A Vilã Morre No Final . escrita por Liz03


Capítulo 14
14) Coloque uma extensão de pvc


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo longo já que passei 1 dia e meio sem net vai ser 2 em 1 mesmo.



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Num certo fim de semana finalmente voltei para casa.Eu e Sofia conversamos, colocamos as novidades em dia, ela tinha amigos novos e disse que não queria mais fazer balé,achava chato, queria fazer judô. Eu disse que tudo bem, aproveitei e contei a história do “lago” que Capitã Cortez havia me contado, ela riu muito e disse que era difícil de acreditar que logo a Capitã tivesse contado isso, mas eu disse que era verdade, e falei da barra de chocolate , enfim assunto não faltava. Quando a tarde de sábado foi se espreguiçando eu tive a idéia de chamar Luiza para sair à noite, aí lembrei que passei todo esse tempo sem fazer ao menos uma ligação, por favor não me julgue, eu não fiz por mal, não mesmo. Foi puro esquecimento. Bati à porta, a mãe dela atendeu. Uma mulher baixinha de cabelos também loiros, Dona Consuelo não era tão simpática como a filha.

- Ah, é você – Ela disse, foi impressão minha ou senti um leve desprezo na voz?- Entra, Luiza está cozinhando

- Obrigado – Eu fui entrando.

Ela estava perto da pia mexendo com uma colher uma bacia contendo uma espécie de massa, ela estava com um lenço na cabeça. Quando me viu disse um oi sem graça, acho que ela estava sentida pela minha ausência.

- Luiza – Comecei o pedido oficial de desculpas – Me desculpa eu não ter ligado esse período que a gente não se viu, não foi de propósito – Cocei a cabeça pensativo – Olha, eu deveria dizer que estava muito ocupado e que não pude, mas não é a melhor justificativa, na verdade, eu me esqueci – Olhei para as minhas chinelas envergonhado – Eu não tive a iniciativa de ligar, acho que agora você me acha um idiota – Levantei a cabeça para olhar um pouco seus olhos castanhos – E você está certa, será que eu poderia sugerir uma indenização? – Como ela sorriu eu prossegui – Cineminha?

- Tudo bem – Ela segurou a colher de pau numa das mãos – Mas você pretende sair e depois nunca mais dar sinal de vida?

- Não, isso nunca mais -  Coloquei a mão no peito – Prometo – E fiz minha melhor cara de sofrido- Do fundo do meu coração

- Ah é? – Ela apontou a colher de pau na minha direção, olhou para a mãe que estava entretida vendo televisão e lambuzou meu rosto com massa de bolo de  (deixa eu dar uma lambida...pronto) de limão – Pois a indenização vai ser o cinema, mas essa é a sua pena

- Ah é? – Coloquei as mãos na cintura – Pois você vai pagar esses danos morais – Agarrei-a pelos ombros e distribui uns beijinhos aqui e ali (não mangue, eu sou apenas um rapaz romântico).

Sorrimos juntos, ela me convidou para jantar, recusei afinal já prometi que experimentaria o milkshake que a Sofia aprendeu na TV. Ela disse que estava tudo bem e prometeu levar um pedaço de bolo para o apartamento ao lado assim que ficasse pronto, agradeci. Nos despedimos dei um beijo em sua bochecha, mas , felizmente, ela me puxou mais para perto e me deu um senhor beijo. Até que percebemos que a mãe dela não estava mais prestando tanta atenção assim na novela.

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O  dossiê de Tomás Daris chegou criptografado por email, fiz a tradução com um programa especial, o arquivo estava disfarçado de dicas de restaurantes, abri as informações, muitas coisas eu não precisava realmente saber, mas como eu disse o documento é bem detalhado. Li sobre a vida escolar dele, nem o melhor aluno nem o pior, mediano, algumas brigas isoladas(o pai dele saiu de casa quando ele tinha 9 anos, justamente nessa época ele se tornou mais hostil), mas foi uma criança pacífica e educada em geral. Adolescência comportada, não freqüentou muitas festas, começou a trabalhar cedo. Ingressou no curso de História, parou para entrar no exército. Ainda tinham as informações adicionais: Ex-namoradas, que lugares mais freqüenta, comidas favoritas, hobbies, amigos, família, enfim, muitas coisas importantes ou não.

Eu tinha lá minhas habilidades para hackear computadores, não era profissional, mas dava para fazer o básico. Entrei no computador de Tomás Daris,depois pedi para eles  grampearem o telefone celular dele e o residencial do apartamento onde moravam sua mãe e irmã. Hora de checar os emails de Daris: Nada realmente importante, propagandas, atualizações no facebook, uma amiga convidava para um aniversário . Hum, festinha? Olhei o endereço, coloquei no Google mapas. Era um salão de festa , logo, não era uma festinha apenas para amigos íntimos, quem sabe penetras conseguissem entrar... Não seria difícil.

