A Casa De Klaus escrita por Bellah102


Capítulo 48
Capítulo 47 - O jogo


Notas iniciais do capítulo

Preparem-se para me odiar em 3... 2... 1...



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Nessie

            -Comida para Nova – Disse colocando a ração no pote dela, que mal podia esperar para atacá-la. – E comida para Riley.

            Sim, o Monte-De-Neve agora se chamava Riley. Lizzie se apaixonara pro ele no momento em que ele entrara no quarto e me proibira – minha filha me proibiu! – de levá-lo para Tyler.

            -Ele escolheu você, assim como o Boi me escolheu. Ele é seu. Você precisa cuidar dele.

            A experiência de ter dois cachorros que podiam me rasgar no meio ao invés de u não era muito diferente. Era só fazer as mesmas coisas, mas em dobro. Além do mais, Lizzie fazia grande parte do trabalho. Ela podia ser relapsa sobre certas coisas, mas era muito responsável com seus cães. Estranhamente, apesar de ela ser quem lhe dava comida, carinho e grande parte da atenção, Riley permanecia tão conectado a mim quanto no dia em que eu o encontrara, seguindo-me para toda a parte.

            -Vão jogar baseball amanhã.

            Comentou Elijah, sem parar de escrever sua redação de mil palavras sobre selkies para a aula de Klaus Jake demorou um pouco para assimilar a informação, marcando pontos em um plano cartesiano com desinteresse. Santo Deus. Meus namorados são uma horda de nerds.

            -Nós vamos?

            Ele perguntou, levantando os olhos para mim. Fiz que não com a cabeça, levando as tigelas para a água para enchê-las.

            -É o jogo da garrafa. Não é a nossa praia.

            Enchia as tigelas, levando-as de volta.

            -O que é o jogo da garrafa? Não é só para festas?

            Elijah fez que não, rabiscando por mais alguns segundos antes de responder.

            -Não tem uma garrafa de verdade. É só uma modalidade que inventamos. A cada ponto marcado, um beijo.

            -E qual a diferença entre o ponto de um time e do outro?

            Voltei para o quarto, colocando as tigelas no chão, ao lado de um Riley e uma Nova famintos, devorando a ração.

            -A duração.    

            Respondi, com um sorriso travesso.

            -O time vencedor pode escolher a duração do beijo.

            Elijah explicou, quando Jake perguntou-me com o olhar o que eu queria dizer.

            -Alguns acumulam pontos para depois. Outros não. Às vezes o jogo fica... Pouco dinâmico.

            Eu disse, corando de leve. Eu e Elijah nunca jogávamos em dia de jogo da garrafa, nem mesmo quando estávamos juntos. Assistíamos as vezes. Mas era tão desconfortável que preferíamos nos recolher e assistir algum filme. Jake riu. Conhecia aquele olhar. Estava curioso.

            -Eu quero ir.

            Ele disse, levantando os olhos do caderno. Eu ri.

            -Não seja bobo, Jake. Você não tem com quem ir.

            Ele sorriu, travesso e puxou-me pela mão para que eu caísse sobre os livros no seu colo. Gargalhei, empurrando-o enquanto ele se aproximava.

            -Eu tenho você.

            Disse, enlaçando os braços ao redor da minha cintura. Eu deixei o riso morrer devagar e beijei o canto da sua boca de leve. Eu sabia que não era isso que ele queria, mas era o que teria que servir.

            -Não. Não tem.

            Eu disse a ele, tocando seu rosto, triste e mostrando a ele o quando eu queria. Queria beijá-lo. Queria estar perto dele. O tempo todo. Mas não podia. Levantei-me, ajeitando as roupas amarrotadas.

            -Então eu vou levar a Liz.

            -Você não é meu tipo.           

            Disse ela, espichando a cabeça para fora de debaixo da cama onde estava. Dei um salto para trás, sobressaltada, caindo ao lado de Elijah. Jake recolhei os pés para cima da cama, como se Lizzie fosse mordê-lo. Só Elijah permaneceu no lugar, escrevendo como se nada tivesse acontecido, embora agora sua testa estivesse levemente vincada.

            -Hey, Flor-de-Liz.

            Ele disse, sem interromper o lápis que corria pelo papel.

            -Lizzie, o que está fazendo aí?

            Perguntei, estendendo os braços para puxá-la de debaixo da cama. Esperei até que suas perninhas fracas se firmassem para soltá-la. Ela limpou a poeira do cabelo.

