Ele acabou de falar as palavras magicas pra me fazer quase destruir alguns carros no meio da rua, eu estava curioso e ele disse que quando chegassemos em casa ele iria me falar o que viu, ele somente fez o favor de aumentar ainda mais minha curiosidade, então pisei no acelerador do carro. Matt ria escandalosamente ao meu lado cada vez que alguém quase batia no nosso carro e xingava e eu retribuia o xingamento. Chegamos na garagem do apartamento em que moravamos e eu puxei - leia arrastei - Matt até nosso apartamento.

–Agora me diga Matt, O QUE DIABOS VOCÊ VIU!?

White Boy

–Nada tão peculiar assim Mello, nem precisa te contar - Ele riu e eu o olhei furioso

–Fala agora ou eu continuo com a idéia de queimar seus jogos.

–Você é uma pessoa muito filha da puta.

–Fala agora.

–Calma. Você percebeu que quando você tava passando na hora de comprar o chocolate, parte dessa faca com que você anda por não sei que motivo estava de fora e tinha um menino sentado no chão e você meio que rasgou o pescoço dele?

–Ah sim isso... EPA, você disse que não era nada tão peculiar! Eu podia ter matado ele!

–Não é tão peculiar, já que você me ameaça de cinco em cinco segundos...

–Onde foi?

–O que?

–Onde que o garoto está, eu sou mal mas não a esse ponto, vou ver se está tudo bem com ele.

–Perto da lojinha de doces

Mal esperei ele terminar, sai correndo para o carro. Não gosto de qualquer tipo de acidentes, principalmente aqueles que eu corro o risco de ir preso ou tomar um belo de um processo, tá eu não sou de todo o mal só pra me preocupar por causa disso. Fui até a lanchonete, e saindo do carro avistei um garoto no chão, parte da roupa ensanguentada. Pronto, matei um cara. Então o vi se mexer um pouco, corri até ele e vi o pequeno corte, não foi fundo mas foi no pescoço e ele estava perdendo sangue, resolvi o levar logo pro hospital. O coloquei no carro e dirigi até o hospital mais proximo, colocaram ele numa maca e o levaram para averiguar o corte. Peguei o celular e liguei para Matt.

–E ai super heroi do dia, achou o garoto?

–Sim, trouxe ele pro hospital.

–E ai?

–O corte não era tão profundo assim, mas se ele ficasse por mais tempo lá acho que morreria...

–De super heroi foi pra médico... Já fez seu papel, vai voltar logo pra cá?

–Vou esperar noticias do menino.

–Tá certo né? Até mais tarde Meldonna.

–Esse é novo... Até mais tarde.

Desliguei o telefone e olhei o horario, seis e meia, suspirei e sentei na sala de espera. Duas horas se passaram e nada sobre o garoto. Quando estava quase desistindo e indo para casa a enfermeira me chamou e estava sendo seguida pelo menino, que estava com um curativo no pescoço, certeza que era o "acidentado".

–Foi você que o trouxe aqui não foi? - Perguntou a enfermeira

–Eu mesmo.

–Bem, o corte não foi muito grave, mas se ele ficasse mais tempo poderia ter morrido. Ele precisa descansar um pouco.

–Certo, então, vamos garoto.

Ele acenou que sim com a cabeça e eu o levei para o carro. Ele era branco como a neve, usava roupas brancas e seus cabelos também eram brancos, caralho é tão... Branco. Só os olhos que eram negros e não demonstravam nenhum tipo de sentimento. Entramos no carro, ele sentou na frente comigo, estava com um dos pés no banco. Olhei para ele e então liguei o carro.

–Qual é o seu nome? - Tentei quebrar o silencio

–Nate River, ou Near se quiser.

–O meu é Mihael Keehl, ou Mello. Desculpe-me pelo que aconteceu.

–Tudo bem.

–Onde você mora?

–Lugar nenhum, eu geralmente vou de hotel em hotel, meus pais foram assassinados e eu fugi do orfanato. - Ele falava normalmente e mexia numa mecha de cabelo, ele não demonstrava absolutamente nada sobre isso.

–Entendo isso... Quantos anos você tem?

–Dezessete.

–Já que você precisa descansar, pode ficar algum tempo no meu apartamento. Moro com um amigo meu, mas ele é legal.

–Obrigado.

Terminei de dirigir até o prédio, Near era meio estranho, aquela falta de sentimentos dele me irritava de certa forma. Chegamos em casa e eu escutei barulho de tiros, Near somente olhou para os lados e então viu Matt jogando Left 4 Dead. Eu o empurrei para dentro e Matt parou o jogo e nos olhou, sua cara de interrogação me fez tentar abafar a risada, mas acabei não conseguindo. Near olhou para mim e para Matt umas quatro vezes, logo o senhor goggles abriu a boca.

–Okay, Mihael Keehl, me explica agora tudo!