O que ela ia fazer agora? Não tinha a mínima ideia. O que aconteceria dali por diante? Também não sabia. Só sabia que, o que acontecesse, ela enfrentaria junto com Harry. Rony fazia muita falta, tanto pra ela como para Harry. Mas, de alguma maneira, ela estava se sentindo como nos velhos tempos.

Hermione não sabia dizer que horas eram, ou então se já havia amanhecido ou anoitecido. Ela estava completamente perdida no espaço e tempo. Naquele bendito porão só havia dois colchões finos (nos quais ela e Harry dormiam) e que ficavam no chão, uma mesa de madeira aparentemente podre e com duas cadeiras podres também e a porta. Apenas essas coisas. A castanha não estava acreditando que o amigo estava vivendo naquele lugar há tanto tempo.

O moreno havia lhe dito que, às vezes, só recebia uma refeição por dia. Bem, se é que poderia se chamar aquilo que ele comia de refeição. Era uma gosma branca com algumas coisinhas pretas, que pareciam ser algum tipo de... bem, algum tipo de alguma coisa. E Hermione não estava nem um pouquinho interessada em saber.

Agora, Hermione e Harry estavam sentados em seus respectivos colchões, conversando. Harry estava contando sobre os primeiros dias dele naquele lugar; bem, ele estava tentando. Pois quando ele foi levado praquele local, ele estava desacordado – e passou alguns dias assim, em um sono profundo. Mas, quando acordou e viu o lugar em que estava, pensou para si mesmo que tinha que manter a calma e tentar bolar algum plano para sair dali. Todos foram em vão.

–Esse porão é anti-feitiço e aparatação. – ele disse secamente, Hermione ouvia atentamente a tudo o que o amigo lhe contava.

Depois de alguns dias naquele lugar, Harry finalmente notou que não poderia fazer mais nada além de esperar. Esse, provavelmente, foi a pior época de Harry desde que havia chegado ali. Pois, foi nessa época, que Lord Voldemort começou a lhe fazer “visitinhas tortuosas”. Harry era torturado tão brutalmente que estava à beira da loucura quando, depois de muito esforço, conseguiu agarrar sua sanidade novamente. Porém, por pouco tempo. Os dias se passavam e ele continuava sendo torturado, mas, por mais cruel que possa parecer, ele acabou se acostumando com isso.

–Você acabou se acostumando, Harry? – Hermione perguntou perplexa.

Se acostumar com a dor de uma maldição como Cruciatus parece impossível aos olhos de pessoas que nunca foram torturadas diariamente por ela. Hermione era uma dessas pessoas, mas pelo “pouco” do que provou da maldição, não conseguia enfiar isso em sua cabeça.

–Sim... Às vezes você se acostuma até com as piores coisas para poder sobreviver. – Harry disse tristemente, fazendo o coração de Hermione se apertar.

Lord Voldemort trouxe Harry Potter para sua mansão, o colocou em cativeiro torturando-o todos os dias, porém não o matou na primeira oportunidade.

–Por que ele não te matou na primeira oportunidade? Quero dizer... não que eu esteja feliz pelo fato de você estar vivo, mas...

–Tudo bem, Hermione. Eu entendi. – Harry disse olhando para a amiga. – Bom, é meio complicado. Eu sei lhe responder isso, mas não sei exatamente como eu sei. De qualquer forma... ele não me matou porque queria continuar me torturando, para se divertir e me mostrar para todos seus seguidores para, então, eles verem que eu estava sob seu controle, para sempre. – Harry disse com a testa franzida. O coração de Hermione se apertou ainda mais, como se fosse possível.

–Todos ficamos tão tristes, Harry... – a castanha disse olhando para o moreno. Ele sabia que “Todos” se referia à família Weasley, à Ordem e seus amigos de Hogwarts. Ele sorriu fracamente ao lembrar-se de todos eles. E ele sabia que o “tão tristes” se referia a suposta morte dele. Então uma pergunta nasceu da mente de Hermione: - Harry, como... como você conseguiu escapar do duelo com Voldemort? – ela perguntou cautelosamente.

–Antes dele supostamente me matar, uma parte dele vivia em mim, Hermione. Por isso eu conseguia entrar em sua mente. Você sabia disso. – Harry disse e então tudo fez sentido.

Apenas a parte de Voldemort que vivia dentro de Harry foi morta. Mas a parte dele continuou vivendo. A parte de Harry continuou vivendo, apenas ele. Harry continuou contando mais de seus dias naquele porão, fazendo Hermione sentir ainda mais raiva e ódio de Lord Voldemort. Maldito ex-sonserino herdeiro de Salazar Sonserina!

Dias ou semanas se passaram e Hermione já estava cansada daquele lugar imundo. Havia recusado a comida que um comensal, aparentemente o cozinheiro da mansão, trazia para ela e Harry, porém, passado algum tempo, ela começou a comer. Afinal de contas, não dá pra fazer exigências em um lugar daqueles.

A castanha estava com tanta fome que achou aquele troço, ou melhor, aquela comida, bem gostosa. Estava comendo juntamente à Harry no colchão dele. Havia dias, ou semanas, que eles não trocavam uma palavra. Aquele lugar não ajudava em absolutamente nada pra arranjar algum assunto. Eles já haviam falado tudo o que tinham pra falar Bom, nem tudo...

