A Casa De Klaus escrita por Bellah102


Capítulo 46
Capítulo 45 - Recuperadas


Notas iniciais do capítulo

Haaaaaiiii! #VanBuren

Oi gente!
Eu sei que eu não avisei, mas entrei em um hiatus por um mês de novo, mas adivinha? Esse mês acaboooou! Yaaaay! Agora vou tentar voltar ao normal de um capítulo por semana. Espero que não tenham me abandonado...



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Capítulo 45 – Recuperadas:

            Nessie

            Não fiquei muito tempo no limbo. Minha chuva chegou no que pareceu ser pouco tempo depois que Lizzie desaparecera. Fiquei no escuro por um tempo até perceber que estava no meu quarto. Abri os olhos, piscando, confusa. Funcionara? Lizzie estava bem? Unindo as sobrancelhas, virei a cabeça na direção de Lizzie. Elijah estaca sentado no chão, brincando distraidamente com os dedos. Lizzie estava em sua cama. A cor voltara para o seu rosto, e ela dormia, encolhida em uma pequena e saudável bola de puro amor.

            Um par de braços fortes segurou meu rosto, tirando Lizzie e Elijah do meu campo de visão. Os olhos negros de Jake estavam cheios de raiva e ressentimento. Seus dedos quentes tremiam sob mim. Meu coração encolheu-se contra a caixa torácica, assustado e triste.

            -Nunca. Mais. Faça. Isso. Comigo.

            Ele disse, trincando os dentes. Ele saiu correndo do quarto, quase sem poder conter os tremores. Sentindo meu coração queimar de culpa, tentei me por sentada, mas meus braços não tinham força para me sustentar. Elijah veio em meu socorro, sustentando-me até que eu pudesse me sentar com contra a cabeceira da cama. Me senti fraca e levemente enjoada.

            -O que, diabos, foi aquilo?!

            Ele perguntou, sentando-se no canto da cama. Ao contrário de Jake, ele parecia completamente maravilhado, embora um pouco confuso.

            -Bonnie me ensinou. – Disse, com a voz rouca de cansaço – Disse que podia salvá-la. Eu tinha que tentar.

            Ele assentiu, acariciando meu rosto. Sabia que de todos, Elijah era quem mais entenderia. Ele me abraçou e eu o abracei de volta.

            -Ela está bem agora. Tudo vai ficar bem.

            Suspirei, assentindo. Eu genuinamente esperava que ele estivesse certo.

            Elijah

            -Vamos Lizzie, você precisa comer. Para voltar a ficar forte...

            Ela suspirou, olhando a tigela tristemente.

            -Vocês enterraram Boi direitinho? – Perguntou, com um fiapo de voz. Eu assenti, tocando seu nariz com carinho. – Ainda não consigo acreditar que ele se foi.

            Suspirei, colocando a tigela de sopa na mesa de cabeceira, pegando as mãos de Lizzie e acariciando-as para esquentá-las. Elas continuavam geladas.

            -Boi era um cachorro muito corajoso Lizzie. Ele sabia que ele podia salvar você e a Nessie, e ele quis ajudar. Foi a energia dele que salvou a sua mãe e você. – Ela sorriu de leve, ainda triste. – E você devia ficar feliz pro Boi. Ele morreu sendo um herói.

            Ela olhou para debaixo do travesseiro, onde guardava a coleira com a plaquinha de Boi que ela nos impedira de enterrar junto com o cachorro. Então assentiu e sorriu.

            -Meu heroizinho.

            Sussurrou. Ri baixinho e tentei trocar um olhar irônico com Nessie, mas ela estava dormindo. Boi não tinha nada de “inho” desde que era filhote. Mas não me atrevia a corrigir Lizzie. Sabia que ela sofria pela perda do peludo.

            -Você vai comer agora?

            Perguntei, levantando uma sobrancelha. Ela assentiu, abrindo a boca escancaradamente. Voltei a tomar a tigela nas mãos e lhe estendi a colher.

            -Pelo meu herói.

            Ela disse, abocanhando uma colherada com um sorriso travesso.

