Come Back escrita por sankdeepinside


Capítulo 39
Eles mantém você perto de mim, minha querida


Notas iniciais do capítulo

Olá´´á´´a´´áá´ ai gente eu sei que eu demorei dez mil milênios pra aparecer aqui, mas qd eu disse q tava atolada com a faculdade eu não estava mentindo. Esse capitulo quase não sai, eu escrevia uma frase por semana quase, só ontem q enfim consegui acabar, e ai minha betaranga (beta + baranga) fez o favor de passar mal e eu mesma tive q betar, ou seja o risco de ainda ter erros é alto -q
Eu sei que vcs estão sentindo falta dos outros moços da banda, até eu to sentindo, mas no próximo capitulo estaremos em HB novamente *ai amo aquela cidade mano pqp* e vamos ter novamente as peripécias de James o gigante nas praias da Califórnia.
Ai mano eu recebi uma recomendação *u* Muito obrigada Zombie Unicorn *uuu* sua recomendação me deixou muito feliz! Muito obrigada mesmo flor *u* O Capitulo é todo seu bby *u*
Espero que gostem do capitulo!
Boa leitura
Beeijos



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- Não conseguiu nada? Por que é que eu não estou tão surpreso com isso? – O tom dele se tornava mais agressivo à medida que caminhava para perto de mim, meu corpo tremia na cadeira a cada demonstração de irritação que ele dava.

- Ele chamou os federais Kail, a rua inteira está lotada, eu cheguei o mais perto que eu pude, mas está impossível.

- Federais? Você sabe de quem é a culpa disso tudo não é? – apertei com força o braço da cadeira de metal em que eu me encontrava – Você foi contratada para se aproximar discretamente do Turner, conseguir a confiança dele, se infiltrar no maldito laboratório e destruir a porra da máquina do tempo. Meu chefe disse que com sorte você até conseguisse roubar a tecnologia dele. Mas adivinha só? Você não conseguiu NADA! Nem com a sorte que você teve, não conseguiu nem que ele se interessasse sexualmente por você, muito menos confiar. Não é culpa dele, eu olho pra sua cara e também não sinto nenhuma confiança.

- Eu sinto muito, eu fiz o que eu pude...

- Não, você não fez. – Mikail jogou o pesado dossiê com as informações sobre Max tediosamente sobre a mesa de vidro, e se escorou nela, cruzando os braços e olhando de maneira repreensiva para mim.

- Nós ainda temos uma chance... e-eu disse pra você, ele tem uma sobrinha...

- Pare. Não venha com isso outra vez, não é desse jeito que nós jogamos. Ficou maluca? Um seqüestro de uma menina que ainda caga nas calças com todo aquele exército de federais prontos pra agirem ao comando dele? Eu não quero morrer com uma bala na minha cabeça, obrigada. – Kail massageou a fronte tentando manter o pouco que restava de sua paciência. Eu sabia que o sermão que eu estava ouvindo não era nem de perto tão horrível quanto ao que ele deve ter ouvido do seu superior – Era pra ser uma ação discreta e precisa Catelyn, você não só falhou como expôs a todos nós.

- Não, eu expus você! E nem foi por que eu quis!

Seus olhos se semicerraram em uma expressão ameaçadora.

- Não brinque comigo. Se eu fui obrigado a aparecer aqui, foi por sua culpa.

- Mas eu...

- Cala a porra da boca.

Abaixei a cabeça e fitei minhas próprias mãos em silêncio, levei um certo instante para recomeçar a falar.

- O que vamos fazer agora?

- Bom, nós recebemos ordens para recuar, deixar a poeira baixar e esperar que o Max esqueça um pouco de nós para que possamos refazer nossa estratégia...

- Ah, bom, isso pode levar um tempo.

- Exato, graças a você. Ao menos agora nós enfim conseguimos infiltrar alguém naquele laboratório, alguém que eu nem sequer vou revelar a você, para que você não contamine com seu azar. Mas você não precisa mais se preocupar com isso. – Mikail se afastou da mesa, ficando mais ereto e enfim tive um leve vislumbre de um sorriso em seu rosto, um sorriso sádico. – Você está demitida Catelyn, pegue suas coisas e volte para a Rússia, ou pra qualquer inferno de onde você tenha saído, eu não quero ver essa sua cara de perdedora na minha frente outra vez.

- O QUÊ? Você não pode...

- Ah eu posso sim. Cale a boca, eu não agüento mais a sua voz, dê o fora da minha sala agora.

Me pus de pé imediatamente e peguei minha bolsa com raiva, dei um passo a frente e acertei minha mão com força naquela cara debochada.

- Você vai se arrepender MUITO disso Kail.

