Os dias na casa de Sirius se passaram rapidamente. Descobri que Sirius possuía um elfo domestico chamado Monstro, que vivia resmungando pela casa.

O pior de tudo foi saber que Hermione e Ron foram chamados para serem monitores chefes. Um ciúmes e raiva se misturaram em mim, fazendo-me me esquece da conversa com Anabelle.

No dia em que embarcaríamos para Hogwarts eu encontrei Sirius naquela sala no térreo, bati antes de entrar.

- Já está de saída? – perguntou sorrindo.

- Sim – disse e olhei ao redor, todas as paredes estavam repletas de galhos desenhados e com nomes, na parede em que Sirius olhava havia uma árvore genealógica.

- É minha família. Todos bruxos – ele não dizia com orgulho, dizia como se falasse do tempo.

Vi seu nome ali, mas tinha uma mancha onde deveria ficar sua foto.

- Ah, isso aqui foi o que minha querida mãe fez quando eu sai de casa, com 16 anos. – riu – Sempre gentil.

Parei ao seu lado, olhando os nomes e mais nomes. Até que meus olhos pararam em um: Bellatrix Lestrange.

- Minha prima – Sirius disse – Ela fugiu de Azkaban alguns dias atrás, deu no Profeta Diário.

- É uma família bem grande – eu disse olhando em volta.

- Sim, eu fui o único que foi para a Grifinória – Sirius agora sim parecia orgulhoso – Todos eles foram para a Sonserina.

Ergui as duas sobrancelhas surpreso – Eles devem ter ficado bravos.

Sirius deu de ombros – Ficaram, mas eu nunca fui um exemplo para a família dos Black. Quando sai de casa fui morar com seu pai na casa dele. Fui melhor recebido do que anos em que passei nesta casa.

- Harry – Anabelle bateu timidamente na porta – Todos já estão prontos. Tchau Sirius, obrigada por tudo – sorriu e então saiu.

- Eu tenho que ir, mas nos vemos no Natal, certo? – perguntei.

- Claro, eu não tenho permissão de sair daqui, de qualquer forma – ele riu, mas parecia triste com isso.

O abracei e sai da sala, todos já estavam no corredor estreito e escuro, muitos aurores estavam lá também. A Sra. Weasley tinha ido no Beco Diagonal para comprar nossas coisas.  Saímos pela manhã fria no Largo Grimmauld. De uma maneira bem discreta todos os aurores estavam ao nosso redor. A viagem até a estação King’s Cross foi agitada, como sempre estávamos atrasados.

Anabelle parecia um tanto perdida e na hora de passar pela parede, teve que ir eu e Hermione com ela, porque ela não queria de jeito nenhum passar por ali. Midnight estava na forma de uma coruja negra, seus olhos grandes e negros viajando para todos os lados, ameaçando quem quer que chegasse perto demais de Anabelle.

Antes de entrarmos no trem eu senti pelos na ponta de meus dedos, tomei um susto e vi que tinha um grande cachorro negro ao meu lado. Sirius.

- Ora, o que está fazendo aqui, Sirius?! Quer ser pego? – Olho Tonto disse bravo.

Sirius entrou em uma salinha de espera e eu o segui.

- Voces tem tres minutos – Moody disse ficando na porta com Tonks.

- Não queria deixar que voce embarcasse sem isto – ele me entrou uma foto dobrada – É a foto da Ordem original.

Abri a foto e meus olhos já se focalizaram nos meus pais. Depois seguiram para Lupin, Sirius e Dumbledore ao centro.

- Não deixe que ninguém te aborreça Harry, quero que tenha consciência que não são todos que acreditam na volta de Você-Sabe-Quem. Então não deixe que certas pessoas te aborrecem, ok? – disse tocando meu ombro.

- Pode deixar – assenti e o abracei. Corri para entrar no Expresso de Hogwarts.

Na estação todos já estavam embarcando, Ron e Hermione me olharam cautelosos.

