Michele’s P.O.V.

 Eu havia decidido. Iria cumprir minha missão até o final, e logo após seu término, iria sumir do mapa, como já fiz uma vez. Meus planos era ir para a França, fazer alguma faculdade de artes ou moda, mudar de nome, enfim...

 Eu não estava mais sozinha nesse plano, arranjaram-me uma cúmplice, que apenas entraria em ação quando eu fizesse minha parte.

*

Frash Back – on

X – x Noite Anterior x – X

 James ligou-me para que eu fosse até a casa dela, tinham algo para me dizer.

 Dirigi até o bairro cheio de casas antigas e mal-cuidadas, aquilo me dava arrepios. Estacionei meu carro atrás da BMW prata que se encontrava parada em frente à antiga casa escura. O sol estava se pondo, dando lugar a um céu estrelado.

 Caminhei pela calçada e adentrei o imenso jardim mal-cuidado e cheio de folhas e árvores secas, havia uma moto ali – uma Cavazaque Ninja preta e reluzente, sim, eu entendia de motos, meu pai era fascinado por isso, sempre gostei desde pequena.

 Ah, meu pai... Quanta falta eu sentia de minha família. Eu era de Oklahoma, morei lá até meus vinte anos, quando... bem, quando me meti com más companhias. Uma delas... era Brendon. Eu e ele nos tornamos amigos rapidamente, após nos conhecermos em um show de sua banda. Ele sempre me pareceu um cara legal, divertido... até que pude o conhecer melhor. Ele tinha verdadeira fascinação por uma amiga minha, o nome dela era Mary, linda, de olhos negros como a noite, pele branca como a neve, e lábios vermelhos como o sangue. Mas ela não gostava dele, o considerava apenas um grande amigo. Foi então que tudo começou... as perseguições, as ameaças, até um dia em que ele me convenceu a atraí-la para uma “conversa” com ele, eu fiquei no carro enquanto ela se encontrava com ele no final de um beco escuro, pude ouvir apenas os gritos de Mary, logo depois corri até lá e vi Brendon com uma faca ensangüentava nas mãos, e Mary... morta.

 Ele fugiu e nunca foi relacionado ao crime, tudo pesou em minhas costas... Então tive que fugir de lá, passei dois anos em Washington, atendendo com o nome de Kristina, até ela me encontrar.

 Malu, namorada de Brendon. A história mais uma vez havia se repetido, ele quase matara Layla como fez com minha amiga Mary, mas Layla conseguiu matá-lo, acabando com a vida do desgraçado que eu tanto queria matar. Brendon namorava Malu até o dia em que foi morto, os dois não eram o casal perfeito, e Malu sabia muito bem que ele estava com ela por “conveniência”, que na verdade ele queria Layla.

 Ela propôs-me que eu lhe ajudasse a fazer Layla sofrer, mesmo que eu nem se quer conhecesse Layla ou nenhum deles. Neguei, obviamente, eu não queria mais confusões em minha vida, mas Brendon... maldito Brendon, falara meu segredo para ela, falara que eu fugia por sua culpa, então Malu começou a me ameaçar, ela contaria minha localização para a polícia de Oklahoma se eu negasse ajuda à ela. Fui obrigada a aceitar. Ainda por cima, ela prometeu me pagar uma boa quantia para que eu sumisse o resto de minha vida.

 Aqui estava eu agora, indo em direção ao quarto de Malu para receber novas ordens de o que fazer para acabar com a felicidade de Layla.

 Cheguei ao quarto, ela estava sentada aos pés de sua cama, apenas uma luz de vela fraca iluminava o quarto.

 - Olá – ela pareceu sorrir.

 - O que você quer? – perguntei, ríspida.

 - Okay – ela suspirou, levantando-se e indo até a vela, apagando-a com um assopro e depois ligando o interruptor.

 O quarto foi iluminado por uma luz florescente branca, deixando-me cega por alguns segundos.

 Eu ainda ficava um pouco chocada com a beleza de Malu, ela tinha a pele exageradamente pálida, olhos de um azul claro lindo, era baixinha e tinha cabelos negros, que contrastavam ainda mais com sua pele.

 - Você disse que não conseguiria cumprir tudo sozinha – ela disse – então encontrei alguém que poderá ajudá-la.

