Acordei no dia seguinte com uma puta dor de cabeça, não conseguia manter os olhos abertos por muito tempo e isso tudo devido ao fato de ter dormir chorando na noite passada. O motivo estava claro para qualquer pessoa então não preciso mencionar. Com muito esforço levantei-me da cama e fui em direção ao chuveiro, precisava realmente de um banho para ver se deixava tudo ali e ia para a escola nova em folha. Demorei pouco menos de quinze minutos de baixo do chuveiro, a vontade de demorar era mínima.

Arrumei-me rapidamente e desci as escadas. Mamãe e Tom encontravam-se tomando um belo café da manhã cheio de pão, torradas, frutas, panquecas e etc. Roubei qualquer fruta da mesa e parti sem companhia. Não queria falar com ninguém o que era perceptível  por qualquer um. Ao chegar à escola nem ao menos procurei meus amigos, entrei na sala e me isolei de tudo. Um pouco depois Jimmy e o resto do pessoal apareceram e cumprimentaram-me brevemente. Brian foi a ultima pessoa a entrar na sala e nesse momento meu coração parou de bater. Ele estava com uma cara horrível de quem não havia dormido nada no dia passado. Por um momento quase me esqueci de tudo, levantei e fui a sua direção. Mas o orgulho era tão grande que não o fiz. Resolvi me concentrar no que o professor falava e me desliguei de todo o resto. Foi a primeira vez desde o começo do ano que realmente prestei atenção ao professor e anotei tudo o que ele passava no quadro – o que já é algo milagroso – e ainda por cima fiz os exercícios.

Não demorou muito pro intervalo chegar então na oportunidade perfeita fugi da sala sem ninguém perceber. Não queria passar o tempo com eles (amigos) porque sei que estarão todos com Brian, e bom... Simplesmente não dava. Esgueirei-me pelos cantos da escola até adentrar a biblioteca e lá passei o resto da manhã sem nem ao menos me preocupar em voltar para a sala, foi exatamente por isso que já tinha trazido minha mochila.

Matt’s POV.

- Vocês viram a Marie? – Jimmy aproximou-se perguntando e a resposta foi à mesma de todos nós. Ninguém havia visto ela desde a ultima aula, simplesmente sumiu.

- Mas afinal, vocês terminaram? – Johnny perguntou pro Brian.

- Não sei. – ele respondeu sem emoção alguma.

- Como assim não sabe? – Zacky falou.

- NÃO SEI! Ela simplesmente disse algo como “longe da minha vida” e saiu.

- Vish. – falei.

Jimmy chegou correndo, estávamos todos na garagem da casa do Porpeta tomando cerveja e conversando e ele chegou atrasado.

- Opa desculpa a demora ai, cheguei.

- Como foi o pedido lá? – perguntei rindo da cara de merda que ele fez.

- Um desastre; joguei-me no carro, tropecei no que estava falando, enfim.

- Então é um cara compromissado agora? – Zacky zoou, Jimmy concordou com a cabeça fazendo careta.

- Ta fazendo careta por quê? Foi tu que quis assumir compromisso. – Johnny falou.

Brian estava ali do nosso lado, mas o “estar” é de corpo e não de alma. Sendo sincero era um saco esse clima estranho, ainda mais quando é entre amigos, mas o que podemos fazer? Brian não falou com ninguém o dia inteiro e Marie sumiu... Fala sério.

Marie’s POV.

Fui embora da escola lá pelas cinco da tarde, isso tudo porque fiquei lendo na biblioteca, mas como ninguém utiliza ela é a mesma coisa que não ir. Fiquei também o máximo que pude para não encontrar ninguém no meio do caminho e, como fui as cinco, foi um sucesso.

- Cheguei. – berrei assim que adentrei a casa. Aparentemente não havia ninguém. Aproveitei para subir e tomar um banho, dessa vez demorado. Passei o tempo todo pensando em maneiras de fugir da escola no dia seguinte quando a campainha tocou e tive que me vestir rapidamente.

- Já vou! – berrei para quem quer que fosse. Desci as escadas com uma vontade desumana e finalmente atendi a porta.

- Oi sumida. – Matt disse ao me ver, abraçando-me em seguida. Confesso que aquele abraço foi o que precisava para melhorar o dia. E a vontade de chorar só aumentou, tanto que meus olhos estavam marejados quando nos separamos. – Ih, não vai chorar né? Não sei realmente lidar com isso...

- Desculpa. – falei, com a voz embargada.

- Vem cá. – e me abraçou novamente, foi o suficiente. Tratei de chorar no mesmo instante, era idiotice minha, eu sei. Afinal Brian só havia brigado com aquele idiota porque o babaca me beijou... Mas mesmo assim, era um dia especial, meu aniversário, meu pai estava ali depois de tanto tempo e tudo o mais e... Droga.

- Marie para de chorar antes que eu fique mais desesperado. – Shads falou depois de uns cinco minutos. Sentamos no sofá e ele ficou fazendo carinho na minha cabeça enquanto me acalmava. Quando finalmente estava mais calma, ele finalmente fez jus ao fato de ter aparecido.

- Por que não resolve isso logo? – perguntou.

