Mikey’s P.O.V.

 Acordei pela manhã com o barulho de meu despertador, provavelmente eu o desligaria em outros dias, mas hoje era diferente, era mais importante.

 Levantei-me e fui até o banheiro, lavei meu rosto rapidamente e escovei meus dentes. Acabei optando por tomar um banho, o dia seria longo...

 Coloquei uma calça jeans preta, uma camiseta branca e uma jaqueta cinza, calcei um tênis rapidamente e fui tomar meu café da manhã – que se tratava apenas de meia maça e uma xícara de café forte.

 Meu apartamento estava uma grande bagunça, mas não me importei, passaria o resto do dia fora dali.

*

 Cheguei ao meu destino em cerca de meia-hora, ela já devia estar me esperado, assim como o combinado.

 Desci de meu carro e fui em direção à casa dela, tocando a campainha. Logo ouvi a porta ser destrancada e pude vê-la, sorrindo alegremente para mim.

 - Oi – falei.

 - Olá – Aline sorriu ainda mais, ela estava linda.

 Aline usava uma calça jeans básica e uma blusa de mangas curtas na cor preta, que realçava a sua pele clara e linda.

 - Esperava que fosse demorar mais – ela comentou.

 - Oras, não estava ansiosa para me ver? – fingi tristeza.

 - É claro que estava – ela corrigiu-se rapidamente. – Apenas pensava que você não estava com a mesma ansiedade que eu.

 Okay, eu entendi o que ela quis dizer subliminarmente com isso... Foi uma referência ao fato de que não ter assumido até agora nosso relacionamento para as pessoas. Mas eu havia prometido para ela que logo daria um jeito nisso, ela precisava apenas esperar um pouco.

 - Está sozinha? – questionei, talvez a mãe dela estivesse ali e, digamos que, ela não gostava muito de mim.

 - Sim – ela revirou os olhos, entendendo minha preocupação.

 - Não quero morrer tão cedo – expliquei, rindo.

 - Ela gosta de você... – ela tentou explicar. – Apenas acha que eu estou me iludindo um pouco.

 Era esse meu medo... Que as pessoas começassem a pensar que eu a estivesse enganando, apenas aproveitando-me de minha condição de “famoso” para ficar com uma fã... Mas era muito maior que isso, eu realmente gostava dela.

 - Onde quer ir? – perguntei, mudando de assunto.

 - Tanto faz – ela deu de ombros. – Aonde quiser ir...

 - Já tomou café da manhã?

 - Não... – ela respondeu.

 - Okay, então vamos tomar café da manhã em algum lugar e depois... o que acha de compras?

 - Compras? – ela deu uma leve risada.

 - Eu sei, nem um pouco criativo... – revirei os olhos.

 - Com toda a certeza, não... – ela continuou rindo.

 - Tem uma ideia melhor? – arqueei uma sobrancelha, encostando-me no batente da porta.

 - Eu pensei em uma caminhada pela cidade – ela disse.

 - Então você já tinha planos para fazermos... – ri.

 - Sim – ela disse orgulhosa de si mesma.

 - Tudo bem, então faremos uma caminhada pela cidade – bufei.

 Eu não sou uma pessoa que goste de caminhadas, admito, mas faria esse sacrifício por ela.

*

 Depois de tomarmos café da manhã em um café que havia ali perto e que eu frequentava de vez em quando, fomos dar a tão esperada caminhada pela cidade, que incluía olhar vitrines e ir até o Central park tomar um sorvete.

 Enfim já eram quase três horas da tarde, eu estava realmente cansado de caminhar, e acho que estava começando a demonstrar isso sem querer.

 - Está cansado, não é? – Aline riu.

 - Não – dei de ombros, olhando em volta e admirando um pouco a paisagem do Central Park.

 Sempre preferi aquele lugar no inverno, mas ainda era tão lindo no verão.

 - Podemos voltar se quiser – ela sugeriu.

 - E caminhar mais? – fingi indignação. – Não, agora ficaremos aqui.

 - Tanto faz – ela riu. – Tudo isso para não caminhar?

 - Eu tenho asma... Canso muito rápido – tentei arranjar uma desculpa.

 - Sedentarismo – ela disse aleatoriamente.

 - Não, é asma – repeti.

 - Okay, se prefere chamar assim... – ela ironizou.

 - É sério, pode perguntar para o meu irmão – insisti.

 Não, eu não estava agindo como criança.

 - Não preciso perguntar nada para ele, apenas procurar no Google – ela sorriu.

 Às vezes esqueço que todos podem saber o que quiserem sobre minha vida com apenas uma pesquisa na internet.

 - Sem mencionar que eu já sabia que você tinha asma – ela completou.

 - Então por que duvidou?

 - Não duvidei... – ela riu novamente. – Só que você é muito fofinho quando está irritado.

 - Hum... Então foi tudo planejado – semicerrei os olhos, fingindo estar pensativo.

 - Você é muito mordível, sabia? – ela comentou.

 - Mordível? – acabei rindo. – Já ouvi isso antes... Acho que Layla disse isso para Gerard uma vez, ou algo assim...

 - É coisa de casal... – ela riu.

Coisa de casal, isso ecoou em minha mente. Então, ela considerava-nos um casal, assim como Frank e Diana, Gerard e Layla.

 Isso, surpreendentemente, deixou-me muito feliz. Aline provocava algo em mim que nunca sentira com Leticia, uma emoção diferente, como se nos “completássemos” mais.

 Ora, eu estou sentimental demais. Frank me chamaria de gay se ouvisse isso.

*

 A tarde passou voando, era incrível como todo o tempo que eu tinha com ela parecia pouco, como se eu precisasse estar ao lado dela vinte e quatro horas por dia.

 Estávamos sentados em um dos bancos do Central Park, vendo ao longe algumas pessoas passarem pelo gramado verde. Havia um silêncio um tanto irritante ali, mas eu não sabia mais o que falar.

 Delicadamente passei meu braço por trás do banco, colocando-o sobre os ombros de Aline. Ela pareceu surpreender-se com isso, mas logo aconchegou-se melhor, apoiando sua cabeça sobre meu ombro e entrelaçando nossas mãos.

 Okay, o momento era agora. Eu tinha que tomar uma decisão definitiva sobre isso tudo, principalmente sobre ela.

 - Quer namorar comigo? – perguntei rapidamente, querendo não gaguejar.

 - O que? – ela assustou-se, levantando a cabeça rapidamente e encarando-me assustada.

 - Não me faça repetir isso, vou acara gaguejando – quase implorei.

 - Okay – ela riu, nervosa. – Mas... você tem certeza disso?

 - Sim... – sorri, meio sem jeito. – Você... quer?

 - Oh... Eu... Ora... É claro! – ela gaguejou, rindo, misturando diversão com espanto.

 - Isso era para ter sido mais romântico – pensei em voz alta.

 - Foi lindo – ela retrucou-me.

 - Não exagere – ri, irônico.

 - Okay... – ela riu também.

 Sem pensar, selei nossos lábios rapidamente. Claro que eu já havia a beijado antes, mas agora tinha algo a mais, um sentimento ainda maior entre nós.

 Aline agora era minha namorada. Só minha.