Revelações De Um Passado Obscuro escrita por GiuuhChan


Capítulo 17
Revoltada, encontros e desencontros




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/182408/chapter/17

“Os bonzinhos e os maus”, talvez não haja a definição correta pra cada pessoa, quem sabe somos apenas uma mistura do bom e do ruim, guiados pelos ideais que acreditamos?
Dúvidas, inseguranças, nós  somos tudo aquilo que desejarmos ser.
E ela? Ela tem ambos os lados dentro de si.

Ela corria pelo meio da floresta, cansada, perdida, e perseguida, mais uma vez. Menina, por que você insiste em sair de onde sabe que está segura? Por que Thanatos te encontra tão facilmente e você sequer procura se esconder? Sempre sozinha mesmo tendo à quem pedir ajuda, nunca à vi se deixar guiar por alguém. Quem você é, afinal?

Lupus narra~

Eu estava descansando, se é que descansar é a palavra certa, eu apenas queria ficar só. Tinha começado a bolar planos junto ao garoto Azin, e partiríamos logo no outro dia pela manhã, mas eu estava confuso demais pra dormir, e ansioso demais pra pensar de forma clara ou calculista, estranho.

Deixei Azin na hospedaria avisando apenas que iria sair, sem dizer pra onde, nem eu sabia na verdade, e recebi apenas um aviso de estar de volta pela manhã para partirmos, além de uma ironia para tentar voltar vivo, hmph, garoto metido.  Adentrei a floresta dos arredores da cidade, e caminhei por um bom momento entre as árvores, subindo numa delas, nem tão alta nem tão baixa, devia ser cerca de 17:00 e o dia já perdia claridade, com um vento forte soprando para qualquer direção.

Silêncio, o farfalhar das folhas era tudo que se ouvia, exceção para algumas corujas e cigarras que vez em quando quebravam o barulho puro do vento, mas era só. E continuou sendo só isso por muito tempo, até que passos cortavam a noite, cada vez mais próximos, e rápidos tanto quanto desesperados, a noite já havia caído mas a lua iluminava o suficiente para que eu à visse caindo exausta ao pé da árvore. Ainda havia passos, e não foi muito o tempo que patrulheiros da escuridão demoraram pra chegar próximos da garota. Ela ofegava apoiada na árvore mantendo-se de joelhos com tanto esforço quanto podia.  Ela não parecia gravemente ferida, apenas cansada, tonta talvez, e nenhum deles, mais uma vez nessa situação, parecia ter me notado, mas, diferente do garoto, senti que deveria realmente ajudar.

Peguei minha arma e lá se foram, um, dois, três, quatro patrulhas. Um quinto me pegou desprevenido acertando-me o braço. Praguejei e matei-o como os outros, apenas desperdício de boas balas, logo, não restava mais nenhum dos patrulheiros vivo.

Suspirei, e olhei para a garota que devolvia o olhar, porém assustada , e ao mesmo tempo confusa, não parecia entender bem o que estava acontecendo, talvez estivesse com medo de que eu tentasse machucá-la também. A lua brilhou mais forte e pude vê-la melhor, olhos verdes, cabelos longos castanhos, eu não podia ter tanta sorte, ou podia? Podia, posso. Millie, não? Passou um tempo e ela pareceu perceber que eu não pretendia machucá-la, mas pareceu incomodada e eu percebi que à encarava e desajeitadamente desviei.

– Você está bem?  – Ela perguntou. Estranhei e franzi a testa, EU? EU estou bem? Sorri irônico. Até um “obrigada” eu esperava, mas perguntar se estou bem estando ela mesma nessas condições?

– Eu que pergunto – eu disse, ainda rindo, ela emburrou-se percebendo o sentido de minha fala.

– Olha eu só estou cansada e um pouco tonta, ok? Eu poderia ter lidado com eles, não precisava de ajuda. – ela disse, era engraçado o quanto a garota parecia convincente mesmo que eu visse o contrário do que dizia.

– Sei, claro que teria – Disse, irônico.

–Humpf –Ela virou-se de rosto emburrado. Eu ri.

–De nada! – Eu disse, ela ignorou o comentário, corada.

– Obrigada – ela disse, bem baixo.

–O que? – falei, apenas pra irritar.

– Olha, eu não vou repetir ta legal? Você ouviu! – ela falou.

– Ok, ok, calma, revoltada! – falei rindo.

– Quem é você? – Ela disse, mudando o assunto.

– Meu nome é Lupus. E você, garota mal agradecida, quem é?

– Humpf, Melissa, me chamam de Millie. – Ela disse, já se levantando, ou tentando, pois logo após a tentativa, quase desmaiou novamente, consegui segurá-la antes que caísse.

– Você ta bem? – eu disse, tentando ajudá-la. Ela virou-se para falar algo mas nossos rostos ficaram próximos por isso, então ela abaixou o rosto e soltou-se de mim rapidamente.

– E-e-eu to bem! – Ela disse, se afastando.

– Para onde está indo?

–Preciso voltar para a base, sou parte da Grand Chase. – Eu sabia que ela estava na Grand Chase, mas perceber isso agora me fez ter uma repentina mudança de planos.

– Ei, espera, você não ta em condições de ir sozinha, deve ter muito mais pelo meio da floresta, tem certeza? – Eu disse, apontando para a patrulha da escuridão caída ao nosso redor.

– Hmph... Eu sei, mas realmente preciso voltar, eu só queria sair um pouco da base mas acabei desmaiando não me lembro muito bem por que, e quando acordei já foi ouvindo o barulho dos passos dos patrulheiros, então o resto você deve imaginar. Mas preciso voltar, eles podem estar preocupados. – Ela disse, pensativa, e já caminhando.

– Não adianta você ir com risco de não chegar lá, está cansada, e se acontecer algo? – eu disse. Precisava fazê-la ficar.

– Você acabou de me conhecer, por que se preocupa? – Ela virou-se, não num tom arrogante, pareceu uma pergunta sincera, mas desconfiada.

– Eu não sei. – Falei, por fim,  na verdade eu não deveria me preocupar, certo? Ah, dane-se, é pelo plano, tudo pelo plano. Eu acho. – Mas a cidade está próxima, você pode descansar e partir amanhã pela manhã, eu e um... um amigo meu estamos indo para o QG também, a gente quer tentar se alistar, podemos ir com você se você não se incomodar de nos ajudar a chegar lá.

– Ok então – ela disse, um pouco contrariada acho.

Millie narra ~
 

Quem é esse garoto afinal? Ele não parece humano, mas não parece qualquer raça que eu conheça. É forte, como provou, se alistar na GC? Ok, isso não é realmente da minha conta, mas estou em dívida porque querendo eu ou não admitir isso, ele me salvou. O que ta acontecendo comigo? Eu saí do QG porque queria respirar um pouco, ver a vida fora da base, mas ouvi vozes vindas da floresta, alguém pedia ajuda, mas quando adentrei-a o barulho parou, senti um cheiro estranho e apaguei.

É estranho, mas ainda me sinto nauseada, veneno provavelmente, mas quem faria isso? Hmph, ela não me deixa nem sair um pouco? Droga “mãe”, pra que? Bem, eu ir sozinha e nesse estado é perigoso, parece que terei de aceitar a oferta. Pode ser uma armadilha, mas acho que entre a certeza de tentarem me matar indo pra o QG sozinha e eu ser capturada dessa vez, e confiar num estranho que acabou de me salvar, a opção dois é melhor, ou “menos pior”.

– Ok então. – eu disse, um pouco contrariada.

– Ótimo, vamos, estou hospedado num lugar próximo da saída da floresta, e Azin, o garoto que falei antes, está lá também. – Disse o Lupus.

– Certo  – Eu disse – Vamos então – E ele começou a andar, segui-o. O silêncio pairou pela caminhada, e eu estava me perguntando se fiz realmente a escolha certa. Eu saí sem avisar muita gente, o Lass sabia, mas eu pedi pra ir sozinha, e ele um pouco contrariado aceitou a decisão. Pra dizer a verdade, eu precisava ficar um pouco sozinha, foi assim que eu vivi pelos últimos anos da minha vida, e essa mudança repentina de ter pessoas ao meu redor e se importando ainda é um pouco estranho.  Não entendam mal, eu gosto disso, mas não estou acostumada, eu não, sei lá, acho que não gosto de apego às pessoas, qualquer um pode te decepcionar, eu comecei a acreditar isso quando fui perdendo pessoas que eu amei, perdi minha mãe, meu pai, por um tempo perdi o Lass, e acho que o problema é que apesar de tudo, não quero me deixar perdê-lo novamente, não posso. E envolvê-los nisso, estar perto deles, é como colocá-los em risco, pois eu sou o alvo. Eu devo mesmo estar lá?

– Vocês são um grupo certo, por que estava sozinha? – Disse o garoto, me assustando um pouco ao me tirar de meus pensamentos.

– Eu quis sair um pouco sozinha, companhia não é lá muito o meu forte.

–Entendo bem isso. Depender de si mesmo  muitas vezes é melhor que confiar em alguém. Mas se você faz parte de um grupo, deveria tê-los pra te ajudar, não?

