POV Hermione Granger

Eu estava com medo. Eu e Gina nos encontrávamos em frente à grande porta do Salão Principal. Meus cabelos estavam lisos e com cachos nas pontas. A maquiagem estava leve e muito natural. Gina fez um ótimo trabalho. Ah, ainda digo mais. Ela me fez mudar de roupa antes de descermos. Quando digo “trocar de roupa” não quero dizer apenas em mudar as vestes, ela também fez questão de deixar tudo mais curto. Esse era o meu medo.

- Anda Hermione, vamos entrar – disse Gina pegando no meu pulso, tentando me puxar para dentro do salão.

- Gina, espere. Eu acho que não estou preparada – disse ajeitando a saia para tapar um pouco mais de minhas pernas – Você me fez vestir essas miniaturas e ainda por cima colocar essa bota com salto e bico fino. Isso faz um barulho extremamente irritante quando eu ando – admiti enquanto Gina dava gargalhadas.

- Calma Mione, você está linda. Tem que mostrar o que é bonito, e ainda mais que essas botas te deixam sexy – falou com uma voz sedutora e eu corei – Agora vamos, eu estou morrendo de fome, e me disseram que hoje íamos ter comida trouxa no jantar. Mal posso esperar pra comer aquelas batatas fridas das quais você me falou quando fui passar o fim de semana na sua casa.

- Gina – disse tentando conter o riso – É batata frita, não frida – disse sorrindo enquanto ela deu de ombros.

- Ah, tanto faz, contanto que eu possa comer tá ótimo. Venha – então ela me puxou pra dentro de salão e nós fomos andando até a mesa da Grifinória. Todos pareciam chocados com a minha pequena mudança. Aquele nojento do Córmaco não tirou o olho das minhas pernas, tarado.

- He-Hermione, v-você está linda – disse Harry pegando na minha mão, me fazendo dar um giro para que ele desse uma olhada melhor no visual.

- Obrigada Harry – disse com um pouco de vergonha – É tudo obra da Gina – falei olhando pra ela, a qual sorriu.

- Só podia ser a Gina mesmo – falou Fred que chegou do além seguido por Jorge – Mas desta vez ela fez bonito.

- E como – completou Jorge e eu corei da cabeça aos pés.

- Será que dá pra parar de secar a Mione? – disse o Ron um pouco irritado – Andem, sentem-se. Vocês viram? Tem batata frida! – disse ele colocando a mão no ombro dos gêmeos e os empurrando pra baixo, para que se sentassem.

- É batata frita Ron – disse Gina olhando pra mim com um sorriso de canto, como se me dissesse: Agora que você me contou, já sei que não se fala frida.

- Que seja – disse Ron dando de ombros enquanto se servia mais batatas.

Com toda essa confusão que deu minha mudança de visual, até esqueci o verdadeiro motivo da minha nova aparência. Todos já estavam sentados, jantando, e eu só esperava uma oportunidade de olhar pra trás pra tentar avistar Draco. Escutei um barulho de talher caindo no chão e aproveitei a brecha. Olhei pra mesa da Sonserina e ele estava surpreso, mas quando notou que eu o fitava tratou de sorrir e eu pude perceber que ele tinha aprovado. Sorri de volta e vi que ele também comia batata frita. Quem imaginaria? Draco comendo comida trouxa. Como as pessoas mudam. Tratei de virar pra frente e fingir que não havia visto nada.

O jantar seguiu-se normal. De sobremesa tivemos frutas com chocolate derretido que saiam de fontes, como em algumas lojas de doces trouxas. Pelo sorriso que se formou no rosto da maioria dos alunos, acho que a noite do jantar trouxa conseguiu agradar a todos. Ron estava com chocolate espalhado pelo rosto inteiro. Fred e Jorge admiravam a fonte por onde o chocolate escorria. Acho que tiveram uma nova inspiração pras Gemialidades Weasley. Gina comia um morango com chocolate branco e Harry olhava pra aquilo tudo com tranquilidade, com certeza já havia visto algo parecido por Londres.

Quando todos estavam satisfeitos, o salão começou a se esvaziar. Poucos alunos ainda estavam sentados às mesas.

- Gente, eu vou indo – falou Gina se levantando do banco e se espreguiçando.

- Também vou. Boa noite – disse Harry seguindo Gina pra fora do Salão.

Agora, apenas eu e Ron estávamos na mesa da Grifinória. Via que ele queria quebrar o silêncio, mas simplesmente não conseguia. Então tomei uma atitude.

- Tá tudo bem Ron? – disse olhando inocentemente pra ele

- Eu não sei Mione. Você me desculpou? – perguntou ele um pouco mais interessado na conversa.

- Eu não ia, mas eu não consigo ficar de mal com você por muito tempo – falei expressando um grande sorriso em meus lábios.

- Oh, que peso que saiu de cima mim agora – ele disse aliviado e sorrindo radiantemente – Você não tem ideia do quanto é difícil pra mim ficar de mal com você.

- Acredite, pra mim também é.

- Mione, eu preciso te falar uma coisa. Você não pode contar isso pra ninguém ouviu? – disse aproximando um pouco de mim, mesmo estando do outro lado da mesa.

