A Casa De Klaus escrita por Bellah102


Capítulo 30
Capítulo 29 - Ônibus


Notas iniciais do capítulo

Só para cutucar vocês. Os capítulos estão ficando mais curtos D=
É o seguinte galera, eu comecei a postar a fic que conta a história da família Mikaelson DESSA FIC. Aqui está o link:
http://fanfiction.com.br/historia/275185/Originals/
Espero todo mundo lá!



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O dia chegou muito rápido, e eu não consegui pregar os olhos o resto da noite inteira. Nem Lizzie. Toda a vez que fechava os olhos cansados, ela voltava a tremer. Lhe contei histórias e cantei canções, mas nada disso pareceu ajudar.

            -Eu não quero ir mamãe... Eu gosto daqui, eu não quero ir... A minha mãe não pode me achar lá fora.

            -Shhh... - Eu dizia, acariciando seus cachinhos dourados - Eu sei que não quer ir, mas eu também não quero. Mas precisamos. Eu preciso proteger você, como prometi a sua mãe. E seja onde estiver que Klaus nos leve, ela nos encontrará.

            Não era naquela noite que ela deixaria de acreditar que a mãe ia voltar. Ela assentiu, escondendo o rosto em meu peito.

            -Eu só queria que ela viesse logo e convencesse Klaus a não ir.

            Sorri levemente.

            -Acho que nem Kate pode fazer isso, querida.

            -Acha que vai fazer muito frio?

            Perguntou Caroline, aflita.

            -Eu não sei.

            Eu disse dando de ombros. Ela olhou para nossos cães que brincavam juntos. Digo, Boi puxava a orelha de Chad, que simpática e fofamente não fazia absolutamente nada, e parecia seriamente inclinado a tirar uma soneca. Caroline me procurara desesperada mais cedo, logo depois que Lizzie e eu terminamos de arrumar as malas permitidas. Klaus dissera que os cães ficariam. E quando lhe implorara, ele lhe estapeara o rosto. Lizzie estava se segurando para não chorar, acariciando o pelo de Boi, que não parecia estar entendendo nada. Fui até o lado dele e sentei ao seu lado no chão.

            -Boi vai ficar bem, Liz.

            -Ele vai ficar tão triste comigo...

            Choramingou. Acariciei sua cabeça.

            -Não vai não. Ele te ama demais para isso, Liz. Ele vai esperar você para sempre.

            Ela olhou para mim com aqueles olhos azuis brilhando.

            -Você acha mesmo?

            -Eu sei.

(N.A.: E agora... O POV que todos estavam esperando)

Boi

            Boi está sentindo algo estranho no ar. As pessoas cheirosas estão estranhas, andando de um lado para o outro sem cansar. Cheirosa Lizzie olha para Boi como se estivesse triste e a cheirosa Caroline não para de passar as patas na cabeça do Irmão que quer dormir. Quando o sol mais fraco chega no topo, com seus irmãozinhos pequenos, as pessoas cheirosas começam a sair da Toca. No meio da grama onde Boi gosta de brincar e correr, há uma coisa de metal quadrado. O homem mau estava ali, guardando as coisas macias que os cheirosos carregam dentro da coisa de metal. A cheirosa Lizzie se ajoelha ao lado de Boi.

            -Senta, garoto – Ele obedece. Boi sempre obedece a cheirosa Lizzie. Ela faz um carinho gostoso na sua cabeça – A mamãe vai precisa ir embora por uns tempos... - Boi vira a cabeça de lado, sem entender - Coma devagar a comida que deixamos para você, e depois cace, dou vá a cozinha atrás de Chilli como sempre faz... - Ao ouvir Chilli, Boi lambe o rosto da cheirosa, pedindo a deliciosa carne enlatada. Boi adora Chilli. A cheirosa ri e abraça seu pescoço - É o meu menino. Meu Scooby-Boi.

            Ela se levanta e começa a caminhar até a grande coisa de metal. Boi se levantou para segui-la, mas ela fez que não.

