Sexto Sentido escrita por sassaricando


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Bom, essa baixaria está no FF.net, mas como a C. Honda me pediu pra aterrorizá-los por aqui também, vamos lá!



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Então, meu nome é Rachel Berry como muitos conhecem e o mundo virá a conhecer futuramente – é uma questão de tempo e não de ego –, eu tenho 17 anos e sou a pessoa mais talentosa desde que Barbra pisou seus belos pés nessa Terra.

É, eu sou a líder do nosso vencedor Glee Club – tudo bem, nós perdemos as Nationals e os invejosos dirão que décimo segundo lugar não é nenhum feito, mas eu acredito em nosso trabalho, em nosso talento (e no meu, é claro) e sei que chegaremos lá; talvez a culpa tenha sido mesmo do beijo que troquei com Finn e adianto que nem valeu isso tudo, mas não se pode chorar pelo leite derramado e esse mesmo tempo deve ser usado para aperfeiçoamento de nosso poder como um grupo -, sou co-capitã ao lado de Finn, meu... namorado? Enfim, não sei o que somos na verdade, mas estamos passando o tempo e nos divertindo. Ou melhor, ele está se divertindo e eu, como meus pais nunca falham em apontar, perdendo tempo. Ah, é claro! Também tenho dois pais (homens), um negro e um judeu e sou judia. Na verdade, tenho um pai judeu e outro católico, mas resolvi seguir o judaísmo, embora comemoremos as duas festividades – acho que, em dado momento, eles poderiam se tornar ecumênicos, só pra termos mais o que celebrar. Conheci minha mãe há um ano e as coisas não foram como esperado, não teve o drama do reencontro como em 'Sonata de Outono'. Se bem que, no nosso caso, seria mais pendendo para 'Tudo Sobre Minha Mãe'. A questão é, eu a entendi e nos aturamos ao longo do tempo. Eu sou, de fato, uma pessoa que entende o significado da palavra perdão.

Posso dizer que estar em meu lugar não é fácil. Apesar de as coisas estarem melhorando consideravelmente, eu ainda importo tanto ao mundo quanto pantufas furadas num dia no verão. Mas agora eu posso contar com amigos que não me aturam só pelo meu indescritível talento e "poder vocal capaz de remexer os mortos" – palavras de Sue Sylvester e eu acredito que ela não mencionou isso como uma qualidade, mas não será a sua ignorância que me fará ignorar meu talento. Fui alvo de muitas coisas ruins, confesso. Raspadinhas congelando meus preciosos pulmões, chamada por nomes que ensurdeceriam Madre Teresa e jogada em armários como uma bola de pinball, tudo isso pelo simples estralar de dedos de Quinn Fabray. Mas me orgulho, e muito!, de dizer que nada disso me afastou de meu objetivo de ser reconhecida pela estrela que sou e sei que...

"Hu-hu."

"Santa Barbra na Terra! Quer me matar do coração? Você perdeu a cabeça, se é que já a teve? Eu sinto muito que a sua mãe não tenha te dado educação o suficiente pra saber que não se entra pela janela alheia, as portas existem para isso e, caso não tenha percebido, no meu quarto existe uma que anseia ser..."

"Você realmente estava pensando nela, não é?"

Me faço de boba, como não, não é mesmo? Oras, primeiro alguém te interrompe em plenas 20h da noite, entrando pela sua janela, isso mesmo ja-ne-la, e depois ainda tenta deturpar seus pensamentos? Quem ele pensa que é? Não que não estivesse acostumada com ele, pelo contrário, isso já aconteceu várias vezes, mas algo me dizia que eu nunca iria me acostumar com isso.

"Na minha janela?" Ele me encara com força e eu desvio o olhar e o assunto. Há coisas mais importantes a serem explicadas, talvez algo que lembre 'ele está em meu quarto à noite, depois de anos e entrou pela minha janela'. Isso ou coisa parecida "E, pra ser bem sincera, isso é pra lá de rude, não só invadir a propriedade alheia..." Eu o vejo revirando os olhos "como vir me acusando de ter pensamentos dos quais você..."