– Mione, uma vez, depois que Voldemort me torturou, ele começou a murmurar umas coisas pra si mesmo... – Harry começou a falar, chamando a atenção de Hermione. – Não me lembro de muitos detalhes, mas me recordo que ele falou algo parecido com “a Ordem já sabe do meu segredo”. Que segredo é esse? – Harry perguntou curiosamente. Mas, no fundo, ele só queria ter certeza de uma coisa.

–Ele tem um filho. E esse filho herdou todos os poderes dele, quero dizer, uma cópia dos poderes dele. Até os que ele perdeu no duelo com você, por isso é bem mais forte e Voldemort o quer a seu lado... quando isso acontecer, ele começará outra guerra. – Hermione explicou para o amigo.

Era só disso que ele precisava saber. Harry tirou um pergaminho bem amassado de suas vestes e entregou para Hermione, que lhe lançou um olhar sugestivo.

–Hermione, eu só saí desse porão uma única vez desde em que cheguei. E, nesse dia, Voldemort me levou a uma... casa. Bellatrix estava junto dele. Eles me trancaram lá e foram em direção a algum lugar. Bem... depois disso eu não me lembro de mais nada. Só sei que no dia seguinte, eu acordei aqui no porão novamente, com esse pergaminho em minhas vestes. Algo me diz que tem alguma coisa a ver. – Harry falou. – E, me lembro também, que antes dele me trazer pra cá novamente, muitos comensais estavam na parte externa da casa... como se Voldemort tivesse os chamado para uma reunião, e, antes disso, ele camuflou a casa, parecendo que não queria que os comensais a vissem. Ele entrou na casa pra procurar alguma coisa, não achou e saiu furioso de lá, comigo. Chegando aqui, ele entrou em minha mente, mas não tinha nada que dissesse que eu que havia pegado esse pergaminho... Ele ficou ainda mais furioso e saiu daqui.

Tudo agora fazia mais do que sentido! Era óbvio: essa casa que Harry havia dito era àquela casa que só Voldemort e Bellatrix sabiam onde fica, por isso ele havia camuflado a mesma, para nenhum comensal saber que era ali que ele ficava e que tinha as informações do filho. “Nem mesmo na própria sombra ele confia”, Hermione se lembrou. Era muito lógico! Por isso ele colocou esse pergaminho com as informações nessa casa escondida de todos.

Como Harry disse, nesse mesmo dia, Voldemort entrou em sua mente, mas não encontrou nada que comprovasse que Harry havia pegado o pergaminho. Então... algum outro bruxo havia feito isso por ele e colocado o pergaminho em suas vestes! E em seguida, lançou um Obliviate bem fraco, só para Harry esquecer de lembranças recentes, provavelmente, lembranças desse bruxo indo até ele e colocando o pergaminho lá.

Por isso Voldemort chegou em seu escritório completamente furioso e arruinando tudo. Não era por que ele havia perdido dois de seus melhores comensais, era porque ele não sabia onde estava o pergaminho com as informações de seu filho, e temia que, de algum modo, a Ordem já tivesse conseguido mais informações! Tudo parecia se encaixar!

A mente de Hermione trabalhava a mil por hora. Por hora? Não, por segundo. Só faltava sair fumaça de suas orelhas. Voltou para a realidade com um suspiro e voltou a olhar o pergaminho que estava em sua mão, intacto.

Abriu-o cuidadosamente, sua respiração estava desregulada. Começou a ler a caligrafia forte mentalmente:

“-20 anos.

–Reino Unido.

–Não sabe nada sobre o mundo mágico.

–Se parece muito comigo fisicamente na época em que eu ainda era humano

Informações adicionais:

–ele se chama Ralph Thomas Sullivan.

–mora na Inglaterra, em Oxford.” (N/A: imagem uma caligrafia diferente apartir de informaçoes adicionais, não dá pra colocar aqui ¬¬)

Hermione ainda estava atônica com tudo o que tinha concluído em sua mente, porém conseguiu notar a drástica mudança de caligrafia no pergaminho. Primeiramente, havia a caligrafia de Voldemort, Hermione sabia disso, pois só ele tinha essas informações; E um pouco abaixo dela, havia uma caligrafia bem desenhada e ao mesmo tempo forte.

–Parece com a letra de...

–Dumbledore. – Hermione disse. Seu mundo todo pareceu congelar naquele momento. Não, não era possível. Dumbledore havia morrido. “Ou a alma dele ressurgiu e ajudou Harry”, pensou Hermione, mas só por um instante de segundo que esse pensamento fez algum sentido pra ela, depois a sanidade voltou para sua mente.

Nem no mundo bruxo isso é possível.

–É impossível... – murmurou Harry. Ele ainda estava tentando entender tudo. Hermione nem tinha ideia de como a cabeça do amigo estava bagunçada.

Quando Hermione abriu a boca para começar a explicar tudo ao amigo, a porta foi explodida causando um estrondo gigante, assustando Hermione e Harry. Tanto ela como o moreno já haviam se colocado de pé quando um criatura gigante e horripilante entrou no porão, causando-lhes mais medo ainda.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO!