Prólogo

Férias de verão. Meus pais são suficientemente burros de viajarem para a neve. Que pessoas em sã consciência esperam chegar as férias de verão para viajar para o frio? E me deixarem por conta das minhas duas amigas loucas que iam passar as férias em um flat em Nice, na França. O mundo estava acabando.

Claro que eu podia ficar em casa no meu computador, lendo livros e me entupindo de chocolate... Mas aconteceu mais ou menos assim:

Mãe, eu não estou a fim de ir pra Alemanha, ponto.

Eu fui bem direta.

Então eu vou ligar para aquela amiga sua, Cath. E vou pedir pra ela te levar pra França junto com sua outra amiga.

Mas você nem a conhece! Nem sabe se ela é uma drogada ou algo assim! É mais prudente me deixar aqui em casa...

Prudente? Prudente deixar uma adolescente sozinha em casa por um verão inteiro? Ela é uma drogada ou algo do tipo?

Não.

Ótimo.

E bem, chegamos a um acordo.

Meus pais viajaram (depois daquele momento drama, beijinho pra cá e pra lá), dez minutos depois, cinco criaturas loucas invadem a minha casa com malas gigantes e passagens de trem para Nice, na França.

Primeiramente, Cath me abraçou em um abraço de urso de me tirar do chão. Ela era a mais alta, e a mais velha, costumava usar saltos. Parecia uma modelo, fina como uma vareta, mas tinha uma força gigantesca.

Paramos no ponto em que três daquelas criaturas eu não conhecia. Três meninos com cara de skatistas drogados usando calças largas que deixavam a barra de suas cuecas à mostra.

– Ali, esses são os amigos meus e da Jus. - Ela sorriu cativante com aquele sorriso de "vai-deixa-eles-ficarem-por-favor-eu-prometo-trocar-a-ração-e-levar-para-passear". - O Gabriel, Adrik e o estúpido do Noah e não me pergunte o que eu tenho contra ele.

Eles se apresentaram, e foi mais ou menos assim:

– Hey, prazer em conhecê-la, Alice. - O primeiro que veio a me cumprimentar era o Gabriel, tinha cara de mais velho e a atenção totalmente voltada para a Cath.

Gabriel saiu de vista e logo um outro menino se pôs na minha frente, esse tinha cabelos negros com uma franjinha estranha e olhos grandes e castanhos, usava aparelho dental.

– Oi Alice, me chamo Adrik.

– Oi.

Eu estava super empolgada.

Sinta a ironia. Respire-a.

E fomos ao terceiro menino, com aqueles cabelos castanhos com mechas loiras, olhos azuis impossibilitando qualquer um de não prestar atenção só naquelas duas órbitas lindas, usando uma camiseta do Nirvana, Smells Like Teen Spirit. Ele foi o único que não me cumprimentou nem saiu do lugar. Ele só ficou olhando de um lado para o outro e acenou com o queixo para mim.

– Quando eu falo que o Noah é um estúpido, estou dizendo a verdade! - Cath se irritou.

Então o Noah se aproximou.

– E eu sou o estúpido do Noah, prazer. - Falou o garoto com puro sarcasmo.

Eu fui praticamente arrastada de casa para a estação de trem para pegar o canal para Paris.

– Mentira! Você quase saiu voando de casa quando viu a mala de bebidas que Adrik estava carregando! - Julia gritou alertando todo o trem que estávamos carregando garrafas e mais garrafas de bebidas certamente proibidas para pessoas da nossa idade em Lodres. Em Londres. Adrik pulou do seu banco para o dela e tampou sua boca rindo e envergonhado.

***

Chegamos no flat em Nice. Era um hotel bem em frente à praia, muito movimentada, mas não fazia diferença, eu não curtia muito me jogar na areia, estava de olho na piscina privativa do hotel no último andar. Estavam reservados os três flats para todos nós.

– Três? - Eu arqueei a sobrancelha e vi Cath e Julia me lançarem olhares maliciosos.

Ótimo eu falei entrando no flat. Não queria saber se estava sendo grossa ou mau humorada. Eu não queria estar ali e estava cansada.

Quando terminei de desfazer as minhas malas, fui para o quarto da Jus. Mas quando eu estava passando pelo corredor eu ouvi as vozes do Noah e do Gabriel conversando no quarto ao lado.

– Mas e aí, o que você achou da sua colega de quarto? O nome dela é Alice né? - Era o Gabriel.

– É. Tanto faz. Ela tem cara daquelas meninas cínicas filhinhas de papai. Você sabe o meu tipo.

– Haha, calma cara... A gente acabou de chegar e você nem conhece ela direito. Fica na boa.

Depois disso eu voltei pro meu quarto e me tranquei do meu lado. Sim, o flat tinha dois quartos. Ficar irritada era uma descrição realmente superficial do que eu estava sentindo no momento. Eu geralmente não me importo com o que os outros falam de mim. Mas o que ele falou me incomodou mais do que devia.