- Sua puta estúpida, se eu afundar, eu te arrasto comigo. – O sorriso em seu rosto agora era ainda maior, havia algo de sombrio naquele homem, antes eu tinha medo, mas agora...

- Vá se foder! – Saí da sala explodindo em ira, aquele filho da puta acha que pode me chutar desse jeito depois de tudo que eu fiz por essa associação maldita até agora, ele vai se foder, eu vou garantir isso.

Jimmy

- Pare de olhar pra mim com essa cara – disse sem quase conseguir terminar a frase, já que outra golfada de vômito veio sem demora.

- Desculpe... é tão ruim assim?

Abracei o balde de metal e assim que pareceu ter acabado tudo o que havia no meu estômago, voltei os olhos para ela.

- É como uma ressaca, só que sem a bebida. Onde diabos está o Max?

- Lá em cima, ele não está podendo descer, pediu que eu o esperasse aqui.

- Achei que Allie estaria aqui, não que você seja uma pessoa desagradável, só que...

- Eu sei, você queria sua garota aqui. Ela estava um pouco atarefada com os papéis do divórcio e tinha uma reunião na escola da Shannon – Lali puxou um molho de chaves do bolso e as agitou no ar – Mas ela me disse para levá-lo para lá assim que pudesse.

Exibi um sorriso sincero, mas Lali torceu o nariz.

- Acho que é bom ir escovar os dentes, ainda tem vômito nesse seu sorrisão de galã.

- Eca... – coloquei o balde no chão e finalmente me levante – Quer um beijinho? – caminhei para abraçá-la, mas ela correu.

- Sai seu nojento. – A agarrei com meus braços gigantes e a prendi, dando um beijo em sua testa e soltando uma baforada de ar com cheiro do meu vômito na cara dela. – Ewww, você é nojento Jimmy!

A larguei e olhei para seu rosto.

- O que está fazendo aqui dona sussurro? Não devia estar trepando com um tal Sr. Haner nesse momento?

O sorriso em seu rosto se esvaiu lentamente.

- É complicado Jimmy... Max precisava de mim...

- Para com isso, me conta a verdade.

- Como você...?

- Ah, por favor, realmente não sabe quem eu sou? – apontei para mim mesmo – The Reverend?!? Eu tenho super poderes.

Lali abriu um sorriso e meu deu um tapinha no braço.

- Eu não podia Jimmy, eu gosto dele, mas... eu não sei sabe? É como se ele estivesse esperando que eu fosse a mulher que solucionaria todos os problemas dele e essa não sou eu. Ele veio até mim com o coração partido por causa da esposa, ele queria um consolo, mas eu sei que no fim, é pra ela que ele vai voltar, então por que bagunçar as coisas?

- Você transaram?

- Não – ela corou ligeiramente com a minha pergunta.

- Hum, então ele realmente deve estar meio puto com você. Mas se isso se te consola, ele não é grande coisa, se é que me entende.

- Você é tão indecente! Só fala merda!

- É por que ele não tem uma vagina? Se for, bom, ele quase tem.

- Cala a porra da boca, anda, vai escovar os dentes, Max quer falar com você.

Assim que obedeci as ordens da querida sussurro, subi as escadas acompanhado dela, antes de chegar ao andar superior observei em volta, parecia bem mais cheio do que da última vez que eu andara ali, no dia da partida para 2026. O ar estava diferente, Lali estava diferente. Além disso, ela disse que Allie estava acertando detalhes do divórcio, o que aquilo significava? Eu estava tentando não pensar a respeito disso, mas era algo inevitável. Ela e Sam tiveram uma noite de sexo, quando isso vai acontecer? Ou será que já aconteceu?

Lali abriu uma porta grande de mogno sem muitas cerimônias, ao que parece ela realmente estava familiarizada com aquele laboratório, se minha intuição estiver certa, Brian deve estar em meio a uma grande crise interna, ele gostava dessa garota.

Um Max sem camisa foi pego de surpresa, uma mulher, aparentemente uma enfermeira, finalizava algum tipo de curativo na altura de suas costelas.

- Jimmy! Chegou bem na hora.

- Não se mova Sr. Turner – a enfermeira acertou um peteleco em sua cabeça.

- Hey Bunda Máxima, que diabos aconteceu com você?

Uma mesa repleta das mais variadas comidas estava posta em uma extremidade, caminhei até lá, peguei uma maçã e a abocanhei com gosto, eu estava faminto.

- O que aconteceu? Man eu salvei quinze criancinhas de uma igreja em chamas, eu sou novo herói da cidade.

Abri uma lata de Red Bull e dei um longo gole para que a maçã não descesse seca, depois o encarei.

