On The Road escrita por Hanna_21


Capítulo 12
Capítulo 12: Sem controle


Notas iniciais do capítulo

Hello!! Muito obrigada pelos reviews gente, e às leitoras novas, bem-vindas!!!
Gente, notas no final, ok??
Boa leitura pra vocês!!!



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“So what you need is a bottle of… Love Potion Nº 9”

Capítulo 12: Sem controle


Mason segurou meus ombros contra a parede do túnel de forma leve e gentil, e quando percebi, seus lábios já estavam de encontro aos meus. Foi um beijo doce e urgente ao mesmo tempo. Quando me dei conta, minhas mãos estavam na frente de sua camiseta, puxando-o mais pra perto.

Eu queria mais. Mas ele se soltou e me olhou nos olhos, sério. E chateado.

– Da próxima vez, pense nisso antes de dizer que não há química entre nós – disse, e saiu andando na minha frente.


Fiquei boquiaberta por alguns instantes, observando a figura de Mason se afastar com as mãos nos bolsos. Então me enfureci. Claaaaro, Mase! SÃO DUAS E QUINZE DA MANHÃ E VOCÊ DEIXOU A GAROTA QUE VOCÊ ACABOU DE BEIJAR PLANTADA DEBAIXO DA PORCARIA DE UMA PONTE PARISIENSE!


Bufei, reprimindo a vontade de gritar, e comecei a andar rapidamente. Mason já estava bem longe, e não sei se realmente queria alcançá-lo. Quem ele pensava que era, para baralhar minha cabeça daquele jeito e simplesmente sair andando? Eu cortaria a cabeça dele fora se aquele maldito beijo não tivesse feito diferença, e droga, ele fez. E como.


Por sorte, encontrei uma fileira de taxistas sentados na calçada (por quem Mason passou direto) e me dirigi a um deles – um homem de cabelo negro e bigodinho esquisito-, que me olhou feio por interromper sua folga e resmungou alguma coisa em francês antes de levantar e entrar no táxi. Todos até ali tinham sido educados comigo, mas aquele ali fazia jus à fama dos franceses serem mal-educados.


O trajeto de volta ao hotel foi rápido, ou talvez eu simplesmente estivesse dispersa demais para perceber o tempo passar. Cheguei ao quarto que dividia com Phoebe tentando ser silenciosa, mas para minha surpresa ela estava acordada e elétrica.


– Ainda? – perguntei, jogando a bolsa em cima da minha cama e tirando o casaco

– Argh, fuso horário – ela resmungou. Realmente, eu ainda não estava adaptada com aqueles horários, tendo sono no meio da tarde e fome durante a madrugada. – Mas de qualquer forma, eu já ia arrumar as coisas para amanhã mesmo.

– Eu avisei que não era pra desarrumar a mala – comentei, enquanto procurava a longa calça preta e a blusa branca de alças grossas que eram meu pijama.

– Não, estou verificando meu “kit festa” – ela sorriu e a encarei como quem pede uma explicação, mas Pheebs apenas riu debilmente.

– Vou precisar de mais do que isso – pedi

– Você sabe para onde estamos indo amanhã... Quer dizer, hoje? Em algumas horas? – ela perguntou, cruzando os braços

– Não tenho ideia.

– Eu não te entendo, Alexis! – ela ainda sorria, puxando algo da mala – Sempre tão organizada e eficiente no trabalho, mas nunca sabe pra onde vamos...

– Diga logo o próximo destino, Pheebs! – ela agarrou uma camiseta e jogou-a para mim.

– Para o lugar mais feliz do mundo – ela respondeu.

– Disneyland? – indaguei, erguendo as sobrancelhas

– Olhe a camisa – ela apontou.


Abri a camiseta com cautela. Era preta de mangas curtas e, em branco, trazia os dizeres “Why Disneyland if you have Amsterdam?”. Arregalei os olhos.


– Holanda?

– Amsterdã, baby! Hora de a turnê ficar louca de verdade! – Phoebe parecia uma criança


Sorri para ela. Talvez fosse exatamente daquilo que eu precisasse: uma noite sem preocupações e com experiências novas. Eu queria de alguma forma tirar Mason da minha cabeça, e algo me dizia que Amsterdã seria o lugar certo para isso.


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– CLOWN! A MÁSCARA NÃO É ESSA! – berrei pelo corredor ao ver Shawn sair da sala com uma máscara diferente da do combinado

– Quero usar essa hoje, estou sentindo um clima especial que combina com ela! – ele respondeu, sacudindo a máscara de palhaço com cabelos laranja para mim, os olhos azuis arregalados e um sorriso quase doentio em seu rosto. Ok, melhor não discutir com o palhaço maníaco!

– Tudo bem - respondi, tentando sorrir. Ele me encarou por alguns segundos com os olhos ainda arregalados, então puxou uma câmera do bolso e bateu uma foto – Hey! – protestei. Putz, era a segunda vez que faziam aquilo.

– Duas expressões épicas, numa foto só, imperdível! – Shawn se justificou rindo e indo para outra sala. Duas? Olhei para trás e encontrei Craig. Deus, que susto.

– Eu vou matar o Shawn um dia – ele disse tranquilamente, como se estivesse comentando sobre o tempo.

– Nunca duvidei disso – respondi, achando graça. Craig quase sorriu. Quase. Talvez Mase tivesse razão; puxando os assuntos certos (tipo, matar coisas), acho que Craig devia ser um cara muito legal.

– Saiu – ele disse, me estendendo a máscara.


Lembrei-me de que aquelas tinham sido as primeiras palavras que ele dirigiu a mim, quando eu nem tinha o emprego garantido. Rindo, peguei a máscara e consertei, mais rápido que da primeira vez. Ele acenou com a cabeça e pegou-a de volta, se afastando.


– Hey Craig! – chamei. Ele parou de andar. – Posso tirar uma foto sua? – arrisquei, já sabendo a resposta. Fiquei chocada quando ele balançou a cabeça positivamente, mas continuou a andar. - Espere aí, eu vou...


Mas aí eu entendi que ele não ia parar de andar. Craig estava me sacaneando! Sem perder a oportunidade, imitei o gesto de Clown, tirando minha Polaroid da bolsa (que estava perto da porta) e tirei uma foto do psicopata, mesmo que de costas. Ele acenou com uma mão enluvada, fazendo um gesto obsceno em seguida.


Todo mundo era tão delicado ali!


– Aleeeeeeeeeeeeeeeeexis!!! – ouvi meu nome ser gritado e me desviei a tempo de não ser acertada por Sid, que vinha feito um furacão

– Segura a peste que ele tá atacado!! – berrou alguém que vinha correndo atrás dele. Chris estava com a maquiagem preta já toda borrada, as mangas do uniforme arregaçadas e o cabelo cumprido desgrenhado.

– Chris, vem colocar a máscara! – Ryan colocou a cabeça pra fora de uma sala, e Corey aproveitou a distração dele pra sair.

– Cadê o Joey? JOEY? JOEY, CARA, VOCÊ ENCOLHEU??? – Corey saiu gritando pelo corredor, já pronto pro show. Eles estão terríveis hoje!

– Aleeeeeeeeeeeeexis!!! – dessa vez não consegui desviar do abraço de urso do Sid.

– Sid, que isso cara, me solta, você tem que... Porra, você já está chapado? – perguntei indignada, ao ver suas pupilas visivelmente dilatadas em seus olhos claros

– Deixa que eu cuido disso – disse Ethan, chegando de repente e tirando Sid de perto de mim, não antes do DJ me dar uma beijo estalado na bochecha. Se ele não estivesse cheio da maconha, eu até teria achado fofo. Olhei pra Ethan; ele também estava alto. Que legal. Podiam deixar para fumar depois do expediente, sabe.

– Alexis, James na sala 1! Deixa que o Tom resgata o Corey, e Ryan, segura o Chris e, Fiona, encontra o Joey!- Phoebe passou por mim segurando a máscara do Paul e entrou na sala 1 também, enquanto os outros seguiam as orientações dela - Craig já está pronto?

– Já – informei – E sóbrio. Clown também.

– E o Mick?

– Sei lá!

Como um cara daquele tamanho some? – perguntou Phoebe, histérica – Paul, larga a garrafa! – Paul olhou assustado enquanto Pheebs bebia a cerveja dele

– Mick está na outra sala, pelo menos da última vez que o vi, e a Fiona já o arrumou – respondeu James, que estava semi-uniformizado numa poltrona

– Máscara, James – peguei a máscara e joguei pra ele – Maquiagem antes, ô, também tá na marijuana, é? (N/A: Mary Jane, Marijuana = maconha, legal na Holanda).

– Eu ainda não – Jim sorriu e acenou com sua Heineken. Uma das coisas que mais tinha naquele backstage era Heineken, porque a fábrica da cerveja ficava na cidade. Aliás, tinha até museu da Heineken ali.

– Mas tem gente que sim – disse Paul, dando aquele sorriso engraçado.

– Bem que você disse que as coisas iam ficar loucas – sorri para Phoebe, que amarrava a máscara do Paul. Ela parou e riu.

– Oh, mas não era disso que eu estava falando. Estou me referindo a depois do show!


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Estava difícil se mexer ali.


Depois do show, toda a equipe (tipo, toda mesmo) e a banda foram a um coffeeshop enorme, chamado Smokey. Esse era o nome que eles davam para lugares que permitiam o uso de maconha em seus estabelecimentos. Eu estava determinada a não fumar maconha, mas o local estava tão cheio de gente fumando que eu dificilmente sairia dali normal.


Ryan agarrou meu braço, morrendo de rir de alguma coisa, e apontou para Corey colocando flores na própria cabeça e ficando vesgo; tive que rir porque estava hilário, mas Ryan ria de chorar. Uma garota visivelmente drogada e com pinta de prostituta o puxou pelo braço e ele sumiu no meio das pessoas.


– Aleeeeeeeeeeeexis!!! – Sid berrava meu nome e me abraçava pela milésima vez - Quer? – ele me ofereceu um cigarro

– Nah.

– Qual é, sua primeira vez aqui, e você não vai provar? É fraquinha. – ele sorriu debilmente

– Não, Sid, valeu. – sorri e fui para o balcão, querendo beber algo. Avistei Jim e Paul do outro lado, ambos com cigarros na mão (não pareciam ser de maconha) e bebendo Heineken. Putz, só deve ter essa cerveja aqui.


Dali onde estava, procurei rostos familiares. Ethan parecia ter encontrado seu paraíso particular e conversava com um cara de dreads, possivelmente achando que era Bob Marley. Guy, pra variar, estava com mil garotas em volta dele, todas claramente alteradas (e ele também). Chris estava a alguns metros de mim, conversando com Mick. Fui até eles.


– Oi gente – cumprimentei. Chris estava comendo alguma coisa e tentou falar de boca cheia. Ele pegou um prato em cima do balcão cheio de bolinhos tipo brownie, me oferecendo. Não havia comido nada desde antes do show, então aceitei.

– Nãão...! – Mick começou a falar, com um cigarro na mão. Chris começou a rir, ainda com a boca cheia. Parei de mastigar imediatamente

– O que? – perguntei, olhando de um para outro. Mick indicou o próprio cigarro e então saquei – Ah não...!

Happy cake, Alexis! – disse Chris, por fim, ainda sem parar de rir. “Happy cake” são brownies batizados com maconha.

– Você podia ter dito antes de oferecer! – reclamei, meio revoltada

– Achei que você sabia, desculpe! – ele respondeu, parecendo um pouco triste em me deixar chateada. Ele não estava drogado, pelo menos. Ponderei por alguns segundos, encarando o bolinho. Olhei para frente e, para minha surpresa, vi Mason na minha direção, do outro lado do lugar, conversando com uma garota que estava de costas pra mim, de cabelos pretos e corte bem parecido com o meu, segurando um cigarro.

– Quer saber? – comi o restante do chocolate e peguei mais um, me sentindo raivosa. Chris arregalou os olhos – Mais um não mata ninguém. Aposto que mal dá pra notar.

