Corpus Inversion escrita por Miller


Capítulo 22
Poção Polissuco - Capítulo Vinte e Um.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado à linda Zuzu Black Odair que deixou uma recomendação per-fei-ta em C.I.!
Muito, muito, muito obrigada, amor! Fico muito feliz em saber que está gostando da fanfic!



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Lily Evans

Enquanto terminava de amarrar o bilhete na pata da coruja, tive uma epifania.

Eu, Lily Evans, era uma Marota.

Eram cinco horas da madrugada e eu ainda nem tinha dormido, mas a sensação de felicidade que me atingia era palpável.

Jamais imaginei que fazer uma loucura daquelas poderia ser tão absurdamente divertido, mas, quando saí do dormitório, esperando meu querido amigo James cair em sono profundo, arrumando algumas vestes dentro de uma mochila e, logo em seguida, puxando sua capa da invisibilidade da poltrona onde Sirius tinha escondido mais cedo na sala comunal, correndo para os corredores de Hogwarts com o coração na boca, sem acreditar no que estava prestes a fazer, eu percebi: estava me divertindo.

Por que, apesar de aquilo ser uma completa loucura, e de aquele ser um comportamento não habitual da minha parte, enquanto eu tentava não fazer barulho ao caminhar e prendia a respiração toda vez que ouvia barulhos estranhos, era totalmente divertida a sensação de frio no estômago.

Morgana, em que diabos estava me transformando?

Quando finalmente cheguei à sala de aula de Slughorn, sem ter encontrado ninguém além da gata do Filch (que assustadoramente parecia enxergar através daquela capa [sério, aquela gata não podia ser normal, por Morgana!]), minhas mãos estavam suando tanto que pareciam estar quase construindo sua própria hidráulica e eu estava entrando em pânico como uma mulher presa em uma casa em chamas. E ainda assim estava, em partes, eufórica. Como era possível?

Limpando o suor em minhas vestes por baixo da capa, puxei a varinha de meu bolso interno e murmurei um feitiço de abertura, alegrando-me ao perceber que funcionara.

O escritório de Slughorn ficava dois andares acima de sua sala de aula, o que significava que, àquela hora, deveria ser bastante seguro invadir sua sala. Ou tão seguro quanto invadir salas de aula dos professores poderia ser àquela hora da noite, levando em consideração todas as mais de vinte regras que estava quebrando no momento.

Respirando fundo, abri a porta tentando desesperadamente não fazer barulho algum e então adentrei o local, fechando-a logo em seguida com um colloportus silencioso.

Não deveria estar sendo tão fácil. Não mesmo. Depois dos últimos acontecimentos, quando eu pensara que era apenas uma trégua de Merlin eu ter conseguido o livro de volta sem muitos problemas, mas que na verdade apenas se demonstrara mais uma armadilha divina para diversão extra no itinerário do céu, eu sabia que não deveria estar sendo tão fácil.

É claro que eu não tinha muitas outras opções, então quando caminhei até a porta no fundo da sala, agradecendo por eu ser uma das alunas preferidas de Slughorn e, em uma de nossas conversas, ele ter dito distraidamente a senha de seu armário em minha frente (provavelmente acreditando que, apesar de eu saber sobre aquilo, jamais seria capaz de utilizá-la de alguma forma, ou tentar qualquer coisa [por essas e por outras que me orgulhava tanto de ser uma monitora-chefe tão exemplar {tinha lá suas vantagens}]), murmurei “abacaxis cristalizados” e me surpreendi completamente ao ouvir o click que indicava que havia mesmo funcionado.

– Morgana, que tipo de armadilha é essa? – resmunguei comigo mesma ao entrar no pequeno closet onde vários suprimentos de ingredientes, caldeirões, livros e poções estavam empilhados sobre superfícies distintas.

Meu olhar logo recaiu sobre aquela poção com cor amarronzada e lamacenta, borbulhando lentamente sobre um fogo fraco e perfeitamente moldado.

Um pouquinho de culpa se apossou de mim quando me aproximei, puxando algumas ampolas de cima de uma mesinha e suspirando enquanto o cheiro pesado da mistura recaía sobre mim.