"Ok, Rachel. Já entendi." Ele diz me cortando e se recostando na minha janela, com a mão apoiada em minha mesa, como se tivesse sido convidado. Se eu não o conhecesse há tanto tempo, juro que iria enxotá-lo à vassouradas e varrer esse sorrisinho cretino que ele está me dando. Cruzo os braços porque estou certa e ele errado.

"Certo, e além de alarmar meus vizinhos, atrapalhar meus estudos" Ele revira os olhos e sorri. Cretino! Sabe que é mentira, mas sigo assim mesmo "e rir desse modo ligeiramente desagradável, a que devo o prazer de tão deleitável visita? Eu te digo com sinceridade, pelos nossos anos de amizade, não gosto dessa sua risadinha sarcástica. Você fica melhor com um sorriso aberto." Eu sorrio, porque, sinceramente, não consigo sentir raiva dele por muito tempo. E ele retribui meu sorriso com um dos seus melhores, porque sabe que eu sou sincera.

Até que suas feições se fecham em sombras. É, eu devia ter desconfiado mesmo...

"Rach, alguém morreu..." Ele me diz num tom baixo e visivelmente triste. Algo que me abala, pois não costumo vê-lo pra baixo. Levanto da cama e vou abraçá-lo, a fim de afastar sua tristeza.

"Quem foi? Oh, meu Deus! Está tudo bem com a sra. Pucker..."

"Shh, Rach! Tá tudo bem com todo mundo, não foi ninguém conhecido, nem da escola." Ele me diz enquanto me segura pelos braços para que eu olhe em seus olhos. É, funcionou, mas o que quer dizer quando surge um Noah Puckerman parecendo um tanto quanto abatido e falando sobre mortes, quando a pessoa é um total desconhecido? Me afasto balançando a cabeça pra ver se as coisas voltam pro lugar. Ok, eu perdi uma linha nesse pensamento.

"Oh, Noah, não sabia que você tinha um coração tão bom. Nós podemos ir dar as condolências à família, sabe ao menos quem são?" Eu brinco. Venhamos e convenhamos, é risível até pra mim que o conheço. Ele me dá um olhar fulminante e eu não ligo. Ele pediu.

"Você não entendeu, Rachel, alguém morreu." Ele repete enquanto estica cada sílaba do meu nome e me encara me desafiando a brincar outra vez.

"Ok. Noah, isso faz parte da vida, as pessoas..."

Ele me corta impaciente, isso já está ficando chato.

"É, vida e morte, blá, blá, blá! Eu não quero saber disso, Rachel! Não é por isso que eu estou aqui. Eu não poderia me importar com o diabo que morreu, inferno!"

Ele está irritado e eu perdida. Resolvo ficar calada porque, por mais que o mundo pense que eu tenho uma língua que daria a volta no muro de Berlim, eu sei quando guardá-la na boca e essa é a situação para deixá-la por lá.

Ele, no mínimo, viu minha expressão de criança perdida da mãe – sim, trocadilho infame porque, na verdade, mundo, Rachel Berry tem sim um senso de humor. Pra namorar alguém como o Finn eu preciso disso e de paciência...

"Eu vi." Ele responde depois de alguém tempo.

Ok, agora eu estou fazendo buracos no chão. Meu melhor amigo presenciou um assassinato, ele está sendo perseguido, pode ser até morto e esta no pé da minha janela. Ah não! Temos que fugir, eu não posso abandoná-lo nesse estado sozinho e...

"Dá pra ver seus neurônios trabalhando daqui." Ele interrompe meu plano de fuga para salvá-lo e me dá aquele mesmo sorrisinho que me dá vontade de ranger os dentes.

"Ah, me desculpa se eu estava me preocupando com meu melhor amigo tendo presenciado um crime e precisando fugir..."

"Eu nunca disse que presenciei um crime." Ele me interrompe mais uma vez e eu estou por muito pouco pra atirar meu laptop na cabeça dele. Até que me bate uma sensação que há tempos não sentia. Algo tipo...