- Claro, e eu sou a Katy Perry.

- Achei que fosse mais magra Katy, ta na hora de voltar pra aeróbica. – mostrei o dedo do meio para ele. Max soltou uma risada gostosa e a enfermeira se vingou atando um esparadrapo com força em sua cintura.

- Ai! Mulher maldita!

Depois disso a enfermeira nos deixou a sós.

- Será que posso te dar um abraço ou você quebra se eu te tocar?

- Anda, vem aqui seu filho da puta, nós sentimos sua falta.

O abracei com força e o larguei sorrindo enquanto ele me xingava por causa da dor.

- E então? Eu continuei lindo com meus quarenta anos? – eu não soube o que dizer, minha voz pareceu ter sumido, o que eu falaria? “Poxa bro, você tava morto quando eu cheguei lá”, é algo péssimo de se falar, ainda mais de se ouvir. – Qual o problema?

- Max... muita coisa mudou na vida de todo mundo.

- Eu fiquei feio? – ele ainda brincou, mas eu simplesmente não conseguia responder. Então o sorriso dele foi se fechando na medida em que eu permanecia em silêncio – Eu estava morto?

Aquilo me pegou de surpresa, e então eu notei que havia um cansaço nos olhos dele, um cansaço que eu conhecia muito bem.

- Estava.

- Entendo...  – Os olhos dele eram de um azul mais escuro do que os meus, fitaram momentaneamente uma parte isolada da sala, ele parecia refletir. – Jimmy, foi por isso que eu decidi ter essa conversa com você, no fundo eu já estava pressentindo que isso podia acontecer.

- Olha, eu sei que isso parece ruim, mas nós podemos tentar evitar sabe? Sua morte...

Max soltou um longo suspiro.

- Talvez... Isso não importa agora. Você vai ter que escrever um relatório da viagem, quando eu ler eu... eu não sei, quem sabe eu consiga me proteger. – Max massageou as têmporas e soltou um suspiro pesado, ele era bem mais novo do que eu, mas eu sentia o cansaço nele, eu já senti aquilo uma vez.

- O que aconteceu com você man?

- Pessoas perigosas estão atrás do que é meu Jimmy.

- A máquina?

- Sim, querem destruí-la sabe-se lá por que diabos. Eles tentaram me matar, ou sei lá, me dar um aviso, mas só o aviso deles transformou minha casa em cinzas e deixou 42% da carne do meu corpo em ponto de churrasco. Eu estou preocupado.

- No seu lugar eu também estaria.

- Não é comigo que eu me preocupo, é com a Allie e a Shannon. Elas são as coisas mais próximas que eu tenho de uma família. Eu não se você sabe, mas ninguém nunca me adotou Jimmy, eu cresci em um orfanato, mas como eu era bem mais esperto do que toda a minha turma, a irmã responsável pelo orfanato deu um jeito para que eu fosse a uma escola melhor. Allie era minha única amiga. Entrei na faculdade cedo, e quando fiz dezoito anos saí do orfanato e aluguei um apartamento com meu próprio dinheiro, Allie saiu da própria casa só pra ser minha vizinha e não me deixar sozinho. Aquela mulher e aquela criança são os únicos bens preciosos que eu tenho na minha vida, eu não me importo se alguma coisa acontecer comigo, eu não tenho pai nem mãe para chorarem sobre o meu caixão, nem muitos amigos, ninguém faria muito luto pela minha morte.

- Não fale assim...

- Me escuta Jimmy... eu preciso que leve Alison e Shannon com você para a Califórnia, cuide delas por mim. Eu não sei o quão longe meu adversário pode ir para conseguir o que quer.

- Você devia chamar a polícia, sei lá.

- Você notou que o laboratório está mais cheio? – confirmei com a cabeça – mais da metade são agentes do FBI.

- Então está protegido. – disse gesticulando um pouco com as mãos.

- Eu não me sinto protegido, e também não quero arriscar a segurança da minha família. Eu já conversei com um pessoal, alguns guardas irão escoltá-lo de volta pra Huntington Beach e assegurar de que elas irão com você.

- Ahm... a Allie está sabendo disso?

- Quanto menos ela souber melhor, ela não hesitaria em se colocar em risco se soubesse, não posso arriscar.

- E por quanto tempo isso seria? Eu tenho medo que Shannon pense que eu quero afastá-la de sua vida aqui.

- Se conversar direito com a Shannon ela vai compreender, ela é uma garota esperta, acho que puxou isso do pai. – ambos abrimos sorrisos suaves – Eu não sei quanto tempo isso pode durar, um mês, um ano, ou até o dia que eu morrer, talvez não seja tanto tempo assim. E então? Pode fazer isso por mim?