- Eu já contei? – pois é, eu sou um túmulo quando se trata de segredos.

- Certo – disse ele um pouco nervoso – E-Eu, bem, eu beijei a Parkinson – falou rapidamente e eu engasguei com o suco de abóbora que bebia.

- Você o que?! – disse tossindo, tentando liberar o líquido dos meus pulmões.

- Hey – disse ele tapando minha boca e dando tapinhas nas minhas costas – Pensei que fosse mais discreta, Mione – afirmou enquanto eu estava totalmente confusa. Ron e Pansy? Como? Era quase impossível de acreditar.

POV Gina Weasley

Assim que me levantei, Harry veio logo atrás de mim. Isso era estranho. Ok, devo admitir que eu sempre amei o Harry, mas eu acabei desistindo dele há um tempinho. Ele nunca demostrou interesse e eu que não iria ficar me iludindo por ele. Decidi seguir minha vida e ver no que ia dar. Até agora eu estava me saindo muito bem, devo admitir.

Chegamos a frente ao retrato da Mulher Gorda e ele disse a senha.

- Diabretes azuis – falou Harry e uma passagem se abriu logo atrás do quadro. E então, outra coisa estranha aconteceu. Ele ficou esperando eu entrar antes dele, e assim o fiz. Adentrei ao Salão Comunal e poucos alunos ainda estavam por lá. Neville analisava seu vaso de plantas, no qual continha um cacto estranho, Simas e Dino faziam um dever de Runas Antigas, Lilá e Parvati Patil conversavam, devo dizer, fofocavam sobre alguma coisa no tapete de frente pra lareira enquanto os Fred e Jorge estavam sentados no sofá, discutindo sobre a fonte de chocolate que viram no jantar.

Eu estava morrendo de sono, então decidi dar boa noite a todos e subir pra dormir.

- Pessoal, eu to indo dormir. To bêbada de sono – disse com a voz um pouco mais alta do que o normal – Boa noite pra todos – disse me virando e indo em direção à escada do dormitório feminino.

- Boa noite – disseram todos de boa vontade.

- Boa noite, Gina – disse Harry um pouco depois e eu virei pra olhá-lo. Seus olhos brilhavam ao encontrar os meus.

- Boa noite – disse a ele um pouco desconfiada, tornando a me virar e subir os degraus rapidamente. O que está acontecendo? Isso tá muito estranho. Mas nem me importa isso agora. Tudo o que eu mais quero é dormir até não poder mais. Enquanto colocava o pijama, decidi pensar em algo diferente. As batatas fritas e as frutas com chocolate estavam deliciosas. Gosto de dormir pensando em comida, principalmente quando elas são coloridas. Não sei, acho que isso me ajuda a ter um sono tranquilo.

Ok, estou deitada em minha cama e preciso pensar em algo bem saboroso e colorido. Que tal me imaginar dentro da Dedos de Mel? Perfeito. Já sinto o sono tomando conta de mim aos poucos. Adormeci pensando em sapos de chocolate e feijõezinhos de todos os sabores.

POV Draco Malfoy

O que houve com a Granger? Nossa, ela tá linda. Que vontade de ir lá e encher ela de beijos. O Potter testa-rachada nem disfarçou que ficou caidinho por ela. A raiva cresce dentro de mim muito rápido e eu não consigo evitar. Granger e Weasley fêmea entraram no salão e foram desfilando até a mesa da Grifinória. Até os gêmeos Weasley não deixaram esconder que ficaram perdidos naquelas pernas. Nossa, que pernas ela tinha. Mas isso agora nem me importava. O que eu tinha que fazer era me controlar pra não azarar cada um que a olhava de um jeito malicioso.

Blaise e Pansy não apareceram pra jantar, e isso me deixou curioso. O que esses dois andam aprontando afinal? E o pior, ficam fazendo suspense.

Não acredito, comida trouxa pode ser realmente boa. Batatas fritas são da hora. Tenho que pedir pros elfos lá de casa fazerem nas férias enquanto meu pai estiver viajando. Imagina se ele descobre que andam fazendo jantares trouxas aqui em Hogwarts? Ele iria ficar mais maluco do que já é e ainda seria capaz de me mandar pra Durmstrang.

O salão está ficando vazio, Crabbe e Goyle ainda não pararam de comer e eu tenho que fingir que também não acabei pra esperar a Granger sair.

Apenas ela e o Weasley macho estão na mesa da Grifinória, e isso me deixava um pouco apreensivo. Ela sempre gostou dele, e não seria surpresa se ela voltasse a gostar dele de novo.

E eu fico aqui, observando cada movimento dela, do modo como seus lábios ficam lindos quando ela sorri, do jeito que ela coloca o cabelo pra trás da orelha, nos movimentos mais simples ou exagerados.

É cara, é difícil admitir quando se está apaixonado. Na verdade é a primeira vez que isso acontece de verdade comigo. É engraçado não conseguir explicar o que estou sentindo, colocar em palavras sabe. Chega a ser estranho como eu fico feliz apenas de olhar pra ela.