Estava pronta, obviamente. As bolhas em perfeitos círculos que demoravam mais do que dois segundos para estourarem indicavam aquilo.

Lancei um último olhar por sobre os ombros, apurando os ouvidos na tentativa de ouvir alguma coisa, mas nada chamou minha atenção, então voltei meus olhos para o caldeirão em minha frente, imaginando o que aconteceria se eu realmente pegasse um pouco daquela poção. Quero dizer, tudo estava fácil demais. Morgana, não parecia certo. Não mesmo. Mas, mais uma vez lembrei-me de que não tinha muitas opções.

Estiquei a mão para a grande colher em formado côncavo, mexendo um pouco na mistura enquanto respirava profundamente. Sentia como se a qualquer momento Dumbledore fosse aparecer em minha frente com seus longos cabelos brancos e suas vestes coloridas e dizer “acho que não, Srtª. Evans” e eu seria expulsa e teria de viver reclusa como um aborto (literalmente) da humanidade.

É claro que a) ele não me chamaria de Srtª Evans, mas sim de Sr. Black, o que apenas me deixaria mais culpada, pois Sirius é quem seria expulso e; b) com minha sorte não seria Dumbledore quem me encontraria, mas sim McGonagall. O que era, definitivamente, muito pior.

Para minha completa surpresa, ninguém apareceu.

Enchi seis ampolas (imaginando que a duração de cada era de uma hora, mais ou menos, o que nos garantiria três horas de liberdade até que Sirius vencesse aquela merda de jogo e as coisas pudessem voltar ao normal [ou tão normais quanto poderiam ser levando em consideração o fato de que eu voltaria a ser um homem]), deixei a colher no exato lugar em que ela estava antes de pegá-la, rasgando um pequeno pedaço de pergaminho de um rolo colocado metodicamente ao lado da porta, escrevendo rapidamente nele e depois perscrutando o local com os olhos observando se não tinha deixado nada fora do lugar.

É claro que, se Slughorn prestasse realmente atenção, ele notaria o pequeno desfalque (nem tão pequeno assim) em sua poção recém-preparada. Mas não era como se estivesse me importando muito no momento.

Puxei a capa sobre mim, sai do armário e o tranquei novamente.

Caminhei com todo o cuidado do mundo para não me bater em nada, abrindo a porta da sala de aula lentamente, mais uma vez rezando, desta vez para que não tivesse ninguém no corredor.

E não tinha.

A euforia começou a aumentar enquanto eu praticamente corria – de forma silenciosa, embora tivesse tropeçado uma e outra vez – para o corujal.

Não tinha muito tempo até a comoção começar. O jogo tinha sido marcado para as sete horas da manhã (ninguém sabia o porquê de McGonagall ter feito uma coisa daquelas, mas ninguém parecera reclamar [ao que parecia, jogos de Quadribol eram considerado aquele tipo de coisa que não importava a hora e o local, sempre seria a hora e o local]).

Quando cheguei à sala circular e fétida, soltei o suspiro que estava trancando há um bom tempo.

Owl estava empoleirada em uma janela próxima da entrada e seus grandes olhos prenderam-se aos meus como se me reconhecesse. “Owl” não era um nome muito criativo para uma coruja, mas, sinceramente, quando você é uma nascida trouxa de onze anos e descobre que é uma bruxa, ganhando uma coruja de um cara grandalhão chamado Hagrid no dia da compra dos materiais no Beco Diagonal, não era como se tivesse muita criatividade nem tempo para pensar em um nome decente.

– Ei – chamei-a e então, de forma preguiçosa, ela voou até meu ombro. Eu a acariciei, sentindo-me um pouco culpada por não ter ido visita-la tanto nos últimos dias, mas, também, quem é que teria tempo para visitar sua coruja denominada Owl quando tinha se transformado em um homem? Morgana sabia que eu não tinha.

Depois de algum tempo de silêncio enquanto acariciava suas penas, suspirei e puxei o bilhete que tinha escrito.