            -Francamente, quanto tempo faz que a gente não limpa ali... Eca! – Ela soprou um cacho loiro para fora da visão – Eu estava procurando a bolinha de Boi para brincar com Nova e com Riley lá fora.

            -Há quanto tempo você está lá embaixo?

            Ela deu de ombros.

            -O dia todo.

            -E você não podia simplesmente ter perguntado onde estava?

            Os olhinhos dela brilharam.  

            -Você sabe?

            Assenti, abrindo a gaveta da mesa de cabeceira dela e pegando a bolinha verde-água. Entreguei-a à Lizzie que pulou de alegria, aninhando o brinquedo entre as mãos com um cuidado que fazia a bola parecer de vidro e não de borracha.

            -Obrigadinha.            

            Agradeceu, indo para o lado de Nova para esperar que ela terminasse de comer. Olhei para Elijah, que escrevia furiosamente no seu caderno. Uni as sobrancelhas. Algo estava errado. Era quase como se eu pudesse sentir o cheiro da fumaça da maquinação do cérebro dele. E quando ele pensava tanto assim, coisa boa não devia ser.

            -Ei, você pode ir na frente e dizer que não vamos jogar?

            Perguntei à Jake que brincava com Riley, fazendo Lizzie gargalhar. Riley era muito possessivo, tanto com seu território quanto com suas donas. E não ficava feliz com um macho alfa em seus domínios. Jake rosnava para ele, o que meu akita branco, apesar de assustado, não levava muito bem. Jake riu, acariciando a cabeça dele, que tentou mordê-lo e olhou para mim.

            -Claro. Vai demorar?

            Fiz que não, procurando um casaco quente.

            -Estarei lá em um minuto. Leve Lizzie, está bem?

            Ele assentiu e estendeu a mão para ela, que se pôs de pé de um salto, assobiando para chamar a atenção de Nova que estava distraída correndo atrás da sua própria cauda – de novo. Jake apertou sua mão, puxando-a na direção da porta.

            -Então Liz, pronta para umas beijocas.

            Ela o empurrou, fazendo uma careta enquanto ele fazia sons de beijos para provocá-la.

            -Ui, sai daqui! Já disse que você não é meu tipo!

            Gritou, libertando-se da sua mão e correndo com Nova em seus calcanhares. Riley bufou, como se ele mesmo tivesse afugentado Jake e sentou-se ao meu lado em uma postura protetora, fielmente me esperando. Fui até os espelho para abotoar o casaco e ouvi uma batida na porta.

            -Nessie?

            Chamou Elijah, batendo mais uma vez à porta aberta. Saí do banheiro, ainda me atrapalhando com os botões do casaco.

            -Ei. Bom dia – Cumprimentei. Diferente do seu habitual jeito educado e regado de sotaque, ele apenas assentiu com a cabeça. Parecia nervoso – Onde esteve onde à noite? Jake, Liz e eu fomos assistir Friends no andar de baixo. Achei que você ia gostar de ir, mas você não estava no quarto.

            Ele assentiu, unindo as mãos a frente do corpo.

            -É... Eu precisava tirar umas dúvidas sobre a redação com Klaus.

            Uni as sobrancelhas, desconfiada. Elijah nunca fora um bom mentiroso – pelo menos não à curto prazo. Além disso, eu o conhecia. Sabia que ele evitava qualquer tipo de contato com Klaus.

            -Sozinho? No meio da noite?

            Ele revirou os olhos, algo que não era do seu feitio

            -Não foi no meio da noite. E Bonnie foi comigo.

            Bonnie? Mas ela nem ao menos estava nessa aula... Algo muito estranho estava acontecendo com Elijah e eu precisava descobrir o que era. Mas sabia, por experiência própria, que se o forçasse, ele ia se fechar como a um tatu bola. Precisava confiar que me contaria tudo quando estivesse pronto.

            -Mas você vai ao jogo, não é?

            Ele sorriu de leve, de forma tensa.

            -Eu não perderia por nada, colega.

            Disse, indo na direção da porta. Apressei-me para ir até ele, pegando suas mãos geladas entre as minhas. Talvez não tivesse outra chance de ficar sozinha com ele. Olhei fundo em seus olhos claros, procurando o que eu sabia estar lá, em algum lugar.

