Carla acordou bem cedo. Levantou bem disposta, animada. Arrumou e guardou os edredons que lhe serviram de colchão.

Ela tomou seu café da manhã bem devagar, sem pressa. Nem Tomás nem os gêmeos tinham acordado ainda. Como não tinha nada pra fazer, ela decidiu sair pra correr um pouco, já fazia um tempinho que não corria.

Colocou sua roupa de malha, calçou seus tênis, prendeu seu cabelo em um rabo de cavalo e pegou seu iPod.

O tempo do lado de fora estava ótimo. Nem frio nem calor demais, estava perfeito.

Carla se alongou, colocou seus fones no último volume e começou a correr. Ela corria pelo quarteirão. Devia ter dado umas oito voltas por lá. Parou um pouco para descansar e beber água.

Ela ainda correu umas quatro voltas até que decidiu que já tinha corrido o suficiente.

Quando estava entrando em seu condomínio, o síndico a chamou.

–Srtª Penedo?

–Sim, sou eu. – Carla se virou para olhá-lo.

–É que enquanto você saiu, veio uma mulher bem bonita aqui e me pediu para lhe entregar isto. – O síndico mostrou um envelope branco, um pouco grande.

–E quem era? Ela disse o nome dela?

–Ela não disse o nome dela. Disse apenas que era para lhe entregar o envelope.

–Tudo bem, então eu vou indo. Muito obrigada. – Carla pegou o envelope do síndico e subiu.

Quando chegou em casa, Carla não viu nem Tomás nem seus filhos, então deduziu que eles ainda estivessem dormindo. Colocou o envelope em cima do braço do sofá, e foi direto pro banho. Estava toda suada e com calor, necessitava de um banho mais do que descobrir o que tinha no tal envelope.

Depois de um longo banho relaxante, Carla saiu do banheiro, só com uma toalha enrolada no corpo. Foi para o quarto se vestir, Tomás ainda estava dormindo lá. Depois de vestida e arrumada, Carla foi logo ver o que tinha no envelope. Queria muito saber o que tinha lá dentro.

Sentou no sofá e pegou o envelope. Procurou por todo ele o nome do remetente, mas não tinha nada. Só tinha escrito em um cantinho “Carla Ferrer Penedo”. Decidiu abrir logo e acabar com o suspense.

Depois que ela viu o que tinha lá dentro, preferiu nunca ter aberto aquele maldito envelope. As lágrimas desciam como uma cachoeira. Seu coração doía, muito, mas ela continuava olhando para aquelas fotos, se machucando mais ainda.

“Que droga! Por que ele faz isso comigo?!”

Tomás tinha acabado de acordar, estava com uma sensação ruim. Alguma coisa estava errada.

Foi no quarto dos filhos, verificá-los. Angellina e Thiago estavam bem, dormindo tranquilamente. Quando chegou na sala, se deparou com Carla sentada no sofá, chorando muito.

–Carla? – Ele esfregou os olhos, por conta do sono e por que não estava entendendo o que via. – Por que você está chorando? Você tá bem?

Ela virou o rosto e ele pode perceber que ela realmente estava chorando, muito. Tomás viu que ela segurava algumas fotos nas mãos.

–Que fotos são essa?

–Me fala você Tomás. – Ela se levantou e jogou as fotos em cima dele, que as pegou por reflexo.

Tomás não acreditou quando viu aquelas fotos. Não podia ser verdade. Puta que pariu! E o pior de tudo é que ele é que estava errado...

–Carla, eu posso explicar...

–Explicar o quê Tomás?! Essas fotos mostram muito bem, você e uma vagabunda se beijando! Que ódio! Por que não me falou logo? Ia doer menos...

–Carla, por favor. É a Patrícia, ela planejou tudo! Por favor, você tem que acreditar em mim...

–Não dá mais. – Carla saiu da sala e foi para o quarto. Se trancou lá dentro e começou a chorar.