"Noah, você não foi ao cemitério, foi?" Digo em sussurro, minha garganta fechada e porque não posso acreditar no que ele está tentando dizer. Ele só balança a cabeça. Não.

"Eles estavam no caminho pro Breadsticks..." Ele me responde igualmente agoniado, enquanto passa a mão em seu moicano.

Dada a largada para a caminhada atlética pelo quarto de Rachel Berry. Sim, eu estou com a cabeça cheia, não, eu não me importo com possíveis buracos no chão e caso eu soubesse espanhol, estaria praguejando a plenos pulmões a essa altura – não sei por que, mas xingar em espanhol sempre me pareceu mais dramático. Talvez tenha sido Almodóvar. Ou Santana. Se bem que, considerando a segunda opção, foi, de fato, mais dramático, pelo menos pra mim.

"Rachel, se acalma, você tá me deixando tonto." Ele tem a audácia de dizer e, claro, só recebe um olhar torto em resposta. Ajeitando os ombros, ele continua "Eu estava indo lá, você sabe, encontrar a Lauren e acabei parando para observá-los, você não faz idéia do quanto as meninas eram gatas!" Eu reviro os olhos, em um caso sério desses ele vem me dizer que ficou secando meninas mortas na rua, faça-me o favor! Ele limpa a garganta "Enfim, eu estava olhando elas, quando vejo a santíssima trindade entrar."

"Ok, Noah! Qual é o ponto?" Digo exasperada. Por mais que eu goste de dramas, há um limite pra isso.

"Ciúmes assim, é?" Ele diz com seu sorriso sarcástico e dessa vez eu jogo o travesseiro nele. O laptop estava muito longe. Ele, enfim, sai do beiral da janela e olha nos meus olhos "Santana passou por uma menina. Digo, por dentro mesmo... quero dizer..."

"Ok, Noah, eu entendi, eu lembro como isso funciona."

"De onde eu estava, percebi que ela sentiu algo, pois virou e soltou palavrões aos sete céus." É, bem a cara da Santana mesmo... "Mas o que me chamou a atenção foi que eles entraram no restaurante, e eu os segui, obviamente. Então ficaram todos observando as cheerios e comentando entre si."

"Observando de qual modo? O que você acha que eles queriam? Quantos eram?" Digo com as mãos ao ar já, enquanto tento segurar minha mente e meu corpo que teima e marchar pelo quarto.

"Um cara e duas meninas." Ele diz sem meneios. Eu me altero.

"O que eles queriam?" Digo cerrando os punhos.

"O que os fantasmas fazem quando não cruzam para a outra vida, Rach?" Ele diz mais sério e isso acaba comigo.

"Ficam vagando?" Ofereço incerta.

"Sim, por quais motivos?"

"Não sei, assuntos pendentes?" E isso me faz parar perto da janela onde ele estava antes de ir para perto da minha cama.

"Nesse caso, vingança." Ele diz com ar mórbido.

Certo, eu me encosto na mesa e fico apoiada pois meus joelhos de repente parecem não funcionar mais. Minha cabeça gira, meu coração salta e meu sangue parece que vai estourar as veias.

"Contra quem?" Pergunto por um fio de voz, quando consigo encontrar uma.

"Contra elas três, mas principalmente..." Ele baixa os olhos e se cala, o que me deixa no abismo.

Então eu sinto como se estivesse desmaiando, todos os sentidos paralisados, mas, ao mesmo tempo, sobrecarregados e trabalhando para nunca mais.

É, não é fácil ser Rachel Berry, melhor amiga de Noah Puckerman, conseguir ver e falar com os mortos e ter a missão de mandá-los de volta pra sabe Deus onde. Ah claro, seria simples se os mortos quisessem um tipo de Oprah pra simplesmente sentar e bater papos, isso seria até interessante. Mas nem todos querem. Com alguns, nós temos que ter uma pegada mais... digamos, firme. É. Depois de três anos sem que isso acontecesse – eu confesso que imaginei ter me tornado uma pessoa normal durante esse tempo, normal nos meus padrões, claro – voltou de um modo avassalador.