- Claro, mas só se você me prometer que não vai andar feito um moribundo. Acredite, eu já senti uma coisa parecida com o que você está sentindo e você é um cara legal demais pra ficar se deixando cair desse jeito.

- Eu prometo – Max abriu um sorriso – Valeu man.

Me levantei e lhe dei um abraço apertado outra vez, novamente seguido de alguns palavrões.

- Max, eles o encontraram... – Lali disse assim que abrimos a porta.

- Ah, tudo bem, acho que é hora de eu colocar um pouco o pé para fora desse laboratório,preciso conversar com uma certa pessoa – disse para mim e depois se voltou para Lali – será que pode dar uma carona para o Jimmy até a casa da Allie?

- Claro, vamos lá cabeçudo, vamos encontrar as suas moças.

Um sorriso nervoso se abriu em meu rosto.

- Okay, vamos lá Lady Sussurro.

Max

- Por que é que eu não estou surpreso de terem te encontrado num lugar como esse?

O ar daquele bar era pesado e úmido de um jeito que há muito tempo eu não experimentava, a música era algum country velho tocando meio abafado pelas caixas de som gastas e pelas vozes ásperas de outros bêbados no ambiente. Meu amigo se encontrava debruçado sobre o balcão de pedra com os olhos escuros fixos em seu copo meio vazio de qualquer coisa alcoólica.

- O que veio fazer aqui? Não devia estar testando shampoo em algum rato ou coisa do tipo?

- É bom ver que o seu humor continua intacto, Jones.

Puxei o copo dele para perto de mim e tomei o restante de bebida.

- O que você quer Max?

- Eu sei que você está magoado okay? Mas nós sabemos o que acontece com o seu lado humano quando você bebe, ninguém quer que o nosso Sam vire o incrível hulk.

- Responde logo que caralho que você quer porra! E me devolve a porra do meu copo.

- Eu tenho uma proposta pra você, mas só vai dar certo se voe conseguir permanecer mais dois segundos sóbrio. – Samuel ergueu o tronco e me encarou com a expressão séria. O cabelo estava muito armado, os olhos avermelhados e a roupa, que eu desconfiava ser do dia anterior, bastante amarrotada. Depois de ter passado alguns anos cuidando de Shannon com Allie e ele fora meio inevitável deixar de considerá-lo um amigo.

- Tudo bem Max, pode falar.

- Eu sei que você e a Allie assinaram o divórcio ontem, eu lamento por isso.

- Não lamenta nada, você também era “Team Edward”.

Acabei sorrindo, por mais que eu soubesse o quanto aquilo devia estar doendo dentro dele.

- Eu estou tentando ser legal aqui okay? – Sam retribuiu o sorriso sem muito vigor – Olha, eu quero que venha trabalhar comigo.

Uma ruga de incompreensão se formou em seu rosto.

- Como?

- Tem um grupo de pessoas muito perigosas atrás de mim Sam, a garota que eu pensava que queria trepar comigo na verdade tentou me matar, minha casa pegou fogo e eu to com pomada até no cu. Eu estou com medo man...

- Eu soube da explosão... me desculpe por não ter ido te visitar no hospital, tenho andado meio fora do eixo esses dias. Mas quer um gole? – Samuel ergueu o copo e sorriu – Parece que você precisa.

- Eu quero que venha trabalhar pra mim Sam. Eu te conheço há um tempo, eu gosto e confio em você.

- Desculpa man, eu não sei nem a composição do pão de batata que eu como, não posso ser útil pra você.

- Eu preciso de um guarda Sam, eu quero que fique perto de mim, me protegendo.

- Porra isso soa tão gay.

- Você é forte, luta bem, alguém pode te ensinar a manejar uma arma. Eu não preciso que seja o James Bond.

- Isso é sério Max? Digo, quer mesmo que eu fique na sua cola? O que eu sei de luta foi só o que eu aprendi apanhando por ai, e olha, na maioria das vezes eu sou quem apanha mais.

- Eu sei, você não vai ser meu único guarda, mas eu prefiro ter um amigo perto de mim do que um troglodita qualquer, digo, eu não quero ficar mais solitário do que já estou.

- Não acho que seja uma boa idéia...

- Allie e Shannon vão partir para Huntington com James amanhã a noite – os olhos escuros dele enfim expressaram algo mais concreto – Eu quero que elas fiquem protegidas, além disso, uma distância entre você e Allie vai ser algo bom, por ora.

- E-eu... eu não vou poder ver a Shay?

- É uma situação provisória, mas acho que é bom se despedir dela mais tarde. O fato é que... você está ficando cada vez mais sombrio Sam, olha pra esse lugar, você está se tornando uma outra coisa. Eu acho que é uma boa chance para você se reencontrar e tentar dar um novo começo pra sua vida.