            -Ei, hum... Eu sei que não está sendo fácil para você... Eu e Jake... E então Lizzie... – Apertei suas mãos, mostrando-lhe que apesar de tudo, estava ali. – Mas eu só quero que você saiba que ainda é o meu melhor amigo e sempre vai ser. E que eu te amo muito. E que eu agradeço por você continuar cuidado de mim mesmo com... Tudo isso.    

            Ele me deu um sorriso trêmulo e por um segundo achei que ele ia vomitar ou cair em lágrimas pelo jeito que seu queixo tremeu. Mas ele me abraçou com força. Fiquei estática. Fazia muito tempo que ele não me tocava daquele jeito. Abracei-o de volta, feliz por sentir que ele confiava em mim e que nada havia mudado, mesmo com todas as desgraças que insistiam em acontecer conosco.

            -Eu também amo você. Lembre-se disso.         

            E no segundo seguinte ele tinha sumido, indo para fora do quarto.

            Quando eu e Riley saímos da Casa, Elijah e Sage já estavam lá. Ele com as mãos nos bolsos e Sage cheirando seu caminho na direção de Riley, que recuou. Ele não se entrosava muito bem com outros cães, à exceção de Nova. Meredith e Miles competiam pela maior pose de durão embora nenhum dos dois conseguisse parar de rir. Jake conversava com Damon e Stefan com o taco atravessado sobre os ombros. Tyler ouvida timidamente enquanto Caroline tagarelava sobre alguma coisa fútil. Bonnie montava Elena, que gargalhava. Katherine mascava um chiclete com uma atitude petulante, enquanto John e Isobel tentavam engolir um ao outro ao seu lado. Lizzie jogava a bolinha para Nova e a perseguia até que a devolvesse.

            -Ei, esse jogo começa ou não?!

            Perguntei à Elena, com um grito alegre. Deixando Bonnie no chão, elas vieram até mim.

            -Ei Nessie! Ainda bem que você veio!

            -Qual o problema?

            Perguntei, enfiando as mãos nos bolsos e unindo as sobrancelhas.

            -Jeremy e eu terminamos – Contou Bonnie, embora eles não mantivessem uma relação nada firme. Se um dia sairmos daqui, vou obrigar aquele garoto à visitar um psicólogo. – Ele pediu um tempo.    

            Suspirei, pousando uma das mãos sobre o seu ombro.

            -Sinto muito, Bom.      

            Ela deu de ombros.

            -Está tudo bem, eu acho. Deixa ele ter seu tempo – Ela parecia tensa, não triste, como se tivesse um grande segredo e não uma grande tristeza. Ela parecia não conseguir firmar o olhar em lugar algum. Qual era o problema de todo mundo hoje?! – Será que você e Elijah poderiam jogar no nosso lugar.

            Olhei para Elijah, que falava com Lizzie com um sorriso tenso. Balancei a cabeça.

            -Eu já disse à vocês. Elijah é... Tímido.

            Elena virou-se para Elijah.

            -Elijah! – Ele desviou o olhar de Lizzie, como que flagrado roubando um banco – Você e Nessie podem jogar?

            Ele fez que não, rápido demais. Caroline e Tyler vieram até ele, tentando convencê-lo de forma espalhafatosa. Fui em seu auxílio, indo até ele e pousando a mão sobre seu ombro. Ele virou-se para mim, o corpo tenso, enquanto Tyler e Caroline aguardavam uma resposta.

            -Precisamos jogar.

            Ele disse baixinho, com uma voz assustada.

            -O que? Por quê?

            -Tyler está com o diário da minha mãe.

            -E o que diabos ele está fazendo com ele?

            Sussurrei de volta. Os dois olhavam para nós com expectativa. Elijah engoliu em seco. Parecia genuinamente preocupado com o livro. Eu não o culpava. Era a sua única conexão com a mãe há muito morta – por ele mesmo, inclusive.

            -Eu emprestei para que ele lesse. Mas agora ele quer... Ir em frente com Caroline. Ele precisa desse jogo. Ele precisa VENCER esse jogo, senão...

            -Ele está chantageando você?!

            Olhei para Tyler, que passava metade do seu tempo livre cuidado de cães aos milhares, que era obrigado a quebrar todos os ossos do corpo milhares de vezes durante a lua cheia e que cuidava melhor de Grayson do que o próprio pai. Chantagear seu melhor amigo – seu único amigo – para levar a namorada para a cama não parecia encaixar no perfil dele. Elijah parecia cada vez mais nervoso.

