...Pude perceber uma estranha troca de olhares entre Tina e Jim. Não posso negar que ele tinha charme, mas nada, nada mesmo comparado aquelas duas safiras cintilantes cravadas na face de Corey...

Droga! Cá estou eu de novo me perdendo em devaneios, em sorrisos, e em um pelo par de olhos, parcialmente escondidos na face de um homem misterioso.

_Stuky, oi. Acorda vadia! _Tina passeava com a mão na frente do meu rosto, fazendo-me saltitar da cadeira.

_Que foi, eu tava prestando atenção poxa! _disse mal-humorada, tentando esconder o mico que eu havia acabado de pagar.

_Ah tava mesmo? Então porque você nem reparou que veio um garçom aqui e perguntou o que você queria e você só ficou olhando com cara de bocó pro Corey hein?

Isso mesmo Tina, fala mais alto. O papa ainda não te ouviu. Sua cadela.

_Oras, eu não pedi nada porque eu não quero nada! _respondi dando ênfase nas duas palavras.

_Ah, só queria dar umas beijocas no Corey né safada. _disse Tina, com um sorriso malicioso no rosto e em alto e bom som.

FILHA DA PUTA! É HOJE QUE EU TE MATO ASFÍXIADA COM UM TRAVESSEIRO NA CARA, SUA PESTE!!!

Minha consciência berrava de tanta raiva, mas minha cara apenas expressava um tom escarlate e meus lábios comprimidos, olhando com ódio para Tina que dava sonoras gargalhadas.

Então, abaixei minha mão até a altura de sua coxa, e dei um beliscão bem forte, com certeza aquilo iria deixar marcas.

_AI! _ gritou Jim, olhando raivoso para mim.

_O que foi? _perguntei sem entender absolutamente nada que estava acontecendo.

Será que ele sentia as dores de Tina? Isso seria cômico. Aliás, seria um desastre, afinal, com todos os tapas e beliscões que eu dava em Tina, seria bem doloroso receber dores alheias.

_Você beliscou minha mão, poxa! _disse ele, acariciando a mão machucada com a outra.

_Mas que diabos você tava fazendo com a mão na coxa da Valentinna, hein Jim? _perguntei sorrindo e ouvindo a gargalhada os outros.

Agora Jim estava na mesma situação que eu. Estávamos igualmente constrangidos. Ele até mais do que eu. Pelo menos agora ninguém estava rindo de mim.

Jim sorria meio constrangido, e cabisbaixo. DROGA! Novamente eu tinha falado demais.

Ah, Foda-se! Agora eu quero mais é encher a cara!

Pensei comigo mesma, e assim levantei a mão e fiz um sinal para chamar o garçom. Ele não tardou a chegar a nossa mesa segurando um bloquinho de anotações e uma caneta.

_O que deseja? _perguntou o garçom, sorrindo educadamente.

_O que você tem de mais forte ai? _rebati com outra pergunta.

_Bem, nós temos o Beijo do Drácula que é bem forte e temos também o Capeta Verde.

_Ah, me trás dois desse tal de Capeta Verde. _respondi sorrindo orgulhosa, mesmo sabendo que eu iria me arrepender amargamente depois.

_O que? O CAPETA VERDE? _ indagou Tina, quase saltando da cadeira.

_Éh, algum problema? _perguntei.

_LÓGICO!!! O único que teve coragem de tomar o Capeta Verde aqui foi o Shawn, mas mesmo assim ele ficou bêbado pra caralho! _respondeu Chris, exasperado, gesticulando e com os olhos quase saltando das órbitas.

Apenas dei de ombros e sorri ainda mais. Lancei um olhar maroto para Valentinna e ela me observava como se eu fosse louca. (Não que eu seja normal mesmo, mas enfim...)

(...)

_Cara, você é realmente louca. _disse Sid Wilson vendo o garçom colocar dois copos com liquido verde na minha frente, o engraçado é que o tal do Capeta Verde, era tipo um milk shake verde, com chantili e saia um tipo de fumaça dele, que eu não sabia se era gelo seco ou algo realmente fumegante, e para deixar ainda mais simpático, tinha um canudinho rosa - choque de enfeite.

Bem, isso não pode ser tão forte, parece até ser gostoso.

Pensei presunçosa, olhando com certo carinho para os dois copos.

_Vai , bebe isso então, Ô gostosona! Só que não vou levar ninguém pra casa vomitando no meu carro não viu, _ disse Tina, olhando agora com certo desprezo para mim.

Sem pensar duas vezes, beberiquei um pouquinho do líquido pelo canudinho, e uma sensação horrorosa preencheu cada célula da minha boca.

