Quando saímos do restaurante, Mikey recebeu uma ligação do produtor da banda, então, ele, Frank e Gerard não poderiam mais ficar ali com a gente e deveriam encontrar o produtor.

 Gerard nos levou até o prédio e depois seguiu para o compromisso. Marcamos o parque de diversões para outro dia.

 Três semanas se passaram, Gerard e eu nos falávamos praticamente todos os dias, e já podia-se dizer que tínhamos algo um com o outro, mesmo não tendo havido um pedido oficial de namoro.

 Diana e Leticia já haviam começado a trabalhar, apenas eu ficava em casa o dia inteiro. Gerard passava em nosso apartamento de vez em quando para me ver.

 - Oi – falei, atendendo a porta.

 - Olá – Gerard deu um sorriso largo para mim.

 Fiz um gesto para que ele entrasse, ele tocou seus lábios nos meus rapidamente. Fomos para o sofá, eu estava deitada nele e enrolada em cobertores antes de Gerard chegar.

 Ele afastou o edredom e sentou, deu uma rápida olhada na televisão.

 - Desenho animado? – ele perguntou para mim, quando viu o que eu estava assistindo.

 - É – sorri. – Eu sei que é infantil, mas...

 - Eu também gosto – ele me interrompeu.

 - Sério? – perguntei.

 - Sim – ele sorriu.

 - Bom, Sr. Gerard – eu disse, me aproximando dele no sofá com uma cara maliciosa. – Tem muita coisa sobre você que eu ainda não sei.

 - Realmente – ele fez uma carinha safadinha.

 - Quer me falar um pouco mais sobre você? – falei, deitando minha cabeça em seu ombro, ele passou um braço por trás de minhas costas.

 Ele respirou fundo e começou:

 - Eu tenho vinte e oito anos, sou vocalista de uma banda, tenho um irmão mais novo de vinte e seis anos, minhas cores preferidas são preto e vermelho, meus pais se chamam Donna e Donald, e meus hobbies são sair, cantar e desenhar – ele terminou.

 - Desenhar? – perguntei.

 - Sim – ele disse.

 - Você nunca me disse que desenhava – falei.

 - Qualquer dia eu faço um desenho especial para você, okay?

 - Não pode ser agora? – insisti.

 - Bem, - ele disse, fazendo com que eu olhasse para ele – eu estava pensando em passar o dia aqui, nesse sofá e não fazendo desenhos – ele sorriu.

 Pensei por alguns instantes.

 - Tem razão – concordei.

 Me estiquei sobre ele para tocar seus lábios, por mais que essa sensação se repetisse, eu nunca a conseguiria definir.

 Como sempre nosso beijo, que havia começado tranquilo, já estava ficando mais urgente, eu ouvia meu coração martelando em meus ouvidos.

 Aquela sensação inda era estranha para mim, afinal, eu nunca havia tido um namorado, e a única experiência de beijo que tive foi na oitava série com um garoto que gostava de mim, mas eu não gostava dele, fiquei apenas por causa de Diana e Leticia. Eu nem me lembro o nome do garoto.

 Mas nem se comparava a esse beijo, aquele garoto nem se comparava a Gerard.

 Entrelacei meus dedos em seu cabelo, puxando-o para mim. Ele envolveu seus braços em minha cintura, quando dei por mim, estava deitada no sofá e Gerard inclinado sobre mim.

 Seus lábios passaram para meu pescoço, me causando arrepios. Depois ele percorreu meu maxilar até chegar à minha boca novamente.

 Meus lábios estavam urgentes, eu queria aquilo, eu queria Gerard, eu queria que nossos corpos se unissem, eu queria ficar ali para sempre com ele.

 Mas de repente, um grande medo percorreu minha espinha, nem eu entendi. Quando dei por mim, já havia afastado o corpo de Gerard do meu, ele ficou sem entender, tanto quanto eu.

 Passou pela minha cabeça alguns supostos perigos daquilo que nós estivemos próximos de fazer. Sentei-me rapidamente e respirei fundo.

 - Desculpa – Gerard disse se aproximando de mim.

 - Tudo bem – sussurrei, sorrindo para ele.

 Deitei minha cabeça em seu ombro e ele me abraçou, assim como antes, fechei meus olhos e saboreei o perfume de Gerard, era doce e pareceu me ajudar a relaxar.

 Acordei com um barulho e celular, o sol parecia estar se pondo, a luz entrava um pouco avermelhada pela janela, a televisão estava ligada e o telejornal já havia começado. Olhei para Gerard, ele dormia sentado, com a cabeça jogada para trás.

 - Gerard – chamei baixinho.

 - Hum? – ele disse, acordando.

 - Seu celular está tocando – falei.

 Ele pegou o aparelhinho dentro do bolso da jaqueta e atendeu sem olhar no visor.

 - Alô? – ele disse, sonolento.

 Um pequeno momento de silêncio.

 - Eu estou aqui no apartamento de Layla – ele respondeu para quem quer que fosse.

 Eu podia perceber que era uma voz masculina, talvez Frank ou Mikey.

 - Okay, em alguns minutos eu estou aí – ele disse.

 Instantes depois ele desligou.

 - Era Frank, teremos mais uma reunião com o produtor daqui à uma hora – ele me disse com um sorriso torto.

 - Ta – falei com um meio sorriso triste.

 Ele acariciou meu rosto e me deu um beijo rápido, logo depois eu o acompanhei até a porta, nos despedimos e ele foi embora.

 Fui tomar um banho quente, o dia estava mais frio agora, o inverno estava se aproximando. Olhei-me no espelho enquanto me vestia depois do banho, eu estava mais pálida do que o normal e havia algumas olheiras que não estavam ali antes. Devia ser por causa da troca de horários, eu dormia pouco durante a noite e acabava dormindo a tarde inteira.

 Eu, Diana e Leticia comemos pizza no jantar, tínhamos preguiça de fazer comida de verdade, e era muito mais prático ligar para a pizzaria.

 No outro dia eu iria fazer uma entrevista de emprego em uma loja de roupas femininas que ficava próxima ao Central Park e outras lojas, como a Victoria’s Secret. Não poderia mais passar o dia com Gerard, já que eu começaria a trabalhar às nove horas da manhã até as seis horas da tarde, com apenas uma pausa para o almoço.

 Lavei a louça e Diana secou, quando chegamos à sala Leticia falava ao telefone com alguém, assim que nos viu ela pareceu mudar de assunto.

 - Eu... Eu te ligo amanhã – ela disse.

 Assim que ela desligou o telefone, Diana perguntou:

 - Estava falando com quem?

 - Com a mamãe – ela respondeu nervosa.

 Estava mentindo.

 - Bem, vamos dormir? – sugeriu Leticia.

 - Claro – apenas concordei. – Boa noite para vocês, eu só vou à cozinha tomar um copo de água.

 - Okay, boa noite! – disse Leticia.

 - Boa noite, Lay – repetiu Diana.

 Assim que tive certeza que elas haviam fechado suas portas, peguei o celular de Leticia, olhei na lista de últimas chamadas efetuadas e me espantei.

 Nos últimos sete dias ela havia ligado todos os dias para Mikey, não entendi o que ela poderia ter para falar com ele, mas eu daria um jeito de descobrir.