Samuel mordeu o lábio inferior com força, ele estava refletindo, eu podia ver em seu olhar.

Me contorci um pouco no banco duro, as queimaduras cicatrizavam aos poucos e coçavam como o inferno, mas naquele instante fiz questão de lançar um olhar incisivo sobre Sam. Ele passou um longo momento quieto, alternando o olhar entre meu rosto e partes aleatórias do bar, até que por fim disse:

- Eu vou pensar a respeito.

Allie

- Ouviu o que eu disse?

- Sim – disse emburrada no fundo do carro.

- Não é certo machucar as pessoas Shay.

- Eu não gosto daquele menino. Eu não gosto de ninguém naquela escola.

- Alguém fez alguma coisa com você lá?

- Não... eu só não... eu não tenho nenhum amigo mamãe. Eles não gostam de mim, eu não gosto deles.

- Se quiser, podemos encontrar uma nova escola pra você...

- Eu não quero ir pra escola nenhuma. Eu quero ficar em casa, com você e o Wolfie.

- Não diga isso meu bem – pelo retrovisor eu podia ver seu rostinho encarando o mundo passando rápido pela janela.

- O que você fez com o papai? Por que ele não volta pra casa?

Os olhos dela se encontraram com os meus pelo espelho do retrovisor, muito azuis e incisivos, faziam uma pressão tão grande sobre mim que meu corpo parecia sufocar. Eu não fazia a menor idéia de como explicar aquilo para ela, eu só poderia dizer que eu era uma péssima esposa e uma mãe pior ainda.

- Vamos chegar em casa primeiro okay? Quero falar isso pra você do jeito certo.

Os olhos dela cruzaram nos meus pelo retrovisor mais uma vez e imediatamente um arrepio percorreu meu corpo, aquele olhar era expressivo demais, como se só o olhar carregasse uma alma própria.

- Tudo bem mamãe.

Estacionei em casa e desatei seu cinto, mas antes que ela descesse do carro me sentei ao seu lado e a abracei, eu gostava de sentir o calor do corpinho dela junto ao meu, me dava força. Passei levemente os dedos por entre seus cabelos e estes se entrelaçaram no emaranhado de fios embaraçados, tirei minha mão dali com cuidado para não arrancar os fios e beijei sua testa.

- Eu te amo Shay, se lembre disso todo dia okay?

- Eu também te amo mamãe.

Um sorriso bobo percorreu meu corpo e em seguida fomos de mãos dadas em direção à porta, só quando coloquei a mão sobre o trinco é que me lembrei de que provavelmente já havia alguém lá dentro me esperando.

Assim que abri a porta me dei de cara com ele, deitado no sofá, cochilando. Metade das suas pernas pendia para fora do sofá, estava descalço, de bermudas, a barba crescida e o cabelo sendo moldados pela almofada em que sua cabeça estava recostada. Eu adorava aquela imagem dele, dormindo, parecia uma criança, tão sereno, quieto, mas era obrigada a concordar que sua melhor performance sempre acontecia quando ele estava acordado. Assim que fechei a porta, seus olhos imediatamente se abriram.

Quando ele soltou um grunhido e bocejou, senti a mãozinha de Shannon vindo desesperada de encontro à minha, ela ofegava. É claro, ela estava nervosa.

- Está tudo bem Shay. – ela voltou os olhos para ele e apertou com mais força a minha mão.

Jimmy se sentou direito e olhou para nós, um sorriso doce brincava em seu rosto, mostrando aqueles incisivos pontiagudos que faziam do seu sorriso algo especialmente seu.

- Hey moças.

O sorriso idiota que se formou no meu rosto foi involuntário, ele era muito perfeito, parecia que ás vezes eu mesma me esquecia disso. Shannon se agarrou à minha perna, então Jimmy se colocou de pé e veio até mim, deixando um beijo demorado em minha bochecha. Em seguida se abaixou para ficar na altura de Shannon.

- Será que eu posso ter uma conversa com você? – Shannon olhou para ele, mas negou com a cabeça e afundou o rosto na minha coxa. – Hey, por que está assustada? Esqueceu de quem eu sou? – Jimmy fez uma pausa e naquele momento quase achei que Shannon fosse chorar – Eu sou seu amigo Shay, o gigante. Eu continuo sendo o mesmo.

- Mas aquela mulher disse...

- Não importa o que ela disse, eu vou ser seu amigo pra sempre, não importa o que as pessoas digam.

- Isso é... isso é verdade? – um tom de dúvida era claro em sua vozinha de criança.