            Nessie

            Morrer e retornar da morte é uma experiência intrigante e extremamente cansativa. Você se sente cansado quase todo o tempo, e aéreo também, além de paralizantemente fraco. Os efeitos passaram em mim antes do que em Lizzie. Uma manhã eu acordei e me lembrei que não falava com Jake desde o dia em que acordara. Sentei-me na cama, fazendo as contas. Quanto tempo era isso? 5 dias? Talvez mais? Ele estava bem? Ainda estava magoado?

            Levantei-me de um salto, e depois de reprimir uma tontura, me vesti às pressas. Quando Elijah chegou com o café da manhã, eu estava de saída. Ele se colocou a minha frente, bloqueando meu caminho com a badeja.

            -Não, não. Você precisa comer.

            Ele disse, rígido. Soltei o ar, exasperada e roubei uma única tira de bacon do prato e me dirigi para a porta.

            -Estou no quarto de Jake aqui do lado. Volto logo.

            Prometi, mordiscando o bacon e me apressando para chegar à porta do quarto ao lado. O de Jake. Pensei em abrir a porta em um rompante, mas precisava me lembrar: As coisas já não eram as mesmas. Não era mais como invadir seu pequeno quarto na casa na Reserva. Ambos havíamos mudado e muito. Levantei a mão, e bati à porta.

            -Está aberta.

            Ele disse, parecendo distraído demais para perguntar quem era. Girei a maçaneta e entrei no quarto, fechando a porta atrás de mim. Sobre a cama nova – o único móvel no quarto de carpete vermelho – Jake parecia se afogar em um mar de livros didáticos. Seu rosto estava escondido por trás da capa de um livro de física. Uni as sobrancelhas. Aquilo era uma situação inusitada.

            -Jake?

            Chamei, incrédula. Ele baixou o livro e olhou na minha direção, sobressaltado.

            -Ah, você. – Ele disse, marcando a página com uma dobra e se sentando na cama. Ele evitou meu olhar. – Está melhor? Você parece melhor.

            Apesar da evidente preocupação em sua voz, assenti, sem ter coragem de entrar mais no seu espaço, já que ele parecia desconfortável com a minha presença.

            -É. Estou melhor, sim. – Eu o observei, sem saber o que dizer. Parecia cansado, mas não como se não tivesse dormido. Apenas cansado. Exaurido. – Então... Você está estudando...

            -É. – Ele assentiu, observando a capa do livro para evitar olhar em meus olhos. – Com toda essa coisa de lobo... Nunca consegui terminar o ensino médio. Talvez agora tenha tempo.

            Fiz que sim, melancólica.

            -É. Para sempre é tempo suficiente para se graduar.

            Ele suspirou, voltando a ler. Calei-me desconfortável. Todas as palavras me faltavam agora. Esfreguei a mão uma na outra, nervosa.

            -Jake – Chamei, meio trêmula. Ele voltou a baixar o livro e dessa vez olhou em meus olhos. Ele sabia porque eu viera. – Sobre aquele dia...

            Ele fez que não e levantou o livro, me ignorando. Aquilo machucou mais do que eu pensei que machucaria. Ele nunca me ignorara antes.

            -Não vou falar sobre isso.     

            Disse, simplesmente, detrás do livro. Segurei-me à parede, tonta. Queria fugir, mas não queria que nem Elijah nem Lizzie me vissem chorando. Isso abalaria o acordo de Jake e de Elijah, e minha filha precisava de descanso para se recuperar do susto, e meu drama não a ajudaria em nada. Quase morrera e perdera o melhor amigo. Já tinha o suficiente do próprio drama. Assenti, tentando me controlar, mas não consegui, e deixei o quarto. Desci as escadas em silêncio, cruzando os braços sobre o peito. Pensei em sair para uma caminhada, mas chovia torrencialmente e logo haveria escola.

            Ainda assim, a Casa lá dentro parecia quase claustrofóbica e não pude evitar tomar um ar. Sentei-me no beiral da porta, no canto dela, enquanto sentia o vento fustigar meu rosto quente da vontade de chorar. Puxei as pernas para perto, mas não chorei. A culpa era minha e eu sabia disso. Não houvera tempo para considerar nada que não fosse a saúde de Lizzie quando resolvera salvá-la. Se não fosse por Boi e sua energia vital, teria deixado esse mundo para sempre. Deixando-o. Eu devia saber. Tudo o que eu fazia tinha dois lados e um deles sempre saía machucado. E sempre era alguém que eu amava.