– É fraco. Um ou dois realmente não dá pra notar, mas uma bandeja dessas dá um barato. – retrucou Mick

– Vai com calma! – Chris me advertiu quando peguei mais um, mas dei de ombros. “Novas experiências” eram palavras que piscavam em minha cabeça.


Eu nunca tinha feito aquilo antes. Estava mantendo minha palavra de não fumar, e levando em conta que eu jamais viraria prostitua na De Wallen, um bairro onde o sexo pago é legal (ou seja, a zona de cabarés, sex shops e prostituição da cidade), aquilo era o que eu podia fazer para conhecer outras culturas.


– Fica tranquilo, Chris. Sei me controlar – sorri pra ele, indo na direção de Phoebe, que ria às gargalhadas em uma mesa distante, levando comigo os brownies.


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– ALEEEEEEEEEEEEEXIS!!!

– SIIIIIIIIIIIIIIIID!!!


Comecei a rir. Desde quando Sid chapado berrando meu nome parecia tão engraçado? Não sei. Não importa.


– Quer? – ele me ofereceu um cigarro

– Não – neguei. Alguma coisa me dizia para negar, mas não lembro o quê.

– Ok então! – ele riu e me abraçou de lado

– Siiid, tá me machucando! – berrei, rindo. Caramba, tudo era tão engraçado! E quando me mexia muito rápido, tudo ficava meio fora de foco.

– Tá, parei – ele me soltou, mas continuou com o braço em volta de mim, andando comigo pelo lugar lotado.


Olhei pra ele, em seus olhos azuis (espera, eles não pareciam nada azuis, mas porque mesmo?), e ele me encarou de volta, aquele sorriso malicioso que nunca saia de seu rosto presente mais do que nunca. O empurrei de brincadeira, mas ele segurou meu braço. Rindo, achei divertido e tentei me desvencilhar, mas ele não deixava. Eu não conseguia pensar direito, e não sabia se isso importava ou não, na verdade, eu não conseguia pensar em nada...


Segundos depois percebi que estava beijando Sid Wilson.


Eu estava beijando ele ou ele estava me beijando? Tinha diferença? O fato de eu não saber significava alguma coisa?


As coisas não faziam muito sentido para mim. Era absurdamente difícil criar uma linha de raciocínio; os pensamentos viam e não ficam organizados. Mesmo com os olhos fechados, parecia haver luzes piscando na minha frente. Eu não tinha muita consciência do que acontecia ao meu redor, apenas que eu estava sentindo algo bom, encostada a um corpo quente, o de... Quem era mesmo? Mason? Não, Mason foi na noite anterior, e ali estava quente, ah sim, era Sid. Mas porque eu estava beijando Sid?


OH MEU DEUS, PORQUE EU ESTAVA BEIJANDO SID?


Aquilo era errado, muito errado, eu só não sabia porque. Talvez porque no fundo, eu não quisesse. Ou eu queria? Não estava ruim, estava? Não sei, era difícil pensar, as coisas iam rápido e minha boca estava seca demais. Talvez se eu parasse de beijar Sid e bebesse alguma coisa. Mas eu gostei de sentir as mãos dele na minha cintura, não por serem dele, mas...


– Sid – quebrei o contato entre nós – Vou pegar alguma coisa pra beber.

– Ok, ok! – ele respondeu, ainda meio abobado. Acho que se eu dissesse que ia dar um tiro nele a resposta ainda seria essa.


Saí dali meio desnorteada, mas minha cabeça estava um pouco mais clara. Caramba, eu estava alterada a ponto de chegar a dar uns amassos com Sid. Ele estava tão chapado que (agora entendo!) os olhos dele estavam vermelhos e com a pupila tão dilatada que mal dava para ver a cor, então também não tinha noção do que estava fazendo. Sid era o mais novo dos caras, era o que vivia mais loucamente, mais desregradamente. Quase sempre ele tinha uma garota com ele, uma groupie ou uma fã que estava nos bares aonde íamos.


Ao pensar nisso, me senti meio... Fácil.


