- Meus campistas, este é o deus Moros! - grita Quíron. Todos começam a murmurar, mas o olhar severo de Polemos entrando sozinho no Anfiteatro silencia a multidão.

- Quíron.

- Polemos, olá.

Moros da um passo a frente.

- Ele veio nos ajudar, graças aos deuses! Todos sabem que a verdadeira aparência de um deus é capaz de matar quem o vê e algumas.. criaturas tem essa capacidade. Temos Dafni Pandora aqui como testemunha... não é?

Eu pisco, despertando.

- Ah, claro, verdade. - digo rapidamente.

- Ela esteve de frente com uma criatura sumeriana que a fez passar por uma experiência de quase morte. Por isso, Moros fez um pacto conosco. Em troca de não participar da guerra, ele concordou em encantar os olhos de todos nós. Só pelo tempo que durar a guerra, que será árdua e com provabilidade de muitas baixas. Peço que, antes que ele faça o que veio fazer, que saiam desse Anfiteatro quem quiser desistir de lutar ao nosso lado.

Ninguém sai.

- Não culpo ninguém. Podem sair, é uma opção. Ir em direção a morte não é uma escolha fácil.

Aos poucos vejo uns e outros se levantarem, meio envergonhados. Mas Moros chama a atenção deles, apertando meu ombro como se pedisse para que eu ouvisse também.

- Se foram bons durante a vida, a morte não vai ser um castigo. - alguns campistas param perto da saída. - Mesmo se não ganharem esta guerra seus nomes serão perpetuados durante gerações e lembrados por pessoas que vão admirá-los, embora talvez não acreditem que aconteceu realmente o que ocorrerá daqui a pouco. Vocês conhecerão a eternidade, eu garanto. Sou O Destino. Sei do que falo.

- Então por quê não diz se vamos ganhar?! - grita alguém.

Moros sorri e me abraça.

- Porque o destino é vocês que fazem. O que falo já aconteceu várias vezes, com reis, deuses, semideuses, guerreiros, muitos. Perseu, Hércules, Ulisses, semideuses que morreram, mas vivem até hoje pelos seus feitos.

- Não somos heróis como eles. - diz outro.

- Mas se tornarão se forem a esta guerra.

Confiança devia ser o segundo nome do Destino.

80% dos que saiam, voltaram. Os outros sumiram de vista.

- Então que se organizem as tropas! - grita Polemos e Quíron uníssono, os semideuses restantes ali armados urram em resposta.

Um sátiro - primeira vez que vejo um, corre até nós com uma trombeta branca e soou-a, dando início aos preparativos para a guerra.

Tive novamente aulas de arco e flecha com os meus irmãos, filhos de Apolo, mas desejei nunca ter ido. Quando vejo que já acertei três de meus irmãos na perna, declarei a eles que na hora tudo daria certo - entrelinhas: desisti.

Em compensação Beccs treinou comigo mais tarde, fui maravilhosamente bem com o Zulfiqar. O machado era um tanto pesado, mas Pierce deu umas modificadas nela. Logo superei-a. Deixei o mangual por último, Tânatos que me ajudou dessa vez, contudo continuava distante. Mas eu não ia pedir desculpas, afinal, era verdade... estou errada?

Estávamos todos prontos e armados no que seria o fim do dia - mas o sol raiava fortemente, céu límpido e vento ameno.

A saída do acampamento, Ênio aparece.

- Zeus deu um jeito de evacuar Nova York.

- Como assim? Evacuar? - perguntei, incrédula. - Como ele fez isso?

Ela ri.

- Pelo jeito New York vai receber o seu primeiro mega tornado. - os olhos dela brilhava... mas logo se apagaram. - Claro que é só uma ameaça, a verdadeira catástrofe que a cidade vai receber é bem pior.

- Obrigada, irmã.

Quíron e Polemos se aproximam.

- Então, como vamos nos deslocar para a cidade? - perguntou Quíron.

- O Oniro está vindo. Vai ser interessante.

- Como as mil personificações de sonhos vão nos levar para lá? - questionou Polemos.

- Como diz Tânatos, estas são apenas condecorações e ocupações atribuídas a nós. É claaaaro que nós, deuses, temos outras cartas nas mangas.

De repente Beccs se aproximou.

- Polemos, venha comigo.

- Por quê?

- Nyx quer falar com você... conosco. - e vira-se para a multidão atrás de nós. A seguir anuncia ao pular sobre uma mesa. - A Deusa Nyx convoca cada capitão ou capitã do respectivo chalé, com Pierce, Grecta, Javekson, Werner, John, Roucks, Christen, Helen, Roberto, Dália, Yudy e Ino, Ablom, Felix, Omura, Elizabeth, Tia, Dalton Ef. Maria e Kcuali venham comigo. Os filhos de Circe abriram um portal. Temos que ir... ah, em sim... o ciclope responsável pelo chalé de Poseidon e Fineas, filho de Circe. Agora... venham... rápido!

E Beccs e Polemos se foram.

Eu me voltei para Quíron.

- O que será que minha mãe quer? - perguntei.

- Não sei, mas não podemos ir sem os capitães. - disse Quíron, mas Ênio o interrompeu.

- Ela sabe e vocês que irá liderá-los por enquanto.

- O quê? Mas e se eu não conseguir?!

Ela ri.

- Você não está sozinha, irmã. - e vai se afastando. - Você não está sozinha. - repetiu.

Logo, repentinamente, o céu escureceu e cercou todo o acampamento. Milhares de corpos nus, alados, sem pudor e de todos os tipos sobrevoavam a área. Quíron bateu seu cajado, um raio surgiu no céu e então o Oniro ultrapassou a barreira protetora do acampamento.

Ênio, antes de desaparecer, gritou:

- Preparem-se para ser teletransportados! - e sumiu numa pequena explosão púrpura.

Senti como se meu corpo fosse rasgado, acariciado, pinicado, amortecido, tudo ao mesmo tempo. E acho que todos sentiram o mesmo - todos estavam com cara de doentes após a viagem, ancorada na frente do Empire State Building.

Muitos passavam mal, mas logo ficavam melhores de saúde - o que acabou com o riso histérico mórbido de Ênio. Logo os Oniro foram embora - eles não iriam nos ajudar, estariam neutros na guerra.

Assim que nos organizamos, montamos uma base no pé do Empire e começamos a segurar as rédeas.