- Veio dar sermão não foi? – ele concordou com um aceno de cabeça. Sabia. Suspirei. – Você sabe que sou orgulhosa demais. – ele mais uma vez concordou, revirei os olhos rindo.

- E você sabe que ele não fez aquilo porque quis, você sabe que quando ele perde a cabeça não adianta nada tentar segurar. Ele te ama e eu sei muito bem que você tem plena consciência disso, às vezes ele é meio idiota e age igual um, mas Marie... Brian faria qualquer coisa pra não te perder.

Ouvir aquilo de Matt foi como um tapa na cara, todo mundo sabe que M. Shadows não é lá muito ligado a sentimentalismo e lá estava ele falando tudo aquilo, o que deixava bem claro o quão real era tudo. Minha única reação foi concordar mentalmente e balançar a cabeça, não que isso ajude algo no meu orgulho.

Uma semana depois.

♪ You cast a spell on me, spell on me, you hit me like the sky fell on me, fell on me and i decided you look well on me, well on me so let's go somewhere no-one else can see, you and me. ♪

Dançava feito uma retardada. Já havia bebido mais do que o aconselhado e meus amigos tinham sumido com suas respectivas namoradas talvez. E, além do mais, não tinha culpa se a música era totalmente viciante.

♪ Turn the lights out now, now i'll take you by the hand, hand you another drink, drink it if you can, can you spend a little time, time is slipping away, away from us so stay, stay with me i can make, make you glad you came ♪

Berrava e pulava ao ritmo da música. Num estado sóbrio jamais permitiria a mim mesma fazer isso... Mas como o álcool já era 60% do meu sangue, então que se foda tudo. Regularmente esbarrava em alguém e nem ao menos pedia desculpa, até que é claro, esbarrei na pessoa errada.

- Acho que você já bebeu demais. – falou, segurando-me pelo braço.

- Não bebi não. – falei, tentando em vão me soltar. – Me solta Brian.

- Não.

- Vai cuidar de mim agora, é? – resmunguei, ainda tentando me libertar.

- Se for preciso. – bufei. Agora isso? Argh.

- Quero dançar caramba, me solta. – ao invés de me soltar o idiota foi no meio da pista comigo. – Ta aqui por quê?

- Não quer dançar? Vamos dançar. – falou, sem animo algum. Tentei ignorar ele e voltei a dançar a música enquanto ele movimentava-se desajeitadamente na minha frente.

- Dança direito! – falei rindo.

- To dançando. – resmungou. Comecei a rir da cara dele e no fim ele me acompanhou, estávamos rindo feito idiotas e ele finalmente conseguiu soltar-se.

Acho que dançamos umas três músicas até cansar e decidir sentar, é claro que meu segurança foi atrás né? Imagina. Direcionei-me ao bar a fim de tomar mais alguma coisa e fui impedida no meio do caminho.

- Nada disso, vamos. – falou, me puxando em seguida. Sorte que não havia levado bolsa ou algo do tipo ia ficar tudo por ali mesmo. Brian me colocou dentro do carro e em seguida entrou.

- Quero beber mais. – falei, fazendo bico.

- Nada feito.

- Brian! Eu quero mais! – berrei.

- Shh para de berrar caramba.

Emburrei no mesmo instante, cruzei os braços e inconscientemente fiz um bico enorme. Só pude ouvir um risinho depois e já fiquei toda estressada.

- QUÊ?

- Fica linda emburrada. – amoleci na hora.

- Ta me leva pra casa. Ou melhor, me leva pra sua casa. Se chegar bêbada em casa minha mãe me mata. – gargalhei. Não falou nada, simplesmente continuou dirigindo enquanto ficava cantando e batucando alguma música que nem mesma eu sei, na perna. Não demorou muito para chegarmos então logo já estava descendo do carro e cambaleando até a porta da casa de Brian.

- Me lembre de vigiar da próxima vez que tiver alguma festa. – falou e só revirei os olhos.

- Cala a boca e me leva. – pulei nas costas dele que nem objetou sobre minha má educação sem fim. Em menos de dois minutos fui jogada em cima da cama dele, enquanto o mesmo resolveu tomar banho.

Se não tivesse tão bêbada provavelmente não estaria aqui, mas foda-se.

- Psst, pega uma toalha pra mim. – falou metendo a cabeça pra fora pela porta do banheiro. Andei até o guarda-roupa e catei uma toalha jogando na cara dele depois. – Obrigado.

- E afinal de contas por que você estava naquela festa mesmo? – perguntou. Estávamos deitados na cama dele, lado a lado, conversando sobre aleatoriedades.

- Fui convidada. – dei de ombros.

- Sim, eu sei. Mas, bêbada daquele jeito? – soltei um risinho sem graça.

- Senti necessidade de tomar um porre, sabe como é.

Ficamos em silêncio por uns quinze minutos, achei que Brian já havia dormido mas senti ele se remexendo mais do que o normal. Queria fazer alguma pergunta, ele sempre fica assim quando quer perguntar algo e não tem coragem.

- Pergunta logo. – falei. Suspirou.

- Hm... Deixa pra lá. – disse, desistindo do que ia perguntar me calei e muito provavelmente peguei no sono.

Só digo uma coisa: preciso de mais um porre.

E aliás, o que ele iria perguntar? Droga.