Cheguei ao balcão e pedi água, fazendo o barman me olhar estranho. Tentei refletir, me esforçando absurdamente para entender algo que seria simples em meu estado normal. Sid era um cara muito legal, era bonito e tinha charme, mas mesmo se eu não trabalhasse com ele (para ele, na verdade), ele não era muito meu estilo. Acho que nem para passar a noite. Fazia muito tempo que eu não sabia quem era meu estilo, e quando eu escolhia um, era justamente o oposto do que eu gostava ou queria. Vê só aquele cara, o da festa da Phoebe. Como era o nome dele? Mas esse não era o assunto. Eu tinha que voltar para onde Sid estava e tentar não beijá-lo novamente, mas acho que se ele chegasse gritando meu nome de novo...


– Aleexis!! – ouvi a voz dele perto de mim acima do barulho da música, mas quando virei para olhar, Sid estava abraçando outra menina, daquele jeito que me abraçara antes.


Vislumbrei o rosto dela e vi um sorriso débil e olhos quase negros, antes que ela começasse a se agarrar com o DJ. Quando ela ficou de costas para mim, me veio um estalo. Eu já a vira antes. Conversando com... Mason! E a achara parecida comigo! Na verdade, era, só que com a pele mais branca, o nariz maior e a boca mais afilada. Pisquei, percebendo que estava ficando mais fácil pensar e ver, mas minha boca continuava seca, as luzinhas ainda piscavam e meu senso de direção estava uma droga. E tudo continuava engraçado.


Comecei a rir. Não podia culpar Sid. Para alguém drogado como ele estava, o fato de saber me diferenciar de uma loira já era um feito; me confundir com alguém parecida comigo e tão alterada quanto ele não era de surpreender. Mas depois veio a vontade de chorar, o sentimento de ser a garota fácil da equipe, ou uma vadia holandesa, talvez eu devesse ir para o Distrito das Luzes Vermelhas (De Wallen), se eu era fácil assim, era só enlouquecer um pouco que alguém já conseguia pegar, de novo...


Decidi que era hora de ir embora. Se continuasse a pensar daquele jeito, não sabia onde ia parar. Chega de experiências por hoje. Pelo menos passaríamos o dia em Amsterdã antes de irmos para o destino seguinte. Paguei a conta (os números dançando), peguei um táxi (sabe-se lá como) e cheguei ao hotel, que não era difícil de achar por se encontrar perto das principais vias de transporte da cidade. Eu provavelmente ia esquecer, mas seria legal dar um passeio nas hidrovias da cidade. Amsterdã era considerada a Veneza do norte, alguém me dissera uma vez.


Não lembrava o número do quarto. Nem o andar. Entrei no elevador na esperança de encontrar alguém conhecido, ou até mesmo Fiona, com quem eu dividia o quarto. Aliás, eu não me lembrava de ter visto Fiona no coffeeshop. Será que estava mal assim?


Quando cheguei ao segundo andar do hotel, porém, avistei Mason e congelei Durante o dia, ele só me pedira para levar uma caixa de baquetas para o palco e verificar a lista de exigências, tudo de um jeito formal. Ele estava com a chave do quarto na mão, e parou no meio da ação quando me viu saindo do elevador.


Eu sabia que uma hora ou outra nós teríamos que conversar sobre Paris, nem que fosse para concordar em esquecer. Mas eu não queria. Com minha cabeça confusa, percebi que, se seguisse meus sentimentos, os daquele instante, não iria querer esquecer aquele beijo, e seguir em frente fingindo que nada aconteceu seria imaturo. Especialmente sabendo que, na minha cabeça, Mason era o grande culpado por eu querer conhecer Mary Jane de forma irresponsável e descontrolada.


– Oi – murmurei, não olhando em seus olhos

– Oi – ele respondeu, cruzando os braços e se recostando na porta

– Mase... – comecei, mas parei de falar. Ficamos em silêncio

– Eu conheço esse “Mase”. – ele repetiu o que ele disse aquela noite em Paris. Ou fora algo do tipo. – Você vai pedir pra esquecer aquilo, e para voltarmos ao “normal”.

