Todos olharam para Calipso na esperança de uma resposta, mas foi Shaka que se pronunciou.

- Pelos vistos o seu Receptor é Saga – Disse, olhando Saga.

- Receptor? – Miro, perguntou.

- Sim a pessoa a quem a ninfa procura. – Shaka respondeu voltando-se para o Cavaleiro de Escorpião – Em caso de algo correr mal, também tem que haver um Guardião, no qual está aqui para a proteção da ninfa. – Continuou olhando para a menina.

Calipso voltou os olhos pardos, para Kamus. Olhar este que foi acompanhado pelos presentes no quarto.

- Kamus é o Guardião? – Shaka perguntou.

Calipso apenas assentiu com um piscar leve.

- Tem que haver um Intérprete – Ainda disse – E em alguns casos uma pessoa chamada de Curandeiro, caso for preciso, em situação de risco.

- Você sabe quem são? – Kanon perguntou olhando para a Oceanide.

Esta balançou a cabeça negativamente.

- O Interprete deve ser o Shaka – Ouviram Miro dizer, fazendo todos lhe olharem, inclusive o olhar de Shaka que não confiava muito no que o Escorpião estava dizendo – Você é que sabe as respostas quando é preciso… É só uma ideia…

- Miro está certo – Saga disse – Eu concordo com ele.

Kamus assentiu., mas Shaka ainda fez uma cara de dúvida. Não estava convicto disso.

Calipso observava e ouvia tudo calada.

- Falta o Curandeiro – Kamus disse.

- Alguém que esteja ligado a cura de algo…

- Mu – Miro, completou.

- É isso!!! – Kamus exclamou – Mu conserta armaduras…

- Certo – Shaka disse pensativo – Só falta o Grémio.

- Grémio? – Perguntaram ao mesmo tempo.

- Vários braços, para ajudar – Respondeu. – Um grupo de amigos leais.

Um silêncio fez-se sentir no local. Os presentes se entreolhavam, parecendo procurar a resposta nos olhos uns dos outros.

- Os de Bronze – Shaka disse, fazendo todos assentirem de imediato.

- Seiya e os outros – Completou Saga – Amigos leais…Shaka, você é mesmo o intérprete.

- Certo – Disse Kamus - temos que ir falar com eles o quanto antes. Não temos muito tempo.

- Tudo bem – Disse Shaka se levantando – Eu e Kamus vamos falar com Mu, Miro e Kanon procurem os de Bronze.

Os amigos assentiram.

- Eu fico aqui com ela – Saga disse que ainda estava abaixado perante a menina. – Ou levo-a para a Casa de Aquário? - perguntou olhando para Kamus

- Leve-a para a Casa de Aquário – Disse Kamus – Mas tenha cuidado…

Saga assentiu.

Em seguida viu os amigos partirem. Olhou para Calipso, percebendo que esta o encarava.

- Você quer saber o futuro? – Calipso perguntou, surpreendendo Saga.

Estranhou no princípio. Nunca havia pensado nisso. Fez sinal positivo com a cabeça, mas com medo da resposta.

- Daqui alguns anos, um rapaz ira nascer em uma noite de tempestade, do outro lado deste país. - Ela começou, com uma voz doce e baixa - Os pais, sem dinheiro, vão tentar vende-lo em um mercado da cidade de Preveza, encontrando o filho de Cavaleiro de Touro, que seguiu os passos do pai, se tornando um excelente cavaleiro do mesmo signo e o carácter bondoso. Este tocado, com a angústia dos jovens pais, irá pegar a criança para criar e, a trará para o Santuário. Irá treina-lo para que este um dia venha a substitui-lo. E assim acontece. Kenjin se torna o Cavaleiro de Ouro de Touro. Logo novos discípulos chegam, pois a terra não pode ficar sem os defensores da paz. E assim vai ser ao longo dos anos, até que Zeus mandará Athena de volta para o lado dos mortais. Durante todos esses anos sua história foi passada de mestre para discípulo, sem nunca ser alterada. – Saga ao ouvir aquilo baixou a cabeça envergonhado, mas logo ergueu ao sentir as delicadas mãos da ninfa sobre seu ombro – Quando Athena retornar, a quinta geração de discípulos dos Cavaleiros de Touro estará no trono do Grande Mestre, pois será grande merecedor. Ele irá vivenciar o nascimento de Athena. Nessa mesma noite Ares tentara persuadi-lo a cometer o mesmo erro que você cometeu, mas esse com base na sua história ira repeli-lo. Uma Guerra contra Ares será iniciada e, novamente a sua história influenciará entre os Guerreiros de Athena, fazendo-os ter coragem necessária para enfrentar qualquer perigo.