– Owl, preciso que você leve isto a Sirius – disse a ela, observando-a sair de cima de meu ombro e se empoleirar sobre um poleiro em minha frente. – Você precisa entregar isto à ele o mais rápido possível, entendeu? – a coruja piou daquela forma que fazia sempre que perguntava alguma coisa, piscando os olhos como se estivesse entediada. – Se ele estiver dormindo, você vai bicar ele até acordar, entendeu? – perguntei novamente, recebendo mais um pio de concordância. Assenti e coloquei o papel entre seu bico, tendo me esquecido de pegar uma corda para amarrar. – E, ah – rolei os olhos. – Ele é o cara ruivo deitado na minha cama, usando meu corpo, entendeu? – mais um pio e então ela se foi.

É claro que, um pouco mais tarde, eu entenderia o porquê de tudo parecer tão fácil pela manhã.

Sirius Black

Ser acordado cruelmente por bicadas de uma coruja ensandecida não estava, definitivamente, em minha lista de coisas que eu gostaria de vivenciar.

Quero dizer, aquele bicho quase furou o meu olho, pelo amor de Merlin!

Gemi enquanto me debatia, as bicadas em meu braço parecendo pulsar enquanto puxava as cobertas até tapar minha cabeça. A coruja ensandecida não parou, porém. Continuou em sua luta atacando travesseiros e edredons até que voltei a colocar a cabeça para fora, totalmente amedrontado do que aquele monstro estava querendo fazer comigo.

Somente quando a encarei, completamente acordado e enfurecido, é que percebi o bilhete caído sobre minha cama.

A coruja deu um pio abafado enquanto eu esticava minha mão de forma lenta e receosa até o pedaço de pergaminho, com medo do que ela poderia fazer se me aproximasse demais.

– Amiga. Amiga! – murmurei quando minha mão finalmente alcançou o bilhete, puxando-o para mim e encarando-a.

Parecendo ter cumprido sua missão, a coruja piou, deu mais uma bicada em meu braço e voou por entre o vão da cortina em minha cama.

– Sua filha da mãe! – reclamei, vendo o vergão começar a ficar roxo onde ela tinha acabado de bicar.

Evans me mataria se visse o estado deplorável que seus braços se encontravam naquele momento. Quero dizer, eu tinha certeza de que ela não acreditaria, nem por um minuto, que uma coruja louca tinha me acordado às... Voltei os olhos pelo quarto, procurando pelo relógio na cabeceira de Evans e percebendo que era cinco e meia da manhã. Por Merlin, quem em sã consciência mandava cartas às cinco e meia da manhã?

O que me trazia, novamente, ao bilhete em minhas mãos.

De cenho franzido e soltando um bocejo, desenrolei o papel, imaginando se Evans teria um admirador secreto ou qualquer coisa do tipo. Seria divertido poder jogar aquilo na cara dela quando ela ousasse brigar comigo novamente.

ENCONTRE-ME NO BANHEIRO DOS MONITORES, A SENHA É “CHÁ”.

NÃO OUSE SE ATRASAR, BLACK!

É MUITO IMPORTANTE!

E QUANDO DIGO IMPORTANTE ESTOU ME REFERINDO AO SEU MALDITO JOGO DE QUADRIBOL, ENTENDEU?

LEVANTE-SE E ANDE DE UMA VEZ!

PS: traga minhas vestes!

Fiquei em alerta imediatamente, ao ler as palavras obviamente de Lily. Que merda aquela louca estava aprontando àquela hora, afinal de contas?

Meu Merlin.

X—X

Chá – murmurei em frente à gárgula que guardava a sala dos monitores, imaginando que não seria assim tão estranho alguém passar por mim nos corredores, já que eu era a Evans no momento e ela uma droga de monitora nerd e certinha.

A porta apareceu e eu rapidamente passei por ela, adentrando o que mais parecia uma sala de professores. Por todo o canto tinha bilhetes colados, itinerários, cartas e memorandos, alguns com horários, outros com informações. Tudo um grande conjunto de merda.

– Finalmente! – a minha voz soou aliviada e voltei-me para encarar uma Lily corada e suspirante. – Por Morgana, Black, pensei que não viria!