            -Não. Você fica, Boi - Diz, com água salgada lhe escorrendo pelos Boi tenta se aproximar dela e lambê-la e fazê-la rir, mas ela só se afasta mais. - Me desculpa, Scooby-Boi. Você tem que ficar!

            Ela vira-se e corre. Boi vira a cabeça, magoado. A cheirosa Lizzie o mandara ficar, e está indo embora. A cheirosa Lizzie o está abandonando? A cheirosa Nessie se aproxima e abraça seu pescoço, acariciando seu dorso.

            -Você é um bom amigo. Se cuida Scooby-Boi.

            Ela diz, indo na mesma direção da cheirosa Lizzie. Mais cheirosos passaram ao seu redor naquela direção. Boi tenta latir para eles, mas eles só o olhar tristes e acariciam sua cabeça antes de ir embora. Boi é deixado, ganindo, sozinho no gramado. O homem mau lhe mostra a parte do meio de sua pata antes de subir na coisa de metal e fechá-la.

            -Boi! - Grita a cheirosa Lizzie. Com esforço ele a vê na janela grande, dentro da coisa de metal - Eu te amo!

            Diz, no volume exato para que ele pudesse ouvi-la. Então a coisa de metal ruge e começa a se mover. A coisa está levando a cheirosa Lizzie para longe dele! Ele corre atrás da coisa, latindo para que a cuspisse. Mas Lizzie, dentro da coisa, fez que não, ainda vazando água salgada.

            -Não Boi! Você fica! Tem que ficar!

            Ele para, obedecendo. Assiste, ganindo, enquanto a sua melhor amiga no mundo é levada para longe dele por um monstro de metal.

Nessie

            -Boi ficou tão magoado comigo!

            Ouvi Lizzie dizer para Jenna. Estávamos viajando há algumas longas horas. Pelas minhas contas já deviam ser 2 da tarde, mas não tinha como ter certeza, já que todas as janelas eram laminadas, não oferecendo nenhum vislumbre do mundo lá fora.

            -Ele vai ficar bem, docinho. Ele é corajoso como você.

            Respondeu Jenna, abraçando-a, talvez pela milésima vez. Mantive-me calada no banco. Não só porque eu sabia que Lizzie não queria conversar - aliás, eventualmente, Jenna teria que desistir - Mas porque a briga com Elijah não deixava minha cabeça. Ele não me achava capaz de ajudá-lo? Me mandou para a Casa como se eu fosse Boi e tivesse acabado de ter um acidente no lugar errado. Mas eu não queria brigar. Não queria gritar. Não queria vê-lo escorrer todo escorregadio por entre meus dedos, como todos na minha vida pareciam fazer.

            Falando nele, ele apareceu, subindo as escadas do ônibus de dois andares, e procurou meus olhos com os seus. Caminhou até o meu banco e desabou no assento ao meu lado. Parecia insone.

            -Como está Tyler?

            Perguntei baixinho, rouca. Ele deu de ombros e bocejou.

            -Na mesma. Os ossos não vão se reconstituir até a próxima lua cheia. - Ele juntou as mãos a frente do corpo e fechou os olhos - Eu e Mason estamos com medo que ele não dure até lá. Ele está arranjando um jeito de contar a Jules. Ele acha que devemos estar preparados. - Eu tive o impulso de pousar a mão sobre a dele, mas me contive. Quem sabe ele também não achava que eu não era capaz de consolá-lo também, não é? - Ele lembrou de você... Ele pediu que eu agradecesse pelo que fez por ele... - Ele suspirou - E por mim...

            Acrescentou, sem levantar os olhos. Dei de ombros.

            -Sem problemas.

            Respondi, simplesmente. Ele me olhou e estreitou os olhos.

            -Ei, tudo bem?

            Assenti.

            -Tudo.

            -Tem certeza?

            Fiz que sim.

            -Porque não estaria?

            Perguntei, ríspida. Ele pareceu magoado e desviou o olhar. Apiedei-me dele e pousei a mão sobre a sua. Ele voltou a olhar para mim.