- Temos que ir para o vagão dos monitores – ela disse retorcendo os dedos. – Mas nos vemos no Salão Principal, não é?

 - É – entrei no trem sem olhar para trás. Fiquei procurando um lugar onde ficar até que encontrei Neville nos corredores.

- Hey, Harry! – cumprimentou-me. – Quer se sentar com agente?

- Hm – eu gostava de Neville, era um bom amigo, mas eu não sei se queria me sentar com ele. – Eu estou procurando por Anabelle, de qualquer maneira.

- A garota nova? – ele pendeu a cabeça de lado – Ela está com Luna no nosso vagão.

- Então vamos. – eu disse o acompanhando para o vagão em que estavam.

Gina, Simas, Luma e Anabelle estavam no vagão. Eu notei o olhar estranho de Simas em mim, mas ignorei e sentei-me ao lado de Anabelle, ela parecia confortável.

- Ah vai! Só uma falinha! – Simas sorriu de orelha a orelha para Anabelle.

- Ok, o que quer que eu falem? – ela disse rindo e as bochechas corando fortemente.

Eles começaram a debater sobre o que queriam que ela falasse.

- Que tal: Simas é um idiota? – Gina riu.

- Que tal: se voce falasse de onde veio e o porque se transferiu para Hogwarts? – Luna perguntou com sua voz fina e doce.

- Ok, lá vai – Anabelle se ajeitou no banco. – Il mio nome è Anabelle Bodini, provenida da Verona, Itália. Mi sono transferito a Hogwarts perché il mio sponsor chiesto.

Eu a encarei abobalhado. Era uma língua linda e eu nem tinha noção disso e ver Anabelle falando daquela forma... vou admitir, foi sexy.

Todo mundo a olhava do mesmo modo que eu e depois romperam em palmas.

- Eu não entendi nada, mas é muito legal! – Simas piscou para ela.

Anabelle rolou os olhos.

- Tenta me ensinar – pedi interessado. Anabelle arqueou suas sobrancelhas para mim e sorriu desafiadora.

- Certeza? Não é fácil para quem fala inglês a vida inteira – ela disse estreitando os olhos.

Rolei os olhos – Anda, tenta me ensinar.

- Certo. – virou-se completamente para mim – Repete comigo. Il mio nome – ela disse.

- Il mio nome... – pare assim que Anabelle gargalhou.

- Não é “miu” é “mio”, destaca o “o”. – ela parecia controlar as risadas, assim como os outros.

- Il mio nome... – concertei.

- È Harry Potter i sono un idiota – o sotaque em sua voz era encantador.

Repeti o que ela disse e até me sai bem melhor do que antes, mas Anabelle me lançou um olhar de desculpas quando perguntei o que tinha falado.

- Meu nome é Harry Potter e eu sou um idiota – ela disse piscando para mim, que ri.

- Obrigado pela parte que me toca, Anabelle. – eu disse rindo.

As conversas se dissiparam e eu fiquei quieto no meu canto, com meus pensamentos. Eu pensei que esse ano seria bom, mas acho que não. Hermione e Ron tinham, agora, responsabilidades que interferiria em nossa amizade. Por mais que eu falasse com todos da Grifinória, eles eram meus melhores amigos. Entretanto eu estava orgulhoso demais para expor isso e com raiva demais. Pensei que este ano eu poderia ser o capitão do time da Grifinória, mas acho que estava enganado.

Sai do vagão a fim de dar uma volta por ai, esfriar a cabeça.

- Olá, Harry – alguém disse atrás de mim. Virei-me e meu coração parou para depois bater com velocidade não muito saudável. Era Cho Chang.

- Oi, Cho – eu disse sorrindo um pouco.

- Como foram suas férias? – perguntou educada.

Eu me sentia titubear por dentro e meio que não sabia como agir na frente de Cho.

- Foram boas e as suas?

Sorriu – Foram legais. Eu tenho que voltar, nos vemos por ai, Harry – se virou e foi para o vagão da Corvinal.