***

Roberta, Diego e Rodrigo já tinham chegado na casa de Leonardo. Estavam esperando na sala de estar, mas parecia que não tinha ninguém em casa.

–Papai, posso ver se ele tá lá em cima? – Rodrigo já estava impaciente com a demora.

–Tudo bem, mas cuidado na hora de subir e descer essas escadas! – Diego disse, enquanto Rodrigo corria escada acima. Diego revirou os olhos.

–Por incrível que pareça, eu estou mais nervosa do que quando viemos contar que eu estava grávida do Rodrigo. – Roberta sussurrou. Ela e Diego estavam sentados no sofá, lado a lado.

–Achei ele papai! Achei ele! – Diego pode ouvir os gritinhos de Rodrigo do andar de cima.

Rodrigo desceu as escadas correndo e Roberta o olhava com cuidado para ele não cair. Leonardo vinha logo atrás.

–Oi pai. – Diego foi ate ele e eles se cumprimentaram. – Eu não sabia onde você estava e o Rodrigo foi procurar você...

–Tudo bem. – Leonardo riu. – Desculpa, eu sei que nos combinamos de nos encontrar para almoçarmos todos juntos. É que eu estava no meu escritório, resolvendo um monte de coisas. Agora só temos que esperar a Silvia chegar.

–Ela tá onde? – Roberta perguntou.

–Ela foi levar o Bruno e o Danilo na casa de uns amigos... – Leonardo foi interrompido por Rodrigo, que o cutucava.

–Vovô Leo! Vovô Leo!

–E ai campeão? Nem falei direito com você... – Leonardo pegou Rodrigo no colo e fez cócegas em sua barriga. Ele se contorcia enquanto gargalhava.

–Vovô, posso brincar no quarto dos meus titios iguais? – Roberta, Diego e Leonardo riram do jeitinho que Rodrigo falou.

–Claro que pode. – Leonardo colocou Rodrigo no chão e ele foi correndo pela escada.

–Rodrigo! Cuidado com a escada! – Roberta advertia.

–Deixa ele. – Leonardo riu. – E então, vocês disseram que tinham uma novidade... – Leonardo se sentou no sofá junto com Roberta e Diego.

–É nos temos... – Diego disse, sorrindo. Ele e Roberta se entreolharam.

–Mas nós vamos esperar a Silvia chegar. – Roberta disse.

Eles ficaram um tempinho, só jogando conversa fora enquanto esperavam Silvia chegar. Depois de uns vinte minutos ela finalmente chegou.

–Desculpem a demora, o transito estava um horror. – Silvia entrou em casa e já foi logo sentando no sofá, ao lado deles.

–Okay, agora vocês já podem contar a novidade... – Leonardo disse, curioso.

Roberta e Diego se entreolharam. Roberta olhou pra baixo e acariciou a barriga. Silvia logo entendeu do que se tratava.

–AAAAAA, eu não acredito! Ai que bom Roberta, eu sempre achei que o Rodrigo era um pouco sozinho... – Silvia foi interrompida por Leonardo, que ainda estava confuso.

–Vocês podem me explicar o que está acontecendo aqui ... ?

–Pai, eu e a Roberta vamos ter outro filho. A Roberta esta grávida. – Diego sorria bobamente.

–Ah, que bom. – Leonardo parecia surpreso e feliz. – Parabéns meu filho. – Leonardo o abraçou.

–Muito obrigada pai, você não sabe como eu fiquei feliz.

–Eu posso imaginar...

–E então Roberta, já sabe o que vai ser? – Silvia perguntou.

–Ainda não. Tá muito cedo ainda.

–E você está com quanto tempo de gravidez?

–Não muito. Apenas algumas semanas...

–Vocês já contaram pro Rodrigo? – Leonardo perguntou.

–Ainda não. Eu e o Diego queremos contar pra ele depois, explicar tudo diretinho.

–Se precisarem de ajuda, podem nos chamar.

Depois de conversarem mais um pouco, eles foram almoçar. Ficaram um tempinho conversando um pouco mais, e depois se despediram e foram pra casa.

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