuça batesse no menino com seu coelhinho azul, assim o renatinho se "tornaria" igual à todos os outros garotos do bairro, pois ele era o único que não havia apanhado da Mônica. Essa história está no almanacão de férias da Turma da Mônica; não a encontrei no site da turminha, por isso eis a explicação à cima.

Gente linda *O* Espero que tenham gostado :) Comentem o que acharam :D beijos :*


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