            -Olha... Eu não quero brigar... Eu só... - Suspirei- Olha só, eu não gostei do jeito que você me tratou ontem. Foi desnecessário e até ofensivo.

            Seus olhos brilharam, arrependidos.

            -Me desculpe... Eu não... N-n-n-não foi a minha intenção... Eu juro. Eu estava... Eu não queria...

            -Ei, tudo bem... Eu entendo. Sério. Sem drama.

            Ele ainda olhava, completamente torturado para mim quando deitei a cabeça na janela e fechei os olhos, respirando fundo. Dali a pouco senti Elijah se mexer e logo depois pousar sua jaqueta em meus ombros.

            Quando acordei, a noite estava alta no céu, e não havia nenhum resquício de luz no ônibus. Eu estava com a cabeça deitada no colo de Elijah, que havia levanrado o apoio para os braços para que eu pudesse me acomodar em seu colo. Ele acariciava meu cabelo, demorando-se em cada cacho.

            -I've got sunshine... On a cloudy day... When it's cold outside... I've got the month of may... Well... I guess, you'd say, what can make me feel this way... My girl... I'm tallking about my girl... My girl... Hum...

            Sorri e aconcheguei-me mais nas suas pernas. Ele tirou um cacho castanho da frente do meu olho.

            No dia seguinte, o sol escapava pelo laminado da janela. O ônibus estava sufocantemente quente. Pisquei os olhos, sentindo-me mole. Elijah estava deitado no meu colo, na posição contrária a de ontem a noite. Ele revirava os olhos dentro das pálpebras, gemendo. Vi os rastro de lágrimas secas no seu rosto cansado. Uni as sobrancelhas, acariciando seu cabelo e rosto.

            -Me desculpe...

            Ele murmurou dormindo.

            -Shhh... - Murmurei de volta - Eu te perdoo. Está tudo bem, meu pequeno Mikaelson.

            Eu disse usando o apelido que sua mãe lhe chamava quando ele ainda era um feto. Isso pareceu acalmá-lo. Satisfeita, olhei por cima do banco, para Lizzie. Ela dormia de bom grado nos frios braços de Jenna. Invejei-a, abanando-me com a mão. Forcei a mim mesma a levantar, deitando Elijah no banco no meu lugar. Eu precisava me movimentar. Minhas pernas protestaram pela falta de uso e precisei me segurar no banco. Fechei os olhos, segurando a tontura e me pus em movimento até o andar de baixo.

            Lá embaixo, as únicas diferenças significativas eram que na frente, Klaus e Scott ficavam isolados na cabine do motorista e atrás, com todos os encostos de banco levantados, Tyler jazia sobre os bancos de feltro cinzentos. Eu conhecia a marca da violência de Scott quando via. Ele tinha o costume de estabelecer um objetivo. Aprendera, provavelmente com Klaus, a não matar a vítima com sua força, mas fazê-la implorar por isso. Dessa vez parecia ter focado nos ossos de Tyler, tendo em vista que eles se quebrariam novamente quando chegasse a lua cheia. Fraturas expostas se destacavam horrendamente.

            -Ah deus...

            Sussurrei ao sentir o cheiro. O doce e intoxicante cheiro de morte.

            -Shhh... – Pediu Jules. Contra a minha vontade, me aproximei para vê-la, espremida no espaço entre o banco de Tyler e o que Mason dormia, que mesmo adormecido não parecia relaxar. Bem, eu não o culpava. – Ele está dormindo.

            As lágrimas haviam feito trilhas em seu rosto, passando pelo hematoma roxo que Scott lhe rendera.

            -Como ele está?

            Perguntei, num sussurro.

            -Quebrado.

            Respondeu em voz baixa. Parecia sem um pingo de esperança.

            -Mason te contou?

            Ela deu de ombros.

            -Ele não precisava. Eu já sabia. – Ela suspirou. Ela olhou para Tyler, parecendo se torturar internamente – Eu o amo como a um filho... Eu praticamente o criei... Era um menino tão doce... – Suspirou, nostálgica – Ainda me lembro de quando ele vinha a minha cama e de Mason, dizendo que tinha tido um pesadelo. Quando percebíamos ele já estava no meio de nós dois – Ela sorriu docemente. – A transformação o amargou. Ela mexe com o nosso âmago... E quando se está na adolescência, principalmente no cenário que Klaus pintou para ele, o seu âmago já está bem mexido.