            Ouvi a porta se abrir atrás de mim e a cabeça de Jake espreitou a chuva, estreitando os olhos, como que para me ver através dos pingos. Apertei-me mais contra a parede. Não queria que ele me visse. Merecia um tempo para pensar sem estar comigo para magoá-lo novamente. Mas meu movimento atraiu seu olhar para mim.

            -Você não pode fazer isso.

            Ele disse, com uma carranca irritada, sem olhar para mim. Porque você simplesmente não vai embora? Você merece um tempo. Porque não vai?

            - O que?

            Perguntei, desviando os olhos da chuva para ele.

            -Fazer o quê?

            Ele gesticulou para a chuva.

            -Vir aqui e agir como se estivesse chateada.

            Dei de ombros e balancei a cabeça.

            -Não estou chateada. Eu magoei você. Fiz besteira. Eu sei disso.  

            Ele balançou a cabeça e olhou para a chuva por um tempo. Então ela fechou a porta atrás de si e se sentou ao meu lado, a postura tensa, e o olhar fixo na água a nossa frente.

            -Você tentou se matar.          

            Ele disse, irritado. Suspirei.   

            -Tentei salvar minha filha, Jacob.

            Disse, dura. Não admitiria menos do que isso. Ele balançou a cabeça.

            -Ela nem ao menos é sua filha de verd...

            -Ela é uma garotinha de quem eu cuidei, protegi e amei desde o dia que nasceu. Lutei por ela, sacrifiquei-me por ela. Se isso não é maternidade, Deus, o que é?! Um bando de papéis?!

            Cruzei os braços, não apreciando o rumo da conversa.

            -Está bem, essa não é a questão! Você estava pronta para partir sem levar mais nada em consideração!

            -Não podia me dar ao luxo de pensar assim. Era a vida da minha menininha que estava em risco. Eu. Não. Posso. Perder. Mais. Ninguém.

            -E a você mesma?

            Balancei a cabeça com um sorriso triste.

            -Já não tem mais ninguém para se perder.

            Ele esticou a mão e pegou a minha, apertando-a e olhando nos meus olhos.

            -Não enquanto eu estiver aqui.

            Ficamos em silêncio e estranhamente, ele terminou o contato entre nós, recolhendo a mão. Recolhi a minha também, magoada. A nossa frente, a chuva diminui de leve, acentuando a tensão entre nós. Ele suspirou, olhando para as mãos como se não as reconhecesse.

            -Você não tem ideia de como foi... Segurar o seu corpo – Ele disse, quebrando o silêncio e o jeito que piscava mostrava que seus olhos ardiam. Toquei sua perna, acariciando-a. Ele olhou para mim e pousou a mão sobre a minha – Foi o inferno, Nessie. Foi pior do que quando você sumiu. Era como se...

            -Como se o seu coração batesse pela metade.

            Completei. Ele fez que não.

            -Como se tivesse morrido também.

            Assenti, apoiando a cabeça em seu ombro.

            -Eu não queria isso. Mas não posso deixar Lizzie morrer se eu podia salvá-la.

            Ele suspirou voltando a atenção para à chuva. O céu começava a clarear lentamente, revelando largas e fundas poças nas quais Lizzie com certeza brincaria assim que estivesse mais forte.

            -Eu quero proteger você. Mas preciso sentir que estamos no mesmo time.

            -No mesmo time?

            Ele assentiu.

            -Unidos por um objetivo.

            -Sobreviver.

            Conclui. Ele assentiu e tornou a pegar minha mão.  

            -Eu acredito que vamos escapar dessa loucura. Mas você tem que estar comigo.   

            Sorri para ele, mordendo o lábio.

            -Eu não vou ser menos incisiva para proteger quem eu amo. Isso inclui você. Mas isso é parte de quem eu sou – Disse, apertando sua mão. Ele olhou para mim. – Mas estamos no mesmo time.

            Ele sorriu de volta e apertou minha mão em resposta. É, por enquanto tudo estava bem. 


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Notas finais do capítulo

Lamento dizer que devemos estar chegando ao fim da fic. Mas não se preocupem, porque todos vão sofrer muito antes disso e depois existe Filhos, a nova e inédita continuação de Casa de Klaus. Aguardem novidades!



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