- Claro, agora vem aqui, pode me dar um abraço?

Shannon soltou um pouco hesitante da minha perna, mas logo se rendeu e o abraçou, fiquei olhando boba para aquela situação. Ele era tão carinhoso, esperto e a ama, mesmo a conhecendo a tão pouco tempo. Talvez se eu não a tivesse escondido dele muito de nós pudesse ter sido poupado.

- Olha, eu tenho um filme muito legal pra te mostrar.

- Que filme?

- É sobre um lagarto gigante que destrói uma cidade.

- Lagarto gigante? Como você? – enfim notei um sorriso gostoso se abrindo no rosto de Shannon.

- Não, ele é mais gigante do que eu, maior do que um prédio.

- Oh parece tão legal! Quando vamos ver?

- Só me dê tempo suficiente para que eu o encontre em alguma locadora e nós vamos ver okay?

- Você é o melhor amigo do mundo!

- Não, você que é.

- Acha mesmo que eu sou uma boa amiga?

- A melhor do mundo! – Okay eu estava quase indo atrás de uma câmera pra gravar aquela fofura.

- Shay meu amor, por que não coloca seus materiais lá em cima e vai brincar um pouco com o Wolfie?

- Oh! Gigante, eu tenho uma rasopa! Quer ver?

- Agora não, eu preciso conversar com a sua mãe, mas logo eu vou lá ver sua raposa. – Notei que Jimmy fez uma careta enquanto falava na raposa, mas logo depois Shannon saiu em disparada para o quintal, sem nem levar as coisas lá para cima, como eu havia mandado. Jimmy apenas se colocou de pé, soltando alguns gemidos por causa do tempo que passara agachado, os trinta anos começavam a pesar.

- Você está ficando velho The Rev.

- Cala a boca! – Disse em tom brincalhão e então tocou seus lábios nos meus, a princípio de um modo muito suave, quase tão suave quanto o toque que logo em seguida a ponta de seus dedos fizeram em meu rosto. Seu polegar deslizou cuidadoso pela extensão do meu maxilar até descer para meu pescoço e nuca. Seus lábios se abriram minimamente e prenderam meu lábio inferior entre eles, mas diferente de Jimmy aquele toque calmo estava me deixando meio afoita, o abracei quase em desespero e iniciei um beijo mais feroz, que pareceu surpreendê-lo um pouco, mas ele imediatamente correspondeu, descendo as mãos por minhas costas e me mantendo junto a si.

Eu não queria que aquele beijo terminasse nunca, eu não queria ter que falar tudo o que eu pretendia dizer, eu não queria perdê-lo de jeito nenhum, mas eu não o merecia. Eu estava me odiando só por estar cedendo àquele beijo, mas eu queria um último, apenas porque eu era mesquinha demais pra deixar que ele partisse sem que me deixasse um último beijo na memória.

Quando seus lábios se separaram dos meus eu ainda podia senti-los ali, próximos aos meus, soltando o ar de uma respiração levemente descompassada. Soltei lentamente o seu corpo, quase me desfazendo em lágrimas.

- Jimmy nós precisamos conversar.

Os olhos dele penetraram nos meus, parecendo lê-los completamente.

- Pode falar, Allie.

Minha respiração estava horrível, eu queria cair no chão e chorar, eu queria ser outra pessoa, eu queria qualquer coisa, menos estar naquele estado, era uma tortura.

- Quando você viajou... – Os olhos azuis dele então se abriram um pouco mais, eu não ia conseguir, não daquele jeito, não com ele sendo tudo aquilo pra mim. Eu o amava e eu o traí. – Eu sinto muito.

Minha garganta começou a queimar, o choro saiu por ela como uma libertação.

- Fala Alison. – O tom dele era firme, mas não parecia irritado.

- Eu fui pra cama com o Sam – solucei alto enquanto sentia as lágrimas umedecendo as maçãs do meu rosto – Eu sinto muito Jimmy, você não merecia isso, e-eu...

- Você o ama? – Jimmy me cortou e meus olhos se abriram muito, eu parecia uma débil mental.

- Não! Claro que não, não do jeito que eu amo você... ele só é muito atraente e ás vezes... eu não consegui me controlar.

- Eu não me importo.

- O quê?

- Você acha que é a primeira mulher que eu tenho e me trai? Se você realmente me ama, eu não ligo pro fato de ter transado com outro cara. Além disso, eu também já te traí, isso não faz de você uma pessoa ruim.

- Não pode estar falando sério. – caminhei de um lado para o outro tentando controlar o choro e emaranhando os dedos em meu cabelo.