– Que merda você está planejando, Evans? – resmunguei enquanto caminhava em sua direção, largando a mochila que tinha trazido sobre uma cadeira vazia. – E que merda você estava pensando ao mandar uma coruja assassina me acordar? – sentia-me completamente irritado.

– Imaginei que você precisaria de um pouco de persuasão para levantar – rolou os olhos e então remexeu em seus bolsos, procurando alguma coisa.

– Pode me dizer por que merda me chamou aqui? São seis horas da manhã, o jogo é as sete e eu estou, sinceramente, pensando em dormir até, tipo, às nove da noite. Não estou muito a fim de olhar a droga de jogo que, obviamente, vamos perder – falei de forma irônica, jogando-me em uma cadeira ao lado da que tinha largado a mochila e encarando-a com toda a quantidade de ódio que conseguira juntar àquela hora da manhã.

Evans bufou, rolando os olhos mais uma vez e finalmente puxou algo de dentro das vestes. Em suas mãos havia uma ampola com um conteúdo escuro e amarronzado dentro. Ela sacudia-o em frente aos meus olhos com um sorriso conhecidamente maroto.

Aquele era o meu sorriso maroto! Ela não tinha direito algum de usá-lo!

– O quê? – resmunguei, suspirando sem vontade alguma de me levantar e ir até lá para ver o objeto mais de perto.

– Pelo amor de Morgana, Sirius! Olhe! – ela sacudiu mais um pouco. – É Poção Polissuco! – e sorriu mais um pouco.

Poção Polissuco... POÇÃO POLISSUCO!

– QUE... PORRA, EVANS! – berrei de uma forma que com certeza faria Walburga se revirar em suas vestes pomposas na casa Muy Nobre dos Black, mas, quem se importava realmente? – EU... AI, MERLIN...

– Não chame Merlin, pelo amor de Morgana! – ela resmungou e então sorriu mais um pouco.

E então, de forma totalmente impensada e irreal – sem falar em absurdamente gay e desnecessária – eu chorei.

Talvez, se por ventura do destino, eu nunca mais voltasse para meu corpo, eu pudesse fazer cursos intensivos de choro para ruivas.

Por que não era possível!

– Sirius? – Lily então se aproximou, o sorriso apagado de seu rosto enquanto me observava em preocupação. – O que aconteceu? Por que...

– Eu só estou feliz – resmunguei irritado, fungando enquanto limpava as lágrimas do rosto. – Me dê essa porcaria aqui.

– Morgana, Sirius. Quando voltar para o meu corpo eu sinceramente espero que isso passe, por que, sinceramente, eu não sou chorona desse jeito! – ela resmungou enquanto entregava a ampola em minha mão.

Peguei o objeto e rapidamente destampei-o, puxando um fio de cabelo da cabeça ruiva que agora era minha e despejando-o dentro da poção.

Imediatamente ficou azulado, o cheiro melhorando consideravelmente em relação ao anterior. Quando estava prestes a tomar um longo gole daquela magnifica, esplêndida, milagrosa poção, Evans berrou:

– ESPERA! – e eu quase derrubei a ampola de minha mão. – Merda, Black – murmurou. – Preciso de mais dois fios de cabelo antes de você se transformar – ela disse.

– Dois? – perguntei sem entender.

E então, Evans, para minha completa surpresa, remexeu mais uma vez em seus bolsos e puxou mais cinco ampolas de lá, sorrindo ainda mais.

Outra lágrima escorreu de meus olhos, mas então não me importei.

– Como...? Merlin, Evans, estou realmente estragando você – meneei a cabeça de forma irônica enquanto ela gargalhava.

– Ora vamos, Black – rolou os olhos e então esticou uma mão até meus cabelos, puxando-os sem cerimônia.

– Outch! – reclamei, mas ela deu de ombros enquanto distribuía fios entre duas ampolas. Quando as duas estavam devidamente azuis, Evans esticou-as para mim.

– Tome. Guarde isto nas malditas vestes de Quadribol, Black – ela disse de forma firme. – E vença a merda daquela partida.

Sorri para ela, dando um gole na poção, franzindo um pouco o cenho pelo gosto agridoce e então comecei a borbulhar.

Literalmente.

