Diário de Um Cachorro escrita por Marcela


Capítulo 1
Vida


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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- Opa, com licença, mas essa teta é minha! Ah! Oi. Sou Mel, bom, pelo menos é assim que os humanos me chamam. Não conhecia muito bem as coisas desse mundo, afinal, fazia pouco tempo que eu havia chegado e ainda tava tudo meio escuro. Pelos meus cálculos eu devia ter umas três semanas e mamãe ainda tinha que nos alimentar. Sou uma poodle, daquelas que não ficam tão grandes sabe? Hum... Pelo que eu me lembre, nos chamam de poodle toy, é, acho que é isso. Quando nasci, vieram junto comigo mais dois cãezinhos. Não sei o nome deles, pois nos separamos ainda quando éramos filhotes. Mamãe era uma cadela bonita, tinha pêlos cor de mel, herdei dela a cor dos meus também, e é daí que vem meu nome. Meu pai? Não cheguei a conhecer, não sei o motivo, só sei que nunca o vi.

"Dia dez de janeiro de dois mil e três é a data que cheguei a esse mundo estranho, onde muitos iguais a mim são comprados para viver em casas com os humanos, sejam eles legais ou não. Outros moram nas ruas, dormem em caixas de papelão, em baixo da chuva, sem ter o que comer, a não ser o resto de lixo que encontram por aí, ou as migalhas jogadas por alguém. Eu tenho sorte. Recebo muito amor e carinho de meus donos. Gosto de estar aqui, de viver com eles e sei que eles também gostam de mim.

"Há um tempo atrás, não me lembro exatamente quando, eu fiquei doente. O veterinário disse a minha “família” de humanos que eu estava com um tipo de micose. Era um machucadinho que dava na pele, ele era áspero e coçava muito. O “doutor” disse que ia me curar, e lá fui eu fazer tratamentos para ficar boa de novo. Tentamos várias coisas, desde sabonetes especiais a remédios, mas não deu muito certo. A micose só piorou e acabou se espalhando pelo corpo todo. Meus donos ficaram desesperados e procuraram um outro veterinário, e bem melhor por sinal. Foi ele que me curou! Depois de um tempo, eu já não tinha mais nada, graças a Deus!

"Um tempo depois, quando eu ainda era filhote, meus donos foram passear e me deixaram em casa, sozinha. Eles saíram de dia e me colocaram na cozinha, onde fecharam a porta que era de plástico, chamada “porta sanfona”. Como eu era pequenininha, consegui passar por baixo do vão da porta o qual não era tão pequeno assim, e escapei! O problema é que depois não consegui voltar pra lá novamente, e acabei ficando o dia inteiro sem comer e beber nada, pois minha ração e minha água estavam na cozinha. Meus donos chegaram só à noite e me encontraram quase morrendo na sala, foi um desespero total, mas passou, eles conseguiram me fazer ficar bem novamente.

"Como se não bastasse esses desastres todos, eu comecei a ter convulsão, aliás, tenho até hoje e ainda ninguém descobriu o porque. Quando fico nervosa, seja por trovões, ou rojões, meu corpo trava todinho, não posso me movimentar, minha boca se enche de saliva e começo a babar. Dos meus olhos escorrem lágrimas. Isso não dura muito tempo, é rápido, mas é horrível, tanto o que eu sinto quanto ver meus donos nervosos e sem saber o que fazer.

"Já tive hérnia também, ela é uma bolinha, parecida com um caroço, que dá no corpo. Para tirá-la tive que operar e ficar de repouso até o corte sarar. Mas a pior coisa de todas, aconteceu no dia onze de dezembro de dois mil e sete, faz tempo, mas me lembro como se fosse hoje. Já não comia e nem bebia mais, andar pra mim não era tão fácil, eu não tinha ânimo para nada, nem para passear, que é uma coisa que adoro fazer. Minha barriga ficou inchada e eu desanimada. Meus donos me levaram ao veterinário novamente, isso estava, praticamente, virando rotina. Fiquei um dia tomando soro na clínica, mas não melhorei e minha barriguinha não desinchou. Fiz exames e descobriram que eu estava com uma grave infecção no útero. Me levaram para fazer um ultra-som e nele comprovaram o problema, e o “doutor” avisou que iria fazer mais um exame e se meus rins (segundo ele, eram os únicos órgãos ligados ao últero) estivessem infectados, teriam que me sacrificar, pois não haveria mais solução. Foi uma barra pesada que minha família teve que segurar. Já havia gastado muito dinheiro comigo e com mais essa cirurgia que teria que ser feita, gastariam mais um pouco.

"Concluíram que meus rins estavam sadios, graças a Deus, mas a cirurgia ainda teria que ser feita. As seis da manhã, minha dona me levou a clínica, onde eu passaria o dia. Eu sei que o mais difícil para ela foi saber que, caso a operação não ocorresse tudo bem, ela não voltaria mais para me buscar. Vi as lágrimas escorrerem de seu rosto, ao me entregar no colo do veterinário. O processo durou horas e eles retiraram meu útero, o qual teria que ser do tamanho de uma caneta e da finura da mesma, mas ele estava da grossura de uma lingüiça e com uns trinta centímetros, por isso minha barriga estava tão inchada e tão dolorida.

"Hoje passo bem, logo farei seis aninhos. Eu sei que apesar de tudo que passei, ainda sou forte e muito feliz. Sei também que meus donos me amam, mas nada supera o meu amor por eles, que fizeram de tudo, até o impossível para eu ficar aqui, juntinho deles, aproveitando de seu amor.


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Notas finais do capítulo

Essa fic, foi uma homenagem que eu fiz a minha cachorrinha Mel. Ela passou por muitas dificuldades, e eu ainda não entendo como um ser do tamanho dela, pode suportar tudo isso e continuar a ser forte. Me sinto muito feliz ao seu lado. Eu a amo demais.
Ah, a capa da fanfic é ela! :)
Espero que tenham gostado dessa singela homenagem que eu fiz, mesmo ela não sabendo ler, sei que ela sabe que eu a amo.
Beijos.