- É claro que eu estou, você me perdoou das outras vezes, por eu não posso te perdoar? Se você me ama, nada disso importa pra mim. Eu estou cansado desse vai e vem idiota, se eu te amo e você me ama, por que a gente não consegue ficar junto? Você e o Sam se divorciaram certo?

Eu ainda não estava raciocinando direito, eu estava muito nervosa, minhas mãos tremiam.

- Sim, Max disse pra você?

- A Lali disse. Olha, eu acho que finalmente nós temos a chance de tentar ter um relacionamento de verdade, cuidar da Shannon e do... – ele interrompeu a frase e mordeu o lábio com força. – Acho que eu finalmente entendi o relacionamento do Brian com a Michelle. – Olhei para ele sem compreender.

- Eu não consigo me perdoar assim tão fácil, você precisa de alguém que não faça isso com você, que te trate com dignidade.

- Ah, por favor, você acha que tipo de mulher com dignidade um cara como eu pode encontrar? Eu não quero nenhuma outra mulher com ou sem dignidade. Tirando a parte de que você fodeu com outro cara, e isso é uma merda, eu finalmente posso ver algo positivo nisso tudo.

Me joguei no sofá e abracei minhas próprias pernas.

- Positivo? – ri sem humor. – Você não está pensando direito Jimmy.

- Você cometeu um erro, agora eu não preciso mais me sentir o filho da puta que sempre estraga tudo, nós somos iguais agora. Você não é mais a Sra. Paz e Amor, uma santinha que eu fico com medo de errar e te decepcionar, nós estamos nivelados agora Allie. Não consegue ver o que pode amadurecer em nós dois a partir disso? Eu consigo.

Não consegui dizer mais nada, ele estava de pé, um pouco ofegante, mas vitorioso por ter conseguido dizer tudo aquilo. Ele estava muito calmo.

- Você já sabia disso não sabia? Você acabou de voltar do futuro – ri ironicamente – Como eu sou idiota, você já sabia de tudo.

- Sim, e eu estou agradecido por ter sabido disso antes, eu pude pensar a respeito disso, algo que se eu estivesse de cabeça quente eu nunca conseguiria fazer. Eu pensei muito a respeito disso, eu fiquei muito irritado no início, mas do que pode imaginar, mas só por que eu estava pensando em você com o Sam e eu não suportaria a idéia de te perder pra ele, ele é um desgraçado, um babaca, me adoece imaginar vê-lo usufruindo das coisas que eu mais gostaria de ter e até agora não pude. Mas então... eu pensei em você, no que você significa pra mim, eu te amo Allie, eu não quero te perder. Sei que você agora está se sentindo um lixo e pensando seriamente em me deixar para que eu tenha a chance de conhecer alguém melhor, mas você é a melhor mulher que eu conheço, pelo menos a melhor que já se interessou por um cara defeituoso como eu, mas você só está pensando nisso por que você tem caráter. Não precisa se culpar desse jeito, não é como se eu nunca tivesse passado por isso. Eu quero ficar com você Allie, eu sou mais forte quando eu estou com você, eu não acho que se encontre fácil alguém que tenha sobre mim o mesmo efeito que você tem. Pense nisso, pensa na Shannon, pense no quanto nós podemos ser fortes juntos.

Fechei os olhos e respirei, eu precisava de oxigênio, eu não esperava por aquilo, esperava tudo, até um tapa no rosto, alguns palavrões e muita amargura vindo dele, mas eu realmente havia esquecido o quão bom Jimmy podia ser, e isso só fazia com que eu me sentisse ainda mais idiota.

Um longo período de silêncio se sucedeu, Jimmy se sentou ao meu lado e permaneceu ali, estático, assim como eu.

- Allie... – depois de ficar calado por tanto tempo a voz dele saiu meio rouca, Jimmy limpou a garganta e recomeçou – Allie, o Max me pediu um favor. – voltei timidamente o olhar para e aguardei que ele prosseguisse – Ele está trabalhando mais do que nunca esses dias e disse que não vai ter muito tempo para ficar com vocês, você se divorciou do Sam... Max sugeriu que eu levasse você e Shannon para passar alguns dias comigo em Huntington, pelo menos até ele se desocupar um pouco, as aulas da Shay já estão perto do fim, então passar o dia de ação de graças com os Sullivan pode ser uma boa distração.

- Eu não sei Jimmy... nós dois...

- Eu sei que está se sentindo mal com tudo isso, mas talvez uma viagem ajude. Além do mais, nossas passagens já estão compradas.

- O QUÊ? – pela primeira vez alterei meu tom de voz.

- Pra amanhã a noite.

- Como ele faz uma coisa dessas sem nem me avisar? Shannon ainda tem quase um bimestre inteiro, eu tenho meu trabalho e ele! Quem vai cuidar dele? Ele está ferido!