Ai, como eu era idiota! Eu deveria ter puxado mais assunto, ter sido muito mais gentil, qual era o problema comigo?

- Tudo bem, Harry? – escutei Hermione perguntar, ela passava no corredor com Rony.

- Estou, por quê?

- Parece aborrecido. – Rony encostou na parede para os alunos do primeiro ano passarem. – Hey, não é para correr nos corredores, seus pestinhas!

- Rony! Não pode falar com eles assim! – Hermione brigou.

- Está em qual vagão, Harry? – Ron ignorou a irritação de Hermione.

- No 15, com Neville, Anabelle, Gina e Luna. – falei indicando para trás.

- Ah, então vamos lá, já podemos sair do nosso vagão – Hermione passou por mim e entrou no vagão 15, assim como Ron logo atrás deles. Enquanto eu os acompanhava Anabelle saia do vagão e parecia bem preocupada.

- Tudo bem? – perguntei.

- Ah, sim. Tudo ótimo – sorriu, mas Anabelle era clara como um cristal, todas as suas emoções e pensamentos estavam estampados e grifados em seus olhos, por isso não cai no que ela disse, mas não insisti também, se ela quisesse falar, falaria.

- Ora, ora, ora. O mentiroso do Potter teve a coragem de vir para a escola – Draco Malfoy disse atrás de mim, fechei minhas mãos em punhos e respirei fundo.

Não perca o controle, não perca o controle. Repeti para mim mesmo.

- Quem é voce? – Draco agora parecia se dirigir para Anabelle.

- Anabelle Bodini. E voce? – ela disse apressada, virei-me para ela, mas ela olhava para o corredor. Seu nível de interesse na apresentação de Draco era zero.

- Draco Malfoy. Estes são Crabble e Goyle. – indicou para os tão famosos grandalhões. – Você é afilhada de Dumbledore, não é?

- Sim, porque? – perguntou o olhando desafiadoramente.

Draco riu – Subestimei voce, Potter. Esperto da sua parte fazer amizade com alguém que terá tantos privilégios em Hogwarts, talvez voce até consiga tirar notas sem fazer nada.

- Diferente de voce que tem cara de esperto, mas no ultimo momento apela para uma cola mal-feita e mesmo assim passa raspando – Anabelle se ofendeu. – Aqui é o vagão da Grifinória, o que está fazendo por aqui?

- Perturbando os mais novos – Goyle disse e parecia todo orgulhoso disso, Draco lançou-lhe um olhar furioso.

Anabelle riu irônica – O que é? São tão grandalhões que só conseguem bater nas crianças do primeiro ano?

- Escuta aqui, garota – Crabble disse avançando para Anabelle, mas me coloquei na frente dele, bloqueando seu caminho.

- Acho melhor voltar para seu vagão, Crabble. – avisei.

- Se não o que, Potter? – Crabble já estralou seu pescoço. Onde é que eu tinha me metido?

- Voltem para seus vagões. – Hermione disse logo atrás de mim.

- Como é que é, sua sangue ruim? – Draco disse.

- Sou monitora chefe, Sr. Malfoy – Hermione não perdeu a fala educada, embora estivesse de cara fechada – Estou lhe mandando voltar para seu vagão, então voce vai voltar para o seu vagão.

Arqueei as sobrancelhas para Hermione. Quem era ela e o que ela tinha feito com a minha amiga?

Draco, super contrariado, virou-se de costas e foi para seu vagão.

- Não precisava fazer isso, eu tinha tudo sob controle. – Anabelle me olhou nervosa.

- Tudo sobre controle é ter Crabble para bater em voce? Porque isso não parece um tudo sob controle para mim – eu disse. Poxa, eu ia apanhar por causa dela e ela nem me agradecia? Cadê a educação de hoje em dia?

- Não preciso que ninguém me defenda, Harry. – disse entre dentes, então se virou e saiu do corredor, entrando nos outros vagões. A olhei abismado.

Essa garota era louca?