Saga se surpreendeu ao ouvir tal revelação. Como poderia ser?! Um passado que tanto lhe envergonhava, faria tal coisa pelos futuros Cavaleiros de Athena. Sorriu timidamente, sem perceber.

- É uma pena não estar aqui para ver isso, não é?! – Falou mais para si mesmo do que para Calipso.

- Você é um grande homem Saga – Calipso disse atraindo a atenção do Cavaleiro, que lhe olhou espantado – Aquele lugar ia acabar sendo seu de qualquer jeito.

Saga sorriu sem graça do comentário da ninfa. Calipso continuava com sua expressão serena e doce.

- Vamos! Vou te velar até a Casa de Aquário para encontrar os outros. – Saga disse, ajudando-a a levantar, segurando-a pelos braços.

Com cuidado e atenção no caminho, caminharam até a Casa de Aquário.

Calipso com medo correu para o quarto de Kamus.

Saga revistou todos os cantos da casa e fechou as portas e janelas.

Quando constatou que era realmente seguro ficar ali, sentou pesadamente no sofá da sala, tentando digerir toda aquela informação que tinha recebido.

Calipso, no quarto de Kamus, voltava a remexer nas coisas, mas parou o olhar em algo que ainda não tinha explorado. Uma gaveta no criado mudo. Tentou abri-la, mas esta estava trancada. Colocou a mão na frente da gaveta e murmurou algo em uma língua estranha ouvindo em seguida um “clic”. Abriu a gaveta sem demora encontrando um caderno. Pegou-o e sentou na cama.

Olhou a capa verde escura sem nenhuma gravura durante alguns minutos. Ainda hesitante abriu sem pressa e começou a ler. Quando terminou, fechou o caderno e o abraçou com força, serrando os olhos. Pensava algo com muito pesar, quando foi interrompida por um som irritante que vinha da porta na parede, a sua direita.. Deixou o caderno sobre a cama e seguiu o barulho. Abriu a porta e se deparou com um banheiro consideravelmente grande, todo azul claro. O barulho, vinha das gotas que saíam do chuveiro caindo na banheira. Um largo sorriso apareceu nos lábios da ninfa que rapidamente caminhou até lá e, intuindo que o pequeno objecto, redondo, grudado na parede, faria com que mais agua caísse, virou com toda a força. Logo grande quantidade de água começou a cair. A Ninfa ainda colocou a mão para sentir aquilo que lhe transmitia paz e segurança. Grande quantidade de Agua!

Calipso tirou a camisa azul que lhe cobria o corpo e com cuidado deposito-a na pia e, em seguida entrou em baixo da água.

Saga pensava como seu passado iria fazer tanta diferença no futuro.

“Um passado desonroso” – Pensou balançando a cabeça negativamente. – Como pode isso ser?! Mas ela veio aqui por minha causa. Por causa dela já não me sinto daquele jeito. Ela não mentiria…

Ouviu a porta da frente se abrir e, levantou rapidamente ficando alerta para o que viesse a aparecer.

Baixou guarda quando viu Kamus, Miro e Mu entrarem.

- Onde esta Calipso? – Kamus perguntou olhando para Saga.

- No quarto – Saga respondeu.

- Eu fico aqui a espera – Mu disse vendo Kamus e Miro entrarem no corredor.

- Calipso – Kamus chamou enquanto entrava pela porta do quarto.

Foi quando viu a ninfa sair do banheiro nua e molhada.

- UAU!!! – Miro, exclamou olhando Calipso de cima a baixo.

De imediato Kamus tentou tapar os olhos do amigo que estava boqueaberto com a visão.

- Calipso, vá se vestir – Kamus disse ainda tentando inutilmente tapar a visão do Escorpião que se esquivava facilmente.

Calipso entrou para o banheiro.

- Ela é linda – Miro disse, olhando para Kamus.

- É uma criança – Kamus disse revoltado com o comentário do amigo.

- Uma criança que poderia ser a sua tataravó – Miro replicou indignado com o que Kamus disse.

- tátátá – Kamus disse empurrando Miro para fora do quarto, indicando o caminho para sala – Fica na sala esperando que nós já vamos.

Contrariado Miro relutou um pouco mas acabou por ir.

Quando Kamus entrou no quarto, viu calipso sentada na cama, já vestida, mas com um caderno nos braços. Reconheceu logo, arregalando os olhos e voltando o olhar para a gaveta agora aberta.

- Você tem pensamentos muito tristes – Ela disse baixo.

Kamus, como se estivesse hipnotizado, encostou a porta com cuidado e, caminhou até a poltrona no canto do quarto sentando logo em seguida. Parecia em choque.

- A maior parte desses pensamentos é sobre uma noite... – Calipso começou.

Continua…