"Espera! Você sabe o que eles querem?" Pergunto depressa, pois a idéia me veio igualmente assim. Talvez eu já tenha feito essa pergunta. Será que fiz? Não importa, nada mais importa porque não consigo nem mais pensar em uma linha lógica.

Ele encolhe os ombros "Machucar as cheerios." Eu entendo as pessoas que podem pensar, 'mas eles já estão mortos, como podem fazer isso?' A resposta, eles não podem simplesmente tocar os vivos – com exceção de mim e do Noah, graças ao nosso revés -, mas podem tocar coisas para tocá-los. Sabotar coisas, tremer coisas, jogar pelos ares. E um desses enraivecido é capaz de causar um terremoto pra provar seu ponto de vista – não que a gente vá levar em consideração, de todo modo. Então, sim, isso é possível. "Mas mais precisamente, a Quinn..." E ele me olha nos olhos como quem sabe como isso vai me bater. Claro que ele saberia, oras!

E eu sinto calafrios por todo o corpo, enquanto penso em quem eu posso jogar a culpa pela vida ter se virado desse jeito. Ser perdedora, motivo de riso, raiva, ser feita de idiota e sofrer na escola, ok. Ter um dom – porque "dom" ta muito perto de "doom"* mesmo, só pode ser isso – que já nos colocou nas piores situações desde que me entendo por gente, é algo completamente ensandecedor. Agora, quando o seu crush secreto desde quando ainda estava aprendendo a somar é a causa dessa desgraça colossal na sua vida e, não só isso, ainda corre perigo porque fantasmas perdidos acham que estão no filme do Beetlejuice e querem "se divertir", ah isso está muito errado. Eles estão brincando com fogo.

"E aí, superstar, o que vamos fazer?" Ele levanta os olhos e me pergunta em um tom esperançoso, provavelmente estava vendo a raiva e a indignação estampadas no meu rosto. Mas pelo seu tom, posso dizer que ele espera por meu aval para adotar uma postura mais física sobre o assunto. Em outras palavras, ele quer que eu o diga pra gente chutar suas bundas pálidas e sem vida – coisa que sou contra, qualquer tipo de agressão, seja contra pessoas ou animais. Entretanto, eu risquei 'mortos' dessa lista. Não poderia me preocupar menos com o bem-estar deles – e, claro, Noah sabe disso -, até porque, eles não podem morrer novamente.

Eu estava simplesmente soltando fumaça pelas ventas e traçando um plano mirabolante para o futuro. É, nenhum pareceu bom o suficiente, mas isso é o de menos "Vamos quebrar o pau e matá-los de novo!" Falo com uma certeza que até me assusta e deve tê-lo assustado também, já que sua resposta demorou a vir.

Ele lentamente se levantou da cama – na qual estava sentado enquanto eu fazia exercícios cardiovasculares perneando pelo quarto - e chegou mais perto com seu mesmo sorriso cretino de mais cedo, mas agora não me incomodava mais. Provavelmente eu estava com um parecido, já que me sentia um tanto quanto diabólica. "Punk e superstar de volta no topo!" Ele riu como se a situação fosse engraçada, talvez pra outra pessoa. Voltando a olhar nos meus olhos, ele concordou com a cabeça – eu devia estar muito fora de mim, certeza – e me deu a mão enquanto suspirava um "Senti sua falta." No meu ouvido e me puxou para um abraço de um braço só.

Eu definitivamente tinha perdido as estribeiras, mas quando não se tem nada, não tem nada a perder, certo? Ok, talvez a vida, só que minha cabeça estava ocupada demais para pensar em banalidades como essa; ocupada demais com uma certa ex-capitã das líderes de torcida correndo perigo porque as pessoas não conhecem o significado de "descansar em paz".

Noah sentindo minha mente vagar pra longe – não me perguntem como, mas ele sempre faz isso -, resolveu levantar uma questão irrelevante.