            -Precisamos jogar. Por favor...

            Suspirei, apiedando-me dele. Como poderia negar a ele a única lembrança que tinha da mãe? Como eu me sentiria se alguém tirasse de mim meu medalhão, que também era a única prova de que um dia eu tivera uma família e de que todos aqueles anos de carinho e dedicação não tinham sido um sonho muito bom do qual eu havia acordado? Imaginei que era pior para Elijah. Ele nem ao menos conhecia a mãe, tinha sido o culpado pela sua morte e precisava lembrar-se dela do mesmo jeito para que não perdesse a sanidade. Precisava lembrar que alguém o amava. Por fim, assenti.    

            -Está bem, está bem. Me dê alguns minutos para falar com Jake.

            Ignorado-me, ele deu um passo à frente, estendendo a mão à Tyler.

            -Vamos jogar.  

            Tyler comemorou com um urro e Caroline deu pulinhos de felicidade. E é claro que eles precisavam declarar ao mundo que jogaríamos. Pelo olhar magoado de Jake, sabia que estava com problemas.

Elijah

            Sim. Eu era uma pessoa horrível. Mas eu podia viver com isso. Os fins justificam os meios, não é? E o que eu estava fazendo era bom. Se eu conseguira convencer Klaus de que era para o melhor, eu podia tornar aquilo realidade. Só me faltava a coragem.         

            Além do mais, eles ficariam bem. Nós não chegaríamos a fazer um único ponto. E eles sempre ficavam bem no final. Eles se amavam além dos erros estúpidos que cada um cometia. Ajeitei o taco nas mãos que suavam. Só podia esperar que um dia encontrasse isso para mim. Fechei os olhos.

            Pensei em Nessie machucada. No sangue no topo da sua cabeça quando Scott invadira seu quarto durante a noite. Relembrei a sensação de impotência de não poder voltar no tempo e tomar conta dela como deveria ter feito. Lembrei-me do medo de perdê-la que experimentara quando segurava seu corpo inerte e o levava para fora do ônibus quando saíramos em excursão. Da surpresa aterrorizante e agridoce que fora ver a força se esvair dela e fluir para Lizzie, uma sensação excruciante e gelada que me puxava em direções opostas, aos pilares mais importantes da minha vida que eram Lizzie e Nessie. Pensei na raiva de quando descobrir que Scott a trancara no freezer, e da minha indignação quando o encontrara estuprando na floresta em uma daquelas primeiras noites, quando ainda não sabia o quão importante ela seria para mim.

            Então ouvi a bola riscar o ar na minha direção.

            O certo nem sempre e fácil O fácil nem sempre é certo.

            E isso era difícil. Muito difícil.

Nessie

            Todos olhamos embasbacados enquanto a bola que Elijah rebatera subia e então começava a descer no meio das árvores. Tyler assoviou, sorrindo abertamente.

            -Se isso não foi um home-run, eu não sei mais o que é!

            Enquanto os casais se apressavam para se envolver, corri na direção das árvores para buscar a bola. Elijah me seguiu, jogando o taco na grama.

            -Ei, Nessie, deixa que eu pego!

            Afastei seu pedido com um gesto da mão.

            -Não tem problema. Eu pego.

            Ele correu para me alcançar. Corri para abrir mais distância entre nós. Ele me deu um sorriso tenso, em ultrapassando. Sorri para ele e corri. Ele acompanhou meu ritmo e me ultrapassou mais uma vez. Logo estávamos em uma louca corrida desenfreada para pegar a bola. E em um segundo, Elijah parou, me deixando ultrapassá-lo. Parei de repente, preocupada e senti cheiro de fumaça. Gritei, pulando para fora do canteiro de verbena. Canteiro de verbena?            -Oh não. Deus, não, não! Elijah!

            Tentei voltar para onde ele estava, e ele vinha na minha direção, mas antes que nos encontrássemos, duas sombras frias e perfeitas colocaram-se entre nós.

            -Ora, ora, ora, o que temos aqui?

            Scott disse, cruzando os braços e sorrindo sadicamente.

            -Que vergonha. Esperava mais de você, Renesmee. – Disse Klaus, balançando a cabeça. – Scott. Prepare o sacrifício.

            Não tive nem tempo de me defender. 


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Notas finais do capítulo

MUAHAHAHA, ATÉ SEMANA QUE VEM, BITCHES!



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