 Nesse momento, ela olhou para alguém atrás de mim, segui seu olhar e pude ver uma garota se aproximando.

 Ela tinha cabelos negros, olhos da mesma cor e pele morena, era linda também, mais ou menos da mesma altura de Malu.

 - O nome dela é Ana – disse Malu, com sua voz doce e autoritária. – Ela é ex-namorada de Mikey, e aceitou, depois de eu muito insistir, nos ajudar com isso.

 - Você me ameaçou com uma arma – Ana quase rosnou.

 - Apenas uma coisa à parte, não precisa ser levada a sério – Malu sorriu. – O plano é o seguinte...

Flash Back – off

*

 Ana não estava realmente afim disso, mas ela parecia estar com medo de algo, provavelmente mais uma ameaça de Malu.

 Eu estava prestes a cometer a maior atrocidade que eu poderia imaginar, James já tinha a BMW estacionada em frente a umas das lojas que visitaríamos, Ana nos esperava no lugar combinado, junto de Malu, provavelmente.

 Eu seqüestraria os bebês.

 Como que para me atrapalhar, o destino fez com que Layla convidasse mais duas meninas para virem conosco, eu teria que dar um jeito de despistá-las.

 Eu empurrava o carrinho de Helie, Layla empurrava o de Arth. Eles estavam acordados, como quase nunca ficavam, parecia que tudo e todos estavam diferentes, como se previssem que algo estava para acontecer.

 Conversávamos animadamente, eu tinha um carinho por Layla, e sabia que isso era realmente errado e perigoso, eu não podia fazer isso.

 Minha cabeça estava a mil, eu tinha que cumprir isso o mais rápido possível, deixaria os bebês no lugar combinado e me mandaria daqui, sumiria, nem Malu poderia me encontrar.

 Enfim chegamos às lojas, caminhando calmamente na calçada, logo pude avistar a BMW estacionada há uns cinquenta metros de distância.

 Caminhamos por mais uns quinze metros e chamei a atenção delas para uma blusa na vitrine.

 - Olhem essa blusa, que linda! – falei.

 - Realmente – Aline concordou.

 - Layla, por que não experimenta? – sugeri. – Acho que ficaria linda em você.

 - Será? – Layla ficou em dúvida.

 - Também acho – Amanda sorriu.

 Bem, pelo menos elas não pareciam que fossem atrapalhar algo.

 - Okay – Layla desistiu, rindo um pouco.

 Todas nós entramos na loja, olhamos algumas roupas e Layla chamou a atendente, que lhe mostrou a blusa da vitrine.

 - Prove, Layla – insisti.

 Eu precisava me livrar dela, depois seria fácil despistar as meninas.

 Layla pensou por alguns instantes e decidiu ir provar.

 Fiquei de pé ao lado de uma arara de roupas, Aline e Amanda ficaram ali também, resolvi começar meu plano.

 - Acho que não estou me sentindo bem – falei, levando minha mão à minha testa.

 - Está sentindo o que? – Amanda perguntou, aproximando-se de mim.

 - Uma tontura... Acho que minha pressão está caindo – dramatizei. – Busca um como de água para mim?

 Havia um bebedouro nos fundos da loja, não era muito longe, mas ela não poderia me ver quando eu estivesse saindo.

 - Okay – ela disse, prontamente, saindo dali.

 Cerca de cinco segundos se passaram, eu precisava me livrar de Aline rapidamente, Amanda não demoraria.

 - Por favor, vá até os provadores e avise Layla que eu não estou me sentindo bem? – pedi à Aline. – Para ela se apressar um pouco... – completei.

 Aline me encarou, estranhando. Será que eu dramatizara de mais?

 - Okay – ela disse por fim, indo em direção aos provadores.

 Enfim livre.

 Havia algumas atendentes ali, mas nenhuma prestava atenção em mim. Peguei os dois carrinhos e os guiei até a saída da loja, logo pude ver James saindo da BMW e vindo até mim.

 - Rápido – ele quase rosnou.

 Malu havia pensado em tudo, havia colocado duas cadeirinhas de bebês no carro, rapidamente fechamos os carrinhos e entramos no carro.

 - Parabéns – ele disse, sorrindo para mim enquanto dava partida no carro.

 - Cale a boca – rosnei, virando-me para ver s bebês.

 Oh Deus, o que eu estava fazendo?