– Não...! – murmurei, chocada

– Não, tudo bem, você não precisa... – ele falava monotonamente. Interrompi.

– Mason, não. Não é isso. O que eu quero dizer é que...

– Você está drogada, Alexis – ele disse, frio, quando ergui os olhos – Não sabe o que está dizendo.

– Mason, eu sei muito bem o que estou dizendo, aliás, sei muito bem o que você não me deixou dizer! – fiquei irritada, falando mais alto

– E o que é que você ia dizer, então? – ele perguntou, também alteando a voz

– O que ia dizer, caramba, é que a droga da chance que você perguntou se existia, existe sim! – eu quase gritei, e só percebi bem o que as palavras significavam quando elas saíram da minha boca. Ele me encarou, visivelmente surpreso por alguns segundos.

– Como disse, você...


Não deixei que ele terminasse a frase. Eu precisava que ele entendesse que não era fácil falar aquilo, porque eu realmente me convencera do contrário durante muito tempo, tentando não enxergá-lo de forma romântica, não misturar o amigo legal com o romance ideal. Puxei a frente de sua camisa, e sem me importar muito, acabei com a distância entre nós e o beijei. Ele pareceu indeciso por alguns segundos, mas logo senti que ele correspondeu brevemente. Muito brevemente. Porque como da última vez, ele apenas me encarou daquele jeito controlado.


– Você não está em si – ele murmurou em minha orelha, ainda muito próximo, segurando meus braços. Eu podia ver cada nuance do castanho de seus olhos, enquanto ele provavelmente conseguia ver pouco da minha íris violeta. Abri a boca pra retrucar – Não. Me deixa falar. – aquilo parecia estar sendo um pouco difícil pra ele. – Amanhã. Amanhã resolvemos isso. Por favor.


Eu senti quase um tom de súplica em sua voz, e então assenti. Ele relaxou o aperto e comecei a sair de perto, mas ele voltou a me segurar e, para minha surpresa, colou seus lábios aos meus novamente, apenas por alguns segundos. Dizem que o que é bom dura pouco.


– Amanhã, então – sussurrei, e ele me soltou. Virei as costas e saí andando, meio trôpega pelas emoções turbulentas que iam e vinham. Ouvi um barulho de porta sendo fechada. Eu ia precisar de uma boa noite de sono para superar aquilo.


Mas, como se não bastasse, toda noite agitada tinha que terminar com uma surpresa. E quando entrei no quarto (eu sou tão idiota que era só ter perguntado na recepção), compreendi porque eu não avistara minha colega de quarto durante a noite toda.


Joey Jordison estava deitado de bruços numa cama, sem camisa e visivelmente desacordado. Sentada sobre suas costas, Fiona segurava algo parecido com um pincel muito fino, sorrindo malignamente. Era uma hora da manhã.


Fiona, o que diabos é isso? – exclamei. Ela virou-se para me olhar, ainda sorrindo, e disse lentamente.

– Eu lembrei, Alexis. Lembrei o que aconteceu naquela noite em Las Vegas.



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Notas finais do capítulo

DE NOVO, Fiona aprontando, né gente! Veremos no próximo!
Sobre a demora, nem preciso falar que foram as provas. Tive minha primeira semana de "folga" agora, e ainda assim foi super turbulenta como nunca, Espero que compreendam e tenham gostado do capítulo.
A PROPOSITO... Estou escrevendo uma nova fic, e isso também atrasou um pouco o andamento do capítulo. Já está com 2 capítulos prontos, e pretendo postar quando On the Road estiver acabando. Não é sobre Slipknot, é de outra banda, mas acho que vocês vão gostar. Quem advinha a categoria?? (obs: tem dica nos capítulos)
Obrigada à xDropDeadx, por me fazer olhar para o Craig com outros olhos!
E obrigada a todos vocês, pois depois de um mês corrido e sem um pingo de inspiração, ler e reler os reviews me ajudou muito mesmo.
Muitos beijos, e se virem erros, me indiquem quais e aonde, por favor!