XXII
(Ponto de Vista: Kuran Yukki)


‘’Mas você me pediu para te amar, e eu o fiz. Troquei minhas emoções por um contrato de confiança ‘’

A grama verde daquela praça vazia e sem vida estava praticamente toda coberta de neve. O vento frio e congelante que estava ali fazia que meus cabelos voassem.
Senti minhas pernas falharem me obrigando a cair de joelhos na grama que fazia minha pele pinicar.
Deixei que as lagrimas rolassem no meu rosto, já que isso era a única que podia fazer.
Zero estava morto.
E nada podia mudar isso.
Senti uma leve e demorada vertigem. As coisas estavam rodando ou era apenas uma porta para sair desse horrível pesadelo?
Imagens embaralhadas repletas de sangue e muitos gritos invadiam minha mente, junto com uma enorme dor em meu peito.
O que estava acontecendo comigo?
Preferi descobri isso, mas não acordada.
                        -x-
A esscuridão querendo ou não, esquisitamente ou não era a única coisa que me guiava agora.
Não só agora, mas sempre esteve me guiando desde que resolvi levar a vida de vilão da historia.
Antes que algum infeliz faça a seguinte pergunta mais infeliz ainda: você não tinha morrido? Irei responder com mais infelicidade ainda: eu não sei exatamente onde estou ou se morri ou não.

- Zero! Por favor, não me deixa aqui sozinha! – gritava sem parar uma voz que se parecia com a de Yukki.

Eu podia ouvir tudo que ela estava falando, mas não podia ver.
Eu queria voltar a mim, mas não conseguia.
Que merda Kaname vez para me deixar desse jeito?

“Sentado no escuro, não posso esquecer. Até mesmo agora, percebo o tempo que eu nunca terei”

Era um pouco estranho pensar dessa maneira. Eu sempre lidei com a morte, sentia um enorme prazer em tirar a vida das pessoas.
Mas quando ela chega a mim eu não consigo fazer nada.
De uma hora para outra, a voz de Yukki parou de gritar e não pude sentir sua presença junto a minha. O que havia acontecido?
O resto do meu interior estava começando a se desesperar.  Merda, merda, merda, eu não podia falar, não podia ver o que estava acontecendo ali.
Eu era um verdadeiro inútil.

E quando fui embora, eu apenas fiquei distante. O outro "eu" está morto
Eu escuto sua voz dentro da minha cabeça


- Yukki, o que houve com você? – perguntava a mim mesmo.

No meio da escuridão que parecia não acabar, avistei um pequeno ponto de luz.
Não preciso falar que sai correndo para poder alcançá-lo?
Não me lembro muito bem o que acontecendo depois de ter alcançado esse ponto de luz.
Não me lembro de como ter sido ressucitado ou apenas acordado. Só me lembro que quando abri os olhos lentamente, ela estava lá.
Havia uma força meio diferente rondando aquela praça.
Não era uma força qualquer, era uma força demoníaca.
Era a força que um Sangue Puro continha e só pude pensar em uma coisa quando a vi daquele estado.
Yukki havia se transformado.
                               -x-
Aquela maldita vertigem ainda continuava a percorrer minha cabeça, só que agora acho que era por conta da minha transformação.
Eu me lembrava de tudo. Minha infância, dos meus pais, do dia em que eles me deixaram e isso me dava muito ódio.
Principalmente de Kaname por ter me escondido tanta coisa, ter matado tanta gente e o que me dava mais ódio: ter matado Zero
Kaname não estava mais ali. Deve ter ido buscar ajuda quando me viu desmaiada ali e isso era um pouco bom.
Olhei para Zero e ele continuava da mesma forma em que ele estava a alguns minutos atrás.
Isso me partia o coração. Encostei meus indicadores em sua testa, fazendo uma pequena luz sair dos meus dedos.
Fiquei meio tonta por estar usando meus poderes tão rapidamente assim, poderia até morrer por isso. Mas morreria feliz por saber que Zero estaria vivo.
Minutos depois, tirei meus dedos de lá e os cruzei numa fútil esperança que isso daria certo
E não é que deu?
Zero abriu os olhos lentamente e fico me olhando pro alguns segundos. Sorri.
Ele estava vivo.

- Y-Yukki? – perguntou ele
- Você voltou. – sorri ao abraçá-lo, ele fez uma careta de dor – Me desculpe
- Como e porque você se transformou?
- Eu não sei muito bem. O que importa é que você está vivo...
- Onde está o infeliz do Kaname? – perguntou Zero se levantando e pegando sua arma
- Zero, voce não pode matar Kaname, é arriscado.
- Yukki. Cala a merda da boca, eu sei o que estou fazendo. – disse Zero se distanciando de mim.

Ao invés que ficar aflita, sorri novamente.
Ele havia voltado, como sempre foi.
Kaname apontou no começo da praça, fazendo Zero correr em sua direção. Eu estava com medo.
Muito medo.

- Então quer dizer que você ainda está vivo? Como fez algo tão oportuno? – perguntou Kaname
- Tenho varias teorias para isso. Quer escuta-las?
- Adoraria...
- Eu renasci apenas para uma coisa: te matar.

Ouvi um barulho de tiro vindo dali. Tampei meus olhos para não ver aquela cena.
Querendo ou não.
Fosse ou não fosse.
Kaname ainda era meu irmão. Que nos quais tinha varias lembranças.

{..}
Alguns meses se passaram depois daquele dia que querendo ou não, irá me deixar bastantes seqüelas em minha vida.
Zero ficou detido por alguns meses por ter matado um Sangue Puro, me fazendo ficar bastante aflita. E hoje fazia uma semana em que ele finalmente havia saído da prisão do Conselho.

- Ei, sabe o que estava pensando? – perguntou Zero se sentando na beira da lagoa
- O que estava pensando Zero?
- Foi muito triste ficar longe de você, mesmo estando escutando cada palavra que voce dizia aquele dia. E eu não quero fazer isso nunca mais, eu quero viver para sempre do lado.
- Para mim também foi triste Zero, então nada e ninguém vai nos separar.
- Porque querendo ou não, você é minha mulher agora.
- Então, você está auto- se casando? – disse rindo da frase de Zero
- Sim. Kuran Yukki, você aceita se casar comigo Kiryuu Zero? – perguntou Zero pegando dois biscoitos da cesta de piquenique
- Sim Zero.
- Então, eu a declaro minha esposa. – afirmou Zero colocando um dos biscoitos no meu dedo e vice versa

Ainda estava rindo descontroladamente daquela cena tão estranha para um pedido de casamento.
Presenciando essa cena, prometi a mim mesma depois de estar praticamente estar casada com Zero.
Eu começaria uma vida nova a partir de hoje.
Apagando todas as memórias.
Sejam elas boas ou ruins, já que as ruins me lembravam muito Kaname.
Então, estava decidido.
Todas as memórias ruins estariam mortas

                                          Dead Memories