IX

(Ponto de Vista: Kuran Yukki)

Quando entrei naquela sala tive medo. Era a única humana dentro daquele cubículo cheio de vampiros, mas ao passar por aquela porta de madeira velha meu coração pulou de alegria e não pude evitar um lindo e feliz sorriso de reencontro não tão reencontro assim.

A primeira coisa que pude pensar em fazer era correr e abraçá-lo, mas tive que me conter...

Kaname vendo minha reação passou sua fria mão no meu ombro e me puxou para perto de seu rígido e frio corpo. Corei violentamente e Zero apenas se levantou de sua cadeira e saiu daquela sala.

Senti-me meio culpada por ter provocado aquela reação em Zero. Engoli em seco e me sentei do outro lado da sala.

As pessoas da sala me olhavam com se fosse algum tipo de aberração. Kaname se sentou ao meu lado, já que ali se adotava o sistema de duplas.

Comecei a olhar discretamente para fora da sala pela janela. Zero estava sentando debaixo de uma árvore olhando para o nada.

Doía tanto estar a alguns metros dele e ao mesmo tempo tão longe...

- Preste atenção somente em mim Yukki... – disse Kaname virando delicadamente meu rosto em sua direção.

- Sim Kaname-senpai. – assenti ficando vermelha

- Havia me esquecido o quanto fica encantadora envergonhada... – sorriu Kaname ao acarinhar minhas bochechas vermelhas.

Flashes de meus momentos com Zero invadiam meus pensamentos. Tinha que ser forte e não me deixar vencer pela saudade de Zero...

... E como se isso fosse possível...

Apenas sorriu após Kaname dizer tais palavras.

Um professor qualquer entrou na sala. Peguei um pequeno caderno e comecei a rabiscar a ultima folha, mas Kaname me impediu.

- Yukki nós não escrevemos na Night Class...

- Por quê? Estamos em um colégio.

- Vampiros não estudam porque a vida já nos ensinou o suficiente, exceto você que tem muito a aprender ainda...

Corei violentamente com a frase. Akatsuki e Aidou – que já estava recuperado de seus ferimentos- conversavam alegremente com Ruka e Ichijou.

Rima e Shiki estavam na pequena roda, mas quase não se ouvia as vozes deles. Eles preferiam dividir uma caixa de Pocky

Seiren apenas observava a conversa do grupo de longe. Ichijou fez um sinal para juntarmos a conversa.

Kaname me puxou até a divertida roda...

- Ainda se lembram de Yukki? – perguntou Kaname

- Claro. Como iria esquecer... – disse Ruka num tom sarcástico.

- Nossa. Seu tom de sarcasmo não é nada discreto Ruka. – zombou Akatsuki fazendo Ruka ficar emburrada.

- Sentimos sua falta Yukki-san... – disse Rima colocando um Pocky na boca de Shiki

E a única coisa que sabia fazer era sorrir. Meu lugar não era mais ali...

Meu olhar novamente foi para a janela. Zero bagunçava seus cabelos cinza com ódio talvez?

Sempre fui uma garota romântica que acreditava em contos de fadas e que o mocinho iria realmente ficar com a mocinha.

No meu caso, o mocinho seria Kaname-senpai que iria salvar a mocinha indefesa que era eu das garras do vilão que era Zero e viveriam felizes para sempre em um mundo perfeito.

Mas se a mocinha quisesse abandonar todo esse mundo perfeito que haviam criado? E se a mocinha quisesse ficar o vilão da historia.

Era isso que eu queria. Eu queria ficar com Zero...

- Yukki está se sentindo bem? – perguntou Kaname me olhando preocupado.

- Porque a pergunta Kaname-senpai?

- Você ficou pálida de repente. Algo te incomoda?

- Eu preciso de um pouco de ar puro. Poderia sair um pouco Kaname-senpai?

- Se isso te faz sentir melhor vá. Mas fiquei onde poderei te observar, está bem? – sorriu Kaname ao pegar delicadamente em minhas mãos.

- Obrigado Kaname-senpai...

Prestei reverencia a todos que estavam na sala e sai. Fui até o pequeno bebedouro e joguei um pouco de água em meu rosto para ver se minha palidez passava ou até mesmo para ver se tudo aquilo era um sonho e que ia acordar a qualquer momento...

Parecia que a primeira opção foi a que deu mais certo.

- O que houve? Não agüentou ficar com seus amiguinhos lá dentro?

Aquela voz pertencia à pessoa que mais queria ver nesse exato momento. A única coisa que queria fazer era abraçá-lo.

- Zero-kun... – disse correndo para o abraço de reencontro.

- Yukki. Solte-me. – ordenou Zero se soltando friamente do meu abraço. – Se aquele seu namoradinho nos vir dessa forma, irá me matar

- Ele não fará isso Zero. Tem noção o quanto eu estou com saudade?

- Não deve ser maior que minha vontade de te ter por perto novamente, sentir sua pele quente e macia nos meus braços... – sorriu discretamente Zero ao acarinhar meu rosto

Sorri ao sentir a pele fria de Zero passar pela minha.

Era uma noite cheia de estrelas. Ventava um pouco fazendo as arvores uivarem e as cerejeiras que continha ali deixar cair suas lindas pétalas rosa.

Cerejeiras me faziam bem, me traziam boas e lindas lembranças...

Algumas pétalas voaram e foram parar em meu cabelo. Zero riu timidamente com essa ação, enquanto eu balançava a cabeça freneticamente desmanchando o rabo de cavalo que havia feito.

- Calma. É apenas uma pétala de cerejeira... – riu Zero a tirando dali. – Como você é escandalosa, Yukki.

Corei brutamente com o comentário de Zero. Eu estava tão bem agora, nada podia estragar minha felicidade...

- Yukki. Acredito que já tomou o ar necessário, não é mesmo? – perguntou Kaname me puxando delicadamente dos braços de Zero.

- Sim Kaname-senpai... – assenti tristonha

- Vá para sala. Certo individuo polui o ar a cada segundo. – disse Kaname olhando fixamente para Zero.

Olhei pela ultima vez para Zero e me escondi em uma árvore para Kaname pensar que havia voltado para sala.

- Irei perguntar apenas uma vez. Que tipo de relação você tem com Yukki? – perguntou Kaname

- Do tipo que você não precisa saber Kaname...

- Seja lá o que for se afaste dela antes que as coisas piorem pro seu lado.

- Eu nunca me intimidei com ameaça. Porque irei intimidar logo agora? Você é patético Kuran...

- Fico feliz por não ser mais um cabritinho que se esconde debaixo das asas de Yagari. Mas fiquei sabendo que seu querido irmão me contou coisas muito sujas sobre seu passado Zero e lembre-se: se perder o controle irá decair e pode ter certeza que irei ter o prazer de te matar pessoalmente...

Estremeci ao ouvir tais palavras de Kaname. Nunca tinha visto esse lado maligno dele e também não entendi algumas coisas sobre o passado de Zero.

Estava começando a ficar preocupada.

- Não tenho medo de ameaça de ratos sujos do Conselho feito você Kaname.

- Deveria ter e não é pouco.

Uma garota se coloca no meio da conversa. Ela usava uma boina preta por cima de seu encaracolado lilás. Seu vestido bege com detalhes branco estava sujo de sangue.

Seus olhos escarlates fitavam Zero como se já o conhecia.

Quem era aquela garota?

- Zero-kun me ajude... – gemeu ela ao cair do chão do bebedouro.