Até que enfim. O Weasley tá indo embora. Minha chance é agora. Hermione também se levantou e estava indo em direção à saída. Droga, eu não vou conseguir alcança-la. Se eu correr todo mundo vai prestar atenção em mim. O que eu faço? Certo, fica calmo Draco. Você consegue.

Chego à porta do Salão Principal e não vejo ninguém. Merlin, eu a perdi de vista. De repente, sinto duas mãos me puxar pela gravata. Era ela, e eu não pude conter um sorriso. Ela me guiava pra fora do castelo. O que tá havendo com a Granger? Não era ela que nunca desrespeitava nenhuma regra da escola?

Chegamos á uma árvore grande que havia de frente pro lago da Lula Gigante. Ela se sentou e me puxou pra baixo. Quase caí em cima dela, e confesso que seria interessante se isso acontecesse. Sentei ao seu lado e a puxei pra mais perto de mim. Ela deitou a cabeça no meu ombro e respirou fundo. Tinha o olhar preso no horizonte, e parecia que ali eu estava seguro do mundo, me sentia protegido debaixo de uma árvore tão grande e com ela em meus braços.

- Draco – disse ela bem baixinho – Eu preciso mesmo te perguntar uma coisa – falou virando-se para me olhar, enquanto eu passava uma de minhas mãos no seu rosto. Ela fechou os olhos e sorriu, enquanto colocava suas mãos por cima das minhas. Abriu os olhos e me fitou com um olhar inocente e gentil – Tem certeza de que devemos assumir o que temos pra toda a escola? Digo, é um risco que eu estaria disposta a correr, mas... – E ela começou a falar tudo muito rápido e eu não entendia mais nada do que ela dizia.

- Hermione – tentei chama-la enquanto ela continuava a falar.

-... Por que eu não sei Draco, se esse é o momento certo sabe, até pode ser...

- Hermione – tentei mais uma vez

-... Eu só não sei se é o certo arriscar uma coisa dessas entende? Eu não ligo de assumir que gosto de você, é a verdade, e você – Ela continuava a falar e eu não via outra saída a não ser essa pra fazer calar a boca.

Eu a puxei pra mais perto de mim e tomei os seus lábios. É só desse jeito pra fazê-la parar de tropeçar nas palavras. Pude sentir quando ela sorriu durante o beijo antes de retribui-lo. Nos beijávamos como se fosse a última vez que fôssemos fazer isso. Nossos corpos estavam colados e eu não podia me sentir mais feliz. Era tudo o que eu queria, ela ali comigo.

Nos separamos ofegantes. Ela se recostou na árvore e eu deitei minha cabeça em seu colo. Agora ela mexia em meu cabelo e eu adorava aquilo. Minha mãe fazia isso quando eu era pequeno pra me ajudar a dormir, e aquilo me relaxava. Passou suas mãos delicadas pelo meu rosto, como se tivesse o contornando por inteiro, e agora passava de leve seus dedos no meu pescoço. Pronto, meu ponto fraco. Ela achou e deu um pequeno riso quando eu o mexi, contraindo-o de um lado e fazendo encostar em meu ombro. Então eu me sentei e fiquei a olhando.

- Draco, você tá parecendo um porco-espinho com o cabelo desse jeito – disse ela chegando mais perto e ajeitando os fios bagunçados.

- Hermione, eu pensei e também achei precipitado contarmos a todos que estamos juntos. Acho melhor agirmos normalmente. Vamos deixar que descubram sozinhos o que temos.

- Certo – ela deu um sorriso e me puxou para mais um beijo. Nos beijamos até que escutamos borbulhas no lago.

- Acho melhor irmos pro castelo. A Lula Gigante se cansou de romantismo por aqui – falei e pude ouvir risos vindos de sua boca.

- Também acho. Vamos – disse ela indo em minha frente. Ela era perfeita. Cada detalhe a deixava com um ar angelical. Andei mais rápido e a alcancei. A abracei por trás e fomos andando agarradinhos até a entrada do castelo. Tinha meu rosto encaixado entre o seu pescoço e seu ombro, e podia sentir o seu perfume. Era doce e refrescante. Aquilo me fazia delirar.

- Amanhã temos Herbologia juntos – ela disse ainda agarrada comigo enquanto chegávamos à porta do castelo.

- Nunca fiquei tão interessado em Herbologia antes – confessei e ela riu.

- Nem eu, e olha que eu sempre me interessei – ela se virou pra me encarar e tinha uma sobrancelha arqueada e um leve biquinho nos lábios.

- Me dá esse biquinho aqui – disse selando nossos lábios novamente. Ela me hipnotizava com aquele beijo. Seus lábios eram macios e cheios.

- Draco, eu preciso ir. Já está tarde – disse ela enquanto nos separávamos

- Tudo bem, eu também preciso ir. Se o Filch me pega eu to ferrado.

- Nos vemos amanhã – disse ela se virando na intenção de ir embora, mas eu fui mais rápido, a puxei mais uma vez e lhe abracei. Ela me abraçou forte e suspirou.

- Agora sim, boa noite Hermione – disse dando um selinho demorado nela.

- Boa noite Draco.