_PUTA QUE PARIU! Isso é horrível. _eu disse, (mentira, gritei!)

_Nós te avisamos... _disse Mick, com um ar desdenhoso, como se soubesse exatamente a cara que eu iria fazer.

Apenas olhei em volta e entendi que TODOS, sem exceção estavam rindo de mim.

Ah, é assim então galera? Então vejam só o que a garotinha aqui é capaz de fazer!

Pensei comigo mesma, e sem mais delongas joguei o canudinho rosa pra longe e praticamente enfiei minha cara dentro do copo e mandei tudo goela abaixo com apenas três longos goles.

Ai merda, quero morrer!

_Jenny! O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO? _berrou Corey, quando eu ia partindo para o segundo copo.

_Eu _hic_ to me divertindo _hic_ AAAOOOEEWWW _hic.

Eu já não estava falando coisa com coisa, e estava soluçando igual a um carro velho desembestado. Mas eu não estava nem ai, e ia ser assim toda vez que eu quisesse. A partir de agora, a Senhorita Jenny Sturzeneker, jamais seria a mesma, deixaria de ser a criancinha mimada pelo papai, e viraria a mulher independente. (Bem, mas eu precisaria de alguém pra me escorar, depois daqueles goles)

Depois de dois daqueles malditos ‘Capeta Verde’ e de mais um três ‘Beijo do Drácula (que é igualmente ruim) eu já havia abandonado minha sanidade.

–Ai.. ai .. HAHAHA.. Ele caiu.. e caiu. HAHAHAH. Ele tava nadando _hic_ HAHAHAHA o gatinho _hic_ fez ‘piu’ HAHAHAHA.

Nossa, que vergonha! Eu não fazia idéia de que diabos eu tava falando. Mas eu não apresentava nenhum sinal de ignomínia.

Depois de mais algumas canecas de shop, eu comecei a sentir minhas pálpebras ficarem pesadas e minha visão estava começando a ficar desfocada.

_Ai que _hic_ sono!

Bem, digamos que depois disso eu bati minha cabeça na mesa com um baque e não me lembro mais de absolutamente nada.

POV’s Valentinna.

Juro que quando aquela cretina acordar, eu vou arrancar todos aqueles dentinhos brancos dela com um alicate de mecânico.

Ninguém merece, eu vou ter que carregar essa elefanta até em casa. E o pior, ELE ESTÁ APAGADA, DESMAIADA! A filha da puta dormiu e ta até roncando aqui do meu lado, com a cabeça deixada da qualquer jeito em cima da mesma. Merda, merda, merda. MIL VEZES MERDA!

E agora que ta todo mundo indo embora, eu vou ter que arrumar um jeito de arrastar ela até o meu carro, que vai ser bem difícil.

Bem, pelo menos o Corey ta aqui, olhando pra Stuky dormindo, feito um idiota.

_Hey, Corey, me ajuda a levar Stuky pra casa? _perguntei, com um olhar de cachorro que caiu do caminhão de mudança.

_Ah, claro._ respondeu ele, se levantando da cadeira e pegando Stuky no colo, feito um bebê.

Corey não tinha bebido muito, estava até sóbrio. Mas mesmo assim eu não ia deixar ele dirigir meu carro nem fudendo.

_Tem um problema Corey... _disse afagando meus cabelos com cara de confusão.

_O que? _ele perguntou preocupado,.

_Meu carro, ele só cabe duas pessoas. _respondi, até sem graça, ninguém tinha mandado eu encher a cara mesmo.

Corey hesitou em responder, ainda com Stuky em seus braços, dormindo feito um anjinho.

_Ah, a gente deixa esse saco de estrume na estrada._ eu disse, sem esperar pela resposta de Corey.

Sendo assim, caminhei até o lado de fora do bar, eram por volta das cinco da manhã e o sol já havia mostrado seus primeiros raios. ARG, maldito sol.

_Espera ai, vamos fazer o seguinte, eu dirijo e a Stuky vai no seu colo, pode ser? _perguntei já entrando no carro no banco do motorista, deixando Corey sem escolhas.

_Droga! Pode né. _respondeu Corey, com um enorme sorriso. Eu sabia que ele estava gostando. Aquele safado rsrs.

E assim fomos a viagem quase toda, as vezes eu olhava de esgueira para Corey e lá estava ele, admirando Stuky em seus braços, como se ele fosse uma espécie de troféu. E eu apenas abafava minhas risadas. Era incrível de se ver, parecia até que Corey estava sentindo algo pela Stuky, e eu que não sou trouxa nem nada, não demoraria muito para desvendar esse mistério.

(CONTINUA...)