– Black! – ouvi a voz de Lily um pouco histérica, enquanto sentia-me crescer em meio as borbulhas. – Você não trocou de roupa! – ela reclamou, mas então já era tarde demais.

As roupas de Lily começaram a estourar nas costuras, uma a uma se desfazendo. Senti-me completamente desconfortável quando o meio das minhas pernas começou a inchar e crescer e a calcinha de Lily tornava-se pequena demais. E então a calça jeans rasgou completamente, os botões saltando, quase acertando Lily na testa.

– Desculpe – disse e minha voz estava em um tom estranho entre o fino e o grosso.

A blusa então se rasgou e, logo em seguida, a calcinha e o sutiã também.

Eu estava totalmente nu.

Mas quem é que se importava com isso quando se estava em posse do próprio corpo de volta (mesmo que temporariamente?).

– SIRIUSTICK! – berrei quando baixei meus olhos e encontrei-o .

Eu senti meus olhos marejarem, mas então me controlei. Eu era um macho agora. Homem novamente! Tinha coisa mais maravilhosa?

– Argh! – ouvi o gemido de Lily e voltei-me para ela que se encontrava virada de costas para mim. – Pelo amor de Morgana, Black. Se vista! – ela pediu parecendo nauseada. – Estava evitando te ver nu há tempos, não é agora que vou mudar isto.

Sorri de forma marota.

– Ah, Lily. Nem é tão ruim assim. Pode olhar, eu deixo – brinquei.

– Argh. Só... ARGH! – ela gemeu mais uma vez. – Suas vestes estão na mochila. Ande com isto antes que eu vomite – e estremeceu.

Talvez aquilo deveria ter sido mais constrangedor, mas não foi. Acho que, devido ao fato de estarmos de corpos trocados, sinceramente, não era como se não nos conhecêssemos daquele jeito. Mesmo que eu tentasse evitar totalmente olhar para as partes de Lily, ainda assim, vez ou outra, acabava vendo demais.

Puxei a mochila de cima da mesa, encontrando as vestes vermelha e dourada do time de Quadribol lá dentro.

– Como você conseguiu fazer tudo entrar aqui? – perguntei com curiosidade enquanto puxava uma calça e os protetores de joelhos e tornozelos de lá de dentro. E uma cueca também.

– Feitiço Indetectável de Extensão – ela murmurou. – Já está vestido? – perguntou.

– Espera aí – falei e coloquei a cueca e a calça logo em seguida. – Pode olhar – falei.

Lily então virou, parecendo receosa. Sua expressão logo virou de alívio e então irritação.

– Você estragou minha calça favorita! – ela reclamou, lançando um olhar melancólico para os pedaços de jeans espalhados pelo chão. – Trouxe minhas roupas? – perguntou.

Assenti enquanto amarrava as tornozeleiras firmemente.

– Estão ali – e apontei a mochila na cadeira.

Evans assentiu e então suspirou.

– Black, não vá esquecer essas ampolas. Proteja-as bem, entendeu? – ela disse de forma professoral.

– Tudo bem – concordei e então passei a camiseta pela cabeça.

Quando finalmente terminei de me vestir, senti-me como em um dia ensolarado de verão. Só que melhor. Muito melhor.

Antes que me desse conta, abracei Evans.

– Eu te amo! – disse. – Você está salvando minha vida, Lily – falei de forma sincera, encarando-a então. – Obrigada.

Com as sobrancelhas arqueadas, ela sorriu.

– Na verdade estou salvando a minha vida, mas entenda como quiser – e sorriu mais um pouco.

– Como é que conseguiu a poção? – indaguei, realmente curioso.

Depois – ela disse. – Agora, se já estiver pronto, vá embora e seja Sirius Black por algumas horas. Não esqueça, Black. Temos apenas três horas. Nada, além disto – falou com rispidez.

Entendi – falei um pouco reclamão. – Nos encontramos aqui dentro de três horas – disse e ela concordou. – Mas fique por perto, no jogo – falei. – Caso aconteça alguma coisa.

Não vai acontecer – ela negou de forma veemente, parecendo estar tentando convencer a si mesma. – Não pode.

– Espero que não, Evans. Espero sinceramente que não.

