A verdade, é que nunca dormi ou desmaiei naquele acidente, mas de certa forma, quando abracei Hanna de tal forma, transferi quase toda minha força para aquela pequena criatura.

Não sei o que aconteceu depois, mas abri os olhos e constatei, após alguns segundos, que estávamos em um hospital.

[N/A: Oi gente, botem a música pra tocar agora, se já tiver completamente carregada.]

Hanna estava imóvel, deitada em uma cama branca, com lençóis e travesseiros brancos. Em seu rosto, apenas alguns arranhões e um pequeno corte acima de sua sobrancelha, coberto com uma pasta e um pequeno corativo por cima.

Aproximei-me um pouco mais, correndo minha mão por seu braço, até chegar em seu rosto e o acariciei de leve por alguns instantes, até que fui surpreendido por algum incoveniente que entrou sem nem ao menos bater na porta. Olhei furioso para a enfermeira que acabara de adentrar o quarto. Ela mexeu em alguns aparelhos, trocou o soro e verificou um aparelho para as batidas do coração, e coisas do tipo.

— Onde... onde estou? — Hanna baubuciou de repente, piscando os olhos rapidamente. A enfermeira correu seus olhos para Hanna e sorriu.

— Você está no Hospital de Cranford. Mas está tudo bem, estamos cuidando de você. — ela sorriu atenciosamente.

— Mas... Cranford? Eu tinha que estar em Nova Iorque, o que aconteceu?— perguntou pensativa.

A enfermeira olhou com pena para a menina inquieta então peguei na mão de Hanna.

— Você sofreu um acidente na I-78 E. É um milagre enorme você ter saído quase ilesa de lá. Era pra você ter quebrado muitos ossos, senão ter morrido. — ela foi baixando o tom de voz.

Hanna pareceu pensar por um instante. Ajoelhei-me ao lado da cama, ainda segurando sua mão, e dei um beijo na mesma.

— Onde... onde estão Matt e Jessie? — perguntou sentando-se, a enfermeira ajeitando os travesseiros atrás de Hanna para que ficassem de acordo com sua posição.

Olhei atento para Hanna, queria decifrar qualquer reação sua. Fitei a enfermeira, que baixou os olhos, e imaginei que estivesse pensando em como contar aquela doce garota o que havia acontecido com seus únicos e melhores amigos.

Então a enfermeira voltou a encarar Hanna, e vi uma lágrima pesada e cheia de dor descer lentamente pelo rosto da minha menina.

— Seu amigo, Matt... está bem machucado, mas não corre mais risco de vida. Ele quebrou a bacia e está de cama, mas já está bem melhor. — ela parou, fazendo uma breve pausa, e com os olhos fechados permaneceu por alguns segundos, então os abriu, encarou Hanna e começou a contar.

— Sua amiga Jessica não sobreviveu ao acidente. Não sabemos o porquê de você e seu amigo Matthew terem se machucado tão pouco e ela não ter resistido...

Hanna levou a mão à boca aberta, seus olhos arregalados cheios de lágrimas. Eu queria abraçá-la, queria estar realmente com ela naquele momento.

— Eu sinto muito — disse a enfermeira, retirando-se.

De repente, um grito agudo de pavor interrompeu o silêncio no quarto.

— Não!

Hanna estava agora com a cabeça apoiada nos joelhos, as mãos entrelaçadas no cabelo levemente bagunçado, e alguns gritos sufocados saíam de sua boca.

— Jessie... NÃO ME DEIXE! — ela disse num tom de voz baixo, entre alguns soluços, e chorando logo em seguida.

Abracei-a forte, por impulso. Não conseguia ver minha menina tão angustiada e triste e não fazer nada. Mas o abraço foi em vão, pois nem ela, nem eu sentímos um ao outro.