– Sim, mas e se... – é, ele não me conhece mesmo – E se eu colocasse o grupo em risco apenas por estar nele?

– Você é parte de algo maior, seus riscos não são apenas seus quando você tem amigos e não apenas pessoas lutando juntas por obrigação, eu acho, então depende, em qual categoria sua situação se encaixa? – Ele disse, e isso pareceu fazer sentido, eles são meus amigos, acredito nisso, e me ajudariam seja qual for a situação, confio neles. Sorri.

– Obrigada – Falei, por fim.

– Olha, dois obrigadas da garota mal agradecida de mais cedo num único dia? – Ele disse, irônico, argh, mal conheço mas já sei que é irritante.

– Humpf, retiro o meu obrigada!

–Haha, revoltada!

– Grrrr, calado! – Eu disse, ele ria.

– Chegamos, revoltada. – Paramos em frente à um estabelecimento médio de madeira, a luz alaranjada vinda de um único poste iluminavam a rua. Lupus abriu a porta e adentramos o lugar. Algumas mesas e cadeiras dispostas sobre o piso, um balcão e apenas duas pessoas além de nós , um homem sentado numa das cadeiras com um copo em sua mão parecia alterado pela bebida, ignorei-o, e uma balconista que olhou-nos assim que entramos. Lupus foi até ela e me pediu que esperasse, sem tempo pra que eu o respondesse, saiu.

– Pronto, quarto número 3, subindo a escada, é o seu. Amanhã cedo partiremos, certo?

– Ei quanto foi?

– Nada, eu falei pra você ficar, eu sugeri, eu pago.

– Olha nem pensa, eu to sem dinheiro aqui agora mas fico devendo pra quando chegarmos lá.

– Não mesmo – Ele disse, eu já ia retrucar, mas uma voz me interrompeu.

– Ora, ora, carne nova? – Disse um garoto de cabelos claros arroxeados e olhos vermelhos. Sorriso sarcástico e continuava seus passos em minha direção, próximo demais, fui dando passos para trás.

– Azin, menos, não assusta a garota ta? Millie, este é o Azin, Azin, Millie. Longa história, ela faz parte da GC, vamos com ela até lá amanhã cedo, certo? – Disse Lupus.

– Maravilhoso, viajar com macho não é lá muito agradável. – Ele disse, sorrindo travesso, olhando-me.

– Viajar com você também não parece que vai ser – eu disse.

– Haha, você muda de idéia. – Ele disse, virando-se e subindo a escada, olhou de volta – Ou talvez não – Sorrindo irônico, piscou. Argh, nojo. Garoto mais insignificante. Lupus suspirou.

– Não ligue pra ele ta? Ele é assim arrogante mesmo, apenas o Azin sendo o Azin.

– Ele é assim o tempo todo?

– Não cheguei a vê-lo diferente dessa coisa irritante, mas é um bom lutador.

– Humpf, ok né!

– Vá dormir agora, amanhã se quiser te acordo para irmos.

– Tudo bem. – Eu disse, subi as escadas. Eu estava olhando os números  em cima das portas e, como? Quando? Onde? Quando eu vi, estava pressionada contra parede segura pelos punhos acima de minha cabeça.

– Já mudou de idéia? –Ouvi uma voz perto do meu ouvido. Ah não, já chega, paciência não é algo que eu tenha muito. Perto demais. Uma aura negra, raiva, um chute, afastado. Um soco, e um garoto sem noção rolando escada abaixo.

– ENXERIDO! OUSADO! IDIOTA! OUSE CHEGAR MAIS DE UM METRO PRÓXIMO DE MIM E EU MATO VOCÊ!!! – Gritei, mas que droga! Garoto ridículo! Entrei no quarto 3, batendo a porta.

Azin narra~

–Ugh, garota exaltada, gostei disso. – Eu disse, levantando-me.

– Só a parte do “garota” é o suficiente pra você gostar, cara. – Ouvi a voz de Lupus, que ria.

–Haha, verdade, já você precisa mudar a palavra pra o masculino pra você gostar, não?

– Calado, vadia – Ele disse, irritado. Irritada haha.

– Guei  – Retruquei.

– Humpf, não mesmo. E vê se dá um tempo pra a nossa querida “guia” perseguida por Thanatos.

– Como é? Então é ela? – Melissa, Millie, eu devia ter entendido. – Entendo. O que está pensando? – Eu disse, Lupus sorriu e passou por mim nas escadas.

– Mudança de planos – Ele disse, e subiu as escadas.

CONTINUA...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Revelações De Um Passado Obscuro" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.