Marlene McKinnon

Acordei seis horas da manhã naquele sábado. O dormitório, porém, estava vazio.

Estranhei o fato de Sirius não estar por ali, mas imaginei que se devesse ao nervosismo, afinal de contas aquele era o dia.

Rezei para Merlin enquanto vestia-me para que ele iluminasse as habilidades – inexistentes – de Lily no Quadribol e que ela conseguisse, pelo menos, não passar muita vergonha.

Merlin sabia o quanto eu sofreria se a Grifinória perdesse, vendo Black se lamentar por todos os cantos no dormitório, chorando como uma ruiva desesperada.

Pelo amor de Merlin, que mulherzinha.

Quando estava quase saindo do dormitório, acabei trancando o pé na mesa de cabeceira ao lado da minha cama e um livro caiu sobre meus dedos.

– MERDA! – reclamei, xingando até a última geração da família do maldito autor. Uma lágrima escapou de meus olhos enquanto abaixava-me para pegar a porcaria.

E então eu li o título.

Era o livro que tinha dado de presente a Lily. Aquele que continha o maldito feitiço de inversão.

Mas não era só aquilo. Ao cair no chão, parecia que uma parte sua tinha sido descolada e, quando o abri para ver, era um minilivro, localizado na contracapa que estava se despegando.

“Almanaque Inversion Atualizado”.

Franzi o cenho para aquilo. Lembrei-me do que o vendedor tinha dito quando comprei o livro “tem um manual atualizado atrás, com a lista de alguns feitiços que foram melhorados ou seus contrafeitiços, já que a versão é antiga”.

Senti-me paralisar.

Como não tinha pensado naquilo antes? E como Lily não vira?

Imaginei que se devesse ao fato de que ela estava tão irritada e decepcionada em não achar nada no livro, que nunca mais o abrira.

Mas lá estava, o manual.

Abri-o rapidamente, folheando-o e rezando para Merlin que me deixasse encontrar... Me deixasse encontrar...

E então, lá estava.

“ O feitiço Corpus Inversion, reconhecido como o primeiro com efeitos significativos para os estudantes de inversões, finalmente encontrou seu contrafeitiço. Por muitos anos os pesquisadores lutaram em encontrar uma fórmula certeira, mas as palavras nunca pareciam se encaixar, até que Mea Mealow, pesquisadora Japonesa, descobriu que, além do encantamento, é preciso haver uma troca de fluidos entre os corpos invertidos para que o contrafeitiço tenha efeito”

Corpus Reversion.

Ah, meu Merlin. Eu precisava encontrar aqueles dois antes da partida.

Mas onde, merda, eles estavam?


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Notas finais do capítulo

Olá, meus divos e divas do Braseeeeel, como estão?

Mais um capítulo da nossa maratona-um-dia-sim-um-dia-não de Corpus Inversion. Ou será agora, Corpus Reversion?

Ah! Eu disse que teria descoberta sobre reversão corporal no capítulo, e aí está. Lene divando como sempre.

Espero que tenham gostado, amores! Eu estou muito feliz com todo o carinho e apoio que tenho recebido para com a fanfic! Sério, muito obrigada!

Vocês têm sido os leitores mais lindos do universo, sério!

Agora, enquanto o próximo não vem, deixem seus comentários lindos por aqui, abram o coração na caixinha ali embaixo! Juro que não mordo gente! Sou uma pessoa muito mais inspirada quando recebo comentários lindos *cofcofchantagememocional* *cofcofquefeioMillercofcof*
Façam uma autora feliz! ♥

PS¹: responderei aos reviews do capítulo anterior amanhã à tarde, certo? É que hoje fiquei completamente sem tempo (estou mesmo postando durante uma cadeira completamente chata de Gestão de Fundos Especiais na faculdade). Espero que entendam ♥

PS²: Ah, e para quem estava perguntando, a próxima fanfic para a qual farei maratona quando C.I. for concluída, será S L Y T H E R I N (link: http://fanfiction.com.br/historia/174765/S_L_Y_T_H_E_R_I_N/), certo?

Nos vemos em breve, amores!

Beijinhos ♥