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Comi mais um pedaço do bolo, estava mesmo uma delícia. Luiza e minha mãe conversavam algo a respeito do prédio enquanto eu e Sofia devoramos cada migalhinha do fantástico bolo de limão. Depois de um momento Luiza foi para casa se arrumar. Tomei aquele banho estilo faxina do mês, fiz a barba, pus uma camisa roxa com uma listra branca em diagonal, pus uma calça jeans e um tênis cinza, penteei o cabelo, pus um perfume bom (aquele para ocasiões especiais). Bati à porta da Luiza e ela mesma me recebeu, sem exagero nenhum, ela estava muito linda. Calça jeans, blusa azul e um all star preto, simples assim ela estava mais linda do que nunca. Dei um beijo na bochecha e fomos ao cinema. Entramos no ônibus e eu não pude evitar a piada.

- Se por acaso essa lata velha quebrar , a gente não desce de jeito nenhum

- De jeito nenhum – Ela disse isso e segurou minha mão, sabe de uma coisa? Eu gostei

O filme até que era legal, pelo menos é o que eu acho, já que nem eu nem a Luiza prestamos muita atenção. Vou deixar os motivos por conta de sua dedução e imaginação. Fomos a um restaurante chinês.

- Você vai pelo menos ligar quando voltar lá pro exército , não vai?

- Claro que vou , eu não prometi ? – Comi um pouco mais de frango xadrez

Ela brincou um pouco com as verduras no prato e por fim disse – Você é especial pra mim Tomás – Olhou para mim de um jeito tão carinhoso que eu me senti realmente especial, ainda por cima completou – Eu gosto de você

Não pensei duas vezes, me levantei da cadeira que eu estava- em frente a dela- e fui para a do lado, abracei-a. Com aquele abraço eu queria dizer:”Muito obrigado pelo que você disse, você fez com que eu me sentisse bem”. Espero que ela tenha entendido assim. Voltamos para o prédio e ficamos um tempo conversando e trocando alguns beijos na escada, isso foi bom. Abri a porta de casa bebi um copo d’água, ainda fui até o quarto dá Sofia ver se ela estava dormindo bem, ajeitei o lençol e fui para o meu próprio quarto. Nem preciso dizer que quando deitei eu estava nas nuvens, preciso? Será que eu tenho que dizer também em quem eu pensei antes de dormir? Não, você é vidente, lembra?!

Domingo com a família, decidi que iríamos almoçar fora, churrascaria e tudo mais, para comemorar a boa fase. Voltei para casa e resolvi dar uma voltinha pela internet, algumas partidinhas de xadrez online, fui checar os emails. Amigos de escola me acharam no facebook, propagandas, e um convite para a festa de despedida de uma antiga amiga de faculdade, Karina, ganhou uma bolsa de mestrado fora do país , festa de bacana meu bem. Já era próximo fim de semana. Fui até o apartamento ao lado. Algumas batidinhas.

- Oi  - Ela saiu do apartamento e fechou a porta atrás dela

- Oi- Disse e a beijei suavemente – Recebi um convite para uma festa, quer ir?

- Claro!

Acertamos horários e também que dessa vez iríamos de táxi (uma vez na vida a gente merece, né?!).Voltei para o batalhão no Domingo de tarde, no caminho para lá parei num pequeno mercado e comprei 2 barras de chocolate (só para garantir). Arrumei as coisas no quarto e comecei a ler “A sombra do vento” mais uma vez. O Tolói não demorou a chegar.

- Tomás – Ele fez um cumprimento com a mão- Tudo bem?

- Tudo – Levantei para apertar a mão dele – E você, japa?

- Bem, também

Conversamos por um bom tempo. A noite não demorou a chegar, e eu dormi sentindo saudade de casa. O treinamento do dia seguinte foi um tanto quanto pesado, o dia inteiro trabalhando a parte física. Eu e Tolói tiramos par ou ímpar para saber qual de nós tomaria banho primeiro, ele ganhou. Aproveitei e liguei para Luiza, perguntei se estava tudo bem, sim estava, estava com saudade? Sim também estava, animada para a festa de sábado? Sim, muito. E eu estava bem? Sim, estou bem, mas cansado pelo dia. Saudade? Muita! E a festa? Eu mal posso esperar. Tenho que ir tomar banho, beijo, para você també, tchau, tchau.Liguei também para minha mãe e para Sofia. Enfim, chegou minha vez para tomar banho, depois foi só deitar e dormir.