            Fiz que sim.

            -Vamos todos sentir falta dele. Elijah está arrasado.

            Ela sorriu.

            -Imagino. Pobre criança. – Ela estendeu a mão e tocou a minha. Ela estendeu a mão e tocou a minha – Cuide bem dele. Ele só tem você agora.

            Fiz que sim, com a culpa pesando sobre o meu cérebro.

            Já era noite novamente. Klaus havia distribuído sacos de sangue para nós híbridos e míseros biscoitos para os que, de acordo com ele, realmente precisavam comer. Deixei meu saco de lado, preferindo morrer de fome àquilo. Elijah me cutucou. Quando me virei para ele, ele espiou para ver se o Original já tinha ido embora. Ele mostrou um pacote de Doritos com um sorriso sapeca. Sorri, beijando sua bochecha.

            -Você é um gênio.

            Rearranjamos nossos amigos nos assentos, para os que “realmente precisavam comer” tivessem prioridade. Mas é claro, que na maioria dos casos, o sangue não satisfez, e o Doritos virou o ultimo odre de água em um deserto. Felizmente havia mais na mochila. Graças a Elijah, sobreviveríamos por mais um dia.

            Beijei-o, agradecida. Ele parecia atônito, piscando, confuso.

            -De onde veio isso tudo?

            Dei de ombros.

            -Será que eu não posso beijar meu namorado?

            Ele sorriu e baixou os olhos, envergonhado.

            -Nessie, sobre aquela noite...

            -Ei, tudo bem. Eu disse, sem drama. Passou.

            Ele levantou os olhos, ainda sorrindo.

            -Eu já disse que você é a melhor namorada do planeta?

            -Ainda não.

            -Bem, você é.

            Ele disse, me dando um selinho.

            Quando as janelas escuras escureceram mais anunciando a noite, todos foram dormir felizes e de barriga cheia. Lizzie dormia entre mim e Elijah, bem acomodada. Nós demos um selinho de boa noite e fechamos os olhos, cansados de não fazer absolutamente nada. Suspirei e antes que eu percebesse, adormeci.

            -Preciso ir... Preciso... Preciso ir... Preciso ajudar. Preciso...

            Eu ouvia uma voz miúda dizer. Pisquei os olhos, confusa. O mundo lentamente retomou as formas com as quais eu estava acostumava. Enxerguei Elijah ao meu lado e, ainda meio confusa, percebi que Lizzie não estava ali. Pisquei algumas vezes novamente, olhando em volta. Não estava com Jenna, nem com Elena, nem Bonnie, Meredith,  ou Rose. Olhei para o corredor, preocupada.

            Lizzie estava de pé no corredor do ônibus que oscilava. Ela caminhava devagar em direção à escada.

            -Preciso ir. Preciso. Está com... Dor. Preciso ajudar.

            Ela continuou a caminhar, sem vacilar. Levantei e tentei sair do banco, cambaleando.

            -Liz?

            Chamei. Ela nem ao menos vacilou. Não olhou para trás. Continuou caminhando e começou a descer a escada. Olhei em volta, para ver se alguém podia me explicar o que estava acontecendo. Mas todos dormiam. Segui minha filha pelo ônibus. Quando cheguei ao andar de baixo, Lizzie estava ao lado de Tyler.

            -Liz?

            Chamei. Ela tocava a mão de Tyler. Ouvi o som de ossos se tocando. Levei a mão a boca e desci as escadas correndo. Quando cheguei ao lado dos dois, Tyler piscava os olhos, acordado, lúcido.

            -Ah, oi Liz. Oi Néss. O que está rolando?

            -Tyler? Como... Se sente?

            Ele piscou, confuso.

            -Bem. Eu me sinto... Bem...


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Notas finais do capítulo

Beijocas e vejo vocês em Originals!