- Não se preocupe com nada disso, ele já organizou tudo...

- Onde está meu telefone, preciso ligar pra aquele bastardo filho da puta.

Peguei o celular afoita e enquanto aguardava Max atender a ligação, olhei para Jimmy, os olhos dele encontraram-se com os meus, mesmo naquele emaranhado de barba e cabelo, os olhos tinham um destaque peculiar, um vida própria, poderosa, hipnotizante. Eu não queria me desfazer deles.

Lali

- Meu deus, meu cérebro vai explodir! – falei sozinha depois de jogar para o lado o pesado volume que Max me presenteara com as primeiras informações a respeito da máquina do tempo. Era realmente algo fascinante, mas física quântica não é nem de longe a minha coisa mais favorita no mundo.

Deitei de bruços e coloquei o travesseiro sobre minha cabeça. Alguns dias atrás minha cabeça estava um turbilhão, mas com exceção da física quântica, agora minha mente finalmente parecia mais vazia. Eu estava com medo de Kail, mas ele não deu mais nenhum sinal e com todos aqueles agentes do FBI eu me sentia protegida, um privilégio que o próprio Max não conseguia dar a si mesmo. Eu também pensava em Brian, não com muita freqüência, uma vez ou outra seu rosto me vinha à mente, aquele humor infame dele, o sabor dos seus lábios, era uma boa lembrança, mas eu não tinha certeza do quanto de mim desejava aquilo de verdade.

A campainha inesperadamente tocou, olhei assustada para o relógio, eram 2:30 da manhã, era muito tarde para visitas e o agente na porta do meu quarto não deixaria que tocassem a não ser que fosse algo urgente. Me levantei um pouco desconfiada e fui até a porta.

- Quem é?

- Sou eu... John, seu guarda, senhora.

- Algum problema?

Ele não respondeu e imediatamente destranquei a porta.

- NÃO ABRA SRTA. WHIS... – ele gritou, mas era tarde. Eu já havia aberto a porta, soltei um grito ao vê-lo caído no chão com uma mancha de sangue sob a barriga, rapidamente tentei fechar a porta, mas uma pessoa surgiu pela lateral e empurrou a porta com tanta força na direção oposta, que eu, que estava posicionada atrás dela, cambaleei a ponto de quase cair no chão.

- Não tão depressa Whisper.

Ela entrou e agilmente fechou a porta atrás de si. Corri até a mesa e peguei uma faca de cozinha que estava sobre o prato vazio do meu jantar.

- Fique onde está. – disse segurando a faca com ambas as mãos.

Catelyn sorriu e de maneira sádica exibiu a faca que utilizara para matar o guarda, a lâmina estava completamente ensangüentada e ela calmamente limpou o sangue no tecido da calça.

- A minha é maior e mais afiada do que a sua bebê. – Lyn colocou a faca no bolso e fez pouco caso do fato de eu estar apontando a outra faca para ela, girou nos calcanhares e olhou para a decoração do quarto do hotel – Max está te bancando agora é? Nada mal. Abaixa essa droga okay? Não vou te machucar.

Soltei um riso perplexa.

- Você matou meu segurança!

- Ah, desculpe, eu não tinha muita opção. – Catelyn deu de ombros e veio caminhando em minha direção.

- NÃO SE APROXIME!

Antes que eu pudesse agir, ela rapidamente correu até mim, puxou meu braço e jogou a faca para longe, em seguida me jogou contra a parede, prensando minha bochecha com força contra a superfície de concreto.

- Você é patética Whisper. Minha avó numa cadeira de rodas se defende melhor de que você.

- Vai me matar? – disse sentindo minha respiração sair atrapalhada e o oxigênio começar a faltar.

- “Vai me matar” – disse de modo zombeteiro – É a única coisa que sabe dizer? Eu quero conversar com você. – Senti os lábios dela encostando-se à pele da minha nuca, um arrepio novo percorreu minha espinha. – se eu te soltar agora promete se comportar? – não respondi e imediatamente ela forçou com o antebraço a região das minhas omoplatas, me imprensando com ainda mais força contra a parede. – Quando eu fizer uma pergunta, eu espero que responda Lali.

Confirmei com a cabeça e ela então soltou meu corpo.

- O que você quer?

Catelyn exibiu um sorriso quase doentio, agitou o cabelo curto e exibiu um ar de orgulho.

- Eu quero ajudar você.


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Notas finais do capítulo

Eu sei q a história ta meio enjoada gente, mas tenham paciencia q logo as coisas se agitam outra vez! Qualquer comentário é bem vindo :)
Espero que tenham gostado
Beeijos