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Hoje caprichamos com os calouros preguiçosos, tiveram que ralar mesmo. Tomei um banho de água fria para me livrar de qualquer tipo de cansaço, pus um short e uma camisa GG masculina (qual o problema?é cada uma....), me certifiquei mais uma vez que a porta estava devidamente fechada. Liguei o computador. Por email Giovanni queria saber o progresso com Daris. Respondi de maneira evasiva, disse que estava adquirindo informações, mas que já tinha me aproximado dele. Avisei que não demoraria muito. Baixei pelo computador o conteúdo das ligações telefônicas de Tomás, coloquei no Ipod para ouvir antes de dormir.

Peguei “ A sombra do vento” devo dizer que uma personagem me chamou atenção. Clara. Uma menina cega que contava com a boa vontade do jovem Daniel Sempere que lia livros para ela, o rapaz acabou se apaixonando pela moça, Clara decepciona o garoto. Ela cega, traída em algum momento pela vida, muito solitária, e decepciona alguém que teria algo sincero a lhe oferecer. Eu  amei e odiei Clara intensamente , ambos os sentimentos extremados possuíam a mesma fonte, na vida real, Clara era eu. Só que a decepção seria substituída pela morte. Eu não vou me flagelar por um livro idiota. Joguei o livro na parede. Maldito livro. Maldito Tomás Daris. Maldita eu. Maldita vida.

Peguei a porcaria do Ipod, e comecei a ouvir as ligações do Daris. Eu juro, tive muita vontade de vomitar. Os dois ficaram de melação “ Ah você está com saudade?” . “Estou e você?”. “Também”. Só não joguei o Ipod na parede porque daqui que eu comprasse outro não poderia ouvir minhas músicas (que ajudavam muito nos momentos de raiva). Continuei ouvindo aquela porcaria. Para piorar a idiotinha vai com ele para a festa, só para atrapalhar meu trabalho. Próxima ligação. Ele conversava com a mãe e a irmã, ele parecia ser atencioso com a família. Uma parte que me chamou atenção foi quando ele falou com a menina, principalmente porque a menina sabia meu nome.

“- E aí? Alguma nova piada da Capitã Cortez?

- Não, hoje ela estava brava, pegou pesado no treinamento . Você acha que ela é a legal da piada ou a chata do treinamento?  - Ele ainda disse isso rindo

- Hum....- Por acaso ele está perguntando opinião sobre mim para uma guriazinha? – Acho que ela é um pouquinho dos dois sabe? Vai ver ela só é meio bravinha”

Bravinha? Pobre menina, eu querendo levar o irmão dela para a forca e ela pensando que eu era apenas “bravinha”. Eu cheguei a sentir pena dela por um momento. Mas quer saber? O que tinha que ser feito tinha que ser feito. E além do mais, quantos anos ela tinha 5.6.7 ou 8 ? Quando eu tinha essa idade ninguém pensara na minha felicidade, no meu futuro ou se quer na minha sobrevivência. Pelo menos ela ainda teria a mãe. Talvez sofresse por uns dias, até meses, mas acabaria melhorando, crianças saram rápido. Não é? Eu gostaria muito de ter lhe convencido dizendo isso, e principalmente gostaria de ter me convencido.

Ela era só uma criança. E se a mãe dela morresse logo? Ela ficaria sozinha ou teria parentes próximos? E se a jogassem num orfanato? O que ela fez para o mundo tratá-la dessa forma? Nada. E por acaso era culpa minha? O que eu tinha feito? Esqueci esse sentimentalismo dos infernos e lembrei da quantidade de vidas que acabariam sendo salvas se a missão desse certo. Milhares de garotinhas como ela. Por que eu arriscaria a vida de milhares de criança em prol de manter bem aquela menina? Só porque eu tinha ouvido a voz dela falando de mim? Isso é justo por acaso? Não. E essas ligações malditas só serviram para me irritar e lembrar coisas que eu gostaria de esquecer. Nenhuma informação de valor descoberta. Encarei a droga do Ipod por um momento. Estava decidido. Joguei-o no chão com a maior força que pude , sapateie em cima dele por 3 minutos inteiros.  Pisei até cada peça ir para um lado.Quando atingi meu objetivo, liguei o computador e comprei pela internet um Ipod novinho, até mais moderno que o falecido. Abri a bolsa e comi uma barra de chocolate (dessa vez eu tratei de comprar um bom estoque no fim de semana). Lavei o rosto e tratei de dormir.


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Notas finais do capítulo

Oi : D
Tive uma ideia para motivar vocês a escrever comentários (além dos motivos de sempre). Vamos fazer uma coisa que eu batizei de "Biscoito da sorte" . Quem escrever um comentário dizendo como a história está, o que gostou ou não, enfim, exprimindo sua opinião, vai ganhar uma frase que eu retirarei de poemas, filmes, livros , músicas...
Pois bem, agora sim, como está a história?
ps: Bjinnho