"Como faremos isso, superstar?" Ele me fala curvado, com uma expressão triste e sincera. Sincera até demais e eu penso que ele bateu com a cabeça e pode estar devaneando. Depois de tantos anos fazendo isso, não é possível que ele tenha perdido a manha. Certo que esse problema não apareceu por três anos, mas calma aí, né? Não é como se não tivéssemos vivido e feito isso por, hum, vejamos... pelo menos dez anos. No mínimo, dez anos! É, antes do moicano dele e dos meus problemas sociais. Ele deve ter ficado louco, não há outra explicação.

"Como assim, 'como', Noah? Quer que nós simplesmente fiquemos olhando eles ameaçarem e machucarem as cheerios? Não que eu me importe com a Santana, e a Brittany é um amor, não sei como alguém poderia sentir raiva dela... Além do mais, elas fazem parte do Glee Club e é nosso dever..."

"Não foi isso que eu quis dizer, Rach." Ele me interrompeu calmo e a minha vontade foi de jogá-lo pela mesma janela que entrou.

"Ah sim, importa-se em me iluminar aqui, ó sábio?" Respondo sarcástica. Não é hora para pessimismo da parte dele, não mesmo.

Ele se afasta e volta a alisar o maldito moicano e me dá as costas. Me dá as costas como se eu não tivesse ali e fica passando a mão naquele tufo de cabelo horroro...

"Rachel, elas não gostam da gente, esqueceu?" Ele se vira de repente e corta meus pensamentos, não satisfeito em só cortar as minhas participações nos nossos diálogos. E daí que elas não gostam da gente? Deus! Não é por isso que iremos deixá-las correr perigo e cair nas mãos...

"Eu não sou a pessoa preferida da Quinn, ainda mais depois do lance da gravidez e tal." É, esse é, sem dúvida nenhuma, um senso comum e ele tem a decência de parecer arrependido desse fato "E a Santana ainda sente raiva de mim por causa da confusão com a Lauren. E a sua relação com elas também não é das melhores, então..." Ele deixa no ar, simples assim.

Então me bate como o martelo de Thor. Elas nos detestam com a força que move a Terra. Tudo bem, talvez, e somente talvez, eu esteja exagerando, mas com certeza não somos suas pessoas preferidas. O pai da filha da presidente do Clube do Celibato que a engravidou sabendo que ela namorava seu amigo e depois de embriagá-la até o estupor. Ah, sem esquecer do fato de que mentiu sobre o preservativo, o que causou toda a confusão. A latina que ele negou pela Lauren – não sei como alguém em sã consciência faria isso; nada contra a Lauren, é claro, não tenho preconceito nenhum, embora ela seja bem assustadora por si só e não que eu seja fã da Santana ou algo do tipo, nem poderia, depois dos nossos anos de desavenças, mas eu tenho olhos, pelo amor de Barbra! – e Brittany. Bem, ela não desgosta de ninguém. Agora, no meu caso, estamos lidando com a menina que fez da minha vida um inferno - ok, as meninas, já que Santana também não foi muito doce – e a quem eu admiro, enquanto ela preferiria pegar uma pneumonia galopante e morrer torturada a trocar palavras comigo. Claro, nossa relação melhorou, mas não o suficiente para sermos consideradas amigas, ou coisa do tipo. Nós não nos ligamos, não saímos juntas e mal nos falamos, mas aprendemos a conviver – ela aprendeu – civilizadamente. E, por favor! Nós cantamos um dueto juntas, tem que valer de algo, não é?

Noah que estava me observando, eu devo realmente ter as emoções à flor da pele, como meus pais sempre me dizem, pois ele me olha atento enquanto eu junto todas as pecinhas do nosso quebra-cabeças. Eu resolvo olhá-lo e a realidade me bate de novo – ainda bem que é no sentido figurado, ou eu estaria em maus lençóis a essa hora. Temos que proteger meninas que nos detestam, sem que elas saibam – a escola (e elas principalmente) teria ainda mais motivos para me humilhar -, brigar e exorcizar fantasmas que querem vingar algo que não sabemos – nota: temos que descobrir o motivo de tanta raiva – e, caso ainda sobre tempo, nos preservar vivos.

Ele me olha e seus olhos parecem tempestades de verão, até que se nublam. Em outras palavras, estamos ferrados!


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